Sumário: Eles passaram na prova de bolsas para a melhor faculdade do Japão, se mudaram para Tókio e com a 'pequena' ajuda de custo fornecida pela escola precisam arranjar um lugar para morar. Nada muito complicado, até surgir a brilhante idéia de dez adolescentes dividirem uma mansão de luxo.

Rate: M, por vocabulário inadequado e cenas fortes que podem aparecer no enredo. Tirem as crianças da sala e se beber não dirija.


"O caminho é este, tem pedra, tem sol, tem bandido, mocinho, tem você amando, tem você sozinho, é só escolher: ou vai, ou fica."

A REPÚBLICA

Por: Lunna Kawaii

Capítulo um - Caminhos cruzados.

7 de Maio, Sexta-Feira, Konoha Gakuen, 7:00h AM.

O sinal tocou iniciando mais um dia letivo no Konoha Gakuen, um renomado colégio de Tóquio, não apenas por possuir um dos melhores métodos de ensino em padrões mundiais, mas também por contar com grande apoio financeiro do governo Japonês que disponibiliza 20% de vagas para bolsistas tornando-a também a escola de alto nível mais acessível e concorrida do mundo. Aqueles que passam na prova de bolsa do Konoha Gakuen ganham não apenas uma boa formação, mas também apoio financeiro de mil e oitocentos dólares mensais para se manterem em Tókio e assegurarem seus estudos, além de um futuro promissor garantido. Vários jovens pelo mundo todo passam anos se preparando e estudando para a prova que pode mudar suas vidas. Outros apenas pagam propinas para que um resultado absurdamente alto surja em suas provas entregues em branco milagrosamente, assim como Catherine Vaughn.

- Eu ainda acho que não vai dar certo Cat – Murmurou a garota morena olhando apreensiva para o Jornal que tinha irmãos – Convidar estranhos pra morar com a gente, e-eu não sei...

- Shiu Hinata! Mas que mania irritante de achar que nada vai dar certo, cruzes! – Cat respondeu irritada revirando os olhos e logo tomou o jornal das mãos da amiga – Olhe de novo, está perfeito...

Hinata olhou preocupada para a amiga, pra ela lhe parecia uma completa loucura essa idéia de colocar um anúncio no jornal da escola dizendo que pretendiam formar uma república, mas quando Catherine colocava algo na cabeça não havia quem conseguisse fazê-la parar. Bem, pelo menos Hinata nunca conseguiu, jamais tivera coragem de contrariá-la. Cat andava sensualmente pelos corredores com sua saia de pregas curtíssimas que deixavam a mostra grande parte do corpo perfeito e escultural, quase todos paravam a sua volta como se estivessem na presença de uma celebridade ou uma entidade divida, ela conseguia ser adorada sem dirigir uma única palavra a ninguém, simplesmente pelo magnetismo de poder ao seu redor. Apesar da diferença absurdamente drástica de personalidade, por incrível que pareça, sua melhor amiga é nada mais que Hyuuga Hinata, a garota tímida, recalcada e puritana do clube de matemática. Elas são opostos completos, mas andam sempre grudadas, como Yin e Yang.

- Vai saber que tipo de gente pode aparecer e...

- Hei Cat – Hinata foi cortada pela aparição súbita de um garoto que jamais vira antes, parado a poucos centímetros de Catherine. – Você tá uma delícia hoje heim? - Ele sorriu se aproximando mais, fazendo com que a garota desse um passo atrás se encostando a parede de armários. Ela apertou os orbes de um azul demasiadamente claro, sem demonstrar nenhum interesse, quase parecendo entediada. Isso pareceu constrangê-lo um pouco, ele não falou nada por alguns segundos, mas logo retomou a ousadia apoiando o braço no armário atrás de Cat e se inclinando mais sobre ela – Sabe, hoje é seu dia de sorte.

- É mesmo? – Fez pouco caso, o tom de sua voz completamente desinteressado e o semblante de superioridade que faria qualquer um perder a compostura. Hinata reprimiu um risinho baixo com a mão, o rapaz era bonito, mas ela conhecia Catherine muito bem e ele definitivamente não era pro bico dela. Sentiu pena do atrevido por um momento, mas era cômico vê-lo sem graça depois de chegar com tanta pose.

- É, eu vou... er – O ar de 'Sou boa demais pra você' que emanava dos olhos de Catherine era infalível, o coitado já estava até engasgando de tanto nervosismo – Te levar pra sair, hoje a noite, que tal?

Ele disse rápido demais e Cat começou a rir descaradamente na frente do pobre coitado, ele ficou parado com cara de bobo, coçou a nuca e olhou para os lados sem graça, até que ela se recompôs, respirou fundo e então sorriu de um jeito sexy pra ele, aproximando perigosamente seus lábios carnudos e bem contornados de seu ouvido.

- Nem nos seus melhores sonhos, baby – disse com voz rouca e só pra deixá-lo com o gostinho do que jamais teria amenos que por um milagre viesse a se tornar um guitarrista famoso ou quem sabe um ator de cinema, ela mordeu-lhe o lóbulo da orelha fazendo-o tremer dos pés a cabeça antes de empurrá-lo bruscamente para o lado e sair andando.

Cat quase engasgando de tanto rir carregou a Hyuuga pelo braço até o fim do corredor. Hinata também achava graça do nervosismo dos garotos que vinham abordá-la, mas sentia pena deles também, Catherine era no mínimo cruel, ainda podia ouvir os amigos do tal garoto zombando dele, a vida social dele não voltaria a ser a mesma depois disso. Os corredores começavam a esvaziar, os alunos indo para suas respectivas salas.

- Viu isso Hinata? Ele teve a coragem de dizer que era meu dia de sorte – Riu mais uma vez antes de se recompor – Patético.

- Você d-deveria ser mais amável Cat – Hinata ficava apreensiva em dizer uma frase com 'deveria' pra Catherine, que era tão segura de si.

- Não é preciso ser amável quando se tem isso Hinata – Disse apertando descaradamente os seios fartos da amiga, fazendo-a ficar púrpura de tão encabulada. Hinata não conseguia se acostumar ao jeito desinibido da melhor amiga, mesmo com a convivência de anos Cat sempre a deixava constrangida – Você devia tentar, um decote abriria portas na sua vida querida.

- N-não seja b-boba! Acho melhor irmos pra aula antes que fiquemos pra fora da sala. – Disse olhando em volta, sempre ficava preocupada quando os corredores começavam a esvaziar, isso queria dizer que os professores já estavam se encaminhando para as salas e era melhor correr.

- Certo, então está combinado, hoje a noite conheceremos os novos moradores da mansão.

- Nós não devíamos ter colocado esse anúncio, podemos dizer que foi um engano – Tentou fazer com que a amiga desistisse da idéia pela última vez – Dividir a casa com tanta gente... Com garotos! – arfou como se fosse uma idéia absurda – E se aparecer algum tipo de tarado? – Esse era seu último argumento, então fez sua melhor cara de medo, não foi preciso muito esforço já que a idéia realmente a apavorou.

- Se for um tarado gostoso, ótimo! – Respondeu com um sorriso malicioso – Quem sabe ele não tire a virgindade pelo menos da sua boca, já está mais do que na hora. – alfinetou fazendo a Hyuuga corar novamente, o fato de Hinata ser virgem e nunca ter beijado, lhe parecia tão inaceitável quanto a idéia de sexo casual era absurda para ela.

- CATHERINE! – Repreendeu com as faces queimando. Ficava extremamente envergonhada quando Cat falava sobre assuntos íntimos de forma tão natural, ela se sentia boba, mas ainda assim sua mente não conseguia aceitar as idéias liberais da amiga.

- Não precisa surtar – Revirou os olhos – Te vejo depois.

