Autora: Blanxe

Beta: Shii

Casal: SasuNaru

Gênero: Yaoi, Romance, Angst, Drama, Tragédia, Referência a M-PREG.

Agradecimentos: À Evil Kitsune e ela sabe o por que.


Reminiscência

Se o seu nome pudesse transformar
os dias covardes em uma história heróica
Arrancaria a corrente vermelha
estendida do seu dedo
a um lugar desconhecido…

-

Sasuke via pelo canto do olho o filho terminar com entusiasmo mais um prato de ramen. Depois que deixaram a sepultura de Naruto, levara Hoshi em um dos locais que seu antigo amante mais gostava de comer. Não se admirou por ver o garoto apreciando tanto a comida dali, ele próprio tinha que admitir que também gostava muito, mas ultimamente vinha vendo mais e mais o loiro de olhos azuis em seu único filho.

Depois de contar parcialmente todo o segredo que envolvia o nascimento de Hoshi, Sasuke sentia-se muito mais leve. Durante anos, a omissão havia estado presente e só agora que se livrara definitivamente dela que percebia o quanto esta pesara dentro de si. A sensação ainda era melhor por perceber que o filho compreendera e estava lidando bem com a revelação. Isso provava para si mesmo que fizera o certo e que seu julgamento desde o princípio sobre a conduta do garoto não fora errada.

- Humm... esse lugar é bom. – Hoshi contemplou, satisfeito. - Eu vou querer mais.

Sasuke, sem desviar a atenção de sua própria comida, lembrou:

- Esse já foi o terceiro prato.

O garoto imediatamente franziu o cenho, mostrando-se contrariado e reclamou:

- Qual é? Tenho que repor as minhas energias depois dessa viagem toda. Além do mais, amanhã tenho que estar bem nutrido, afinal, não quero perder um segundo da homenagem aos meus pais.

Um sorriso surgiu no canto dos lábios do Uchiha mais velho, ante as últimas palavras do filho. A aceitação pela inusitada situação de ter dois pais poderia parecer precipitada, mas Sasuke sabia que acima de tudo era sincera. Hoshi jamais estaria falando daquela forma, se não sentisse ou não quisesse expressar que consentira que um espaço de sua vida - antes vazio - fosse ocupado por Naruto. E aquilo, interiormente, o deixava extremamente feliz.

- Ele saiu bem ao Naruto. - o homem que desde sempre fora proprietário do pequeno restaurante interrompeu seus pensamentos, retirando a tigela de Hoshi e substituindo novamente por outra cheia. - Tome aqui outro prato.

- Saiu bem até demais. – Sasuke resmungou ironicamente, ante ao comentário.

- Ele tinha bom gosto! – Hoshi expôs, já se entupindo com ramen e, mesmo de boca cheia, concluiu: - Eu poderia comer isso aqui pelo resto da minha vida!

- Espero que tenha o mesmo metabolismo de Naruto, caso contrário, seu pai terá que levá-lo rolando de volta para casa. - a voz de um recém-chegado disse, chegando a percepção de pai e filho, que pararam tudo o que faziam e direcionaram suas atenções para descobrir quem era.

- Pelo apetite já dá pra notar que puxou aquele loiro afetado. – outro comentou com um sorriso enviesado.

Hoshi ergueu uma sobrancelha, reparando nos dois homens que estavam parados logo ali. Para ele estava se tornando muito chato tanta gente conhecê-lo e sequer saber quem seriam aquelas pessoas - tirando o fato de que com certeza seriam amigos de seus pais. Fitou aquele que falara primeiro e indagou-se internamente porque teria olhos tão esquisitos e sobrancelhas tão grossas. Parecia um boneco de marionete de tão estranho. O segundo parecia bem normal a seu ver, se não fossem aqueles caninos que quando sorria apareciam como se fossem presas.

Dirigindo-se a Sasuke, Hoshi perguntou, ignorando a presença deles ali:

- Quem são?

- Velhos conhecidos. – Sasuke respondeu contrafeito, voltando sua atenção para a comida novamente. - Rock Lee e Kiba.

