Autora: Blanxe
Betado por: Dréinha (andreiakennen).
Casal: SasuNaru.
Gênero: Yaoi, Romance, Angst, Drama, Tragédia, Referência a M-PREG.
Aviso: Partes em itálico na história significam lembranças ou sonhos.
Reminiscência
Se acontecer algo
Que separe as minhas mãos das suas
Deixarei o meu coração
Se for impossível
Vivermos juntos neste tempo
Um dia, o destino nos unirá novamente…
oOo
Suas mãos tremiam. Por mais que controlasse sua expressão corporal e facial, se pegava impossibilitado de conter os tremores que o choque da descoberta lhe causava. Por um lado, realmente rezava para não encontrar o esqueleto de seu amado ali, tanto por não querer ficar frente a frente com seus restos mortais, quanto por almejar que a realidade lhe trouxesse uma grande e absurda esperança: a certeza de que seu Naruto estava mesmo vivo. Por outro, pedira intensamente para que ninguém houvesse violado o local de descanso da única pessoa que amara, incondicionalmente, em sua vida.
E ali, diante daquela cova sem corpo, Sasuke tivera isso. E fora o que fizera um misto de horror e alegria imperar dentro si.
Não havia qualquer indício de que o túmulo fora recentemente violado. Se a intenção daquele homem fosse apenas invocar um jutsu momentâneo para criar um ataque à Konoha, que causasse pânico a todos, então, não seria necessário levar todos os ossos para criá-lo. E, o que mais o levava a acreditar que não se tratava apenas do Edo Tensei que Orochimaru utilizara quando matara o Sandaime, foram o olhar, o chakra e as palavras proferidas pela versão adolescente de seu, até então, falecido amante.
"Eu sou aquele que Konoha sempre temeu e ingenuamente tentou destruir."
"A única coisa que precisa saber é que vai sofrer através de suas maiores fraquezas."
"Você carrega ainda a mesma culpa que esses tolos. Eu avisei que se arrependeria se o matasse."
"Você sabe quem eu sou"
Vingança.
Era a única palavra que ressaltava em sua mente. Não era uma desforra contra Konoha, e sim, única e exclusivamente, contra si. Aquele ataque todo fora algo pessoal, direcionado para ele. Via isso agora que começava a enxergar a situação, num geral, mais claramente.
Fora Kabuto Yakushi que jurara vingança por Orochimaru. Sasuke jamais se preocupara ou se recordara disso, até o presente momento, mas ele estava de volta. Liderara o ataque à Konoha onde usara Naruto para desestabilizá-lo e assim poder seqüestrar seu filho.
Mesmo quinze anos depois, o reconhecera naquele dia em que abduzira Hoshi.
Tudo se encaixava de forma maquiavelicamente perfeita.
Mas ainda faltavam peças no absurdo quebra-cabeça que montava mentalmente. Não sabia quando, nem como, Kabuto tivera acesso ao corpo de Naruto, muito menos de que forma ele o fizera voltar – afinal, o loiro foi dado como morto por Sakura - mas, acima de tudo, precisava saber o que Yakushi usou para que a odiosa Kyuubi ocupasse completamente o lugar deixado por seu amado.
Pois, aquele que o confrontara, poderia ter a aparência de seu marido, mas era, sem qualquer dúvida, a raposa de nove caudas. Não existia nada de seu Naruto ali que não fosse o corpo que o demônio possuía agora. Por mais que lhe doesse constatar isso, não sentira a essência do loiro em nenhum momento que estivera frente a frente com ele, não poderia se iludir e pensar que, de alguma forma, a pessoa tão estimada que perdera, voltara dos mortos.
No entanto, a esperança de que houvesse um meio de recuperar o verdadeiro Naruto estava lá, o alfinetando de forma compulsiva, fazendo-o tomar decisões rapidamente.
- Precisamos avisar a Tsunade. – Sakura falou, ainda olhando com o mesmo espanto os restos do caixão vazio.