Catherine despediu-se com um beijo no rosto e seguiu para sua sala, havia ficado muito irritada quando descobriu que não ficaria na mesma sala que Hinata, mas depois acabou achando uma boa idéia, as duas já passavam tempo demais juntas, era bom um pouco de espaço. Estava animada em dividir a mansão, apesar de ser admirada por muitos dos alunos do Konoha Gakuen, não era realmente próxima de quase ninguém, o que em geral não lhe incomodava em nada, mas poderia ser muito interessante dividir uma mansão com outros adolescentes, a imagem de festas, bebidas e tudo o mais se formava em sua mente e ela adorava isso. E quem sabe não conseguia uma 'presa' em potencial pra se divertir um pouco.

É, era definitivamente uma ótima idéia.


- Sasuke, olha isso!

Naruto entrou na sala sacudindo um monte de papéis animadamente e andando apressado até o garoto moreno sentado sobre uma das mesas. Ele parecia não estar escutando já que estava com fones de ouvido ou apenas estava ignorando o loiro. Provavelmente a segunda opção. Ele lançou um olhar entediado para o garoto que agora estava sua frente quase esfregando a página do jornal da escola na sua cara.

- Você lê a porcaria do jornal da escola? Baka. – Disse afastando o jornal que estava tampando sua visão, encontrando o semblante irritado de Naruto.

Não era nenhuma novidade que o jornal da escola só tinha reportagens chatas com professores e profissionais da educação, quase ninguém realmente o lia, então que raio de informação tão importante Naruto tentava lhe mostrar com tanta empolgação? Provavelmente alguma porcaria sobre as lideres de torcida ou talvez algo relativo ao time de basquete. Se fosse os segundo caso talvez pudesse ser realmente importante, já que ambos faziam parte do time.

- Presta atenção Dobe! – Continuou emburrado – Parece que duas garotas do segundo ano estão querendo montar uma república...

- E que diabos tenho eu a ver com isso?

- ORAS, você é lerdo ou só está se fazendo? – O Uzumaki dramatizava gesticulando exageradamente com as mãos abanando o jornal e chamando a atenção de quase todos no local – Deve ser o máximo morar em uma república, você nunca pensou nisso?

- Hum – murmurou o moreno. Com anos de convivência o loiro podia interpretar esse 'hum' como sinal de interesse.

- É em uma mansão aqui perto, aqui está dizendo pra os interessados irem lá hoje a noite.

- Mansão soa bem. Certo, a gente passa lá. Quem são as garotas?

- Hinata Hyuuga da outra sala e... – O loiro lançou um sorriso malicioso para o amigo – A Catherine.

- SASUKE!

O moreno rolou os olhos ao ouvir a voz aguda e eufórica - e em sua opinião extremamente irritante - acompanhada do som de salto batendo no chão se aproximando, a idéia da república fugiu de sua mente enquanto ele pensava em uma boa desculpa para sair dali. Sakura e Ino pararam em frente aos dois rapazes sorrindo radiantes, o moreno ficava se perguntado de onde Naruto e elas conseguiam tirar tanto ânimo às sete horas da manhã.

- A gente tava procurando vocês – começou a loira – Itachi pediu pra avisar que vai ter treino do time de basquete hoje a noite.

Ambas eram líderes de torcida, assim como Catherine que a propósito não as suportava. Inegavelmente o sentimento era recíproco. A união do grupo de líderes de torcida que geralmente se vê nos filmes colegiais não se aplica muito ao Konoha Gakuen onde umas pisam em cima das outras pra chegar ao topo da pirâmide, literalmente. Sasuke fez uma careta, se tinha alguém que conseguia irritá-lo mais que Ino e Sakura, esse alguém era o irmão mais velho, Itachi. Ele se achava o máximo com toda aquela pose de rebeldia e o fato de ter se tornado capitão do time de basquete inflou ainda mais seu ego. A vontade de Sasuke era poder tirar aquele sorriso cínico do rosto dele com os punhos, mas ao contrário disso, era obrigado a aturá-lo. O Uchiha mais novo nunca se conformou com o fato de o irmão ter passado na prova de bolsas do Konoha Gakuen também, mas a explicação era simples, ele queria ir pra Tókio e pra isso precisava passar na prova. Embora nunca tenha dado a mínima para estudos, Itachi era um prodígio e com um pouco de estudo foi fácil pra ele. Não é segredo pra ninguém que os irmãos Uchiha vivem se desentendendo e procurando maneiras de provar que são melhores que o outro.

- Diga a ele que a gente não pode vir – Sasuke respondeu seco, o loiro concordou com a cabeça, afinal eles iriam até a tal mansão naquela noite.

- Sasuke-kun – Ino fez beicinho se fingindo magoada e puxou Sasuke pela blusa pra mais perto, mas antes que seu nariz tocasse o dele, ele lhe segurou pelos pulsos fazendo com que o soltasse. A loira apenas sorriu de canto, não desistiria dele assim tão fácil.

Sasuke estaria mentindo se dissesse que ela não o atraia, Ino era linda, pra não dizer perfeita, o padrão de beleza que qualquer garota faria tudo pra ter. Já havia se rendido aos charmes da loira várias vezes, ela sabia seduzir e entre quatro paredes podia levar qualquer homem ao delírio. Mas era isso, nada mais. Faltava-lhe personalidade. Ino fazia o tipo fácil, não representava nenhum desafio, em poucos meses já se dizia completamente apaixonada por ele, se jogava aos seus pés, não se dava o menor valor, não possuía dialogo e tudo isso que lhe faltava por dentro tornava sua aparência muito menos interessante. Além de que Sasuke não era do tipo que passa mais de alguns dias com a mesma garota, nisso se assemelha muito ao irmão, até agora nenhuma delas fora capaz de prender sua atenção por muito tempo, ele gostava do desafio, da conquista, quando se torna fácil demais ou alcança seu objetivo, já não lhe interessava mais e isso lhe deixava com fama de mulherengo.

- Vocês deviam vir, vai ter treino da torcida hoje – Sakura por sua vez fez questão de colar o corpo ao de Naruto que ao contrário do moreno completamente apático sorriu maliciosamente para a garota de cabelos róseos – A gente podia sair depois.

Sakura havia passado muito tempo correndo atrás de Sasuke, mas acabou percebendo que havia um belo pedaço de mau caminho loiro bem ao seu lado. Naruto tem um charme diferente, na verdade oposto ao do moreno, é expansivo e extrovertido além das características físicas completamente nada parecidas, mas tão sexy e galante quanto o Uchiha, também chamava a atenção das garotas por onde passava até mesmo por seu jeito mais felino. Desde que a rosada percebeu isso, eles vêm se 'esbarrando' (lê-se pegando) pelos cantos, nada muito sério já que apesar de ver certo charme exótico em Sakura, Naruto não tenha deixado de lado suas conquistas.

- Vejam só, as vadias estão no cio.

Ino e Sakura se afastaram dos garotos lançando olhares mortais para Catherine que estava parada ao lado com um sorrisinho maldoso, quase dava pra ver as faíscas quando elas se encaravam. Sakura e Ino a odiavam não somente por ela conseguir qualquer garoto que quisesse em um estalar de dedos, mas também por ser chefe das líderes de torcida, coisa que ambas sempre desejaram. Catherine não as suportava por conseguirem ser tão irritantes, até a voz delas lhe dava nos nervos.

- O que você quer? – Sukura respondeu seca.

- Não vou poder vir hoje a noite, por isso não haverá treino da torcida – Cat brincava com as unhas enquanto falava sem muito interesse, aquelas garotas não tinham o mínimo de personalidade, viviam ás sombras das pessoas que realmente faziam acontecer, não gostava de perder tempo com esse tipo de gente sem conteúdo.

- Você só pode estar brincando! – Foi a vez da loira dizer mau humorada – Se não pode vir o problema é seu...

- Mas eu sou a CHEFE das lideres de torcida se vocês se esqueceram – Cat disse com ar superior fazendo as outras duas se morderem de raiva – Sem mim não há treino, ponto.

