Título: Sempre
Autora: Lab Girl
Beta: MLSP
Categoria: Bones, B&B, 6ª temporada, angst, romance
Advertências: Tema, situações e linguagem adulta
Classificação: R
Spoilers: menções a acontecimentos dos episódios 4x25, 6x08 e 6x09
Capítulo: 10/10
Status: Completa
Sumário: Há coisas que, apesar dos vendavais de mudança, permanecem... sempre.
Linha do tempo: Esta história se passa algum tempo depois dos acontecimentos do episódio 6x09 (The Doctor in the Photo)
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Capítulo 10
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Temperance entrou na sala, apreciando pela primeira vez a desordem de seu apartamento. A mesa ainda exibia os pratos da ceia, talheres, copos e a garrafa de vinho vazia, esquecida no centro da mesa.
Um pequeno sorriso adornou os lábios dela quando os olhos avistaram o sofá. O perfume do parceiro ainda estava no ar, e ela inspirou, deixando-se desfrutar da essência masculina. Suas mãos envolveram o próprio corpo, e o sorriso aumentou.
O sol de inverno já apontava lá fora, e pequenos e finos flocos de neve que haviam caído durante toda a noite formavam um manto branco no parapeito das janelas. Um suspiro de contentamento escapou-lhe dos lábios. Era o melhor Natal de sua vida.
Ainda podia sentir a trilha quente de beijos que Booth havia depositado ao longo de suas costas antes de se levantar da cama bem cedo, dizendo que precisava passar em casa, mas voltaria logo.
Ela aproveitou ainda um tempo depois dele ter partido, deixando-se dormir um pouco mais. A noite havia sido perfeita, mas sono tinha sido algo de que pouco desfrutara. Olhando rapidamente para o relógio da cozinha, viu que já passava das dez da manhã de Natal.
Temperance então, envolta em seu robe de seda, concentrou-se em ajeitar a bagunça da mesa de jantar. Limpou os restos de comida, guardou algumas iguarias que haviam sobrado e dentro de uma hora percebeu que havia limpado toda a cozinha.
Ao terminar, decidiu que um banho quente seria uma boa pedida. Mas ao se encaminhar para o interior do apartamento, a campainha soou.
O coração dela saltou, e uma sensação nova de ansiedade a percorreu.
Sabia quem era.
O sorriso que a saudou ao abrir a porta fez com que ela sorrisse também... imensamente.
Booth entrou e fechou a porta atrás de si num movimento rápido, puxando em seguida o corpo quente da parceira para junto do seu num beijo.
Temperance segurou o rosto dele entre as mãos, saboreando o carinho.
Ele estava frio do clima lá fora, mas ela pretendia aquecê-lo logo... de várias formas.
Quando seus lábios se afastaram, ela notou que ele continuava a sorrir.
"Você demorou muito" ela observou, notando que ele havia trocado de roupa.
"Eu tive que fazer algumas coisas que não podia adiar" Booth murmurou, puxando-a pela mão até a sala.
Temperance deixou-se guiar. Ele sentou-se em uma poltrona, e sem prévio aviso trouxe-a junto com ele, de modo que ela se viu no colo do parceiro.
Booth franziu a testa quando ela riu. "O que foi?"
"Não foi nada" Temperance murmurou, envolvendo-o pelo pescoço com ambas as mãos.
"Você está feliz?" ele perguntou, fitando-a nos olhos.
Temperance respondeu ao contato visual, sussurrando, "Muito."
Booth sorriu, mais do que satisfeito. Suas mãos que a seguravam pela cintura apertaram o corpo macio.
"Eu deixei você na cama porque tinha que ir ao meu apartamento" ele disse, sério.
"Eu sei. Você me disse antes de sair" ela murmurou, encarando-o.
Os olhos de Booth navegaram pela estampa do robe de seda que ela vestia, e ele distraidamente começou a passar os dedos de uma das mãos sobre o tecido que recobria o quadril arredondado e tentador.
"Ontem... antes de vir para a ceia, eu falei com Hannah."
Ele sentiu o corpo da parceira enrijecer ligeiramente em seu colo.
Então a apertou com carinho, erguendo os olhos para o rosto que agora tinha uma pequena sombra de apreensão.
"Você sabe que eu e Hannah discutimos por telefone aquela noite, mas ainda não sabe o por quê."
"E você quer me dizer?" ela perguntou, cautelosa.
Embora ele quisesse evitar tocar no assunto, queria ser sincero com Bones. Não estava disposto a começar um novo passo na relação deles se não fosse baseado em sinceridade. Como sempre havia sido entre os dois.
"Parker" Booth disse, sem preâmbulos.
"O quê? Por quê?" ela pareceu não acreditar.
"Hannah não gosta muito de crianças, Bones."