- O mesmo ignorante de sempre. – Kiba resmungou para si mesmo.

Ao contrário de seu colega, Lee não se incomodou com a falta de receptividade de Sasuke, mas se focou inteiramente no garoto que estava ao lado dele. Apesar de ser um primeiro contato, ele sequer se acanhou em propor rapidamente.

- Que tal marcarmos um duelo para testar suas habilidades ninjas? – suas palavras mostravam a empolgação de uma oportunidade de conhecer a real força de alguém que carregava os genes de Naruto e Sasuke. - Gostaria de ver como se sai numa luta contra mim.

Porém, Sasuke simplesmente jogou um balde de água fria em qualquer esperança que ele tivesse.

- Ele não luta. – o moreno informou indiferente.

Os olhos de Lee pareceram duplicar de tamanho e visivelmente Hoshi se contraiu intimidado ante a visão e reação do homem de trajes de predominância verde.

- Como assim ele não luta?! – Lee esbravejou como se o mundo estivesse acabando, diretamente para Sasuke. - Ele é filho…

Sasuke rolou os olhos e, percebendo que a paciência de seu pai estava no limite, Hoshi resolveu tomar a frente da conversa, mesmo que sequer tivesse intimidade para tal, já que ali se tratavam de dois 'amigos' do passado de seu otousan.

- Ei, eu prefiro um bom livro de física a me cansar com lutas.

Desta vez, foi Kiba que pareceu surpreso. Certamente não esperava por uma confirmação vinda justamente do próprio garoto.

- Você então…

- Não sou ninja. – Hoshi respondeu com seu sorriso matreiro e depois meneou a cabeça na direção de Sasuke. - Otousan é um dos bons, mas se eu fosse você não seria idiota em desafiá-lo.

Sasuke sorriu infimamente pelo canto dos lábios diante a confiança que o filho tinha em suas habilidades ninja. Hoshi, apesar de nunca tê-lo visto realmente lutando, acompanhara muitas vezes seus treinos solitários, pois jamais deixara de buscar aprimorar suas técnicas, principalmente por querer sempre ser capaz de atuar em defesa própria e do filho. Acreditava, assim como Hoshi dissera implícito em suas palavras, que estava num nível muito superior a qualquer um ali em Konoha.

- Que decepção… - Lee suspirou com o semblante completamente derrotado devido a compreensão do que lhe havia sido dito e logo lamentou: - Tanta juventude desperdiçada apenas com livros.

- Deixa de drama, Lee. – uma voz feminina se uniu às demais e todos reconheceram a bela médica de cabelos cor de rosa. - Hoshi pode não ser um ninja, mas é muito inteligente.

- E isso não é graças aos genes do Naruto. – Kiba retorquiu rindo, imediatamente reprimindo um gemido de dor quando levou um pisão no pé nada delicado vindo de Sakura.

- Falou o gênio de Konoha, certo Kiba? – ela debochou. Não estava preocupada com o comentário pejorativo feito pelo amigo, mas sim pelo fato dele citar Naruto de uma forma que provavelmente faria com que Hoshi desconfiasse sobre sua paternidade. Sasuke era louco em trazer o garoto de volta a Konoha sem contar-lhe a verdade, mas não poderia permitir que Hoshi acabasse sofrendo por atos inconseqüentes…

- Está tudo bem, Sakura. – Sasuke interrompeu os pensamentos da amiga, falando casualmente: - Eu já contei a ele.

Sakura ficou absorvendo a informação por alguns instantes e olhou do amigo Uchiha para Hoshi. O garoto revirou os olhos sem deixar de atacar sua tigela de ramen e confirmou:

- É, papai Naruto e todo o blá-blá-blá. Desencana, Sakura-chan.

Elevando a princípio uma das sobrancelhas, a médica ninja pensou em porque ainda se preocupava com o garoto. Ele era tão… tão… Naruto, que chegava a deixá-la cada vez mais impressionada. Mas o que no fundo fizera com que ela ficasse surpresa foi a atitude de Sasuke, de contar tão rápido para o filho o que vinha omitindo há anos.

