Autora: Blanxe

Beta: Niu

Casal: SasuNaru

Gênero: Yaoi, Romance, Angst, Drama, Tragédia, Referência a M-PREG.

Agradecimentos: À Niu que gentilmente betou este capítulo.


Reminiscência

Eu sinto essas quatro paredes se fechando
Meu rosto contra o vidro
Esta é a minha vida?
Estou desejando saber
Aconteceu tão rápido
Como eu viro essa coisa de volta?

-

Sasuke estava atordoado. Tão atordoado que por um momento – aquele momento – esqueceu-se até mesmo do filho e do perigo que este corria. Os gritos de desespero continuavam ao seu redor, os barulhos das explosões ecoavam por Konoha, mas nada chegava à sua percepção. Seus olhos estavam fixos no jovem a sua frente, enquanto sua audição só registrava o som da voz dele e seu coração tentava convencer a sua mente de que não era um engano, de que não estava alucinando e que aquele ali à sua frente - cujo tempo parecia não ter agido nem um dia a mais desde a última vez que o vira - era exatamente quem aparentava ser.

- O gato comeu sua língua, Sasuke Uchiha? – ele lhe perguntou, com um timbre irônico.

A voz… Como poderia estar em dúvida? Por que a sua parte racional continuava lhe impedindo de deixar-se cair, sufocado por aquele sentimento que espiralava num misto de incomensurável alegria, saudade e euforia?

Era ele! A pessoa por quem se apaixonara tão desesperadamente, que até então não fora capaz de superar a perda. Aquele que lhe dera muito mais do que um propósito para viver; que com um único e simples sorriso sempre fizera seu coração bater mais forte e rápido…

Então, por que hesitava? Qual o motivo de estar se resguardando?

- Deixar o prepotente Sasuke sem fala faz desse retorno algo realmente triunfante. – os olhos dele brilharam, satisfeitos, e foi quando descobriu a resposta para seus recentes questionamentos.

Sasuke parou de pensar com o coração e passou a observar a atitude, o jeito debochado de falar do outro à sua frente, o sorriso enviesado onde os caninos mostravam-se afiados em pequenas presas, o olhar…

- Quem é você? – finalmente o moreno perguntou, com a voz inexpressiva e controlada, fitando com total indiferença os olhos avermelhados que tinham as pupilas estreitas e verticais.

Uma risada estourou, chegando aos seus ouvidos e enchendo seu peito de um sentimento que, nos dias atuais, só o acalentava quando estava sonhando, mas ainda assim… não poderia deixar-se sucumbir.

- Eu sou… - o loiro começou, tomando uma posição de ataque. – …aquele que Konoha sempre temeu e ingenuamente tentou destruir.

A energia avermelhada começou a fluir pelo corpo do outro e Sasuke de imediato recuou um passo, tomando uma posição defensiva. Aquela força; ele reconhecia aquele chakra sombrio e extremamente poderoso… O mesmo chakra que o rapaz diante de si sempre emanava quando se utilizava dos poderes do demônio que havia sido lacrado em seu ser.

- Me diga o que está acontecendo! – era uma ordem, mas o timbre era angustiado, quase uma súplica de quem precisava entender o que ocorria.

- A única coisa que precisa saber, Sasuke Uchiha… É que você vai sofrer através de suas maiores fraquezas.

E, repentinamente, ele avançou para cima do moreno. Os olhos vermelhos faiscando num brilho de pura determinação, as presas à mostra e as unhas como garras afiadas indo certeiramente rumo ao seu peito.

Utilizando-se de uma agilidade que há muito não usava, Sasuke desviou a tempo de evitar um estrago maior, desembainhando sua espada, pronto para contra-atacar. Mas subestimou as habilidades daquele com quem iniciara a luta. Num movimento inesperado e rápido, o outro surgiu atrás de si.

O ataque que se cravaria bem no meio de suas costas foi lançado, mas para a surpresa de seu oponente, a única coisa que atingiu foi à madeira do jutsu de substituição que Sasuke usou.

Com o jogo invertido ao seu favor, o moreno reapareceu logo atrás de seu suposto inimigo e, encostando sua espada na garganta do mesmo, exigiu:

- Eu quero respostas. Quem é você?

- Você sabe quem eu sou, Uchiha. – respondeu com a aura vermelha ao redor de seu corpo se intensificando. – Você carrega ainda a mesma culpa que todos esses tolos. Eu avisei que se arrependeria se o matasse.

- Cuidado, Sasuke! – escutou alguém gritar, e reconheceu a voz como sendo de Sakura, mas o alerta não veio a tempo. Aquele que mantivera preso mostrou-se ser um jutsu de substituição e o moreno foi incapaz de evitar que um golpe fosse deferido contra suas costas.