Gaara, por sua vez, não estava tão preocupado em fazer com que a Godaime fosse notificada da mais recente descoberta. Não, o ruivo previa o que estava por vir e, sendo assim, observava o silêncio e os olhos levemente estreitos de Sasuke, - olhos de alguém submerso em pensamentos – e soube, que alertar a Hokage, não era algo com que deveria se preocupar no momento.
- O que está pretendendo fazer, Uchiha?
O moreno desviou o olhar na direção do Kazekage, de um jeito intimidador e respondeu:
- Não interessa.
Gaara estreitou os olhos, ao perceber Sasuke jogar a pá de forma raivosa no solo e se afastar. Antes mesmo, que Sakura pudesse vocalizar o nome do ex-integrante do time sete, o ruivo estendeu o braço na frente da mulher, impedindo-a de segui-lo, e ordenou:
- Vá avisar a Hokage.
- Mas, Gaara… - Sakura tentou argumentar, querendo nada além do que ir atrás de Sasuke.
- É necessário que alguém, ciente da situação, alerte a Godaime. – o Kazekage explicou, apaticamente e, sem se virar para encarar a kunoichi, determinou: - Eu vou atrás dele para evitar que faça alguma besteira.
Gaara então deixou Sakura para trás e apressou-se em seguir o moreno. O ruivo tinha dois motivos fortes para querer seguir Sasuke e não perdê-lo de vista. O primeiro era que realmente temia que o Uchiha viesse a causar problemas para si e, conseqüentemente, para seus amigos. Aquele brilho nos olhos negros, que vira anteriormente, era alerta o suficiente para deduzir que Sasuke pretendia agir sozinho, a sua maneira, como muitas vezes havia feito no passado. No entanto, se recordava mais do que ninguém dos resultados das atitudes impulsivas daquele homem e não pretendia permitir que se repetissem. O segundo motivo era…
Naruto.
- Volte para as suas obrigações. – Sasuke rosnou, incomodado por estar sendo seguido pelo Kazekage.
Sem levar em consideração as palavras do outro, Gaara continuou seguindo o moreno.
- Você pode estar se precipitando, melhor agir com o apoio de Konoha. – aconselhou, mantendo a voz tranquila, mas suas palavras foram rebatidas com rispidez pelo outro homem.
- Kohona não tem nada a ver com isso. E não tem a ver com você também!
- Você está enganado. – foi a pronta resposta, que Sasuke recebeu do ruivo.
Frase esta, que fez com que aquele sentimento quase incontrolável queimasse em suas veias. Seus punhos se fecharam fortemente. Ele parou abruptamente de andar, voltando-se para trás com o olhar em fúria.
- Estou enganado em quê?! – indagou Sasuke, com o tom a beira do ameaçador. Encarando fervorosamente o outro homem a sua frente. O ruivo, por sua vez, não o replicou. E, com sua voz firme, o descendente do clã Uchiha, o alertou pela segunda vez: - Esse assunto não lhe diz respeito, Kazekage.
Fora a vez dos olhos verdes se estreitarem num misto de determinação e raiva. Enquanto a réplica era oferecida de maneira totalmente desprovida de emoção.
- Se envolve Naruto, me diz respeito.
As palavras de Gaara só serviram para aumentar a raiva de Sasuke. Ele não se conformara com o descaramento deste em lhe afrontar daquela maneira: praticamente declarando que os sentimentos do passado, ainda vivam dentro dele. Nunca desconfiara do contrário. Sempre soube que aquilo que o Kazekage sentia por Naruto era tão intenso e permanente quanto seus próprios sentimentos. Estava claro no brilho daqueles olhos verdes, quando estes fitavam o objeto de sua afeição; na fala mansa com que ele se dirigia ao loiro; no leve e terno sorriso que adornava seus lábios, quase sempre sérios, todas às vezes que o contemplava, iluminando assim, seu rosto na maioria das vezes inexpressivo e melancólico.