"Mas ela se deu muito bem com Parker. Ele gostou muito dela e..."
"Meu filho não é um garoto difícil, você sabe" ele a interrompeu.
"Parker é ótimo" Temperance disse, absolutamente séria.
"Obrigado" Booth deu um leve sorriso, depositando um pequeno beijo num dos ombros dela antes de continuar. "Ela havia me dito que não era boa com crianças, mas eu insisti pra que ela conhecesse Parker... queria que os dois se dessem bem."
Temperance o encarava, atenta a cada palavra.
"Ela realmente foi ótima com meu filho, mas..." Booth hesitou, porém sentiu a parceira apertar gentilmente seu ombro, estimulando-o a dizer o que precisava. Com um suspiro, ele a encarou e prosseguiu. "Conversamos na semana passada e eu disse que queria fazer uma pequena comemoração com ela e Parker."
Temperance fitou o parceiro, tentando passar compreensão. "E o que houve?"
"Ela disse que não queria... que achava que o meu tempo com ela devia ser só nosso, e o meu tempo com Parker só de nós dois."
"Pensei que ela quisesse formar uma família com você" Temperance disse, sem entender.
Booth a olhou e deu um meio sorriso sem graça. "Eu também."
Ele a abraçou, beijando-lhe o pescoço de leve.
"E ela não queria?" Temperance deixou a pergunta escapar, curiosa demais para deixar passar.
Booth se afastou para encará-la. Suspirou. "Eu achava que ela eu queríamos a mesma coisa. Mas me dei conta de que estávamos remando para lados diferentes do rio. Depois da discussão que eu e Hannah tivemos pelo telefone... quando você estava lá em casa... bem, ela me ligou na manhã seguinte. Conversamos muito e eu percebi que não a conhecia tão bem quanto achava, e ela também não me conhecia tão bem assim."
"Sinto muito... eu acho..." Temperance murmurou.
Ele riu, apertando-a ligeiramente nos braços. "Foi bom assim. Parker me contou que ela não queria filhos..."
Temperance franziu as sobrancelhas.
"É, eu também fiquei surpreso" Booth meneou a cabeça.
"Você falou com Parker sobre Hannah... quando?"
"Hoje. Depois que saí daqui, liguei para a casa da mãe da Rebecca pra desejar Feliz Natal a ele..." um sorriso surgiu no rosto do pai orgulhoso. "Aproveitei e contei que eu e Hannah terminamos. Inclusive ela mandou uma amiga do jornal que está aqui em DC pegar as coisas dela no meu apartamento hoje cedo. Claro, essa parte eu não contei ao Parker. Disse apenas que eu e Hannah já não namoramos mais."
"E ele reagiu bem à notícia? Parker parecia gostar muito da Hannah..." Temperance murmurou, uma sombra de insegurança no rosto.
Mas Booth levou uma das mãos à face delicada, roçando os dedos com carinho na pele sedosa. "Quando eu contei a ele, Parker não se importou nem um pouco. Devo dizer que fiquei surpreso com o que ele me disse..."
"O que ele disse?" ela perguntou, ansiosa.
Booth sorriu, levando o polegar aos lábios macios dela. "Ele me disse que não se importa desde que da próxima vez que eu arrume uma namorada, seja você..."
"Eu?" Temperance surpreendeu-se com a informação.
"Hum-hum" Booth beijou-a nos lábios, lentamente.
Ela correspondeu, levando os dedos de uma das mãos à nuca do parceiro, deslizando-os por entre os cabelos escuros numa suave carícia.
Quando se afastaram, Booth tinha um ar de completa satisfação no rosto.
"Parker gosta muito de você, Bones..."
"Eu também gosto muito dele" ela respondeu, sincera.
"E eu amo vocês dois" Booth sorriu.
Ela não resistiu ao contentamento que as palavras dele lhe causaram, e sorriu também.
Então, os olhos dele atingiram a estante que ficava a alguns metros de distância de onde estavam sentados. A pequena caixa verde que ele havia dado a ela na noite anterior estava intacta em uma das prateleiras.
"Você ainda não abriu o meu presente" ele disse, meneando a cabeça na direção que seus olhos encaravam.
Ela virou o rosto e percebeu a caixinha verde.
"Eu acabei me esquecendo... você me distraiu depois da ceia..." ela murmurou, tornando a olhar para ele, um sorriso malicioso nos lábios.
"Um motivo mais do que justo" ele retribuiu com um olhar cheio de desejo.
Ela expandiu o sorriso, beijando-o mais uma vez.
Em seguida, Booth ergueu-se da poltrona, fazendo-a levantar também. De mãos dadas, os dois caminharam até a estante e ele pegou a pequena caixa.
"Abra" Booth disse.
