No segundo dia da excursão, fomos visitar alguns pontos turísticos sugeridos pelos professores e outros sugeridos por Gaara; no terceiro dia, fomos a mais um museu e num jardim botânico; já no domingo, quarto e último dia, os professores nos deram a manhã inteira para irmos àquelas feirinhas típicas de cidade histórica para comprarmos (ou pelo menos olharmos) o que quiséssemos.

Eu estava vendo algumas blusas quando Sakura me chamou ao longe:

- Sasuke-kun, vem cá! Rapidinho!

Com as mãos no bolso, meio despojado, lá fui eu.

Pensei, por um breve momento, que eu estava parecendo com aqueles marujos das lendas de sereias, onde são seduzidos por elas com canções, sendo atraídos. Obviamente, me senti muito ridículo por fazer uma comparação dessas, mas tudo bem...

- O que foi? – perguntei.

- Olha que lindo esses colares com esses pingentes de coração!

- Mas... Parece que tem uma rachadura no meio desse aqui, e tem um colar em cada metade do coração... – falei, apontando um – E uma metade é dourada e a outra, prateada.

- Ah, não é bem isso não, hehe... – a vendedora disse – Essa "rachadura" é o que encaixa o coração. Veja: eles se separam, formando dois colares! Assim, um casal compra e fica com uma parte do coração... E é algo discreto, pode ser usado debaixo da blusa mesmo... O que importa é o valor simbólico, hehe! Uma graça!

Uma graça, mas não é de graça...

- Aaaaawww, que fofo! – exclamou Sakura – A gente podia comprar um! Que tal? Mas não sei se vai dar pra comprar tudo que eu quero, essas feiras tem tantas coisas tão bonitinhas e...!

- Eu pago.

- Q-quê?

- Deixa que eu pago, ué. Não costumo comprar muita coisa nessas feiras mesmo...

- M-mas...!

- Quanto é, moça?

Ela disse o preço, que não era lá tão barato, mas também não era lá tão caro.

- Obrigado. – falei – Qual metade vai querer, Sakura?

Vermelha, respondeu:

- A d-douradinha.

Separei as metades e, gentilmente, coloquei o colar escolhido nela. Sorri, dando-lhe um selinho, e ela sorriu de volta, me abraçando fortemente em seguida.

Que saudade de abraçá-la assim... Nesses últimos dias, mal pudemos nos falar por causa dos relatórios... E, quando conseguíamos estar juntos, era junto também de nossos amigos. Mas, obviamente, precisamos de momentos a sós de vez em quando, como estávamos tendo agora...

...e que durou pouco. Nosso momento foi atrapalhado pelo grito histérico de Naruto:

- SASUKEEEEE, vem ver esse negócio aqui! Hahahaha, é a sua cara!

Quando me aproximei, ele me mostrou uma daquelas plaquinhas de pendurar na maçaneta da porta onde estava escrito: "Garoto estressado EM CRISE. Não perturbe MAIS AINDA." Quis dar um murro naquele imbecil, mas um tapa na cabeça bastou.

Após um tempo, os professores nos chamaram. Hora de entrar no ônibus e voltar pra casa. E, claro, tive que aturar mais cantorias. Mas meu mau-humor não estava tão ruim assim, então deu pra agüentar razoavelmente numa boa. Afinal, mais uma vez, Sakura estava ao meu lado, e mais uma vez eu me sentia satisfeito por ela estar se divertindo. Era um bom motivo pra arranjar forças lá do fundo do meu ser pra suportar essas coisas.

Cheguei em casa na hora em que meus pais e Itachi estavam terminando de almoçar.

- Ah, filho, se soubéssemos teríamos esperado mais um pouco pra almoçar! – mamãe lamentou.

- Não tem problema.

- Quer que a gente fique pra fazer companhia?

- Vocês que sabem... Vou deixar minhas coisas no quarto e já venho.

Ao voltar, sentei e comecei a me servir.

- Senti falta da sua comida. – admiti para mamãe.

- Hehe... Fico feliz em saber!

- Onde mais gostou de ir? – meu pai perguntou.

- Ah... Na reserva florestal. – falei no automático, tentando inutilmente conter um leve rubor depois.