Mas, o que mais lhe fazia odiar o garoto do deserto, era a ligação inquebrável que este tinha com Naruto. O fato de que ambos dividiam o mesmo passado; as mesmas tristezas e angústias. Por serem em sua essência Jinchuurikis. E por ambos compreenderem um ao outro de uma maneira que ele, Sasuke, jamais poderia entender, por mais que se esforçasse.
E lembrou-se que, por muito pouco, não perdera seu amor para aquele homem, que hoje estava parado ali, a sua frente. Um homem que, assim como ele, depois de quinze anos não fora capaz de dedicar seus sentimentos a mais ninguém. Um homem que permanecera sozinho por saber que ninguém preencheria o vácuo que fora deixado no peito por aquela pessoa tão especial. O mesmo homem que via, naquele momento, refletir nos olhos o brilho de esperança que tinha nos seus próprios.
E, mesmo que não tivessem certeza do que poderia acontecer, se por acaso existia mesmo uma chance de ter Naruto realmente de volta as suas vidas, Sasuke não conseguia deter aquele sentimento que o corroia de forma tão mesquinha e obtusa.
- Eu sempre quis te matar. Sabia disso, Gaara? – disse ele, dando um passo à frente, levando nos olhos sua ameaça.
Porém, o Kazekage sustentou o semblante em desafio e sequer se moveu, retorquindo no mesmo tom arrastado:
- Eu não tenho medo de você, Uchiha. – ele afirmou, fazendo uma breve pausa, para em seguida continuar com firmeza: - Eu tenho estado morto durante todos esses anos, e você sabe muito bem o por que. Suas ameaças não têm o menor sentido pra mim.
Sasuke pressionou os lábios, contendo a ira, e rechaçou antes dar as costas para continuar seu caminho:
- Então continue morto, mas bem longe de mim!
- Você não pode me impedir. – Gaara o lembrou, controladamente. - Não quando se trata dele.
No mesmo momento, Sasuke virou nos calcanhares e furioso agarrou o Kazekage pela frente de suas vestimentas e explodiu:
- Não se trata dele, bastardo! Trata-se da MINHA família! Consegue entender isso?!
Frente a frente com o rosto do moreno, Gaara permaneceu inabalável, mas internamente sentia o gosto amargo do que o outro explicitara com tanta eloqüência.
- Eu nunca fui uma ameaça a SUA família, Uchiha. – fez questão de replicar. Porém, deixando a voz soar mais amena, explicando quais eram as suas intenções: - Mas eu preciso ajudar. Se existir um meio de garantir que ele fique bem, eu preciso ajudar.
- Você não pode. – Sasuke respondeu, mesmo compreendendo a intenção de Gaara. Afinal, o sentimento chamado "ciúmes" permanecia forte e imutável dentro de si. Soltou a roupa do outro bruscamente, e lhe deu motivos mais plausíveis e menos eloquentes, para tentar se livrar de uma vez por todas da imposição do ruivo: - Kazekage, você têm responsabilidades e não pode abandoná-las por nada e nem ninguém.
Era uma realidade que Gaara não poderia negar. Sua posição deveria ser colocada acima de qualquer desejo ou prioridade sua. Não teria vacilado em aceitar as palavras de Sasuke em qualquer outra situação, mas se tratando de Naruto… Como conseguiria continuar com suas responsabilidades, carregando o peso de saber que o rapaz por quem se apaixonara no passado, poderia estar tendo uma segunda chance? E além de tudo, ele poderia precisar de ajuda caso estivesse sob o domínio ou influência de alguém. Assim como Sasuke, tinha a quase certeza de que quem dominava Naruto naquele ataque era ninguém menos que a raposa de nove caudas. Se o selo tivesse sendo manipulado, se não existisse mais a essência do loiro naquele corpo… Precisava saber, tinha que entender e ajudar - se fosse possível - a trazer de volta completamente o outro jinchuuriki.
- Eu posso. E eu vou. – determinou com uma voz firme, fazendo com que Sasuke que, já se virava para continuar seu caminho, parasse e voltasse a encará-lo. – Eu entrego o título se for necessário, também não me importo se apenas colocarem outro para me substituir. Mas não vou voltar para Suna e ficar sentado esperando.
