Título: Sempre
Autora: Lab Girl
Beta: MLSP
Categoria: Bones, B&B, 6ª temporada, angst, romance
Advertências: Tema, situações e linguagem adulta
Classificação: R
Spoilers: menções a acontecimentos dos episódios 4x25, 6x08 e 6x09
Capítulo: 7/?
Status: Em andamento
Sumário: Há coisas que, apesar dos vendavais de mudança, permanecem... sempre.
Linha do tempo: Esta história se passa algum tempo depois dos acontecimentos do episódio 6x09 (The Doctor in the Photo)
Booth sentiu o estômago se apertar em um nó. Surpreendentemente ouvir a namorada não o fez sentir-se contente como costumava fazer meses atrás.
"Ah, oi" abaixando a voz, ele começou a afastar-se para o quarto, mas antes se virou, fazendo sinal para a parceira esperar.
Temperance meneou a cabeça, como se dissesse que estava tudo bem. Foi o sinal para que Booth entrasse para o quarto, tomando o cuidado de encostar a porta.
"O que foi, Hannah?"
"Eu estou ligando porque estava com saudade" ele podia dizer pelo tom doce que ela estava sorrindo do outro lado.
Mas o nó em seu estômago estava apertado o suficiente para que não conseguisse sentir nenhum arroubo de ânimo.
"Ok" ele se ouviu dizer, e surpreendeu-se com a resposta fria.
"Seeley... e você? Não sentiu saudade de mim?" Hannah perguntou.
Merda! Ele tinha mesmo que responder àquela pergunta? Booth suspirou.
"Para ser sincero, Hannah, muita coisa aconteceu por aqui nos últimos dias, eu mal tive tempo para pensar em qualquer coisa além do meu trabalho e do meu filho" falou, sinceramente.
"Oh" a voz de Hannah parecia decepcionada.
Se fosse em qualquer outro tempo, dias, semanas ou mesmo meses atrás, Booth teria feito de tudo para reverter o quadro e garantir a ela que estava tudo bem. Mas a verdade era que não estava. As coisas entre os dois tinham ficado... um tanto quanto estranhas depois da última conversa que tiveram pelo telefone. E ele sinceramente não estava disposto a fazer um esforço para manter Hannah tranquila e contente quando ele próprio não estava se sentindo assim.
"Bom, eu liguei também pra dizer que vou voltar depois do Natal. Três dias depois já estarei em casa. Isso não é ótimo?"
Booth não respondeu. Não soube o que dizer... para sua própria surpresa, acabava de perceber que a notícia não fizera seu coração saltar... a perspectiva parecia... vazia.
"Seeley?"
"Sim?" ele respondeu, mecanicamente.
"Sobre a sua ideia... de comemorarmos o Natal atrasado com o seu filho..."
A menção o fez retesar a mandíbula instintivamente, o programa já sem nenhum apelo depois da recusa anterior da namorada.
"Eu andei pensando a respeito, Seeley" Hannah continuou. "E se você realmente faz tanta questão, eu não vou me opor."
Silêncio. Foi o que se seguiu por alguns segundos de parte a parte da linha telefônica.
Booth sentiu o nó no estômago se desfazer. E uma sensação de absoluto vazio tomou conta do lugar.
"Por que está concordando com isso agora, Hannah?" ele se ouviu fazer a pergunta, quebrando o estranho silêncio.
"Bom, como eu disse... se você acha que é importante para você, para a nossa relação, então eu posso..."
"Fazer o sacrifício?" ele a cortou, completando a frase. Booth não deixou de ouvir o suspiro de surpresa do outro lado da linha, mas foi incapaz de deixar de prosseguir. "Não, obrigado, Hannah. Não quero que você aceite a companhia do meu filho só por minha causa. Você não precisa se esforçar para me agradar. Parker é um garoto muito especial, e quem tiver que gostar dele, vai gostar por ele ser quem é, não por minha causa."
"Seeley, querido... você não está entendendo" Hannah tentou argumentar.
Mas Booth não estava sinceramente disposto a ouvi-la. Não naquele momento. E não sabia dizer quando estaria.
"Hannah, eu não quero explicações. Não quero desculpas. Você deixou bem claro da última vez em que nos falamos... você só aceitou conhecer o meu filho, só saiu com ele para provar que você era a namorada boazinha, para que eu ficasse tranquilo sabendo que meu filho aceitava o meu namoro com você. Não fez isso pelo Parker, porque realmente queria conhecer o meu filho... você fez pensando nos benefícios que traria para a nossa relação."
"Sim, porque eu te amo, querido" ela interveio. "E qualquer apaixonado faz coisas por quem ama."