- Reunião de ninjas da terceira idade aqui hoje? – o ninja de lisos e curtos cabelos pretos, e tez muito branca indagou sorrindo, juntando-se ao grupo que já lotava o pequeno espaço.

- Cale a boca, Sai. – Kiba criticou, sabendo muito bem das ironias sem limites do outro ninja.

- Quanta hostilidade. – o ex-ANBU-NE contemplou, para em seguida se dirigir ao garoto. - Aprenda uma coisa, Naruto-junior, velhice sempre vem acompanhada de mau humor.

Hoshi riu. Começava a achar aquele homem engraçado e, reparando com um pouco mais de atenção do que da primeira vez em que haviam se encontrado, podia comparar algumas semelhanças fisionômicas com seu próprio pai. Nada respondeu, pois o moreno de sobrancelhas esquisitas resolveu retorquir ao amigo:

- Se eu não me engano você está na mesma faixa-etária, Sai.

- Mas eu, meu caro Rock Lee, - o moreno sorridente então desviou o olhar de forma ingênua na direção de Sakura e rematou: - não perdi a minha juventude casado com uma feiosa.

- Sai… – a mulher de cabelos rosa grunhiu, tentando conter a raiva e assim segurar também o ímpeto de partir o outro ninja ao meio.

- Sinceridade. – o ninja de trajes pretos apontou. - Não foi isso o que você me ensinou, Haruno?

- Sabe que você ainda não perdeu esse seu lado suicida, Sai? – Kiba contemplou, sardonicamente, ganhando um aceno positivo de cabeça do outro.

- Adoro viver à margem do perigo. – Sai confirmou para logo a seguir dirigir a palavra a Sasuke. - Ei, será que você me empresta o seu filho agora, Uchiha?

Incomodado com aquele súbito interesse do ninja em Hoshi, Sasuke olhou atravessado para Sai, dando uma resposta curta e grossa:

- Não.

- Mas eu queria tanto conferir uma coisa. – Sai insistiu num lamento.

Foi a vez de o próprio Hoshi ficar curioso a respeito das intenções daquele homem e acabou questionando:

- Conferir o quê?

Com um sorriso cínico estampado no rosto bonito, Sai respondeu sem nenhum constrangimento:

- Se seu pênis é tão pequeno quanto o do seu pai Naruto.

Hoshi nunca pensou que pudesse ficar tão vermelho de vergonha. Sasuke foi impedido de partir para cima de Sai, por Lee e Kiba que o seguraram, enquanto Sakura arrastava o amigo para longe do estabelecimento.

- Nada como o velho e estressado Uchiha. – Sai ainda conseguiu cantarolar antes de a amiga tirá-lo do alcance do irado Sasuke.

oOo

O silêncio cômodo que se seguiu no caminho de volta para a hospedaria tanto preocupava quanto era bem-vindo para Sasuke. O maldito Sai havia estragado um final de noite tranqüilo, mas ele sempre tivera aquele dom de importuná-lo e tirá-lo do sério, principalmente por causa de Naruto. Nunca se esqueceria dos ciúmes desmedidos que sentia em relação ao seu dobe. Às vezes sabia que eram infundados, outras tivera plena certeza que eram justos. Em ambos os casos, jamais conseguira disfarçar ou contê-los. Boa parte de suas crises no passado foram causadas por aquele verme idiota que parecia ter decidido importuná-lo, dessa vez, usando seu filho.

Jamais permitiria, assim como não permitira com Naruto. Sua única tranqüilidade se apegava ao fato de que depois de toda a homenagem, voltariam para casa. Para bem longe de Konoha e nunca mais precisariam retornar, se assim o quisesse.

Entretanto, Sasuke não poderia deixar de se questionar se a introspecção do mais novo se devia por causa das brincadeiras desmedidas de Sai, ou se Hoshi continuava pensando a respeito de Naruto. Era difícil saber já que seu semblante não dava qualquer indicação que pudesse lhe esclarecer isso.