Meus pais pareceram não perceber, mas meu irmão...

- O que aconteceu lá?

- Er... N-nada demais.

- Quem é a garota?

Eu ia pôr refrigerante no meu copo, e meu braço paralisou. Itachi sorriu, feliz por ter acertado e parecendo se divertir usando a perspicácia impressionante dele.

- Garota? – repetiu minha mãe, depois sorrindo toda boba – Que história é essa?

- Ela... – comecei a encher meu copo – É da minha sala, já veio aqui em casa algumas vezes pra estudar comigo, e ia embora antes de anoitecer, por isso vocês nunca a viram. Só isso.

Mamãe e Itachi trocaram sorrisos e uma erguida de sobrancelhas, do tipo "aham, sei, até parece que é 'só isso'!", e papai fez a pergunta fatal:

- Estão namorando?

- Sim. Agora, se não se importam, quero parar de falar da minha vida pessoal e almoçar.

- Calma, nervosinho... – disse Itachi, aos risos – Só estamos felizes por você. – finalizou com uma piscadela amigável.

- Hunf... – murmurei, fitando meu prato.

- E a faculdade, Itachi? – papai lhe perguntou.

- Está boa. E nesse sábado vai ter um show de talentos perto de lá, e os três primeiros colocados vão ser premiados. Me inscrevi e vou me apresentar com meu violão.

- Tudo bem. Só não quero que descuide dos estudos. Os estudos devem ser prioridade. Lembre-se que seu futuro está nisso, não no violão.

- Claro, pai... Pode deixar... – respondeu, sem emoção alguma na voz.

- Bom, vou descansar um pouco. Domingo é o único dia em que posso descansar à tarde. Com licença. – pediu, retirando-se da mesa.

Quando ele já estava lá em cima, mamãe falou:

- Sei que está sendo muito difícil pra você, mas tente entender seu pai... Enquanto ele não superar o que houve, vai continuar achando que o certo é você ser o que Madara não foi.

- Eu sei... Mas até quando vai ter que ser assim? Já tem dez anos que aquilo aconteceu...

- Não sei. Mas pense pelo lado bom: pelo menos ele não proíbe suas aulas de violão. Só que, pra ele, isso é só um hobby seu. Não sabe o quanto você quer leva a sério a carreira de músico.

Parei de comer e comecei a falar:

- Me disseram que... Temos que mostrar pro papai que temos o direito de escolher nossa profissão, e que não é porque não vamos seguir a profissão que ele quer que não o amamos.

Os dois piscaram, impressionados com meu "mini-discurso". Afinal, eu já estava praticamente conformado que teria que fazer Exatas, mas aí veio Sakura e me mostrou que não precisava ser assim...

- Você tem toda razão, filho. Mas sabe como vai ser difícil convencer seu pai.

- Difícil, mas não impossível. – encarei Itachi – Se estiver disposto a seguir uma profissão que não quer e ser um músico reprimido, esqueça o que eu disse.

Eles se entreolharam, mais impressionados ainda.

- Você parecia mais conformado que eu, irmãozinho... O que houve?

Minha resposta foi um sorriso, e voltei ao almoço.

- Hum... Deve ter sido a tal garota... – deduziu mamãe, soltando um risinho – Quero conhecê-la, Sasuke.

- Tá, tá... – respondi, voltando a comer.

Mais tarde, assim que me deitei pra dormir, Sakura mandou um torpedo dizendo que seus pais disseram que só iam lhe explicar as coisas depois da peça, pois as novas informações poderiam desconcentrá-la nos ensaios. Respondi que Kakashi-sensei me disse a mesma coisa, então só nos restava esperar.

No final, digitei: "Até manhã. Te amo.", e ela respondeu de volta a mesma coisa, com um emoticon sorridente ao lado.

A peça seria quinta-feira. Então, tínhamos apenas mais três dias para ensaiar contando com segunda-feira.

Mal adentrei a sala e já fui abordado por Naruto:

- E aí? E aí? E aííííí?

- Que é, seu idiota?

- Nooossa, valeu por me cumprimentar assim, hein!

- Você PEDE pra ser tratado assim. Fato.

- Nunca pedi nada!

- Mãe que me pariu... Isso é força de expressão!