- ARR! Tanto faz – Ino estava tão vermelha de raiva que parecia que ia soltar fogo pela boca a qualquer momento, ela agarrou o braço de Sakura e saiu batendo o pé – Vamos embora Sakura, eu tenho alergia a piranhas.

Catherine riu esnobe e logo se virou caminhando até seu lugar no fundo da sala. Naruto cutucou Sasuke com o braço e assoviou de forma discreta observando descaradamente o rebolado sensual do quadril da garota e o moreno sorriu maliciosamente. Logo depois disso a Professora Kurenai de biologia chegou para dar a primeira aula e todos seguiram para seus lugares.


Konoha Gakuen, 8:30 AM.

Suspirou. No geral gostava do ambiente escolar, mas aulas do campo de exatas conseguiam deixá-la entediada. Não que tirasse notas ruins, muito pelo contrário, era aluna modelo em praticamente todas as matérias, só que tinha um gosto maior por aquelas que a levavam a divagar, refletir sobre o assunto ou despertassem sua curiosidade, matemática era muito preto no branco, eram fórmulas, não havia o que se discutir, apenas se seguia o pré-estabelecido... Dava-lhe sono. Estava cansada de ouvir o que já estava careca de saber, desejou estar em uma roda de poker bebendo e curtindo com os amigos. Alguns tinham a impressão errada de que por ser muito inteligente e ter gosto por estudos Hikari Tsubasa era uma santa, longe disso, quem a conhece sabe bem que ela adora uma boa noitada e não dispensa a oportunidade de ir a festas com os amigos, afinal adolescência é pra isso mesmo, atos impensados, sentimentos intensos, novas experiências.

O professor Asuma pediu que usassem o resto da aula pra resolver a lista de exercícios valendo nota que ele havia entregado na semana anterior, no mesmo instante que ele terminou de falar os alunos começaram a conversar e juntar carteiras, a maioria só iria bater papo e deixar os exercícios pra fazer em cima da hora, como era de se esperar de um grupo de adolescentes. Asuma apenas se sentou tranquilamente mascando seu chiclete, isso o distraía da vontade de fumar um bom cigarro, já que na escola obviamente não o podia fazer. Hikari já havia terminado e revisado todos os exercícios um dia depois de tê-los recebido, não gostava de deixar obrigações pendentes, preferia se ver livre das tarefas o mais rápido possível. Enquanto a agitação na sala aumentava se lembrou do jornal da escola que havia guardado na mochila mais cedo para ler quando tivesse tempo. A maioria dos alunos jogava seu exemplar fora assim que o recebia, Hikari também não o achava lá grande coisa, mas havia uma coluna em especial que lhe chamava a atenção e a fazia parar pra ler, as matérias sobre leitura escritas por seu professor de literatura, Hatake Kakashi.

Era apaixonada por leitura, gostava das sugestões e das criticas que o professor escrevia, além de que ele em si lhe chamava a atenção. Kakashi era jovem a ponto de ter mais afinidade com os alunos do que com seus colegas de trabalho, tinha um quê divertido e descontraído que nunca viu em outro professor, era assediado por grande parte – se não todas – das suas alunas pelo fato de ser inegavelmente atraente e sexy, não era segredo pra ninguém que ele até mesmo 'se envolvia' com algumas delas, nada muito sério pra não criar problema com a coordenação da escola. Além de tudo era dotado de uma inteligência invejável, sua aula prendia a atenção até mesmo dos mais rebeldes e desinteressados, não era a toa que com tão pouca idade já fosse professor de uma das melhores escolas do mundo. Estava dando apenas uma espiada no resto do jornal como de costume quando um anúncio lhe chamou a atenção. Duas garotas do segundo ano queriam montar uma república. Circulou o anúncio com uma caneta enquanto pensava sobre o assunto, desde que fora pra Tókio estava morando sozinha em um pequeno apartamento, o silêncio e o vazio as vezes lhe incomodava, poderia ser uma boa idéia a agitação de uma república, passaria lá pela noite como pedia o anúncio. Virou a folha do jornal voltando ao seu objetivo inicial.

- Deixa eu adivinhar, está lendo a matéria do Kakashi sensei? – a voz irônica lhe chamou a atenção, não percebeu quando o moreno se aproximou puxando a cadeira para se sentar ao seu lado.

- Ele indica ótimos livros... Livros são aquelas coisas com páginas e coisas escritas, acredito que você nunca tenha tocado em um – zombou com um sorrisinho cínico, sabia que o Uchiha era inteligente, mas completamente desinteressado.

- Prefiro tocar em coisas mais interessantes, se é que me entende – Sorriu malicioso descendo o olhar descaradamente para seus seios, Hikari fechou a cara e deu um leve tapa no queixo do moreno para que voltasse a lhe olhar nos olhos – Porque não para de bancar a santa, veste um top bem curto e agarra o professor de uma vez? Aposto que ele gostaria disso.

- Faça-me o favor Itachi! – Fechou o jornal e jogou-o em cima da mesa de qualquer jeito – Eu não quero agarrá-lo e nem preciso de um top pra chamar a atenção.

- Tem razão, vai chamar mais atenção se não estiver vestindo nada – Hikari fez cara de tédio, para Itachi tudo se resumia a sexo. Se assustou quando ele segurou seu queixo, aproximando os lábios de seu ouvido perigosamente – Se precisar treinar suas técnicas de sedução, estarei a disposição Fox – Ele sussurrava com voz rouca e tentadora como se houvesse esquecido que estavam em uma sala de aula, o apelido se referia ao tom vermelho vibrante de seus cabelos, lembrava uma raposa – Se bem que você sabe o que fazer.

Hikari sorriu de canto se lembrando dos lábios do Uchiha mordendo seu pescoço, marcando seu colo - ainda não podia usar blusas com um decote maior por causa disso – as mãos em sua cintura, passeando por suas costas... Mordeu os lábios para conter um suspiro enquanto ele roçava a ponta do nariz na curva de seu pescoço. Itachi era inegavelmente sexy, sabia como deixar uma mulher sem ar só de olhá-la. Hikari se deixou levar pelo calor do momento quando estavam em uma festa na semana anterior e precisava dizer, o moreno fazia jus á fama que tinha. Mas ela não misturava as coisas, ele era um amigo, um amigo muito gostoso, mas só um amigo. Espalmou as mãos sobre o peito do moreno empurrando-o pra criar distância entre eles antes que alguém os notasse.

- Espero estar interrompendo alguma coisa – Sasori disse com voz irônica se sentando ao outro lado de Hikari.

- Só estava tentando fazer Fox gemer meu nome na frente da sala toda, nada de mais - Zombou o moreno e Hikari rolou os olhos.

- Me lembre de tentar isso algum dia – Respondeu o Akasuna malicioso, só para provocá-la.

- Vocês dois não fazem idéia de como são agradáveis – Hikari disse irônica, mas não se aborreceu com os comentários sórdidos dos colegas, eles costumavam ser assim sempre, já havia se acostumado.

O sinal para o intervalo tocou, Hikari saiu da sala rapidamente para entregar alguns livros na biblioteca que já estavam atrasados. Itachi notou um anúncio circulado no jornal que estava sobre a mesa da ruiva e ficou curioso, então o pegou para ler.

- Uma república é? – O moreno sorriu de canto, a idéia lhe parecia... Interessante.


- Não dá mais! – A morena e se levantou abruptamente – Ed, aquele lugar é insuportável, eu preciso de um apartamento, você vai ter que me ajudar a encontrar um...