Sasuke suspirou. Na sua frente havia um caso perdido. Mas quem era ele para julgá-lo? De toda a forma, não queria aquele ruivo o atrapalhando. Infelizmente, não tinha como impedi-lo, muito menos queria continuar perdendo tempo. Precisava encontrar seu filho e garantir sua segurança. Achando Hoshi, certamente reencontraria Naruto…
- Faça como que quiser.
oOo
Estavam acampados momentaneamente numa clareira em meio a uma floresta. Descansavam por um tempo e se alimentavam para poderem continuar com suas buscas. O quarteto havia sido particularmente unido pela Godaime para aquela missão. Sendo ninjas ANBU, era um tanto incomum que fossem designados para tal, mas se tratando da situação em si, acreditavam que a Hokage não poderia ter feito melhor escolha.
Com as máscaras ainda escondendo os rostos, enquanto a fogueira crepitava, assando os peixes de forma improvisada, os quatro mantinham um silêncio desconfortável, que foi quebrado pela única voz feminina do time.
- No que está pensando? – ela perguntou, com a voz suave, para o líder do grupo.
- Em como vamos enfrentar essa situação, se acaso nos depararmos com ele. – ele respondeu, seriamente, diferente de sua usual personalidade brincalhona.
- Não temos outra escolha. – avaliou o terceiro em comando, sabendo que os demais entenderiam suas palavras.
- Será? – ela indagou tristemente. - Mais uma vez, será que não teremos outra escolha?
- Eu não sei, mas temos uma missão e devemos priorizá-la acima de tudo, eliminando qualquer um que se interponha em nosso caminho. – decretou o terceiro.
O líder olhou para o companheiro e o criticou.
- Você é mesmo frio.
- Droga, o que quer que eu diga? – replicou frustrado, o terceiro. - Ele deveria estar morto.
Eles sabiam que sim. Contudo, como agir com frieza ao encarar uma possível luta contra alguém que fora um grande amigo, mesmo que essa luta já tivesse ocorrido uma vez, há anos atrás? Para isso, o único jeito de se manterem imparciais, seria adotar verdadeiramente as máscaras que usavam. Como ninjas ANBU, não poderiam permitir que sentimentos se infiltrassem durante suas missões. No entanto, estas não tornavam as coisas mais fáceis.
- Talvez ainda esteja. – a mulher murmurou num lamento.
Se pudessem acreditar que aquele que atacara Konoha não era Naruto, se conseguissem fingir que só passava de uma cópia, quem sabe futuramente o temor diminuísse. Mas era apenas uma probabilidade. Aquele Naruto poderia ser o verdadeiro e, se fosse… O desejo de salvá-lo, trazê-lo de volta para que tudo retornasse a ser como antes, sobrepujaria as ordens dadas por Tsunade?
- Pode parecer idiotice ou contraditório, partindo do ponto que eu disse que o mataria caso se interpusesse em nossa missão… - o terceiro ANBU esclareceu e finalizou com a voz amena: - Mas eu preferia que fosse real.
Era uma esperança que nem todos ali dividiam. O quarto ninja do grupo, então, se pronunciou asperamente.
- Realidade só existe uma, Hyuuga, e nós dois sabemos muito bem qual é. Quem quer que seja esse farsante, ou clone, não é o Naruto.
- Como pode ter tanta certeza? – o líder questionou, querendo saber a qual justificativa o colega se apegaria.
O quarto silenciou, fazendo com que os outros aguardassem com mais curiosidade por sua resposta. E quando, enfim, respondeu, causou uma reflexão instantânea em todos.
- Aqueles olhos… Não eram os olhos do Naruto.
- Não… - O líder recordou-se muito bem de quando vira aquelas pupilas verticais e tonalidade avermelhada tomarem conta dos orbes azuis. - Pareciam com os olhos de quando ele ficava possuído.
- Os olhos da Kyuubi. – a ninja sussurrou, como se o simples fato de vocalizar aquele nome, pudesse invocar a criatura até ali.