A escuridão o clamou por completo a partir de então.

oOo

Ele despertou com as memórias do ataque vívidas em sua mente, como se ainda estivesse recebendo o impacto daquele golpe deferido por…

Antes mesmo de perceber que não estava mais em meio ao caos, trincou os dentes e cerrou os olhos ante a dor que se irradiava por seu tórax.

- Devagar, Sasuke. – a voz da mulher de cabelos rosa pediu e o moreno sentiu-a tocar seus ombros, obrigando-o a deitar-se novamente.

A primeira coisa que se deu conta foi do silêncio e, por um ínfimo momento, pensou que poderia ter sonhado e que tudo que continuava a se reprisar em sua cabeça não havia passado de um pesadelo como muitos dos que já tivera. Quando a dor diminuiu e novamente abriu os olhos, deixou que estes vagassem ao redor, constatando que estava num quarto hospitalar e, de pé ao seu lado, estava Sakura, tentando disfarçar a expressão preocupada.

Não havia sido um sonho, tampouco pesadelo. Fora real. O ataque, o confronto, seu filho se perdendo no meio de toda aquela confusão justamente com aquele…

- Hoshi. – disse o nome do garoto e, de imediato, Sakura se contraiu, e desviando o olhar, contou:

- Sinto muito, Sasuke. Não conseguimos encontrá-lo ainda. – tomando coragem, ela tornou a encará-lo para lhe passar mais confiança no que disse em seguida: - Tsunade enviou um time de ninjas para encontrá-lo e trazê-lo de volta em segurança.

Eles haviam levado Hoshi… Seu filho estava nas mãos daquelas pessoas… nas mãos de…

Ignorando a dor e os pedidos da medinin, Sasuke se ergueu na cama. Dispensou uma breve atenção ao próprio tórax nu, que estava enfaixado, escondendo e protegendo os ferimentos que havia sofrido.

- Há quanto tempo estou aqui? – ele perguntou, ainda sentado no leito.

- Um dia. – Sakura respondeu, suspeitando das possíveis intenções do moreno. - Seu ferimento ainda precisa de cuidados, Sasuke. Por favor, fique deitado.

Um dia? Estava ali deitado há um dia, enquanto Hoshi precisava dele?

- Minhas roupas, Sakura. – pediu, esquematizando em sua mente algumas ações que deveria tomar.

- Não seja precipitado, Sasuke. – ela aconselhou, com seus olhos verdes angustiados.

- Minhas. Roupas. – exigiu, falando cada palavra pausadamente, olhando de forma ameaçadora para amiga.

Intimidada pelo olhar e palavras do moreno, Sakura decidiu não contrariá-lo. Poderia ter estado longe do amigo por quinze anos, mas a personalidade dele não mudara em nada, mesmo depois de tanto tempo, porém, ela se dera conta de que não queria testar os limites do descendente do clã Uchiha, principalmente quando o que estava em jogo era a integridade física de seu único filho.

Pegou as roupas limpas que havia buscado no quarto de hotel onde o amigo se hospedara com Hoshi e passou-as para o moreno. Ela imediatamente virou o rosto quando, sem se importar com pudor, Sasuke jogou para o lado o lençol que o cobria da cintura para baixo e simplesmente pulou da cama e começou a se vestir.

- Você vai estar se prejudicando assim, Sasuke. – Sakura advertiu. - Não vai ajudar em nada sair por aí como um louco à procura de Hoshi sem estar recuperado.

Não obteve resposta, mas se virou rapidamente quando ouviu o abri da porta do quarto, vendo que Sasuke já deixava o ambiente. O moreno fez-se de surdo aos apelos da kunoichi, que tentava com suas palavras fazer com que mudasse de idéia e considerasse sua condição física. Continuou com determinação seu caminho para fora do hospital, totalmente envolto em seus pensamentos.

oOo

Shizune entrou apressada na sala da Godaime, trazendo nas mãos papeis importantes. A mulher loira, que estava concentrada em alguns documentos que relatavam a percentagem de destruição do recente ataque, imediatamente levantou os olhos para encarar a morena, que logo se colocou à frente de sua mesa.

- Tsunade-sama, um dos mensageiros trouxe um relatório. – Shizune informou.

Os olhos amendoados da quinta Hokage se voltaram para o pergaminho que a auxiliar trazia e pediu:

- Deixe-me ver.