Edgar suspirou, só a idéia de sair mais uma vez a procura de um apartamento com a amiga lhe cansava. Nenhum lhe agradava! Um era pequeno demais, outro era muito velho, outro cheirava a cigarros... Eles já haviam perdido horas procurando, simplesmente não existia o apartamento perfeito pra Miranda Aguilar Nakashima. Ela não queria admitir, mas no fundo, não era morar em um hotel que lhe incomodava, era morar sozinha. Céus, aquele silêncio todo parecia que iria lhe engolir a qualquer momento, aquele vazio insuportável. Fazia apenas um mês que as aulas haviam começado, a pessoa com quem tinha mais intimidade era Edgar Emanuel Aveiro, um português simpático e encantador que se sentava atrás dela nas aulas, era muito bonito também, lhe dera uma flor no segundo dia que se falaram e apesar de ser um mulherengo inegável e de pegá-lo olhando para seu decote às vezes, era um amor de pessoa. Os dois não demoraram em se tornar bons amigos, mas dividir um apartamento com ele estava fora de cogitação. Não que ele fosse se incomodar, mas Miranda jamais se sentiria a vontade, sem contar que as pessoas falariam, não era uma boa idéia, nem chegava a ser uma idéia. Também se dava muito bem com Naruto, mas ele era um garoto e não resolvia seu problema. Então o que ela poderia fazer?

- Mia, não pode ser tão ruim assim – Edgar tentou fazê-la desistir da idéia de procurar um apartamento – Você não precisa arrumar a cama e nem cozinhar...

- Eu nem tenho um fogão e ainda não aprendi a cozinhar com o poder da mente – Riu sarcástica e cruzou os braços – Ed, eu moro em um QUARTO, isso é horrível, por favor...

- Ah, não me faça essa cara de cachorro sem dono – Torturante, aqueles olhinhos brilhando eram torturantes – Deve ter outro jeito...

- Claro, quem sabe a solução não cai do céu... – Fez biquinho e se sentou novamente no banco do pátio.

Alguém devia estar curtindo com a cara dela, porque assim que terminou de falar um pedaço de papel acertou sua testa e caiu em seu colo. Ela segurou o monte de jornal amassado pronta pra jogar de volta em quem lhe tivesse atirado, ela costumava ser mais amável, bem mais amável, mas não estava em seus melhores dias. Seus nervos se acalmaram quando viu o amigo sorrindo pra ela, era Naruto que por algum motivo lhe tinha atirado um bolo de jornal. Instintivamente ela sorriu também, e lhe atirou o jornal de volta, mas de uma forma mais amigável do que pensara em fazer antes.

- Pensei que você quisesse que a solução caísse do céu, tentei fazer isso por você, talvez ajude se você abrir o jornal e ler – O loiro era radiante, sempre com um sorriso de orelha a orelha que contagiava como resfriado, quem estivesse a sua volta sentia vontade de sorrir também. Era obvio que se daria bem com Mia, ela possuía o mesmo gosto por sorrir e era tão ou mais hiperativa que o próprio loiro. Jogou-lhe o jornal de volta e dessa vez a morena o desamassou pra ler.

- Uma república? Isso é sério? – Mia se iluminou de repente, era tudo que ela precisava, uma boa casa cheia de gente.

- Parece que sim, eu e Sasuke vamos passar lá hoje a noite, achei que você também gostaria da idéia!

- AH! Eu nem acredito... Naruto você é um gênio – Mia ficou eufórica e se atirou sobre o amigo passando os braços em seu pescoço e ele teve que enlaçar sua cintura para que ela não caísse.

- Tudo bem, não precisa me derrubar – Ele sorriu e colocou-a de volta do chão. Não que ela realmente fosse conseguir tal proeza, Naruto era alto e forte devido aos exercícios físicos que praticava constantemente e Mia por sua vez era pequenina e esguia, mas o fato era que a aproximação da morena lhe causara um nó da garganta.

O Uzumaki já conhecia a fama das mulheres Brasileiras, quem viajava ao país sempre voltavam dizendo que nunca vira mulheres tão bonitas como as de lá, mas sempre achou que era exagero... Até conhecer Miranda, ela realmente era uma Brasileira linda, duvidava que ela soubesse o quanto sua beleza exótica, com profundos olhos verde jade e pele morena que lembrava chocolate, podia ser tentadora em um país oriental. Não queria que Mia duvidasse de suas intenções, por isso preferia evitar tentações, ela não era como as garotas com que o loiro costumava sair, era do tipo que não merece ser apenas mais uma. A morena pareceu não perceber as reações do Uzumaki, pois correu até Edgar dando pulinhos animadamente e mostrando-lhe o jornal.

- Você tem que vir também Ed, isso vai ser o máximo – Toda a animação que parecia estar guardada durante a manhã aflorou de repente em Mia, Edgar sorriu, ela possuía uma energia inacabável, era quase exaustivo acompanhar o ritmo da amiga, mas o sorriso dela funcionava como bateria para todos a sua volta.

- E eu lá tenho alguma escolha? – Disse só para provocá-la, mas com um sorriso nos lábios.

Era uma tarefa realmente árdua manter uma amizade com Mia, não no sentido de ser difícil se encantar por ela, mas sim por parecer um desafio não se encantar além da conta, a amizade começava a parecer pouco. Edgar e Naruto sabiam disso.


Konoha Gakuen, 12:35 PM.

Era horário de almoço no Konoha Gakuen, os alunos tinham uma hora de descanso antes de prosseguirem com as atividades opcionais. Era irônico chamar de opcional algo que se é obrigado a fazer, já que todos os alunos precisavam ocupar seus horários até as três horas – ou até as cinco se muitos cursos lhe interessassem – com atividades extras. Aliás, havia uma grande infinidade de atividades no colégio, justamente para que todos pudessem escolher algo que lhe agradasse. Talvez por isso fossem chamadas de opcionais, não por não serem obrigatórias, mas por se ter a possibilidade de escolha das mesmas.

Estava sol, não de um calor insuportável, mas ainda assim um leve mormaço pairava no ar, isso era o suficiente para que ficasse incomodada. Não suportava o calor, os olhos de um azul claríssimo - quase incolor - e a pele extremamente alva deixava claro que era sensível ao sol, se não fosse pelas longas madeixas castanhas poderiam dizer que era albina. Pegou um protetor solar na bolsa, só de pensar que a pele macia e cremosa se tornasse áspera e ressecada já ficava paranóica. Aléxia Carter é uma típica Canadense narcisista ao extremo. Gosta de como as pessoas a olham, sua beleza as margens da perfeição despertava inveja, admiração, desejo. Sua personalidade dominadora apenas acentua o poder ao seu redor.

Os demais alunos a enxergavam como se estivesse em um pedestal, linda e intocável. Mas algo que Alexia jamais admitiria, era quanto toda essa superioridade que ela cultivara podia ser solitária. Ás vezes sentia falta de alguém que simplesmente gostasse dela, sem inveja, sem admiração, sem desejo. Mas toda vez que pensava isso olhava a sua volta, ela era convidada de honra em todas as festas, era constantemente cortejada pelos garotos mais bonitos e populares, o que mais poderia querer quando todos queriam ser Alexia Carter?

- Você tem certeza Karin? – perguntou para a ruiva ao seu lado, ás vezes pensava que se jogasse um osso e a mandasse buscar ela iria correndo, patético.

- Absoluta. Ino ficou se mordendo de raiva, ela simplesmente cancelou o treino de hoje. Alex, você consegue imaginar a cena? – Riu debochada.

Alexia deu de ombros, se Catherine queria cancelar o treino que fosse. Ás vezes ficava meio sentida por não ser a chefe das líderes de torcida, mas não se doía muito, Catherine conseguira isso por conhecer a antiga chefe que lhe passou o cargo, não é como se tivesse perdido pra ela. O que lhe intrigava era o motivo pelo qual a garota decidira não comparecer ao treino extra naquela noite. O grupo de líderes de torcida do Konoha Gakuen era considerado um dos melhores do país, elas se dedicavam muito ao que faziam, assim como o time de basquete que era campeão estadual, então além dos treinos que ocorriam a tarde três vezes por semana, eles compareciam em treinos extras a noite para melhorar o desempenho.

- Catherine está querendo montar uma república? – ficou pensativa por um instante.

