Sumário: Eles passaram na prova de bolsas para a melhor faculdade do Japão, se mudaram para Tókio e com a 'pequena' ajuda de custo fornecida pela escola precisam arranjar um lugar para morar. Nada muito complicado, até surgir a brilhante idéia de onze adolescentes dividirem uma mansão de luxo.
Rate: M, a partir deste capítulo podem existir cenas de sexo explicito; vocabulário sujo e inadequado; utilização de drogas; violência e/ou bissexualidade.
Quando a razão não fala,
Põe o coração na boca e vive!
(Fernanda Mello)
A REPÚBLICA
Por: Lunna Kawaii
Capítulo três – A flor da pele
14 de maio, sexta-feira, Konoha Gakuen, 9:00 AM.
A semana havia se arrastado muito, muito lentamente para todos que finalmente respiravam aliviados por ser sexta-feira. Só teriam que suportar mais algumas horas e o tão sonhado fim de semana daria o ar da graça. A maioria estava especialmente ansiosa porque sábado seria o dia da festa de inauguração da república que fora minuciosamente organizada pelo maior especialista em festas de todo o colégio, pra não dizer de toda cidade, Itachi. As festas que o moreno se comprometia em organizar eram poucas, afinal toda essa coisa de comprar coisas, escolher outras, arrumar tudo... Dava um trabalho desgraçado e muita dor de cabeça. Ele mesmo preferia ir às noitadas de outras pessoas. De qualquer forma, toda festa em que Itachi tomava partido dava o que falar, e como! Não precisaram nem se preocupar em vender convites pra conseguir dinheiro pra tudo, assim que a notícia de que o Uchiha pretendia dar uma festa na mansão espalhou-se pelos corredores correndo de boca em boca como resfriado, os mauricinhos bem afortunados do colégio começaram a brotar de todo canto com gordas ajudas de custo para as bebidas e, enfim, substâncias mais pesadas e ilícitas além dos outros detalhes como os efeitos de luzes e afins.
Até mesmo as ruivas da casa, Kirye e Hikari - que eram mais dedicadas aos estudos - passaram a semana um tanto aéreas. Todos queriam botar a colher no meio, dar palpite e idéias umas mais loucas que as outras para a festa, mas Itachi se limitava a tomar suas próprias decisões ouvindo apenas os palpites de seus amigos semi-delinquentes que também sabiam dar uma boa festa: Sasori, Deidara, Pain e Hidan. Com ajuda desses amigos-não-moradores-da-república ele chegava à mansão todos os dias com caixas e caixas de sabe-se lá o que estavam sendo estocados para sábado à noite.
Hinata era a única que pensava nessa festa de forma negativa. Por todo lugar que andava só ouvia falar disso, todo mundo ansioso por aquela festa, imagine a lotação que não seria. Conhecia a fama de Itachi, não era boa! A festa seria regada de muita bebida, adolescentes se agarrando e fazendo coisas piores em público por toda casa e sabe-se Deus o que mais. Não que fosse empata-festa, era mais caseira sim, mas não interferia na diversão alheia da mesma forma que não estava interferindo agora, só que estaria mentindo se dissesse que não estava apreensiva.
Catherine olhou entediada para o professor de biologia, um ser asqueroso e esquisito ao extremo, parecia uma mistura de morto-vivo com espírito maligno de filme de terror japonês. O pior, era uma biba reprimida aquela coisa, só podia ser! Que outra explicação teria pra lhe olhar com tanto nojo? Era inveja... Inveja porque ela já levara os garotos mais quentes de toda a cidade ao delírio entre quatro paredes. E ele? Francamente. Sua cruz, o terror de suas manhãs, que era imune a qualquer uma de suas 'tentativas' de aumento de nota se chamava Orochimaru. Suspirou e puxou um celular de ultima geração da bolsa, escondendo-o debaixo da mesa pra que Oroshimaru-perseguidor-de-líderes-de-torcida não viesse lhe importunar. Digitou rapidamente uma mensagem, tinha muita prática em enviar torpedos, demorava menos de cinco segundos para escrever uma mensagem simples.
Espero que esteja tudo certo pra festa de amanhã baby. Se me aparecer com uma baladinha pré-adolescente te expulso, juro.
C.
Lista de contatos; Itachi; Enviar. Menos de um minuto depois o celular vibrou sobre a mesa e sem se preocupar em ser discreta dessa vez ela pegou o aparelho em mãos para ler a mensagem. Grande erro. Assim que terminou de ler o 'Relaxa gata' que Itachi lhe devolvera, o celular foi tirado bruscamente de suas mãos. Levantou o olhar repleto de indiferença pra aberração da natureza parada ao seu lado com o seu celular nas mãos, o cenho franzido em uma careta que o deixava ainda mais repugnante. Aquela coisa ainda teve a coragem de ler sua mensagem e voltou a lhe olhar parecendo ainda mais irritado. Claro, queria ele poder trocar mensagens com Itachi Uchiha e ser chamado de gata.
- Trocando mensagens com Itachi no meio da minha aula, Srt. Vaughn? – E então sua expressão passou de irritada para cínica com um sorriso cretino que dizia com todas as letras 'Você está muito ferrada'.
Estava completamente farta de aturar o humor negro daquela criatura demoníaca. Certo, se era pra se ferrar, ferraria pra valer.
- Tudo isso é ciúmes, professor? – Sibilou áspera provocando riso geral da sala, afinal não existia uma alma viva que não duvidasse da opção sexual do querido professor – Mas que pena, ele não curte a mesma fruta que você, se é que me entende – Sorriu maldosa enviando-o uma piscadela.
Pela primeira vez viu a tonalidade cinza do rosto de Orochimaru se alterar para algo próximo ao vermelho. Ele estreitou os olhos amarelos e apoiou as duas mãos sobre a mesa de Catherine abaixando o olhar para encará-la diretamente nos olhos, talvez querendo transmitir o desgosto que emanava deles. Ela por sua vez fez uma cara de nojo por ser obrigada a olhar para ele tão de perto.
- As coisas deviam funcionar muito bem pra você na escola suburbana de onde você veio menina, mas não no Konoha Gakuen, entendeu? – Ele disse lentamente, parecendo extremamente feliz em poder finalmente descontar a antipatia que sentia por ela. Catherine não era do tipo que se intimidava, mas não conseguiu evitar engolir seco, até a voz dele lhe dava arrepios de puro pavor – E já que se acha tão esperta é melhor me entregar um trabalho de cinqüenta páginas sobre genética na próxima aula ou pode se considerar reprovada na minha matéria. E caso você ainda não saiba, reprovar neste colégio causa expulsão, não estamos aqui pra ensinar ignorantes Srt. Vaughn.