- Nossa missão, por enquanto, se limita a encontrar Hoshi Uchiha. – o líder relembrou. - Não devemos, e nem vamos, nos precipitar em nada. – concluiu, olhando para cada um dos membros de seu grupo. - Entendido?
Os três assentiram, mesmo que o quarto ninja tivesse hesitado em concordar.
oOo
O tempo passava devagar quando se estava preso em um quarto sem nada para fazer, nem para se pensar. A não ser, a preocupação com seu pai. Hoshi às vezes sentia vontade de gritar de tanta frustração. Entretanto, sair chutando paredes e gastando seu fôlego não adiantaria. Nunca quisera tanto estar junto de seu otousan como naquele momento. E nunca amaldiçoara tanto sua impetuosidade, quanto fazia durante o período que era mantido como um refém entre aquelas quatro paredes. Além da aflição da confirmação de que seu pai fora ferido, existia a angústia de saber o que este estaria sentido, não só por si, seu filho, estar preso, mas por causa daquele garoto loiro…
Naruto.
Não tinha a menor ideia, e nem como aquilo era possível. A pessoa quem seu otousan tanto amava, deveria estar morta pela mesma quantidade de anos que hoje, ele, Hoshi, tinha de vida. Entretanto, estava vivo, tendo a mesma aparência de um jovem de dezesseis anos, como se os anos para ele não tivessem se passado.
Formulava, para tentar passar o tempo em seu cárcere, teorias que lhe explicassem aquela situação. Fora-lhe contado que Naruto morrera por ter perdido o controle do demônio que habitava seu ser e que, por isso, os amigos foram obrigados a sacrificá-lo. Ele estava morto, definitivamente morto, vira seu tumulo, chegara a ficar pesaroso por não conhecê-lo. No entanto… Seria possível que o loiro tivesse forjado sua própria morte e ficado recluso até o ataque? Mas como? Por qual motivo? Vingança? Contra quem? Konoha ou seu pai?
Por quê?
Não entendia…
Naruto não teria como fingir a própria morte e continuar imutável, com a mesma jovialidade de quinze anos atrás. Não tinha conhecimentos ninja o suficiente para atuar como um, sabia o que era de noção geral de qualquer pessoa comum e um pouco mais por seu pai ser um, mesmo que não atuante. Sendo assim, começara a imaginar se existia algum jutsu que trouxesse os mortos de volta a vida. Ou simplesmente clonasse de forma definitiva a imagem de alguém que não vivia mais. Só que, se tal jutsu existisse, provavelmente seu pai teria buscado usá-lo há muito tempo, afinal, o que ele sentia por Naruto parecia ser algo incomensurável.
Mas, o que mais lhe incomodava era saber que havia nascido daquele rapaz. Estar frente a frente com a pessoa que lhe trouxera ao mundo não fizera com que sentisse nada além de uma grande raiva, por ter sido estúpido o suficiente em pensar admirar alguém que tinha olhos malignos como os dele. Alguém que fora capaz de atacar seu otousan. Jamais poderia perdoar um ato como aquele, não importando os motivos que fossem.
Tudo o que imaginara - e que os outros fizeram-no acreditar - fora demolido com o primeiro contato que teve com ele. E a única coisa que desejava, do fundo de seu coração, era poder voltar para junto de seu pai.
Seus olhos negros desviaram-se para a porta que se abriu. Fechou imediatamente a expressão ao ver que se tratava de seu raptor. Pelo menos, dessa vez, estava sozinho e não acompanhado daquele loiro desgraçado.
- Será que podemos conversar agora, Hoshi-kun? – o homem lhe perguntou, amenamente, com um sorriso estampando os lábios finos.
- Eu tenho outra escolha? – o garoto replicou, dando de ombros.
A risada que o outro deu, fez com que se contraísse internamente, principalmente quando este se aproximou e tomou a liberdade de sentar-se ao seu lado na cama de solteiro.