- Parece que sim, doçura - O ruivo que acabara de se sentar ao lado de Alexia enfatizou o apelido com tom irônico, sabia que a garota não gostava de ser chamada assim – O anúncio que ela e a amiguinha colocaram no jornal está interessando a muita gente.

- Você pretende morar lá também? – Perguntou indiferente, fingindo não se incomodar com o 'doçura'.

Sasori vivia tentando irritar-lhe, estava sempre por perto alfinetando, mas ela sabia que grande parte disso era frustração por ela ser a única conquista mal sucedida que ele já tivera. Sasori era um homem cobiçado, atraente e com uma reputação praticamente impecável. Tinha na palma das mãos a garota que quisesse em um estalar de dedos... Exceto Alexia. Não se conformava com o fato de aquela garota mimada não lhe ceder um beijo sequer mesmo depois de tantas tentativas. Estava começando a ter o orgulho ferido por aquela patricinha e isso o tirava do sério. Bem, de uma forma ou de outra isso tornava as coisas mais... Interessantes. Quando finalmente colocasse as mãos naquele corpo, faria com que ela implorasse por mais até perder a voz, seria uma doce vingança pra ele.

- Não – Riu de canto com os próprios devaneios, voltando a pergunta que ela fizera antes – Gosto da minha privacidade, se é que me entende.

- Ótimo. Assim você não estraga meus planos – Alexia se levantou do banco do pátio deixando o ruivo pensando no que ela queria dizer com isso.

- Você está pensando em morar na república, é isso? – Ele a segurou pelo braço assim que percebeu a provocação da garota.

- Ai – Fez drama puxando o braço que ele segurava e o ruivo rolou os olhos – Talvez, quem sabe.

- Pra que isso Alex? – O ruivo deixou um sorriso sexy crescer no canto dos lábios enquanto enlaçava a cintura fina da garota com um dos braços e com o outro lhe prendia o queixo puxando-lhe pra perto – Se quiser um ambiente novo, pode passar uns dias no meu apartamento.

Ele fitava profundamente os orbes azuis cristalinos e ela ficou desnorteada por um momento com o cheiro dele, um perfume delicioso e marcante que lembrava castanhas. Nessas horas ela costumava se esquecer, apenas por um instante, do porque resistia tanto ao ruivo.

- Me solta Akasuna – Ela fez uma careta e ele sorriu de canto, Alexia só lhe chamava pelo sobrenome quando se aborrecia. Como não a soltou ela fez questão de empurrá-lo com força e ele acabou se afastando. – Não estou nem um pouco interessada no seu apartamento, pode ter certeza – Sorriu de canto.

Era realmente difícil resistir ao charme de Sasori algumas vezes, não diria em voz alta nem sob decreto, mas ele conseguia mexer com seus nervos. Fato é que se divertia com a frustração do ruivo, com a necessidade desesperada que ele tinha de provar que nenhuma mulher era capaz de resistir a ele e toda sua virilidade, era engraçado vê-lo com raiva por não ceder. Tudo o que fazia era puro doce, além de que, sempre fora cheia de frescuras, não admitiria ser mais uma a passar pelas mãos do ruivo, não importa o quanto quisesse simplesmente se entregar aos encantos dele, ela também tinha um orgulho grande demais pra isso.

- Que seja – Sasori suspirou mal humorado – Você ainda vai cansar de todo esse doce Alex – Ele segurou novamente o queixo da garota que se esquivou com uma careta – E aí você vai estar perdida – Ele sorriu malicioso e ela sentiu um arrepio lhe percorrer a espinha – Até mais doçura.

Como ela detestava que ele a chamasse assim, ela não sabia por que, mais soava vulgar nos lábios dele, deliciosamente vulgar.

- Arr – murmurou irritada, Sasori tinha a incrível capacidade de lhe tirar a paz – Vamos embora Karin, esse sol está insuportável.


Konoha Gakuen, 14:00 PM.

Inúteis, todas as tentativas de aprender a cozinhar eram completamente inúteis, pensava enquanto derramava farinha por todo balcão. Seu rosto estava todo sujo de farinha e ovo, a parte que lhe pertencia do balcão estava completamente coberta por uma mistura de ingredientes irreconhecível a massa em sua vasilha parecia mais uma sopa de restos. Kirye Tayomi havia se inscrito nas aulas de culinária do Konoha Gakuen assim que o ano começou, pensou que talvez assim fizesse algum progresso na cozinha e quem sabe conseguisse preparar uma ou duas receitas sozinha... Doce ilusão. Não gostava de ficar de braços cruzados diante das coisas que não sabia, por isso, sempre tentava aprender e corria atrás, mas era uma negação na culinária e isso era um fato, a única coisa que conseguia fazer era despertar risos dos outros alunos e desespero da professora. Suspirou frustrada, aquela meleca na vasilha nem por milagre viria a se tornar um bolo algum dia. Deu uma olhadela para o lado, Hinata graciosamente adicionava uma colher de fermento a sua massa de bolo perfeita, não havia um único grão de farinha fora de sua tigela e ela fazia tudo como se fosse absurdamente simples.

- Não fique irritada Ki-chan, com o tempo você aprende – Hinata lhe olhou bondosamente com um sorriso.

- Quanto tempo pode ser preciso para aprender a fazer um bolo? – Murmurou frustrada – Eu não nasci pra isso!

- É só uma questão de prática. – Respondeu colocando cuidadosamente a massa do bolo na forma.

Kirye revirou os olhos e sacudiu as mãos numa tentativa frustrada de se livras da pasta grudada nelas, a comida havia lhe vencido mais uma vez, se sentou na cadeira desistindo de uma vez do tal bolo. Desviou a atenção para a porta quando a figura masculina de cabelos prateados adentrou a sala indo dizer qualquer coisa para a professora Shizune.

- Ele não é uma graça? – Cutucou Hinata com o cotovelo apontando-o com o queixo.

- Kakashi sensei? – Respondeu incrédula como se fosse um absurdo achar um professor atraente.

- Claro! Você nunca reparou? – Kirye deu uma risadinha baixa para o semblante de espanto da amiga – Ele é uma delícia – Voltou a olhar para o professor, mordendo o lábio inferior.

- Kirye-chan! – Repreendeu dando uma leve batida com a colher de pau na cabeça da ruiva que lhe olhou com uma careta.

- Ai, não precisa disso... Relaxa um pouco Hina, descontrai, não é possível que você também não o ache um gato – Sorriu de canto.

Hinata suspirou e pegou a forma de bolo levando-a até o forno e deixando Kirye sozinha, ela por sua vez voltou a olhar para o professor até ele sair da sala. Hinata voltou alguns segundos depois, tirando o avental e colocando-o sobre o balcão.

- Você e Cat não têm jeito mesmo! Acredita que ela colocou mesmo o anúncio no jornal da escola?

- Que anúncio? – Olhou curiosa, Hinata não havia lhe dito sobre anúncio nenhum.

- Que cabeça a minha, nem lembrei de lhe contar – deu um tapinha na testa e depois remexeu a mochila tirando de lá um exemplar do jornal da escola, o abriu sobre a mesa apontando um anúncio circulado – Veja só.

Kirye leu o que a amiga indicou, e a idéia lhe atingiu como um estalo... Era brilhante! Uma república era a oportunidade perfeita de deixar aquele micro-apartamento em que estava e ainda por cima conhecer gente nova e se acomodar melhor a Tókio.

- Não quero nem pensar no tipo de gente que vai aparecer por lá hoje – A voz suave de Hinata possuía um timbre apreensivo, a morena era muito insegura em relação a tudo que fugisse de sua normalidade, uma casa cheia de adolescentes com certeza não estava em seus planos.

- Talvez eu apareça – Kirye sorriu – Não fique tão preocupada...

- Está falando sério? Você vai mesmo? – Seu rosto se iluminou. Ter mais uma amiga em casa seria um alívio.