Cinqüenta páginas? Reprovada? Aquele cretino estava mesmo lhe chamando de ignorante e dizendo que ela veio de uma escola suburbana? Catherine arregalou os olhos revoltada e inconformada. Abriu a boca pra contestar, pronta pra despejar impropérios sem poupar palavrões, mas assim que pensou em fazê-lo foi interrompida pela ameaça do professor:
- E cada palavra que disser até o fim da minha aula, somará mais dez páginas ao seu trabalho – Ele praticamente cuspiu as palavras – Eu não estou brincando – Advertiu por fim com a voz mais gélida que Catherine já ouvira.
Estava com tanta vontade de quebrar aquele nariz mal feito naquele instante! Suas feições se contorceram em uma expressão de puro ódio. Mal havia começado o ano e ele estava ameaçando lhe reprovar? Isso só podia descrever insanidade mental! Francamente, um trabalho de cinqüenta páginas sobre genética era uma seção de tortura completa. A atenção da sala toda estava sobre si, Catherine podia ouvir exclamações chocadas e risinhos de um grupinho de garotas que a detestavam. Lançou-lhes um olhar ameaçador que fez com que parassem imediatamente. Por mais que a raiva estivesse borbulhando em seu sangue, se esforçou para ficar calada, bufou e cruzou os braços fuzilando Orochimaru com o olhar. Ele por sua vez lhe lançou o último sorrisinho satisfeito antes de voltar a andar entre as fileiras de carteiras explicando qualquer coisa sobre verminoses humanas.
Ela realmente detestava aquele projeto de drag queen dos infernos!
Konoha Gakuen, 11:00 AM.
O professor caminhava vagarosamente entre as fileiras de alunos falando um pouco sobre a vida de Willian Shakespeare. Usava a costumeira máscara anti-alérgica preta que ia até acima do nariz por causa de sua intolerante a pó de giz. Aliás, parecia ser o único homem na terra capaz de ficar extremamente sexy com metade do rosto coberto. Naquele dia ele vestia uma calça jeans, uma camisa pólo e tênis esportivos, seu visual condizia mais com o de um aluno repetente do que um professor e as garotas suspiravam quando passava por elas, deliravam se ele lhes presenteasse com aquele sorriso galante. Fora o primeiro a ser contratado pelo Konoha Gakuen direto da faculdade - seus trabalhos universitários e seu boletim impecável lhe renderam o mérito - mas era tão animado e descontraído que seus alunos chegariam a se esquecer de o quão brilhante ele era, não fosse pela sua capacidade de prender a atenção de todos.
Itachi era o único que se mantinha totalmente alheio a aula. Trocava mensagens no celular o tempo todo e o professor parecia estar fazendo vista grossa, já que ele não se preocupava em esconder o aparelho eletrônico que vibrava a cada minuto. Kakashi havia sido convidado para a festa na república também, ele sempre era convidado para as festas dos alunos, dava o ar da graça nas mais interessantes e sempre causava polêmica. Obviamente nada nunca chegava a direção da escola, ninguém queria colocá-lo em saia justa, mesmo que ele estivesse em seu tempo livre e teoricamente a escola não tivesse nada a ver com isso, preferia ficar longe de escândalos... O que acontecia nas festas ficava nas festas. Rolam boatos que na primeira festa do ano na casa de Deidara, ele havia dormido com três das garotas mais quentes da festa ao mesmo tempo, sendo que uma delas era sua aluna. Era um boêmio assumido. Tudo indicava que ele iria a festa na república, talvez por isso não dava atenção ao Uchiha que organizava os últimos assuntos da festa por mensagens de texto bem debaixo de seu nariz.
A expectativa de que ele aparecesse por lá deixava a maioria das garotas ansiosas, quem sabe dessa vez não fosse uma delas a sortuda a passar uma noite com o charmoso professor de cabelos prateados? Muitas delas cairiam no tapa por isso. Os decotes estavam mais acentuados que o comum naquele dia, as saias mais curtas, estavam praticamente implorando para que ele – ou quem sabe garotos cobiçados como o dono da festa e seu amigo ruivo – lhes notassem. As vozes melosas e arrastadas pareciam ter sido treinadas para ter o timbre de uma atriz pornô. Estavam se oferecendo descaradamente, e toda essa vulgaridade estava deixando Hikari enojada.
Francamente, nenhuma delas se dava o respeito? Certo, Kakashi era muito gostoso, e não seria nada mal, nada mal mesmo uma noite – ou algumas noites – com ele. Estaria mentido se dissesse que não estava torcendo também pra que ele fosse à festa. Mas ficar se oferecendo como uma prostituta, derrubando lápis a todo tempo só para poder abaixar pra pegar com aqueles decotes que quase chegavam ao umbigo e mostrar os peitos pra ele, isso era o cúmulo, totalmente repugnante. O professor estava caindo em seu conceito, porque mesmo que tentando ser discreto, ele olhava! Ok, não podia culpá-lo por isso, ele era homem afinal, seria uma surpresa se ele ignorasse. Suspirou farta, tentando se concentrar na matéria e esquecer a legião de vadias-mirins que lhe cercavam.
Lembrou-se da festa de Deidara, a que fora no último sábado por falta de opção, no final das contas havia sido melhor do que esperava. Claro que teve que aturar o humor negro e os olhares mortais do dono – Ou seria dona? – da festa, mas Kakashi estava lá. E pelo que a ressaca mortal do dia seguinte tinha lhe permitido lembrar, tinham trocado olhares significativos, lembrava-se perfeitamente de vê-lo do outro lado da ampla sala da casa de Deidara com um sorriso de canto muito insinuante... Mas não passou disso, infelizmente. Não se lembrava muito bem aonde ele fora parar depois disso e sinceramente não queria saber, provavelmente havia levado mais algum trio, ou quarteto de adolescentes liberais e oferecidas para algum dos quartos da casa, enfim.
- Alguém pode me dizer o nome de uma obra de Shakespeare? – Perguntou Kakashi se encostando a lousa e cruzando os braços, sua voz despertou Hikari dos devaneios.
- Romeu e Julieta! – Disparou Tayuya quase aos gritos levantando a mão em um ato inútil já que não esperara a permissão para falar.
Hikari havia aberto a boca para responder, mas a outra ruiva parecia muito desesperada por isso. Kakashi presenteou a resposta com um sorriso sutil e Tayuya suspirou convencida por ter sido a primeira a falar. As outras garotas bufavam e murmuravam frustradas. Hikari rolou os olhos achando tudo aquilo muito patético.