- Você realmente tem a personalidade forte do jinchuuriki da raposa, mas a beleza de Sasuke-kun. – quase que prontamente retroagiu quando uma das mãos pálidas do homem se ergueu e tocou seu queixo, mas permaneceu parado, não querendo demonstrar medo, enquanto ele levantava seu rosto, analisando-o com apreciação: - Arriscaria a dizer que se parece muito mais com Itachi-san.
A conversa que não mostrara ser de qualquer interesse, de repente trouxe um brilho de curiosidade ao olhar do garoto, que imediatamente questionou, esquecendo-se até mesmo do toque do outro homem em seu rosto.
- Conheceu meu tio?
Seu pai falava tão pouco sobre a família. Não sabia quase nada sobre seu passado, enquanto tantas pessoas, que nem tinham qualquer ligação, pareciam conhecer tanto. Sabia que Itachi Uchiha fora seu tio, e seu pai comentava - de vez em quando - que fisicamente lembrava o primogênito de sua família. E lhe disse também, que este morrera devido a uma grave doença. Aquilo sempre lhe fora suficiente, jamais pressionara seu otousan a dizer mais nada. Contudo, isso agora parecia estar mudando, e se perguntava se tudo não estava ligado ao reaparecimento de Naruto.
- Eu o conheci. Como já disse: sei muito sobre o passado que seu pai vem escondendo de você, Hoshi-kun.
Por um súbito instante, o menino sentiu um calafrio subir por sua coluna ante a proximidade daquele homem. E isso fez com que reagisse. Estapeando aquela mão para longe de si.
- Quem é você? – exigiu saber, se levantando da cama, mas ainda olhando diretamente para o desconhecido que o fitava com certo divertimento, aparentemente não tendo se ofendido por sua agressão.
Para sua surpresa, ele não lhe negou a resposta:
- Um dia eu fui um jovem chamado Kabuto Yakushi. Mas graças a ousadia e dedicação desse meu seguidor, consegui tomar seu corpo completamente e voltar a existir como eu era antes de Sasuke-kun se rebelar contra mim.
Com um vinco se destacando entre suas sobrancelhas, o garoto demonstrou estar completamente confuso:
- Eu não estou entendendo.
O sorriso satírico que repuxou o canto dos lábios do homem, não o incomodou. Viu-o ficar de pé e do rosto tirar os óculos e, como se fosse uma segunda pele, a máscara que usava, revelando ser uma pessoa completamente diferente.
- Entenderá em breve, Hoshi-kun. Mas para ficarmos mais íntimos, me chame de Orochimaru.
- Orochimaru? – repetiu confuso, dando-se conta que jamais ouvira nada sobre ele.
O homem de longos cabelos escuros, olhos âmbar e tez morbidamente pálida, sorriu satisfeito por ouvir o seu nome sendo proferido por aqueles lábios e limitou-se a indagar:
- Estaria interessado agora em escutar o que tenho a contar?
- Sobre o passado? – quis confirmar e, mesmo incomodado com a aproximação do outro, manteve-se onde estava.
O sorriso se alargou ainda mais e Orochimaru o corrigiu:
- Sobre seu pai.
Um pouco temeroso, Hoshi engoliu em seco e, ainda que hesitante, assentiu com a cabeça.
oOo
Continua...
Notas da Autora:
Peço desculpas pela demora, mas fiquei envolvida com o desenvolvimento de uma fic para concurso e não pude me dedicar à Reminiscência como queria... Espero poder me redimir com uma próxima postagem mais rápida...
Agradeço a todos que estão enviando comentários, em especial a neeBear, pois não pude responder à ela, devidamente, por email.
neeBear, obrigada por comentar, e fico muito contente por saber que está acompanhando e gostando da fic!
Quem for postar review deslogado, se puder, peço que deixe o endereço de email no lugar destinado ao nome e assinem no final da review... não adianta colocar no comentário porque nesse espaço o fanfiction simplesmente apaga qualquer link ou endereço eletrônico...
Só queria avisar também, que estou escrevendo uma fic SasuNaru em parceria, com a autora Kiyavi M... Vocês podem encontrar o link no meu perfil...