Rapidamente ela leu o conteúdo e sua expressão impassível não denunciava a preocupação que sentia a cada palavra escrita naquele relatório. As informações em nada tranqüilizavam ou davam perspectivas de futuramente fazê-lo. Tinha uma Konoha parcialmente destruída, o povo que estava mais do que assustado pelo ataque repentino e agressivo, assim como receoso pela incerteza de algum outro. E sabia bem o porquê daquele terror exacerbado vindo dos moradores; ela mesma temia muito, afinal, o grande líder daquela ofensiva era poderoso demais.

No entanto, era muito esquisito que logo após tirarem Sasuke de ação, todos os inimigos tivessem simplesmente retroagido, como se sua única intenção de estarem ali tivesse sido cumprida.

- Alguma boa notícia? – Shizune a tirou de seus pensamentos, e imediatamente ela voltou a enrolar o pergaminho.

- Não. – respondeu secamente. - Sai não conseguiu ainda pista alguma sobre o paradeiro dos ninjas que atacaram Konoha, muito menos do filho de Uchiha.

O primordial, acima de qualquer outra coisa, era encontrar Hoshi. Sasuke, pelo que sabia até então, permanecia desacordado, mas assim que recobrasse os sentidos e soubesse que seu único filho encontrava-se ainda desaparecido, criaria um inferno na Terra. Não lhe tirava a razão, de forma alguma, afinal, o garoto era tudo o que ele tinha, tudo o que vinha dedicando sua vida depois da morte de Naruto e agora… Nem queria imaginar o que toda a confusão do confronto poderia trazer.

- Tsunada-sama… - Shizune chamou e, um tanto incerta, ousou tocar num assunto que ninguém parecia disposto a discutir realmente desde o ataque: - Aquele rapaz… Ele parecia muito com…

A loira olhou inconformada para a fiel assistente. O que ela dizia era um modo muito sutil para tentar entender o que haviam visto naquele dia em que deveriam comemorar e homenagear os quinze anos de verdadeira paz que alcançaram depois da destruição definitiva da raposa de nove caudas. Pelo menos, essa era a certeza que tinham, até a aparição de seu Jinchuuriki.

- Ora, Shizune! Parecia?! – esbravejou, inconformada com a sutileza da amiga. - Ele era idêntico!

Acostumada com os rompantes de sua superiora, a morena insistiu em especular:

- Acha que poderia ser verdade? Que ele não esteja morto?

Aquele era um ponto que Tsunade só via uma maneira para ser real.

- Minha suspeita é que seja o maldito Edo Tensei de Orochimaru. Estamos lidando apenas com uma falsa réplica. – garantiu, sem saber se queria convencer a assistente ou apenas a si própria. - E estaremos novamente com grandes problemas se o chakra da Kyuubi voltar a ser usado efetivamente contra nós.

Shizune se recordava com pesar da última vez que tiveram que intervir contra a raposa de nove caudas. Do poder absurdo que os ninjas tiveram que enfrentar e da dificuldade que fora, física e emocional, para que pudessem perseverar e vencer a batalha contra o bijuu. Só de imaginar terem que repetir todo o processo novamente, lhe causava tristeza.

- Teremos que lutar com algo dessa magnitude… - começou a dizer com olhos cabisbaixos, mas Tsunade a cortou:

- Vamos nos ater primeiramente em encontrar o filho de Uchiha. Pense que será um grande problema lidar com Sasuke também.

Shizune assentiu com a cabeça, vendo razão nas palavras de sua superiora. Sasuke seria o primeiro problema que teriam que ser muito cautelosos ao lidar.

oOo

O sol estava encoberto por nuvens escuras, fazendo com que o dia estivesse com um aspecto acinzentado, morto. Por mais que quisesse sair correndo atrás do paradeiro de seu filho, existia algo que Sasuke precisava fazer antes; tinha que tirar a incerteza de seu coração. Mesmo que parecesse estar fora de si – além de precipitado - era seu direito confirmar suas dúvidas e assim saber exatamente com o que estava lidando.

Havia pegado pás emprestadas no meio do caminho e ali se encontrava, em meio ao cemitério, escavando um buraco onde deveria ser o lugar de descanso de seu amado. Não muito longe estava Sakura, ainda gritando a plenos pulmões, querendo lhe enfiar algum senso na cabeça. Mas não. Estava longe de chegar à beira da insanidade.

A cada cravada da pá no solo da sepultura, as lembranças do confronto se reprisavam em sua mente. As palavras, os sentimentos, a angústia… Tudo estava ali, o remoendo, e a única coisa para qual ainda rezava era que quando terminasse, pudesse estar livre de todo aquele peso, ter a certeza de que não precisaria hesitar como fizera naquele primeiro encontro.