- Muito bem – Disse Kakashi caminhando em direção a ruiva – Lembra-se de mais alguma?
- Ehr – Engasgou a ruiva. Céus, será que ela não sabia mais nenhuma obra de Shakespeare? Pensava Hikari – O Código da Vinci? – murmurou incerta, fazendo uma careta de dúvida.
Hikari segurou o riso, aquela garota era uma porta! As outras soltavam risinhos e se agitavam pela oportunidade de responderem dessa vez e conseguirem alguma atenção do professor. Kakashi por sua vez fechou os olhos e suspirou profundamente, como aquela garota era capaz de dizer que O código da Vinci, uma obra recente e escrita por Dan Brown, fora escrita por Willian Shakespeare? Voltou a encarar a aluna que parecia confusa e envergonhada. Tayuya era bonita, mas extremamente tapada.
- Não – respondeu com voz firme, um pouco inconformado – Estude mais – Advertiu por fim lançando-lhe um olhar de reprovação que a fez murchar na cadeira – Alguém sabe responder?
- Sonhos de uma noite de verão! – Kin disse rapidamente. Dessa vez Hikari nem se preocupou, não precisava mendigar atenção de professor nenhum, aquilo era realmente patético.
- Correto – Parabenizou Kakashi – Mais algum?
- Hamlet! – Outra garota respondeu entusiasmada.
Hikari nem se incomodava mais em observar o joguinho ridículo de 'quem responde primeiro' das garotas. Tentou se esticar um pouco para ver com quem Itachi tanto trocava mensagens, estava começando a ficar curiosa, mas acabou frustrada sem conseguir enxergar nenhuma palavra.
- Muito bom! – O professor continuou – Mais nomes?
E então, silêncio. Hikari olhou para os lados vendo dezenas de garotas fritando os miolos cavando em suas mentes vazias qualquer obra do autor. Kakashi corria os olhos pela sala esperando pela resposta que não vinha.
- Vamos lá pessoal, não se lembram de mais nenhuma obra de Shakespeare? – Incentivou o professor.
Os garotos não se incomodavam, não sabiam e não faziam questão nenhuma de responder. As oferecidas por sua vez olhavam umas pras outras desesperadas. Hikari suspirou mais uma vez, então se virou para o professor.
- MacBeth, Coriolano, Júlio César, A Comédia dos Erros, Noite de Reis, Conto do Inverno, A Tempestade, Rei Lear – Hikari citou um por um tranquilamente e Kakashi lhe fitou surpreso.
- Brilhante – Ele disse meio pasmo – Já leu todos esses Hikari? – Perguntou interessado.
- Não todos – Confessou – Quatro destes, os outros estão na minha lista – Disse sinceramente.
Tayuya e as outras lhe olhavam inconformadas, reviravam os olhos e murmuravam 'exibida!' pelos cantos, mas ela não se afetava.
- Impressionante – Ele sorriu e ela pensou, por uma fração de segundos, ter encontrado aquele mesmo olhar interessado que ele lhe dirigira na festa de Deidara. Não pode evitar estremecer e sorrir bobamente de volta.
- Obrigada – murmurou.
Sasori que estava ao seu lado riu e cantarolou um "Coloca o queixo no lugar Foxie" aos sussurros pra que só ela ouvisse. Ela lhe devolveu uma careta desgostosa, mas estava agradecida que Itachi estava ocupado demais trocando mensagens para se juntar ao ruivo nas provocações. Kakashi lhe encarou por mais alguns segundos, antes de se virar subitamente e voltar a caminhar pela sala.
- Quero que todos vocês escolham uma obra de Shakespeare para ler, peçam sugestões a Hikari se preciso, ela parece entender bastante sobre o assunto – Disse lhe lançando mais um sorriso sutil, então se voltou para Tayuya – E, por favor, O Código da Vinci não conta, se quiserem ler será opcional, mas está longe de ser uma obra de Shakespeare, certo Tayuya?
A ruiva apenas concordou envergonhada.
- Vou fazer um teste oral sobre o livro que escolherem com cada um, exatamente daqui a um mês – Concluiu.
A sala foi invadida por um coro de protestos, aparentemente consideravam um mês pouco tempo para lerem um destes livros, Hikari já havia lido muitos e se quisesse poderia ler pelo menos mais dois nesse tempo. Analisou admirada que ele deixara a escolha livre e se pretendia fazer um teste oral queria dizer que já havia lido, pelo menos, todas as obras conhecidas do autor, que eram muitas... A inteligência dele era extasiante. O sinal tocou lhe tirando dos devaneios e Sasori lhe tocou a testa com o dedo indicador para chamar-lhe a atenção.
Ela queria mesmo que Kakashi fosse à festa.
Konoha Gakuen, 2:00 PM.
Ficou parado diante da porta da sala um instante para ganhar coragem. Fazia muitas coisas para conquistar as charmosas garotas do Konoha Gakuen, mas pela primeira vez achava que tinha se excedido um pouco. Francamente, onde estava com a cabeça quando procurou a professora Shizune pedindo a ela que o deixasse participar das aulas de culinária? Certamente a sala estaria repleta de garotas, isso o encorajava um pouco a querer abrir aquela porta e tentar cozinhar alguma coisa decente, ou melhor, observá-las fazendo isso. Não estava ali exatamente pra aprender a cozinhar, fato. Achou que seria uma boa oportunidade de agradar as garotas, mas pensando melhor, era mais provável que achassem que ele era gay do que se encantassem por ele.
Suspirou e abriu a porta colocando no rosto o sorriso mais galante que pode arranjar. Shizune parou de escrever a receita que estava passando na lousa para olhar quem havia chegado, atrasado por sinal. Então sorriu amigavelmente e caminhou até ele.
- Meninas, esse é Edgar – Apresentou simpática – Aparentemente o único garoto nessa escola interessado em aprender a cozinhar – Edgar lamentou o quanto aquilo soava gay, paciência - Bem, ele participará das aulas a partir de hoje – Disse para a sala e então se voltou para Ed – Pode escolher um lugar e se sentar, estou passando a receita de hoje.
Edgar correu os olhos pela sala. Estava certo, havia muitas garotas ali, pensou com um sorriso de canto. Kirye acenou pra ele e Hinata sorriu ao lado da ruiva. Estava sendo realmente bom morar na república, não poderia dizer que todos já eram muito amigos, mas a semana de convivência aproximou muito todo mundo e a maioria já se conhecia bem e dialogava bastante. Sorriu caminhando até elas e se sentando ao lado de Kirye. Misteriosamente Gaara havia comentado sobre ela certo dia, ele não era muito de comentar sobre garotas - principalmente das que acabara de conhecer - mas simplesmente chegou e lhe disse que ela era uma garota legal... E Edgar concordou com isso depois de conversar com ela. Kirye era animada, animada demais! Isso tornava a convivência com ela um pouco cansativa, mas não tirava seu charme. E bonita, como era bonita! Assim como Hinata que agora estava um pouco encolhida ao lado dela.