- Aaaaah tá!

- Caramba...

- Mas e aííííí, como estão as coisas com sua "Princesa Encantada"?

- Boas, mas podiam estar melhores... Ainda não tivemos um encontro propriamente dito.

- Ué, vocês podem sair depois do ensaio de hoje!

- É o que pretendo. Mas ainda não falei com ela. E como está com a Hinata? Na mesma?

- Pois é, cara... Eu tento me aproximar, ela do jeitinho dela dá abertura, mas... Ainda não sei como encarar aquela família tradicional. E o Neji tá cada vez mais na minha cola. Um saco! Não sei o que a Tenten vê nele!

- Neji e Kiba, uma perfeita dupla de inconvenientes... Como se não bastasse, também são mulherengos. Tenten precisa abrir os olhos.

- Tem mesmo... Mas, falando no Kiba... Ele não se atreveu a fazer mais nada contra a Sakura, né?

- Não. E espero que continue assim.

- Eu também! Foi babaquice o que ele fez!

Mais pessoas iam chegando, até que quem eu mais ansiava rever finalmente apareceu...

- Sasuke-kun! – exclamou, me abraçando – Que saudade!

- E isso porque nos vimos ONTEM, né... – debochei, só pra provocá-la.

- Blé! – ela deu a língua – Aposto que ficou MORRENDO de saudade, tá? Tanta saudade que nem conseguiu dormir!

- Claaaro, Sakura... Claaaro... – debochei outra vez – Ei... Quero te fazer um convite.

- Ui! Que convite?

- Que tal a gente ter nosso "encontro oficial" hoje? – sussurrei em seu ouvido.

- Proposta irrecusável! – sussurrou de volta.

- Onde quer ir?

- No cinema... Hoje estréia um filme que parece ser bom.

- Tá. Mas acho que tanto faz se é bom ou não... Não vamos ver mesmo... – sorri marotamente, e ela riu, vermelha.

- É... Tem razão! Mas não custa tentar, né? Ah, e eu ainda tô com aquele colar, mas escondido...

- Eu também.

- He... Na hora fiquei tão emocionada que nem agradeci. – em seguida, ela beijou meu rosto – Obrigada.

Sorri, colocando uma mecha de sua franja cuidadosamente atrás da orelha. Eu ia beijá-la, mas o professor chegou bem na hora, então parei no meio do caminho.

Pelo menos naquele dia teríamos um momento só nosso. Queria que o tempo passasse mais rápido...

À tarde, notei que aquela ruiva e seus dois amiguinhos ainda me observavam nos ensaios. Sakura, claro, não gostou nem um pouco daquilo.

- Hunf... Olhe discretamente, mas lá está a "Karen"...

- "Karin".

- Que seja! Essa garota não se toca não?

- Pelo jeito, não. Mas tenta não fazer o escândalo que fez da outra vez, tá?

- Cala a boca!

- Hehehe... – beijei-lhe a cabeça e, olhando de esguelha aquele trio, vi que Karin estava espantada, e em seguida franziu o cenho – Vamos voltar a ensaiar.

- Tá. Quanto mais rápido ensaiarmos, mais rápido saímos!

Pegamos o ônibus e ela me ofereceu um dos fones de seu iPod. Ela estava ouvindo um rapper chamado Killer Bee, que está fazendo muito sucesso atualmente. Mas eu já o conhecia antes dele estourar, já que Naruto é fã dessas coisas e me obriga a ouvir às vezes. Mas confesso que, desse cara, até gosto de algumas músicas.

- Aprendi essa por osmose de tanto que o Naruto me fazia ouvir. E antes de bombar.

- Hahahaha... Não sou lá grande fã de rap, mas do Killer Bee eu gosto! Vai ter show dele aqui esse mês, sabia?

- Sério? Você vai?

- Quero muito ir! Podíamos ir eu, você, Naruto e... Será que a Hinata iria?

- Hum... Não sei... Talvez pelo Naruto ela vá... Mas provavelmente o pai dela vai querer que o "guarda-costas" vá junto...

- Neji? Bom, então a gente chama a Tenten...

- Ele não presta. Querem mesmo ficar empurrando a Tenten pra ele?