Deixou que seguisse assim até chegarem ao quarto e quando já estavam deitados em suas camas, prontos para dormir, Sasuke decidiu se certificar:

- Está tudo bem, Hoshi?

Em meio ao escuro do ambiente, Sasuke reparou no respirar mais profundo do filho, mas em seguida o mais novo lhe disse, de certa forma, esclarecendo o que buscava saber:

- Sabe, cada vez mais que escuto falarem dele, mas me vem essa vontade de tê-lo conhecido.

Sasuke não precisava perguntar sobre quem o garoto comentava. Era óbvio demais, porém, algo nas palavras do mais novo lhe despertou interesse e acabou por questionar:

- Conversou com mais alguém sobre ele hoje?

Escutou o barulho dos lençóis e o ranger da cama de solteiro onde o filho estava deitado, causados pelo movimento do corpo de Hoshi ao se virar para ficar deitado de lado, como se assim pudesse fitar o pai mesmo na penumbra em que o quarto se encontrava.

- Sim. O nome dele é Gaara. – o garoto contou com determinada empolgação. - Quem diria que um dia eu conversaria com um Kazekage?

Aquele era outro nome do passado que preferia que estivesse enterrado embaixo das areias do deserto, que era de onde jamais deveria ter saído. Sempre considerara o ruivo como seu maior rival no que dizia respeito às afeições de Naruto, e tinha consciência de que as teria perdido caso demorasse um pouco mais para tomar seu dobe para si.

- Ele é um idiota. – acabou resmungando após um instante de silêncio, sem querer demonstrando sua insatisfação por ter que se lembrar de indivíduos como aquele.

A risada de Hoshi só surgiu para piorar aquele sentimento, assim como suas palavras por demais debochadas e verdadeiras:

- O ruivo pisou no seu calo, velho?

- Vá dormir. – Sasuke ordenou, querendo findar a conversa ou qualquer assunto que envolvesse o maldito Kazekage.

O silêncio transcorreu por alguns minutos, mas quando menos esperava, o filho tornou a falar:

- Parece que a morte dele acabou com a felicidade de muita gente. – o garoto comentou com a voz compadecida de um sentimento que só pode identificar como pena e isso trouxe certa mágoa e tristeza para Sasuke. Na verdade isso seria a única coisa que Hoshi sentiria por Naruto: pena e, quem sabe, respeito; mas o amor que um filho dedicava a um pai… Sabia que seria pedir demais dele que não convivera e sequer conhecera a pessoa que lhe dera a vida.

- Isso ainda é muito estranho. – o jovem continuou, fazendo com que Sasuke voltasse a prestar atenção. - Saber que era filho desse cara, que eu nasci dele… Continua sendo tudo muito surreal pra mim, mas ao mesmo tempo… sinto que se encaixa.

- Porque é a realidade. – Sasuke disse depois de inspirar profundamente.

- Eu não estou chateado com o senhor, Otousan. – Hoshi lhe confessou, e Sasuke quase podia jurar que distinguia a sinceridade nos dois orbes negros em meio à escuridão. - Digo, por ter escondido as coisas. Eu só queria dizer que eu entendo.

Quis sorrir, expressar um pouco mais de ânimo ou sentimento em sua resposta, mas infelizmente não conseguiu. Mesmo depois de tudo, algo continuava faltando. A verdade estava lá, seu filho a conhecia agora, porém, estava privado de ter toda a noção do quão importante era realmente ser filho de Naruto – não por ser quem ele fora, mas por Hoshi simplesmente nunca poder ter sentido o carinho que o outro pai tivera por ele.

- Obrigado. – Sasuke sussurrou e, dessa vez, o silêncio prevaleceu até que pegasse no sono.

oOo

Hoshi ficou impressionado quando na manhã seguinte, depois de tomar o seu café, saiu junto com seu pai para seguir à homenagem que fora o que realmente os trouxera até ali. Era tanta gente reunida se perguntou se era capaz existir aquele número de pessoas morando mesmo naquela cidade.