A morena era muito tímida havia percebido. Sempre se escondia debaixo de roupas que ele considerava grandes demais, havia sempre muito pano lhe cobrindo. Mas era inegavelmente bonita, aqueles olhos então eram de paralisar qualquer um, sem contar que tinha certeza que ela possuía curvas muito tentadoras debaixo daquele moletom, pois eram tentadoras até mesmo com ele.
- Culinária? – Kirye perguntou desconfiada.
Edgar apenas sorriu, como percebeu que não diria mais nada Kirye olhou em volta e então voltou a encará-lo agora com uma expressão de 'Já entendi' e um sorrisinho malicioso, o que ele devolveu com um dar de ombros.
De inicio, enquanto copiava a receita de biscoitos com gotas de chocolate, as demais alunas lhe olhavam e cochichavam coisas que ele tinha certeza serem algo como "O que um garoto está fazendo nesta aula?". Só esperava que o questionário não chegasse a parte do "Ele é mesmo um garoto?". Sério, um homem não podia querer aprender a cozinhar? Que inferno, nem era mesmo isso que ele queria. Suspirou. Foi então que as coisas mudaram de ângulo.
- Legal um garoto aparecer por aqui – Uma garota morena, com traços nipônicos e por sinal muito bonita sorriu pra ele – Sou Tenten, prazer – Continuou estendendo a mão.
Por cima do ombro dela Edgar podia ver o resto das garotas lançando sorrisinhos umas para as outras, e não era como se estivessem duvidando de sua sexualidade ou algo do tipo, era mais como aquele sorriso que as garotas têm quando comentam "Ele não é uma graça?". Bem, havia acertado no final das contas. Mostrou seu melhor sorriso de canto à lá Don Juan e ao invés de apertar a mão da morena, levou-a até os lábios depositando um suave beijo na pele macia. Ela sorriu e o grupinho de meninas ao fundo suspirou e uníssono.
- Edgar – Apresentou-se lhe olhando profundamente – O prazer é todo meu.
Kirye rolou os olhos ao lado. Pelo que conhecia de Edgar provavelmente aquela garota estaria caminhando pela república com alguma camisa dele lhe servindo de camisola na manhã seguinte. E talvez aquela loira de olhos verdes um pouco atrás estivesse fazendo o mesmo no domingo. Quem sabe a morena dos olhos amendoados não fosse a terceira da lista? "Homens!" pensou.
República, 7:30 PM.
Naruto tentava dialogar – em seu particular tom de voz sempre alto demais - com o amigo mais uma vez, mas ele andava ainda mais monossilábico ultimamente. Parecia estar falando com as paredes. De qualquer modo, precisava falar. Depois do que acontecera com Miranda no dia da mudança, decidiu que preferia não arriscar a amizade que tinham por algo incerto, adorava vê-la sempre ao seu lado, sorridente e companheira, não queria perder isso por nada. Agiu normalmente com ela e ficou feliz de ela ainda ser a mesma também, no fundo sabia que algo do tipo não a tiraria do sério e no final das contas estavam ainda mais próximos depois de tudo isso, até tiravam sarro da situação às vezes, sem constrangimentos como sempre foi.
Obviamente não havia contado nada disso a Sakura e quando ela lhe intimou a decidir se queria ou não continuar com ela, acabou aceitando. Não estava certo de estar apaixonado pela rosada, mas o que ele sabia sobre estar apaixonado? Tudo o que entendia é que sentia por ela algo diferente. Diferente do resto das garotas com quem saia até então, mas diferente de Miranda também. Ele não sabia bem o que tanto sentia, mas a idéia de não ficar mais com ela não lhe agradava, então decidiu tentar pela primeira vez ser um cara de uma mulher só. Não era um namoro, esse compromisso evidente ainda lhe assustava um pouco, quem sabe mais a frente... Bem mais a frente. Por hora, sair apenas com Sakura já era um grande passo.
Falava sobre isso a Sasuke, que se limitava a murmurar 'Hum' vez ou outra. Ele parecia estar fora de órbita. Seu palpite era que ele ainda estava um pouco chocado ou inconformado, talvez apenas 'engasgado' com aquele lance da Alexia. Na ultima sexta feira ele havia entrado no quarto muito pilhado com esse assunto e depois de muita insistência do loiro, havia lhe contado todo ocorrido. Naruto por sua vez - como qualquer outra pessoa que ouvisse a história - ficou pasmo com o fato de Alexia ser virgem e querer 'manter a virtude'. Ela estava se mostrando muito mais puritana do que parecia, o que era muito incomum. Já vira muitas garotas se fazerem de santas, mas não o contrário. Além de que não era todo mundo que dispensava Sasuke, isso era fato, ainda mais depois de toda aquela insistência, afinal o Uchiha não era de correr atrás de mulher assim.
- Aquela garota ainda 'tá te virando a cabeça? – Desistiu de receber qualquer atenção de Sasuke e lhe perguntou provocativo sabendo que o assunto não lhe agradaria muito.
- Tá falando do que baka? – Suspirou, se ajeitando na cama na qual estava estirado desde que chegara da escola, se sentia quase parte do colchão.
- De quem mais dobe? Alexia... – Disse e percebendo que o amigo franziu o cenho ao ouvir o nome da líder de torcida sorriu de canto – Te lembra alguma coisa?
- Hum – Murmurou com desgosto.
Ficou um longo tempo em silêncio com o intuito de dar o assunto como encerrado, mas o loiro lhe encarava irritado querendo mais explicações. As vezes Naruto parecia com uma garota, pensou, falava como uma matraca, adorava uma fofoca e estava sempre lhe pressionando a falar mais do que o necessário sobre o que sentia.
- Talvez eu ainda volte a procurá-la – resmungou - É nisso que estava pensando.
- Qual o seu problema? – Disparou o loiro sempre muito exagerado – Dois foras não foram o suficiente?
Assim que terminou de falar Naruto foi atingido por uma almofada atirada com muita força contra seu rosto. Resmungou ignorando o olhar mortal do moreno, parecia de família todo aquele orgulho intocável, bastava colocá-lo a prova que os Uchiha's partiam pra ignorância.
- Não foram foras! Aquela garota é muito temperamental, eu não tenho culpa disso.
- A garota temperamental não quer te deixar entrar nas calças dela – Provocou com um sorriso, achando graça de como isso deixava o amigo furioso – Devia se conformar.