- Claro... Porque não?

Uma mansão, festas e amigos, para Kirye essa era a combinação perfeita, não deixaria de ir lá por nada.


Mansão, 19:30 PM.

Estava sentada no sofá da sala abraçando os próprios joelhos e remexendo nervosamente os dedos dos pés. Olhou mais uma vez para o relógio de pulso antes de voltar a atenção para Catherine sentada no chão pintando as unhas de vermelho. O anúncio dizia para os interessados em morar na mansão aparecerem por volta das oito horas, eram sete e meia. Talvez ninguém aparecesse, pensou. Quem sabe só Kirye quisesse morar com elas e então ficaria tudo bem.

Alguma divindade deveria estar lhe pregando uma peça, pois no exato momento em que estava começando a acreditar que o ninguém lia o jornal da escola e portanto não haveriam interessados, a campainha tocou. Catherine se colocou de pé em um salto e correu até a porta. Hinata permaneceu petrificada no sofá apertando os olhos para a porta como se assim pudesse ver quem estava atrás dela. Tecnicamente se fosse algum tipo de maníaco psicopata elas poderiam simplesmente inventar uma desculpa e despachá-lo dali, mas se ele fosse bonito duvidava que Catherine fizesse isso. A morena parou em frente a porta, ajeitou os cabelos e alisou a regata branca que vestia, então se encostou ao batente da porta e a abriu.

- Nossa! – Exclamou um loiro assim que a porta foi aberta.

Havia quatro jovens parados em frente à porta. Eram três garotos, lindos por sinal, os dois primeiros ela conhecia, estudavam na mesma sala que ela e eram respectivamente Sasuke Uchiha e Naruto alguma coisa, ela havia esquecido o sobrenome. O terceiro ela vira poucas vezes nos corredores, mas não sabia o nome, era um moreno dourado de sol com olhos num tom de mel que tinha um ar charmoso. Havia uma garota também, nunca reparara nela, também não tinha porque fazê-lo, não era de seu feitio sair reparando nas alunas, amenos que fossem de extrema influência, embora aquela a sua frente possuísse uma beleza rara e chamativa não acreditava que ela quisesse ser centro de alguma atenção. Sorriu de canto abrindo a porta completamente para que Hinata, que permanecia congelada no sofá alguns metros atrás, pudesse ver também os potenciais futuros moradores da mansão, isso se eles realmente tivessem aparecido pela casa.

Hinata sentiu um arrepio pelo corpo, Naruto estava ali. Observava o loiro de longe desde que entrara na escola, ele era radiante, sempre sorridente e isso a fascinava. Tão diferente dela e tão, tão bonito! Só a idéia de que ele morasse ali, mesmo que não admitisse, já fazia com que todo o nervosismo sobre a idéia da república simplesmente sumissem e de repente ela parecesse... Brilhante. Não que isso significasse muito, jamais teria coragem de se aproximar dele, pronunciar simples palavras já seria difícil o bastante. De alguma forma, acreditava que apenas seria agradável tê-lo por perto.

Os três garotos mal se moviam, estavam estáticos, Sasuke era o único que vez ou outra desviava o olhar para o jardim como se estivesse observando a casa. Catherine estava vestindo um micro-shorts de malha preto e uma regata branca justa que deixava parte da barriga lisa a mostra e lhe realçava os seios, os cabelos pretos com reflexos azulados estavam divididos mais fartos para o lado esquerdo e caiam pelos ombros lisos na raiz e ondulados nas pontas. Os olhos azuis cristalinos delineados por um contorno preto fitavam os convidados intensamente. Por fim, a garota que os acompanhava pigarreou e cutucou o moreno ao lado com o cotovelo lhe lançando uma careta, Catherine riu e mordeu o lábio inferior, então a garota lhe olhou sorrindo.

- Ah, oi... – Começou lançando mais um olhar reprovador para os garotos petrificados – Eu sou Miranda e esses são Edgar, Naruto e Sasuke – Indicou cada um respectivamente, Cat apenas ergueu o queixo em comprimento – Bem, nós viemos pelo anúncio – Sacudiu o jornal que tinha em mãos e estendeu a outra em comprimento.

- Podem entrar – Se virou ignorando a mão estendida e deixando a porta aberta pra que a seguissem, Miranda abaixou a mão e respirou fundo tentando conter uma careta. – Hinata, esse pessoal veio pela casa... – Disse mais alto para a morena sentada no sofá – Quais são os nomes mesmo?

Miranda rolou os olhos, Edgar lhe segurou o braço, ele sempre fazia isso quando queria lhe impedir de falar alguma besteira, não que isso surtisse algum efeito.

- Você sofre algum tipo de amnésia querida? – Miranda sorriu como quem não quer dizer nada, nenhum traço de ironia em sua expressão ou voz, pelo contrário seu tom era quase amável, isso tornava a provocação ainda maior.

Catherine se virou pra ela com uma sobrancelha arqueada e em seguida estreitou os orbes azuis, Edgar engoliu seco, mal haviam chegado e Miranda já queria que fossem postos pra fora. Naruto e Sasuke estavam alheios ao clima tenso instalado ali observando a grandiosa sala da mansão. Assim que Catherine abriu a boca para responder algum impropério, Hinata se levantou num salto e se estendendo a mão para Miranda.

- Oh, d-desculpem a minha amiga, ela não está com seu melhor humor hoje – sorriu gentilmente para os convidados e Catherine cruzou os braços revirando os olhos – V-vocês são?

- Sou Miranda Aguilar Nakashima, me chame de Mia – Sorriu – Esse é meu amigo Edgar Emanuel Aveiro...

- Pode me chamar de Ed – Sorriu galante medindo a morena de cima a baixo e se demorando um pouco nos seios fartos escondidos por um casaco roxo, sem dúvida alguma ela possuía uma beleza encantadora, não tão evidente e gritante como a de Catherine, era uma beleza mais delicada, sem contar que por debaixo de toda aquela roupa podia apostar que haviam curvas tentadoras. Estendeu-lhe a mão sorrindo ao perceber que a essa altura a garota estava púrpura só com seu olhar, um pouco relutante pousou a mão sobre a sua estendida e ele logo beijou-lhe as costas das mãos, um gesto digno de um cavalheiro, ou em seu caso, um mulherengo muito bem educado.

- P-prazer – Puxou a mão rapidamente para quebrar o contato físico antes que aquele garoto lhe provocasse um desmaio.

- Por fim, aqueles são Sasuke Uchiha e Naruto Uzumaki – Terminou Mia apontando os dois que restaram.

- Ah, Oi Hinata... É esse seu nome certo? – Naruto lhe cumprimentou, o voz dele pronunciando seu nome a fez perder o foco, ele devia saber apenas por ter lido no anúncio, mas mesmo assim tudo o que conseguiu fazer foi balançar a cabeça em sinal positivo.

Sasuke por sua vez apenas maneou a cabeça em cumprimento e voltou a olhar pela sala.

- Bem Vindos – Hinata sorriu gentilmente.

- Essa casa é gigante, 'to certo. – Disse Naruto abismado.

- Vão dar uma olhada – Respondeu Catherine parecendo desinteressada – Pra resolverem se vão querer mesmo ficar... – Se jogou no sofá assoprando as unhas recém pintadas. – Depois a gente explica tudo.

- Vou fazer um chá pra vocês – Hinata sorriu timidamente antes de se dirigir a cozinha.

- O que estão esperando, um guia turístico? Vão, vão... – Disse Catherine percebendo os visitantes parados no meio da sala lhe encarando e gesticulou com as mãos pra que eles fossem dar uma volta pela casa.

Logo eles subiram as escadas e sumiram nos corredores do segundo andar. Catherine não podia deixar de pensar que acertara em colocar aquele anúncio, apesar daquela coisinha atrevida que tivera a ousadia de perguntar se ela tinha problemas de memória, havia três pedaços de mau caminho passeando pela casa naquele instante. Pegou uma revista de moda na parte de baixo da mesinha de centro, mas logo que ia começar a folheá-la a campainha tornou a tocar. Jogou a revista em cima da mesa e caminhou até a porta.