Temperance pegou a caixinha e começou a retirar cuidadosamente a fina fita dourada. Quando finalmente abriu a pequena tampa, seus olhos se abriram em surpresa, e ao mesmo tempo em confusão.
Ela ergueu o olhar para o parceiro. "Uma chave?"
Ele pegou a chave dourada de dentro da caixinha aberta. "É a nova chave do meu apartamento."
"Nova?" Temperance perguntou, ainda mais confusa.
"Sim. Uma chave nova, para uma fase nova da minha vida. Das nossas vidas..."
Temperance ficou alguns minutos em silêncio, contemplando o rosto bonito do parceiro, tão sincero e carregado de significados que, para ela, diziam tudo... tudo o que ela queria e podia esperar dali para frente.
Pegando a chave das mãos dele, ela segurou o objeto contra a palma, apertando-o levemente. Sentindo o significado de tudo aquilo aquecê-la. Aquela chave era uma renovação... uma reafirmação de tudo o que tinham. E, para além disso, continha uma pequena e maravilhosa promessa. A promessa de um futuro ao lado do homem que amava. Um futuro para ela e Booth.
Com um sorriso trêmulo, ela tomou uma das mãos dele na sua, de modo que ambos ficaram apertando aquela chave juntos, palma a palma.
"Eu ainda não lhe dei o seu presente..." ela sussurrou.
"Como não?" ele franziu o cenho, divertido. "Você me deu o melhor presente de todos... o presente que eu passei vários Natais esperando."
O sorriso dele a fez sorrir também, lembrando-se de imagens da noite que haviam passado juntos, que havia começado justamente naquela sala.
"Mas eu tenho outro..." ela disse, misteriosa.
Booth arqueou as sobrancelhas.
Temperance inspirou. "Sobre o filho... eu decidi esperar mais um pouco."
Booth sentiu o coração saltar. Então, ela ainda estava pensando em ter um filho? Mesmo depois de tudo... mesmo depois que ele estava ali, oferecendo um novo futuro para os dois?
"Bones..."
Ela levou um das mãos aos lábios dele. "Eu ainda quero um filho, Booth. Mas pelas razões certas agora."
Ele franziu a testa.
"Eu quero um filho porque eu quero saber o que é esse amor incondicional... o que é trazer uma vida ao mundo... e eu quero fazer da maneira certa."
Booth sentiu-se congelar por um instante.
Ela olhou bem dentro dos olhos dele, e sorriu. "Eu quero ter um filho... que seja fruto do amor."
O coração de Booth deu um novo salto. E ele sentiu a cabeça girar por um segundo.
"Bones... você está dizendo... o que eu acho que está dizendo?"
"O que você acha que eu estou dizendo?" ela perguntou, divertida.
Ele a puxou pela cintura, apertando-a nos braços. "Não faça isso comigo" ele pediu, num gemido.
Temperance riu. "Fazer o quê?"
"Você sabe" ele estreitou os olhos. "Se estiver brincando comigo, eu quero que pare agora."
Ela ficou séria e se afastou dos braços dele.
"Eu nunca falei tão sério, Booth. Eu quero ter um filho seu... quero ter uma família com você."
O mundo, então, pareceu girar mais rápido naquele instante. E ele se viu zonzo, ofegante e trêmulo.
"Bones..." a voz escapou dele num sussurro, antes de puxá-la de novo de encontro a seu corpo. "Bones!"
O misto de lágrimas e sorriso o inundou, e Seeley Booth teve a certeza de que nunca havia se sentido tão feliz na vida. Seu peito se encheu de calor... o mesmo que sentia todas as vezes em que a via sorrindo, em que se perdia nas profundezas daqueles olhos azuis ou quando a tomava nos braços... como naquele instante.
As mãos dela subiram pelas costas dele, enviando uma mistura deliciosa de arrepios e calor. Temperance inclinou-se para depositar um beijo quente no maxilar do parceiro.
E então ela se afastou apenas o suficiente para fitá-lo nos olhos.
"Eu cometi um erro antes... mas não quero cometer mais" ela disse, séria. "Você ainda quer dar uma chance a nós dois, Booth? Ainda acha que vale a pena arriscar?"
Ele mergulhou nos olhos intensamente azuis, brilhantes... "Com você, Bones? Sempre..."
E o sorriso de ambos se misturou num beijo, seus lábios selando a maior de todas as certezas... algumas coisas podiam mudar, mas outras... eram sólidas o bastante para serem eternas.
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Meu muito obrigada a todos que acompanharam esta história até aqui. Obrigada pelo incentivo através de cada comentário recebido, vocês não fazem ideia do quanto isso vale para um escritor de fics. Espero que a leitura tenha valido a pena ^^ em breve estarei postando uma pequena sequência desta história, quem quiser acompanhá-a também, será um prazer para esta autora que vos escreve ;)