- Ela está fazendo doce, mas é só uma questão de tempo. Quando ela vir que eu sou um cara legal... – Deixou a frase no ar com um meio sorriso malicioso.
- Tá querendo se aproveitar dela, isso é o oposto de legal – Naruto revirou os olhos.
- Ela só precisa achar que eu sou – Assim que disse isso Sasuke se deu conta de que soara muito cretino até pra ele. Levantou-se da cama sentindo os músculos doerem por ficar parado muito tempo, se espreguiçou e então tentou concertar – E ninguém falou em se aproveitar.
- Claro – Ironizou Naruto – Desvirginar a garota e não dar a mínima depois vai ser quase uma boa ação, não tem nada a ver com se aproveitar, você tem toda razão.
- Quanto drama – Sasuke rolou os olhos – Agora eu preciso pedi-la em casamento se quiser levar ela pra cama?
- Ela não casaria com você – Zombou atirando a almofada de volta. Não importa o que dissesse Sasuke não se importava com 'sentimentos femininos' e não era ele que iria mudar isso. Talvez um dia ele aprendesse sozinho.
- Não vai ao treino hoje? – O moreno perguntou querendo por um fim definitivo no assunto 'Alexia'.
- Itachi está ocupado com as coisas da festa e cancelou o treino extra de hoje – Respondeu frustrado – Se perdermos o jogo da semana que vem, a culpa é dele.
- Hun, certo.
Sasuke jogou uma toalha sobre o ombro, separou algumas peças de roupas e foi tomar banho. Já que fora totalmente ignorado pelo amigo quando disse que estava 'oficialmente' com a Sakura, Naruto pensou que pudesse falar sobre isso com Miranda. Ela provavelmente lhe chamaria de burro, já que não gostava da rosada – na verdade muito pouca gente realmente gostava. De qualquer forma ela pelo menos o escutaria.
Foi até o quarto da brasileira e encontrou a porta aberta. Chamou, mas ninguém respondeu então resolveu entrar, talvez ela não tivesse escutado. O quarto parecia estar vazio e a curiosidade o levou a analisar o ambiente. Já esteve ali antes, mas nunca reparara nos detalhes. Como em todos os quartos, tinham duas camas Box de casal separadas por uma estante baixa de madeira. Sobre ela encontrou um abajur verde-limão, um despertador e mais a esquerda uma foto de Miranda com a mãe. Continuou a correr os olhos pelo quarto: Um notebook; Livros; CD's; alguns enfeites; um espelho que cobria uma das paredes quase por inteiro; Dois Pufes em um dos cantos... Milhares de coisas de garotas e depois tinha a porta que levava ao closet. Andou ao lado do mezanino de madeira, demorando o olhar em um porta-retrato de vidro com uma foto de Alexia. Ela exibia um grande sorriso, em algum lugar bastante verde que não lembrava nem de longe a Tóquio. Estava abraçando uma garotinha pequena de uns seis anos que se parecia muito com ela - tirando os cabelos de um loiro bem claro - e também tinha um grande sorriso no rosto.
Pegou o porta-retrato e analisou por mais um instante, ou a luz estava lhe favorecendo na foto ou aquele sorriso conseguia deixar Alexia ainda mais bonita, pensou. Colocou a foto de volta ao lugar e só então, quando seu olhar seguiu a direção da sacada do quarto, percebeu que Alexia estava lá. Parecia não ter se dado conta de sua presença, estava de costas pra ele, sentada no chão da sacada balançando as pernas entre as barras da cerca da sacada. Naruto sabia que deveria ter ido embora, Miranda provavelmente estaria na sala e devia ter ido procurá-la lá, mas não foi isso o que fez. Andou cuidadosamente até perto da sacada e se encostou ao batente, mesmo assim a garota não se deu conta da sua presença. Foi então que reparou que ela estava com um aparelho celular nas mãos. Ela discou alguns números, levou ao celular ao ouvido e esperou, depois de algum tempo murmurou frustrada e repetiu o processo. Observou-a fazer isso novamente pelo menos cinco vezes antes de finalmente, seja lá para quem ela estava ligando, alguém atendeu.
- PAI! – ela exclamou – Estou tentando falar com você há horas! – Disse ao telefone e então houve uma pausa, provavelmente a pessoa do outro lado da linha estava falando – Eu sei que está ocupado... Só preciso de um minuto. – Continuou com voz suplicante, então mais uma pausa, dessa vez ela se demorou mais como se estivesse pensando muito cuidadosamente no que falar – Eu queria ir pra casa no próximo fim de semana – Sua voz havia saído num sussurro e então uma nova pausa.
Naruto se esforçou para ouvir o que ela estava dizendo, não tinha idéia do porque estava ali escutando a conversa dela, provavelmente era culpa de sua curiosidade insaciável. Era estranho ouvi-la falar assim tão apreensiva, sempre a ouvia falar alguma coisa sempre tinha um timbre seguro, de ordem. Mesmo ela estando de costas, sabia que sua expressão havia fechado, pois seus ombros se encolheram bruscamente e ela suspirou mais uma vez antes de continuar a falar.
- Você nunca tem tempo – Ela disse amargamente – Eu quero ver Candy, estou com saudade... É só um fim de semana! – Continuou com a voz um pouco mais elevada com um leve timbre de desespero. Assim que ouviu o nome 'Candy' Naruto se recordou instantaneamente da garotinha loira da foto – Por favor – Alexia pediu aflita com a voz falha.
Um segundo depois, no que parecia ser o meio de qualquer conversa normal, ela desligou e jogou o celular no chão ao seu lado sem nenhum cuidado, então agarrou as barras de metal da grade da sacada com força e esbravejou um raivoso 'É claro que você não se importa!'. Naruto se assustou pensando que ela podia ter dito isso a ele, mas como não fazia sentido algum percebeu que ela havia gritado para o nada, na verdade, pra pessoa com quem estava falando ao telefone. Então a ouviu fungar e soube que ela estava chorando. Odiava ver uma mulher chorar e quis se sentar ao lado dela, fazer qualquer coisa. Mais uma vez a voz em seu subconsciente lhe disse para ir embora, mas ele não se moveu, apenas ficou encostado ao batente da varanda.
Alexia se levantou em um salto depois de alguns segundos virando-se em sua direção e assim que o viu arregalou os orbes verdes marejados de lágrimas num misto de susto e principio de raiva. Naruto se desencostou rapidamente, mas obviamente já era tarde para sair dali então apenas ficou olhando.
- O que você ta fazendo aqui? – Ela perguntou estreitando os olhos.