Ao contrário do local onde residiam - que se tratava de um lugar mais isolado e tranqüilo - Konoha mostrava ser uma sutil metrópole. Mesmo assim, pelo breve passeio que fizera com o pai, persistia na idéia de que não poderiam existir tantas pessoas vivendo efetivamente naquela cidade.

- Quanta gente… - acabou murmurando.

Sasuke o olhou de esguelha enquanto caminhavam e replicou:

- Muitas pessoas vêm até mesmo de outros lugares apenas para essa homenagem.

Isso para Hoshi explicava melhor o fato do grande volume de pessoas estarem se aglomerando para ver a bendita homenagem. Aquilo lhe dava a real noção do quanto aquele evento era importante e o quanto as pessoas consideravam os ninjas que estariam presentes e os que haviam perecido no processo, há quinze anos.

- Sasuke! – escutaram Sakura chamar mais a frente.

Ela estava reunida com os outros amigos que Hoshi conhecera no dia anterior, inclusive Gaara e algumas outras pessoas que não distinguia ainda quem eram. Estavam para começar a solenidade e seu pai virou para si e disse:

- Eu tenho que me juntar a eles.

Hoshi não precisava que o pai lhe falasse aquilo, afinal, sabia que como um dos homenageados, Sasuke teria que ficar em destaque juntos com os outros.

- Eu sei, não se preocupe, Otousan.

- Fique onde eu possa vê-lo. – alertou, num tom imperativo.

- Não sou mais criança, velho. – o garoto reclamou rodando os olhos.

Recebeu um olhar displicente do pai que retorquiu de maneira irônica:

- Ainda tenho minhas dúvidas.

Hoshi fez uma careta, vendo seu otousan lhe dar as costas e ir se reunir com os outros. Às vezes se chateava por Sasuke tratá-lo como alguém que não sabia tomar conta de si mesmo, mas também lhe acalentava ver o cuidado e a preocupação que o pai lhe dedicava. Contudo, respeitaria a vontade do mais velho e ficaria exatamente ali, assistindo o evento como um bom filho, até que finalizasse.

Pelo menos era o que pretendia até sentir alguém aproximar o corpo por trás de si, segurando em seu braço e sussurrando em seu ouvido:

- Não quer saber sobre o passado de seu pai, de quando ele abandonou Naruto e Konoha atrás de poder e vingança?

Hoshi sentiu o corpo inteiro congelar em apreensão. Não reconhecia aquela voz, muito menos apreciava a presença tão próxima. No entanto, forçou-se a sair daquele estado e se afastou num único movimento, virando-se para trás e encarando a imagem de um desconhecido, que apesar disso, a princípio não lhe inspirava ameaça.

- Quem é você? – perguntou, ignorando as palavras anteriormente ditas pelo homem de acurados olhos escuros.

- Alguém que sabe mais do que o seu querido pai está disposto a te contar.

A primeira coisa que passou pela cabeça de Hoshi foi a possibilidade de seu pai ainda estar escondendo mais sobre seu passado, mas não queria acreditar tão piamente que estava novamente sendo deixado às escuras em relação a qualquer outro assunto importante como ficara sobre o seu nascimento.

- Tudo o que eu preciso saber, meu otousan já me contou. – replicou defensivamente e ganhou em troca uma risada sardônica.

- Será mesmo? – o desconhecido ponderou. – Então, acho que me equivoquei ao assumir que ele não gostaria que o filho soubesse até onde foi capaz de ir só para conseguir seus propósitos

- P-propósitos? – Hoshi questionou confuso e intrigado.

O homem estendeu a mão para o garoto e ofereceu:

- Venha comigo e lhe contarei tudo.

oOo

Sasuke cumprimentou formalmente a todos, principalmente a Godaime, que apesar dos quinze anos parecia não ter envelhecido nem um dia a mais do que a última vez em que a vira. Continuava presente ali apenas por obrigação, algo que devia fazer por Naruto e não por se sentir confortável com aquelas pessoas do passado ou concordar com toda a solenidade. Via-se incapaz de demonstrar-se disposto a confraternizar ou tratá-los com algo além do que a sua usual frieza.