Era Kirye, a garota que fazia culinária com Hinata, ao contrário dos outros que vieram para conhecer a casa, ela já estava com as malas da mudança. Quando chegou a Tókio alugou um pequeno apartamento mobiliado - era barato o que lhe deixava bastante dinheiro de sobra para os gastos supérfluos – desse modo, seus pertences se limitavam a roupas e objetos pessoais. Já conhecia a casa, assim como as moradoras da mesma, tendo combinado tudo com Hinata por telefone algumas horas antes apenas cumprimentou Catherine e entrou sem cerimônias, precisando de três viagens para levar todas as malas pra dentro da casa e em seguida seguiu para a cozinha onde Hinata se encontrava.

Com o passar dos minutos chegaram mais alguns interessados. Primeiro uma educada ruiva que se apresentou como Hikari Tsubasa. Seus traços lembravam Kirye, mas olhando de perto a diferença era grande. Hikari possui forte influência francesa em seus traços, rosto mais fino, seus cabelos ligeiramente mais claros e vibrantes que as madeixas ruivas escuras de Kirye, essa por sua vez inegavelmente nipônica com rosto mais arredondado e olhos levemente rasgados, além de que apesar de ambas possuírem pele muito clara e as famosas 'sardinhas' comuns nas ruivas de nascença, enquanto Kirye tem apenas um salpicado de pintinhas na região do nariz, Hikari possuía os claríssimos sinais por todo o corpo. Ela entrou, observou a sala e depois se dirigiu aos fundos da mansão para ver a área de lazer.

A essa altura, os quatro que tinham subido ao andar de cima voltaram para a sala, impressionados com a grandeza e beleza da mansão, aceitaram o chá que Hinata ofereceu enquanto exploravam o resto da casa.

Logo em seguida quem bateu a porta da mansão foi um ruivo misterioso e sério de aparência britânica, não falou muito, apenas o de praxe, disse que estava interessado em fazer parte da república e que seu nome era Sabaku no Gaara. Ele era intrigante e dotado de uma beleza exótica, Catherine não pode deixar de notar a concentração de madeixas vermelhas e homens bonitos circulando pela mansão. Quando ele entrou, Edgar que estava voltando da área de lazer pareceu reconhecê-lo exclamou um 'Você por aqui cara?' se cumprimentaram com um aperto de mãos e começaram a discutir qualquer coisa sobre a casa. De fato Edgar e Gaara eram amigos. Mia também o conhecia, os três eram da mesma sala, mas apesar de achá-lo sexy com todo aquele ar de mistério - e do inesquecível momento no primeiro mês de aulas em que caiu acidentalmente por cima dele na aula de educação física e se sentiu tentada a beijá-lo ali mesmo - não compartilhavam de uma amizade muito profunda ou algo do tipo, apenas simpatizavam um com o outro.

Todos já haviam visto a casa toda e obviamente estavam de queixo caído, era a mansão dos sonhos de qualquer um. Já eram quase oito e meia da noite quando a campainha tocou mais uma vez. Catherine ficou surpresa com a figura parada em frente a porta, não só ela como todos os outros. Quem estava ali era nada menos que Alexia Carter, líder de torcida e uma das garotas mais cobiçadas e populares do Konoha Gakuen.

- Alex! – Catherine cortou o silêncio com voz descrente e uma sobrancelha arqueada.

- Surpresa, Cat? – A garota parada em frente a porta sorriu de canto.

- Está aqui pela república? - Perguntou ignorando o burburinho de vozes na sala devido a presença inesperada.

- Talvez – Mediu a fachada da mansão, ao contrário dos outros, sua expressão era de certo desinteresse, como se não houvesse nada de mais ali – Não vai me chamar pra entrar?

Catherine apenas se encostou ao batente da porta dando passagem para Alexia que entrou observando a casa com olhar indiferente, todos na sala atentos a cada um de seus movimentos. Ao contrário dos outros não se incomodou em olhar a casa toda, apenas correu os olhos pelo cômodo em que estava, recusou o chá que Hinata lhe oferecera, mas se sentou na poltrona vazia ao lado da Hyuuga. Todos naquela sala já aviam visto e ouvido falar dela, mas apenas um a conhecia mais a fundo. O moreno que andava meio disperso até a chegada da garota, agora prestava atenção.

Ao perceber os olhos ônix sobre si, suas mãos começaram a suar frio, mas cuidou pra que isso não fosse aparente em sua expressão, lutando contra a vontade de se encolher no estofado da poltrona. Naruto olhou de Sasuke para Alexia e de Alexia para Sasuke pelo menos quatro vezes antes de sussurrar para que só o moreno ouvisse:

- É a Alex cara!

- Jura? – Sibilou o moreno estreitando os olhos para o amigo – Ainda não tinha percebido.

Todos sabiam dos boatos, alguns tinham visto com os próprios olhos e os que não viram ficaram sabendo no dia seguinte, afinal, as fofocas correm rápido, ainda mais se tratando de Sasuke e Alexia. O assunto correu pela boca dos alunos por semanas, fora sem dúvida a notícia mais quente e polêmica do ano todo.

Em um sábado de abril, que parecia não ter nada de mais a oferecer, o escândalo aconteceu. Sasuke Uchiha e Alexia Carter flagrados em amassos libertinos, completamente desprovidos de pudor na Ageha, uma das boates mais badaladas de Tókio. Pior, vistos se esgueirando aos beijos para o banheiro feminino. Para a infelicidade do casal, muitos conhecidos estavam lá naquela noite, em sua maioria alunos do Konoha Gakuen. Alguns se limitaram a assistir de camarote, pasmos e com olhos esbugalhados, o pequeno 'show' que lhes era oferecido. Já outros, viram ali a oportunidade perfeita de espalhar a 'novidade' pela escola, não hesitaram em sacar os celulares dos bolsos e tirar dezenas de fotos. No dia seguinte estavam todos comentando, alguns aumentavam os fatos dizendo que conseguiam ouvir os gemidos de Alexia do lado de fora, sussurravam pelos cantos maldosamente "Ela com certeza 'deu' pra ele". Outros comentavam que o Uchiha havia perdido o encanto, porque a garota lhe 'negara fogo', já que saiu do banheiro feminino poucos instantes depois de entrar, deixando-o lá plantado.

A líder de torcida já havia sido vista pelos corredores mais vazios da escola ou em alguma balada com algum tipo bonito e charmoso, mas eram cenas puritanas demais comparadas ao episódio com o Uchiha mais novo, fora um prato cheio para os curiosos e fofoqueiros de plantão. Foi quase engolida viva pelos olhares na semana que se seguiu... Mas procurou encarar tudo de cabeça erguida. Bem, os fatos concretos do que acontecera naquele dia, só ela e o próprio Sasuke sabiam. Com o tempo as pessoas esqueceriam, ainda mais porque – pra infelicidade de todos os mesmo curiosos e fofoqueiros – depois do ocorrido o casal mal trocava olhares pelos corredores, quanto mais palavras ou beijos.

Um silêncio incômodo se instalou na sala. Alexia começava a se amaldiçoar por ter a estúpida idéia de ir a casa de Catherine e Hinata aquela noite. Ela devia saber que Sasuke estaria ali, ou melhor, que o amigo loiro hiperativo o arrastaria até ali. Além do mais, o fato de que ele pretendia morar na mansão, automaticamente excluía a possibilidade de ela cogitar fazer o mesmo. Bem, isso se aplicava na teoria, mas não na prática, já que por mais que tentasse se convencer de se levantar e ir embora naquele exato momento, algo lhe instigava a ficar.