- Er, eu vim procurar a Mia – Respondeu sem jeito com um sorriso amarelo.
Alexia suspirou raivosa e lhe fuzilou ainda mais com os olhos, parando apenas para correr o olhar pelo quarto vazio e então voltar a encará-lo.
- Ela não está, se ainda não reparou – disse ríspida – Então porque não para de bisbilhotar e vai procurá-la em outro lugar?
- Eu não estava bisbilhotando! – Reiterou Naruto, mas ao receber um olhar ainda mais irritado da garota, resolveu reconsiderar – Tá bem, me desculpe, eu não quis escutar sua conversa – Admitiu sem jeito coçando os cabelos da nuca.
- VOCÊ ESCUTOU MINHA CONVERSA? – Gritou furiosa.
Naruto se amaldiçoou por sempre falar a coisa errada, provavelmente ela achava que ele tinha acabado de chegar e não que estava parado ali há tanto tempo escutando toda a conversa dela com o pai. Pensou que seria assassinado a sangue frio pela garota tamanha raiva que via em seus olhos, mas Miranda entrou no quarto nesse exato momento para sua salvação.
- O que aconteceu? – Perguntou confusa.
Miranda olhou para Naruto petrificado com uma expressão de terror e então dirigiu o olhar a Alexia. A pele do rosto geralmente muito branca estava ligeiramente avermelhada, de forma que concluiu que ela estava com muita vergonha ou raiva (ou ambos). Também percebeu as pequenas poças de água em seus olhos e seu rosto úmido. Depois mirou o celular jogado no chão da varanda e com sua boa percepção, entendeu o que havia acontecido... Com Alexia no caso, o fato de Naruto estar parado ali no meio ainda era um mistério, mas perguntaria outra hora.
- Naruto, pode dar licença um minuto? – Miranda pediu calmamente.
O loiro olhou mais um instante para Alexia, que parecia um pouco mais relaxada, então assentiu para Miranda e saiu andando. Assim que ele saiu, Mia fechou a porta e caminhou até onde Alexia estava. Sempre pensara que ela seria uma pessoa difícil de se conviver, o mesmo que sempre achara de Catherine. De fato, estava certa, Alexia era mimada e ligava muito pra aparência das coisas, fazia escândalos por tudo e tinha tendência a bipolaridade, mas à sua maneira era uma ótima amiga, tinha certeza disso. A semana em que dividiram o quarto havia as aproximado muito, muito mesmo! Alexia tinha defeitos, mas era uma pessoa de conversa fácil, a confiança acabou fluindo facilmente. Sabiam tanto uma da outra que parecia que se conheciam há anos e não era nenhum exagero dizer isso. Por isso, Miranda sabia que a relação de Alexia com o pai era bastante difícil e não precisava perguntar para saber que ela havia ligado pra ele e, mais uma vez, ele a tinha magoado.
- Alex – Sussurrou cuidadosa – Quer falar sobre isso?
Os lábios de Alexia tremeram, os olhos se encheram mais ainda para então transbordarem lágrimas pesadas. Ela balançou a cabeça em negativa e então, subitamente, abraçou Miranda em um ato desesperado escondendo o rosto em seu pescoço e soluçando. Não precisava falar sobre isso, Miranda já sabia o que estava acontecendo e ela só queria esquecer. Mia por sua vez apenas a abraçou de volta, rodeando sua cintura com os braços.
Tudo o que Alexia conseguia pensar é que estava morrendo de saudades da irmãzinha Candy e praticamente implorando por migalhas de atenção do pai, que como sempre, a evitada e ignorava de todas as formas possíveis. Queria visitar sua casa no Canadá, visitar seus antigos amigos, um único final de semana bastava... Já estava há tanto tempo sozinha em Tóquio que nem toda aquela popularidade e admiração que todos aqueles estranhos tinham por ela não supriam o sentimento de vazio que as vezes dominava tudo e a deixava perdida. Pelo menos encontrara Miranda, alguém que realmente podia chamar de amiga.
Só queria ter uma grave crise de amnésia naquele momento. Se esquecer da saudade insuportável que sentia de casa, da garotinha sorridente em seu porta-retratos e sua voz lhe chamando de 'Aly' já que qualquer outra variação de 'Alexia' era praticamente um trava-línguas pra ela que vivia a freqüentar fonoaudiólogos. Se esquecer que não importando se ganhasse o Prêmio Nobel ou se fosse presa por tráfico de drogas, seu pai continuaria mantendo-se completamente indiferente a sua vida, querendo-a sempre o mais longe possível, como se ela não existisse, como se pudesse simplesmente lhe dar um cartão de créditos com um limite altíssimo e lhe pagar pra ficar fora de seu caminho, transparecendo sempre o quanto ele preferia que ela não tivesse nascido. Se possível, queria esquecer o próprio nome, esquecer quem era.
E na festa do dia seguinte, beberia até conseguir.
Chegara tarde em casa aquele dia, constatou Kirye ao olhar o relógio na tela do celular. Havia saído por volta das seis e meia da manhã como todo mundo e participara da rotina de sempre, aulas matinais e depois as 'opcionais'. Tecnicamente aprendera a fazer biscoitos com gotas de chocolate na aula de culinária. Aprendera também que Edgar, seu querido colega de moradia, era, como a maioria dos homens que conhecia, um conquistador barato. Encantador tinha que admitir, mas barato! Se aproveitando das aulas de culinária para fazer social com as garotas poder olhar seus decotes de perto. Riu ao se lembrar da cena do português fingindo ter dificuldades com os biscoitos, fazendo com que todas as garotas a sua volta fossem, solidariamente, lhe 'ajudar'.
Depois disso tivera uma longa aula de teatro. Saíra da escola por volta das cinco, mas não voltou pra casa de imediato, estava se sentindo muito enérgica pra ficar presa entre quatro paredes, então vestiu suas calças de ginástica, uma regata e foi correr em um parque próximo a escola. Embora costumasse fazer isso pela manhã, tinha que admitir que era bastante relaxante aquele ar fresco de final de tarde.
Enquanto corria deixara sua mente vagar como sempre e como de costume dezenas de coisas, algumas importantes e outras nem tanto, invadiam seus pensamentos uma após a outra. Tinha que terminar o projeto de História; Lembrara que os fones de ouvido que perdera na mudança estavam dentro de sua caixinha rosa; Hidan estava lhe devendo uma calcinha da Vitória Secret já que havia rasgado a que mais gostava, mero detalhe; Precisava decorar as falas da peça de teatro... E depois de muitos pensamentos relâmpagos sua mente se deteve em um assunto em particular: Gaara.