- Fiquei feliz quando soube que veio para prestigiar a homenagem. – Tsunade comentou com um sorriso cordial. - É bom revê-lo, Sasuke.

- Vim em consideração à memória de Naruto.

- Imagino que sim. Porém, ainda desejo ver o filho de vocês. Sakura me falou muito bem de Hoshi.

- Se quiser vê-lo, ele está bem al…

Ao se virar e olhar na direção onde havia deixado Hoshi, Sasuke estranhou. O garoto não estava mais lá.

- Uchiha? – Tsunade o chamou, mas sequer obteve qualquer atenção.

Seus olhos procuraram rapidamente pela multidão de pessoas, buscando localizar o filho, enquanto uma preocupação começava a instalar-se dentro de si. Hoshi não sairia de suas vistas, mesmo que estivesse contrariado com seu jeito super protetor.

- Sasuke, o que foi? – Sakura indagou vendo o semblante preocupado do amigo.

Ali!

Ao mesmo tempo em que seu peito foi tomado pelo alívio, também veio uma apreensão maior. Localizara Hoshi caminhando rapidamente para longe da área central da cidade onde se daria a solenidade. Só que não era o fato do garoto estar lhe desobedecendo - quando ordenara para que ficasse perto - que o alarmara, mas sim a figura que Hoshi acompanhava de mãos dadas.

Poderiam ter se passado quinze anos, mas seria impossível não reconhecer aquele homem.

Sua expressão se fechou e agindo imediatamente deixou todo o resto para trás, correndo para alcançar o filho.

- Sasuke! – escutou Sakura gritar por seu nome, mas não parou, nem mesmo para olhar para trás, enquanto empurrava bruscamente as pessoas de seu caminho tentando chegar até Hoshi.

Todavia, o estrondo de uma explosão fez com que hesitasse por um momento, assustado assim como as pessoas que começavam a correr e se afastar em busca de proteção. Quando uma sucessão de novas explosões abalou a todos, escutou a voz de Gaara alertar que estavam sob ataque.

Sem pensar duas vezes e em mais ninguém, Sasuke voltou a sua atenção para Hoshi e sentiu uma pontada de angústia surgir ao não mais conseguir encontrá-lo.

Não podia vacilar daquela forma, não naquele momento.

As pessoas ainda gritavam por temor e desespero, enquanto ele, Sasuke, ignorava tudo ao seu redor, se limitando a tornar a correr na direção em que vira o filho pela última vez, para assim buscar localizá-lo.

Tudo o que importava era alcançar e interceptar Hoshi.

Mas isso foi impossível, pois o súbito ataque direto de kunais – que foram lançadas em sua direção – o fez parar e rapidamente se esquivar para não ser atingido.

Ele não tinha tempo para brincadeiras com quem quer que estivesse ali em Konoha para criar confusão.

Precisava chegar até Hoshi e impedir qualquer que fosse o propósito daquele homem!

No entanto, o mundo pareceu desaparecer ao seu redor quando seus olhos caíram sobre a figura que o havia atacado e interceptava seu caminho.

Completamente paralisado, Sasuke arregalou os olhos negros ao mesmo tempo em que sua garganta ressequiu durante segundos que pareceram horas. Ficou apenas encarando com incredulidade e tentando assimilar o que via a sua frente, sem realmente conseguir. Mas as batidas desenfreadas de seu coração contrariavam toda e qualquer negativa que sua mente viesse a impor.

O outro o encarava com indiferença e seriedade ímpares, e com seus olhos totalmente desprovidos de emoção, parecia analisá-lo ou esperar por alguma reação, uma palavra… Porém, existia mais, algo que Sasuke não conseguia racionalizar o quê, devido aos sentimentos que ameaçavam sufocá-lo naquele momento e estes só se intensificaram mais ao ouvir o outro finalmente lhe falar:

- Um evento como esse não seria completo sem o principal homenageado estar presente, não é mesmo?… Sasuke.

oOo

Continua...


Nota da Beta: A beta que vos fala não tem palavras depois desse final. Meu Deus, eu preciso de um cardiologista... *morre*