- Na verdade, não, mas ela insiste... Já sei: vamos falar com o pai da Hinata que, de lá, a gente vai direto levá-la em casa. E poxa, ele já te conhece... Pelo menos em você ele confia, né?

- É... Só que o Naruto tem que estar preparado pra isso. Ele morre de medo de conhecer Hiashi Hyuuga.

- Tadinha da Hinata... Ela ama demais o Naruto...

- E ele também.

- Jura? É amor mesmo que ele sente? As meninas e eu achávamos que era só paixão, e que com o tempo ele... Nhaaaaaaaaa! – ela mesma se interrompeu para surtar.

- Também fiquei chocado, mas o próprio me disse que era amor.

- Falando nisso... Sasuke-kun, você sabe quando começou a se apaixonar por mim?

- Hã? – essa me pegou de surpresa – Ah, simplesmente aconteceu... Não sei como começou, mas sei que só percebi o que sentia quando... – a encarei, sério – Quando pensei que ia te perder pra sempre.

O rosto dela ganhou um tom escarlate.

- B-bem... Eu também não sei quando exatamente tudo começou, mas... Mas eu já tinha percebido, e tive mais certeza depois daquela vez da "Karen"...

- "Karin".

- Que seja! Aí você foi e disse aquelas coisas... Sei lá, acho que aos poucos você foi me conquistando...

- E acho que posso dizer o mesmo.

Nos fitamos, corados.

Pouco tempo depois, chegamos ao shopping. Compramos os ingressos e, como a sessão já estava prestes a começar, fomos correndo comprar a pipoca e o refrigerante pra entrar logo na sala.

De tempos em tempos trocávamos beijos ali dentro. Lentos, demorados, suaves, ardentes... O que nossos corações pediam na hora.

Ao fim da sessão, lanchamos e depois pegamos um ônibus para ir até a praia passear, mesmo já sendo noite. Mas era uma experiência legal ir à praia à noite. Ficamos ali, caminhando de mãos dadas, olhando as ondas, o céu estrelado, a lua cheia...

- É muito bom estar aqui com você. – ela me disse, deitando em meu ombro.

Minha resposta foi beijar a mão dela que eu estava segurando e deitar minha cabeça sobre a sua.

Ficamos mais alguns minutos contemplando a paisagem, mas tivemos que ir embora logo porque já estava ficando tarde.

Deixei Sakura em casa e, após nos despedirmos, peguei mais um ônibus pra voltar pra minha. Gastei mais dinheiro de passagem do que de costume, e ela também, mas sabemos que valeu a pena.

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Oiê! ^^

Espero que tenham gostado de mais um capítulo de "Meu Anjo"! Logo alguns mistérios serão desvendados! Antes disso, situações menos tensas procês se divertirem, hehe! XD

Mas eu queria falar duas coisinhas:

1- Sei perfeitamente que um dos motivos que fez alguns leitores se interessarem pela leitura desta FanFic foi, entre os avisos, constar a palavra "hentai". E entendo perfeitamente que muitos estejam ansiosos por esse momento.

Mas entendam que, como ficwritter, fico meio chateada quando percebo que há gente que parece que só está acompanhando a história por causa do hentai... Tipo, uma coisa é esse ser UM dos fatores para ter despertado o interesse da leitura, e outra coisa é esse ser O fator.

Então, queria esclarecer que sim, vai ter hentai, e sim, vai demorar pra acontecer, e quando EU, como autora, achar que chegou a hora de acontecer. Vai ser só mais um detalhe da história.

Enfim, estou apenas seguindo as regras do site: pode ser que aconteça só uma vez, mas, se acontecer, o aviso de hentai deve ser dado na sinopse. Portanto, fiquem à vontade pra decidir se devem ou não continuar lendo, ok? Livre arbítrio taí pra isso. ;]

2- Infelizmente, a pessoa a quem eu dedicava a FanFic, Pime-chan, sumiu da Internet... E esse era o único meio que eu tinha de me comunicar com ela... ;_;

Vou continuar postando, mas com certeza menos alegre, afinal, não vou saber se ela está acompanhando ou não a história... ;/

Enfim... Aguardo vocês no próximo capítulo. Até mais! ^^