Ele continuava sendo um mistério. Na semana que se seguira, ele lhe fez companhia de madrugada mais duas vezes e, quando ele aparecia, já estava se estabelecendo uma pequena rotina. Ele descia as escadas e a encontrava assistindo televisão como sempre, juntava-se a ela e conversavam durante algum tempo até que ele lhe perguntava se ela queria chá, Kirye dizia que sim e então seguiam para a cozinha, tomavam chá e conversavam um pouco mais e sempre por volta das três da manhã ele se despedia e voltava para o quarto.
Mesmo com toda essa conversa, seus conhecimentos sobre o ruivo eram bastante limitados. Ele não falava da namorada, nunca. Quando Kirye tocava no assunto e lhe perguntava algo sobre ela ele lhe respondia com tranqüilidade, mas muito vagamente e quando o fazia tinha sempre uma máscara apática, não deixando transparecer nenhum sinal do que sentia em relação a ela, então sutilmente mudava de assunto. Isso também lhe intrigava, além do fato de ele em si ser um enigma total.
E foi isso - O fato de não conseguir conhecê-lo bem por mais que tentasse - que prendeu sua atenção pelo resto do exercício.
Depois voltou pra casa, e ali estava.
Já constatara que mansão jamais seria um lugar silencioso, sempre havia gente fazendo tumultuo na sala, na cozinha, nos corredores, nos quartos, na área de lazer e na sala de estudos... Sempre! Se não era Catherine a tagarelar pelos cantos, era Naruto aos berros tentando cozinhar ramém. Também havia a pequena 'gangue' de Itachi. Pain, Deidara, Sasori, Hidan e outros de que não se recordava poderiam ser considerados Pseudo-moradores da mansão, já que havia sempre algum deles – ou todos ao mesmo tempo – pelos cantos. Na verdade, Hidan ia mais para vê-la do que para acompanhar Itachi em qualquer coisa e, tinha que admitir, apesar de ser um tanto grosseiro as vezes, ele era sexy, charmoso e um ótimo passa-tempo.
Fez companhia a Hinata na cozinha por algum tempo, vendo-a colocar em prática com maestria admirável a nova receita de biscoitos com gotas de chocolate. Quando começara a sentis o cheiro delicioso dos biscoitos no forno decidiu tomar um banho antes de voltar para comer alguns.
Pegou sua toalha e, por algum milagre da natureza, constatou que havia um banheiro livre. Só a essa altura se deu conta de que estava um pouco cansada, estava em movimento desde as seis da manhã e agora já eram quase oito da noite. Permitiu-se demorar um pouco no banho sentindo o alívio da água quente em seus músculos tensos. Vestiu uma roupa simples de ficar em casa, pegou alguns dos deliciosos biscoitos de Hinata na cozinha e subiu para o quarto lembrando-se repentinamente do projeto de história.
Hikari estava na sala, portanto o quarto estava vazio. Aproveitando que tinha o espaço só pra si, tratou de ligar o rádio no último, o som de Ke$ha explodindo das caixas de som. Sem se preocupar com quem estava nos quartos vizinhos começou a dançar no ritmo da música e cantar a letra desafinadamente, capturando uma escova de cabelo para servir de microfone enquanto rodopiava pelo quarto, pulava em cima da cama e fazia caras e bocas para o espelho.
No meio de sua fantasia rock-star, quando se virou pra trás jogando seus cabelos, acabou colidindo com alguma coisa. Na verdade, alguém, já que mãos grandes seguraram seus ombros pra que não caísse pra trás.
Quando levantou os olhos se deparou com aquele oceano verde abaixo de um borrão vermelho. Gaara, constatou surpresa. Ele havia entrado no quarto e ela obviamente não ouvira o som da porta e nem se dera conta de sua presença, pois estava dançando feito uma louca com o sou a um volume ensurdecedor. Ele estava com um meio sorriso divertido e obviamente estava ali a tempo o suficiente para achá-la um pouco maluca. Ficou alguns segundos processando a informação de que Gaara estava ali, então caminhou até o som e o desligou.
Não sabia se ficava envergonhada pela cena que ele acabara de presenciar, mas decidindo que isso não adiantaria de nada, apenas deixou uma risada alta e espontânea preencher o quarto.
- Sou cantora nas horas vagas – Disse divertida, ainda sorrindo.
- Estou vendo – Disse irônico e então massageou o ouvido como se algo o tivesse lesionado – Um talento nato.
- Veio só criticar meu desempenho senhor jurado? – O olhou com uma com uma sobrancelha arqueada fingindo-se ofendida.
- Na verdade não – Respondeu apontando o mezanino de madeira do quarto – Trouxe pra você.
Kirye seguiu a direção apontada com o olhar se deparando com um grande copo plástico de alguma lanchonete. Parecia ser algo bem gelado já que gotas de água escorriam pelo copo. Aproximou-se e, provando, constatou que Gaara havia lhe dado quase meio litro de Milk-Shake de chocolate.
- Hum, você leu minha mente! – Exclamou se deliciando com toda a gordura trans e as milhares de calorias dentro do copo.
- Você gosta, certo?
- É claro que gosto! Que ser humano não gosta de Milk-Shake de chocolate? – Indagou parecendo chocada com a hipótese.
Gaara deu de ombros.
- Líderes de torcida – comentou.
- Elas não são seres humanos – Brincou se jogando na cama – São robôs programados para ser irritantemente perfeitos.
Gaara sorriu de canto parecendo partilhar o mesmo pensamento. Aquele silêncio costumeiro se instalou no quarto, Gaara se encostou a parede enquanto Kirye sentada na cama brincava distraída com o canudo de seu milk-shake. Kirye não pode deixar de pensar que ele era a única pessoa com quem não se sentia desconfortável no silêncio e que não sentia necessidade de puxar algum assunto pra evitar constrangimento, porque não havia constrangimento algum. Ele observava o quarto, reparou. Estava ainda processando o fato de que ele aparecera do nada para lhe trazer milk-shake, realmente não sabia o que esperar dele, mas o momento merecia algum crédito já que era a primeira conversa que tinham fora das madrugadas de insônia. Depois de algum tempo, ficou farta do silêncio.
- Gaara – Chamou calmamente e ele lhe dirigiu o olhar – Quer dar uma volta? – Perguntou soando natural.
Pela primeira vez notou surpresa nos olhos de Gaara e ele lhe olhou com uma sobrancelha arqueada. No momento não havia pensado no fato, mas depois se sentiu um pouco constrangida... Talvez não fosse uma boa idéia chamar um cara comprometido pra 'dar uma volta', mas por mais que fosse difícil acreditar, convidara inocentemente e no momento rezava pra que ele não houvesse interpretado errado.