Sasuke por sua vez pensava que aquela garota só podia estar brincando com ele, depois de deixá-lo plantado no banheiro feminino daquela boate – o que conseqüentemente fez com que tivesse que agüentar por semanas as provocações e piadinhas de Itachi – ela queria morar na república também? Bem, se era assim, talvez pudesse utilizar isso ao seu favor. Alexia havia lhe perturbado aquela noite na Ageha, arrastado sua sanidade pro inferno, pra depois deixá-lo a ver navios e nunca mais lhe dirigir uma palavra sequer. Tentara ser indiferente até o momento, não a procurou, nem perguntou o que havia acontecido... Mas não deixaria por isso mesmo.

- Certo, são oito e meia – Catherine se pronunciou, cortando o silêncio – Não deve aparecer mais ninguém, então, vamos ao que interessa. – Fez uma pausa pra se certifificar de que todos estavam prestando atenção – É muito simples, essa casa é gigantesca somente pra mim e Hinata, então tivemos a idéia...

- Você teve a idéia... – Murmurou a Hyuuga em voz quase inaudível.

- Tanto faz – Catherine continuou fazendo pouco caso – Tivemos a idéia de montar uma república, o esquema é bem simples, dividimos as despesas com o aluguel e a comida, são seis quartos, portanto alguns terão que dividir, aqueles que quiserem mesmo ficar...

A explicação de Catherine foi cortada pelo som da campainha.

- Podem trazer suas coisas essa semana – Terminou de falar e então olhou para Hinata – Você atende aporta dessa vez - suspirou cruzando os braços.

Hinata pensou em dizer que a idéia havia sido dela e, portanto, ela deveria atender a porta, mas apenas se levantou do sofá e caminhou até a porta sabendo que a amiga criaria uma tempestade se ela dissesse algo do tipo. Pousou a mão na maçaneta, não era muito boa em lidar com estranhos. Já estava bem mais tranqüila em relação a dividir a casa com tantas pessoas, não tinha nenhum psicopata sentando em seu sofá, na verdade a maioria era bem simpática. Abriu a porta dando de cara com um rapaz moreno, que assim que a viu sorriu de canto com um olhar cheio de intenções.

- Cheguei atrasado pra festa, boneca? – Ele apoiou um dos braços no batente da porta se inclinando perigosamente sobre a Hyuuga.

Hinata arregalou os olhos e encolheu-se o máximo que pode, as faces fervendo, sem conseguir encontrar palavras pra responder. Como se não bastassem Sasuke e Alexia trocando olhares cheios de falas mudas no sofá da sala, o Uchiha mais velho também estava ali, debruçado sobre ela. Os irmãos Uchiha não se davam nada bem, e assim que se dessem conta da presença um do outro a confusão estaria feita. Enquanto estava em estado catatônico, Catherine apareceu ao seu lado.

- Veio pra ver a casa, Uchiha? – Perguntou segurando Hinata pelos ombros e puxando-a pra dentro da casa longe das 'garras' do moreno.

- Então você me conhece? - Sorriu de canto medindo a morena da cabeça aos pés.

- E por acaso alguém não te conhece? – Disse em tom de descaso – Você tem certa fama.

- Acho que posso lhe dizer o mesmo... Cat.

Catherine lhe deu passagem e fez um sinal com a cabeça para que ele entrasse, então ele caminhou a passos lentos pra dentro da sala.

- Itachi, o que tá fazendo aqui? – Hikari foi a primeira a se pronunciar com voz surpresa, chamando a atenção dos demais para a presença do moreno.

O nome mencionado chamou a atenção de Sasuke, que se virou para fitar o 'querido' irmão incrédulo, o desgosto em vê-lo bem aparente em seu rosto. Se agüentar Itachi na escola era terrível, voltar a dividir o mesmo teto que ele como quando moravam com os pais seria tortura. Embora sua vontade fosse se levantar e ir embora, fazer isso só daria motivo para o mais velho se gabar de sempre conseguir tudo o que quer enquanto ele apenas abaixava a cabeça... Jamais daria esse gosto a Itachi.

- O mesmo que você Fox, não é obvio? – riu sarcástico – A propósito, não me importo de dividir o quarto com você se for preciso – Piscou para a garota que apenas lhe

devolveu uma cara de tédio.

- Você errou o endereço, a boate gay fica há duas quadras – Provocou Sasuke com olhar aborrecido para o irmão.

- Não me surpreende que você saiba onde fica, já passou por lá muitas vezes? – Devolveu Itachi com um sorriso sarcástico.

- Vá a merda - Rosnou o mais novo.

– Tenho certeza de estar no lugar certo e se isso lhe incomoda, fico lisonjeado, irmãozinho - Enfatizou a ultima palavra para provocá-lo, então caminhou até o sofá, sentando-se no lugar vazio ao lado de Hikari – Porque não vai embora agora? Eu pretendo ficar.

- Idiota – cuspiu Sasuke entre dentes – Eu não vou a lugar algum.

- Que seja – Deu de ombros – Vamos ver quanto tempo você agüenta.

- Devia se preocupar menos comigo e mais com você, Itachi – Sasuke lhe lançou um olhar desafiador.

- Já chega – Catherine interferiu antes que Itachi pudesse responder ou a discussão não acabaria nunca - Como eu estava dizendo antes de você chegar Itachi, dividiremos as despesas da casa entre os moradores da república, os que quiserem ficar tragam as coisas amanhã para que possamos dividir os quartos... Alguma pergunta?

Assim que terminou de pronunciar a frase, Catherine se arrependeu profundamente disso, foi como se desse a largada para um rompante de vozes misturadas em um burburinho infernal. Suspirou. Eles realmente tinham muitas perguntas... E muitas assuntos pendentes entre si também. Uma coisa era certa, a paz deixaria de existir naquela casa a partir daquele momento.

CONTINUA...


Era para esse primeiro capitulo ter uma cena a mais e obviamente pra ter sido postado há muito tempo, sei que devo desculpas as autoras das fichas, mas acreditem: TUDO CONSPIROU CONTRA MIM. Assim que fechei as fichas e comecei a escrever, estava certa de que em uma ou duas semanas já teria o capitulo pronto e de fato eu escrevi a maior parte dele em pouco tempo. Estava – e ainda estou, obviamente – muito animada com a história, mas aconteceram uma série de imprevistos. Eu tive que viajar com meus pais antes do que pensei que iria, voltando de lá descobri que a fonte do meu noot – que já estava ruim – havia pifado de vez... Estando o capitulo um quase pronto preso no meu computador tive que ficar estacionada. A fonte continua quebrada, mas eu dei um 'jeitinho' provisório pra que pudesse usá-lo. Mas agora eu já estou em aulas, estudo o dia todo e estou cheia de trabalhos devido a uma porcaria de feira tecnológica, então todo o tempo que eu tinha foi sugado por um buraco negro.

Peço a compreensão de vocês, por estar entregando o capitulo com tanto atraso e 'incompleto'. Sinto dizer que terão que ser ainda mais pacientes no decorrer desses meses em que estou super atarefada, mas prometo tentar compensá-las e escrever sempre que possível tentando demorar o mínimo possível.

Eu, particularmente, tenho neura com inícios de fanfictions, são sempre paradas demais. Mas a partir do próximo capitulo as coisas começam a se ajeitar pra então começarem as emoções maiores.

Espero, DE VERDADE, que vocês tenham gostado do primeiro capitulo, apesar de tudo. Como disse haverão muitas voltas e reviravoltas no enredo, não espere que sua personagem se apaixone pelo par 'a primeira vista' e que sejam felizes para sempre porque não será assim... Tudo em seu devido tempo (:

Reviews são sempre muito bem vindas e não causam nenhum tipo de lesão, por isso, façam uma autora feliz, um comentário basta *-*

Lembrando as autoras das fichas que sempre que possível estou em meu msn, respondendo dúvidas, aceitando sugestões e tudo o mais: lunnacamargo(arroba)Hotmail(ponto)com

Até breve (espero), Beijos, Lunna.