Porém, se fosse verdade… Se aquele fosse mesmo ele… Não saberia o que fazer. Principalmente porque levara seu filho, com o propósito nítido de fazê-lo sofrer. Talvez merecesse um castigo por algo que sequer sabia exatamente o que, mas Hoshi não podia pagar por isso. Nunca.

Seus ferimentos, que estavam em fase de cicatrização, protestavam a cada movimento brusco que fazia para escavar o chão, mas sua determinação sobrepujava qualquer dor.

- Sasuke, pare com essa loucura! – a mulher de cabelos cor de rosa suplicava, porém, não se atrevia a tentar efetivamente impedi-lo.

- Cale-se! – Sasuke exigiu, irritando-se com a persistência da amiga.

- Isso é desrespeitoso! – ela acusou franzindo o cenho, com esperanças de fazer com que o moreno percebesse que estava violando o local de descanso da pessoa mais importante para ambos.

Suas palavras pareceram atingir Sasuke, pois, por um momento, ele parou e a olhou diretamente, enfurecido, e indagou:

- Você não viu ou estava cega no momento em que ele apareceu diante de mim e me atacou?

Ela sabia muito bem o que vira. Todos haviam visto. Porém, por mais que soubesse da realidade, não conseguia conceber que ele fosse o verdadeiro, que havia simplesmente aparecido ali depois de quinze anos para seqüestrar o próprio filho e atacar Konoha, com intenção de vingança.

- Aquilo pode muito bem ser o jutsu proibido de Orochimaru. – ela cogitou, se desesperando ao ver Sasuke resumir a escavação.

- Pode… - ele murmurou e explicou em seguida: - por isso eu preciso ter certeza.

A chegada de um terceiro elemento ao local trouxe surpresa e insatisfação, principalmente para Sasuke. Tudo o que ele não precisava era ter que lidar ou ser cordial com um antigo rival.

- Uchiha… - ele chamou com sua voz apática.

- Não se meta nisso ou eu te mato, Gaara. – grunhiu, continuando a cavar.

Esperava que seu alerta fosse o suficiente para manter o Kazekage longe de seu propósito, mas acabou por se surpreender quando o ruivo se colocou ao seu lado e, sem proferir uma palavra sequer, começou a fazer o mesmo: com uma das pás que estivera até então jogada no chão, Gaara imitou seu gesto, retirando a terra e aprofundando o buraco que cavava.

Sasuke não ficou por muito tempo estático. Havia entendido a intenção do Kazekage; o ruivo parecia compartilhar de sua desconfiança e também buscava a verdade, sem se importar com os métodos. Sakura, por sua vez, continuava cética em seu julgamento.

- Vocês estão completamente fora de si. – balançou a cabeça negativamente, desistindo finalmente de fazer com que parassem com aquilo, fato que Sasuke mentalmente agradeceu muitíssimo.

Não demorou para que atingissem o caixão. Gaara olhou para Sasuke, e este retribuiu muito brevemente, pois imediatamente estava golpeando a madeira que, após anos, cedeu facilmente e logo tinham diante de si o fundo totalmente exposto.

Sakura, mesmo um pouco temerosa, esticou o pescoço para ver o que deixara tanto Sasuke quanto Gaara em silêncio e, quando percebeu que ali não existia nada, seus olhos verdes se esbugalharam em alarme.

- Eu não acredito… - a kunoichi sussurrou, incrédula, para o caixão vazio.

- Aquele era mesmo… - Gaara começou a concluir, sendo finalizado num balbuciar por Sasuke:

- …Naruto.

oOo

O garoto já tentara mais de uma vez achar uma maneira de sair daquele lugar, mas seus esforços haviam sido em vão. Não existiam janelas, não havia qualquer outra passagem que não fosse a maldita porta pela qual entrara e desde então não mais saíra. Sequer tinha noção se era dia ou noite, o quarto mantinha uma luz acesa o tempo todo, por isso estava completamente perdido dentro do aposento.

Perguntava-se porque fora tão idiota em seguir aquele homem. Sabia por quê… Porque fora um imbecil incapaz de segurar a própria curiosidade e não se deixar levar por palavras falsas. Agora o que arrumara? Problemas! Só isso. Mas conhecia tão pouco do passado de seu otousan… Queria muito que ele confiasse em si o suficiente para dizer tudo sobre o que vivera, talvez por esse motivo caíra na tentação quando alguém apareceu dizendo que poderia esclarecer mais. Pensava o tempo todo em seu pai, que certamente deveria estar preocupado - para não dizer desesperado - com seu sumiço.

Isso é… se ele estivesse bem.