Booth riu, secamente. "Eu posso estar errado. Meus conceitos podem ser incompreensíveis na sua opinião... mas o que você fez, o que me disse na nossa última conversa... não foi um gesto de amor... foi egoísmo."
"Seeley, não!" Hannah exclamou. "Como pode dizer isso? Tente entender, querido... eu disse que não era boa com crianças..."
"Isso não significa nada!" Booth sentiu o calor do corpo aumentando, a voz subindo sem que pudesse se conter. "A Bones também não é perita em crianças, e mesmo assim ela é uma das pessoas de quem o Parker mais gosta no mundo! Mesmo sendo tão atrapalhada, tão racional na maior parte das vezes, ela é capaz de arrancar os maiores sorrisos do meu filho, de gostar da companhia dele."
"Seeley... o que é isso?" Hannah perguntou, num misto de confusão e indignação. "Por que está me comparando com a Temperance?"
"Porque no mesmo dia, enquanto a minha namorada dizia que a companhia do meu filho era um peso, essa mulher salvava a vida dele!"
As palavras saíram claras e pausadas.
Booth sentia a respiração levemente agitada. Hannah silenciou-se do outro lado da linha por um instante, antes de continuar.
"Do que está falando...? Eu não entendo como você pode ter se chateado tanto com o que eu disse, Seeley" ela finalmente falou, a voz em controle. "Eu fui sincera com você e disse que achava melhor que você passasse seu tempo com o seu filho sem a minha companhia, e que os nossos momentos fossem nossos. Mesmo assim, eu pensei melhor, e estava disposta a abrir mão de um momento nosso para incluir o Parker, já que você queria tanto. Mas agora está se recusando a aceitar e me acusando, agindo de um modo que eu sinceramente não estou conseguindo entender."
Ele deixou uma risada baixa e irônica escapar. "Eu é que não tinha entendido ainda, Hannah. Passei os últimos dias tentando entender o que você me disse, e agora eu percebo que entendi perfeitamente. Eu só não queria admitir para mim mesmo."
"Você está nervoso, Seeley. Tenho certeza de que se refletir melhor vai ver que está sendo injusto comigo."
"Não, Hannah. Eu fui injusto com o Parker, por deixá-lo no meio disso"e então, ele sentiu a voz embargar. "E fui injusto com uma das únicas pessoas no mundo com quem não podia ter sido..."
O coração de Booth deu um pequeno salto, ciente dessa pessoa que estava do outro lado da porta. Sua amiga... sua parceira... Bones...
A quem ele havia deixado de lado desde seu retorno. A quem havia afastado em nome de um relacionamento que havia começado tentando desesperadamente cobrir os vazios de sua vida. Os vazios deixados por ela... por Bones... a que amava seu filho e se importava com ele a ponto de não vê-lo como um fardo, mas a ponto de salvar-lhe a vida. A quem devia tudo...
"Seeley, você está agindo de uma maneira incompreensível para mim. O que está acontecendo, afinal?" Hannah perguntou do outro lado.
Os olhos de Booth procuraram a fresta da porta entreaberta, vislumbrando uma parte do sofá onde sabia que Bones o esperava.
"Não há nada incompreensível, Hannah" ele disse, a voz mais calma. "Agora sim eu compreendo tudo."
"Mas eu não..." ela resmungou. "Você está mudado... em tão pouco tempo que me afastei você está parecendo praticamente um estranho."
"Talvez para você eu seja" ele admitiu. "Afinal, eu estou voltando a ser quem eu era antes de te conhecer."
Ele não soube dizer se as palavras a atingiram de alguma forma, mas por mais egoísta que pudesse parecer, não estava disposto a estender mais aquela conversa.
"Tchau, Hannah" murmurou, desligando o telefone.
Com um suspiro, jogou o aparelho sobre a cama. E sem esperar mais, voltou à sala para encontrar a parceira exatamente como esperava, ainda no sofá.
A visão o fez sentir-se instantaneamente mais aliviado, a discussão de segundos atrás por telefone ficando completamente para trás.
Mas então ele a viu erguer-se depositando o copo vazio sobre a mesinha de centro.
"Bom, eu já vou indo. Obrigada pelo vinho, Booth" Temperance murmurou.
"Bones! Espera" ele correu até ela. "Não vai ainda... nós precisamos conversar."
"Sobre o quê?" os olhos dela o fitaram, questionadores.
Ele quis dizer tantas coisas, mas não pôde. Os olhos de Booth se perderam nos dela por um instante, no mar azul infinito, e ele resumiu tudo nas únicas palavras que eram as certas. "Sobre nós."
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...Continua...
Uma Feliz Passagem de Ano a todos! :)