O ataque a Konoha… Ouvira as explosões, o desespero das pessoas, porém, fora incapaz de impedir o impulso de seguir com aquele homem. E, em meio a toda a confusão, seu pai poderia ter se ferido. Confiava em suas habilidades como ninja, afinal, o vira muitas vezes treinando e sabia o quanto era forte, mas mesmo assim se preocupava.

Por isso, a cada segundo que passava, mais enclausurado se sentia, mais queria se libertar daquele lugar e correr de volta para o pai para certificar-se de que ele estava realmente bem.

Sentado numa cama de solteiro, levantou o rosto quando escutou a porta se abrir e o mesmo homem que o guiara até ali aparecer acompanhado de um rapaz que não se lembrava de ter visto em Konoha. Olhou-os com insatisfação e raiva, mas sabia que contra eles, nada poderia fazer.

- Está mais calmo? – o homem que o tornara um prisioneiro perguntou, vendo a carranca do garoto se tornar mais intensa.

Soube assim que ele escutara seu escândalo. Fora uma atitude infantil ficar gritando para que o libertassem e ter chutado e esmurrado a porta para que tomassem uma atitude. Todavia, fora a única coisa que pudera fazer até então. Sua grande dúvida, em si, era saber o porquê de estar sendo mantido preso. Eles poderiam tê-lo matado, mas não, o mantinham ali, cativo, como se precisassem ou esperassem por algo.

- Você disse que me contaria sobre o meu pai e até agora só soube me encarcerar nesse quarto. – resmungou, querendo entender a sua condição ali, invés de tentar uma fuga. Seria inútil e burro de sua parte querer passar por aqueles dois, pois tinha certeza de que antes de chegar à porta, seria detido.

O desconhecido, por sua vez, evadiu as suas reclamações e, meneando a cabeça na direção do rapaz ao seu lado, indagou:

- Não quer que eu lhe apresente?

- Não. Eu quero ir embora. – Hoshi respondeu petulante, franzindo o cenho em completo desgosto. - Estava tendo um ataque a Konoha, meu pai pode estar machucado.

Escutou a risada do rapaz, irônica e ao mesmo tempo cativante, mas suas palavras fizeram com que um ódio repentino brotasse no coração de Hoshi.

- Oh, sim. O Uchiha prepotente está machucado. – o rapaz de cabelos loiros confirmou. - Eu pessoalmente cuidei disso.

Aquele infeliz estava afirmando que havia ferido seu pai. Como ele ousava ter tocado em seu otousan?!

Levantou-se num único movimento, querendo apenas atacar aquele maldito, mas antes que pudesse alcançá-lo, o loiro ergueu a mão num movimento criando um estranho deslocamento de ar que atingiu Hoshi em cheio, fazendo-o ser jogado contra a parede. Sua respiração ficou presa em seus pulmões por alguns instantes, devido ao impacto de suas costas contra a superfície atrás de si e, enquanto tentava se recuperar, escutou o loiro lhe dizer com um tom autoritário e debochado:

- Aprenda a nunca se voltar contra seu próprio pai, moleque.

Os olhos negros do garoto se arregalaram e ele ergueu o rosto para encarar o loiro mais adiante, reparando em seu sorriso trocista, nos riscos acentuados que marcavam suas bochechas e na forma que o vermelho de seus olhos brilhava de um jeito perigoso.

- O quê?! – conseguiu vocalizar, confuso e atônito.

O homem, que parecia ser o grande responsável por todo aquele esquema de mantê-lo preso ali, deu um passo à frente e, com um sorriso calmo e a voz comedida, pediu:

- Deixe-me apresentá-lo a você, jovem Hoshi. – ele desviou o olhar para o rapaz ao seu lado, sorrindo um pouco mais ao admirá-lo por um momento e, em seguida, voltando a fitar o garoto ainda ajoelhado perto da parede, continuou: - Esta é a pessoa responsável por seu nascimento.

- Não pode ser… - Hoshi murmurou, olhando assombrado para o loiro que parecia satisfeito com a apresentação feita. No entanto, ele não podia acreditar no que aquele homem lhe dizia, não tinha a mínima possibilidade de ser verdade…

Ou tinha?

- Este é Naruto Uzumaki, seu pai. – o homem finalizou, exultante pela expressão atordoada que via nos belos olhos negros do garoto.

-

Continua...


Notas da Autora: Desculpem a demora, mas a inspiração fugiu... Bem, para quem interessar, uma amiga fez um amv trailer da Reminiscência e está no youtube, no meu perfil tem o link direto para que possam ver... Espero que gostem!

Notas da Beta: Só tenho uma coisa a dizer: Agora fodeu :D