- Você não acabou de chegar? – Ele indagou depois de alguns segundos.
- É – suspirou Kirye – E estou entediada.
O ruivo pareceu analisar suas palavras por um instante antes de virar as costas, caminhando em direção a porta. Kirye arregalou os olhos achando que ele simplesmente iria embora e se sentindo horrível por ele provavelmente ter pensado que ela estava sendo oferecida, mas essa não era nem de longe sua intenção, pensou amargurada. Então ele parou no batente da porta, ainda de costas, e perguntou:
- Aonde vamos?
Miranda se sentia mal por Alexia. Problemas de família todo mundo tem, mas ela realmente não estava em uma maré de sorte. Depois da conversa catastrófica com o pai, quando ela lhe abraçou e rompeu a chorar, se recompôs em menos de um minuto e secou as lágrimas com as costas das mãos. Miranda sabia que ela não costumava demonstrar fraqueza a menos que se sentisse exausta demais para continuar se contendo. Alexia não disse nenhuma palavra sobre o assunto, não que não confiasse na amiga, mas não queria mais pensar naquilo. Miranda sorriu e se ofereceu para uma seção de manicure, sempre pensara naquilo como algum tipo de terapia, e Alexia, depois de respirar fundo, aceitou com um sorriso no rosto como se tudo já estivesse em perfeita ordem. Não estava, sabia, mas ela fazia parecer que sim.
Depois de fazer uma francesinha perfeita em suas unhas, achou que fosse bom deixá-la sozinha um pouco pra por os pensamentos em ordem e foi tomar banho.
Quando chegou ao corredor constatou, tristemente, que ambos os banheiros estavam ocupados. Naruto que passava por ali lhe informou que Kirye havia acabado de entrar para tomar banho, mas que Sasuke já estava no outro a mais de vinte minutos e já deveria estar saindo.
Pois bem, pensou se encostando ao corredor para esperar.
Não demorou muito para que a porta do banheiro a direita fosse aberta e Miranda suspirou aliviada ansiando por água quente. Uma cortina de vapor saiu pela porta e depois de alguns segundos começou a se dissipar. Diante da imagem que aparecia aos poucos Miranda prendeu a respiração. Mas que inferno de homem era aquele? Admirou embasbacada. Sasuke saiu do banheiro a passos lentos, apenas uma toalha branca enrolada a cintura, ele passava as mãos pelos cabelos negros tirando o excesso de água que escorria por seu pescoço seguindo o caminho por seus ombros largos e seu abdômen malhado. Ele estava tão gostoso e lindo que parecia se mover em câmera lenta enquanto sacudia a cabeça de um lado para o outro, os cabelos balançando e espirrando pequenas gotículas de água, uma cena digna de filme.
A brasileira umedeceu os lábios sentindo a garganta seca. Então ele levantou os olhos bem a tempo de pegá-la o encarando e o sorriso mais convencido que já havia visto se formou no canto de seus lábios. Convencido, pensou Miranda levemente indignada com o desdém nos olhos do moreno. Crispou os lábios esperando que o Sr. Arrogante do Tanquinho Maravilhoso fosse embora pra que pudesse tomar seu banho. Se bem que, talvez, só mais uma olhadinha não fizesse nenhum mal. Antes mesmo de se dar conta seus olhos estavam presos no abdômen trincado do moreno, se sentiu tremendamente boba, mas não se culparia por isso.
- Perdeu alguma coisa? – A voz rouca soou desdenhosa.
Miranda subiu o olhar um pouco encabulada. Sasuke lhe encarava com uma sobrancelha arqueada e aquele meio-sorriso que emitiam uma mensagem subliminar de "Eu sou demais". A vergonha se transformou rapidamente em indignação e ela precisava responder a altura.
Ergueu os ombros fazendo sua melhor cara de pouco caso.
- Só estava pensando – Disse casualmente.
O sorriso de Sasuke diminuiu e ele pareceu confuso por um instante, fez menção de sair andando, mas Miranda sabia que ele não iria antes de perguntar.
- Pensando?
Como esperado. Ela abriu um largo sorriso e lhe olhou provocativa.
- Sabe o que dizem sobre garotos com tanquinho demais – Cantarolou divertida e então propositalmente desceu o olhar novamente, dessa vez um pouco mais abaixo, soltando um risinho de deboche.
O moreno franziu o cenho visivelmente irritado e deu um longo passo em sua direção, aproximando-se mais do que o necessário e apenas para evitar a tentação Miranda recuou um pouco sem alterar o semblante irônico.
- Não, não sei – sibilou ácido – O que dizem? – Pendeu o rosto mais para frente estreitando os olhos.
Obviamente ele havia entendido muito bem a provocação, aquela garota estava insinuando que ele não era 'bem-dotado'. Se ela tivesse coragem de responder a sua pergunta, jurava que deixaria a maldita toalha cair e tiraria suas dúvidas.
Mas ela não respondeu, tampouco se abalou. Apenas suspirou e revirou os olhos impaciente, desviando-se dele e seguindo em direção ao banheiro, batendo a porta logo em seguida.
Atrevida, o moreno pensou encarando a porta fechada.
A casa estava em seu movimento de sempre, pessoas andando de um lado pro outro e disputando os dois banheiros para um banho no final do dia. Itachi chegou com mais caixas, acompanhado de Deidara e Sasori que ajudaram a carregar tudo até a enorme dispensa que, aliás, estava lotada. O ruivo fez menção de ir procurar por Alexia, mas Miranda avisou que ela já estava dormindo e quando ele insistiu dizendo que a acordaria mesmo assim, Hikari o intimou a deixar a garota em paz. Suspirou vencido, desistindo por hora. Não sabia por que daquela sua fixação com a líder de torcida, mas também não se importava, sabia que hora ou outra ela iria se render e era só isso o que queria.
Hinata - como sempre - se ofereceu pra fazer o jantar, não só porque considerava cozinhar uma atividade construtiva e relaxante, mas também porque era a única que realmente sabia fazê-lo na casa. Edgar e Hikari se ofereceram para ajudar e logo havia um delicioso yakissoba esperando na mesa da sala de jantar.
Não houve quem recusasse, apenas Alexia não desceu para jantar, todo o resto se deliciou com a culinária milagrosa de Hinata.
Gaara e Kirye que acabavam de chegar se juntaram aos outros. O ruivo ignorou os olhares interrogativos de Edgar, não havia o que explicar, eles apenas foram a cidade dar uma volta, nada de mais.
O movimento na mansão se seguiu até tarde da noite, alguns saíram, outros foram dormir, até que apenas Itachi, Deidara e Sasori – que ainda não haviam ido embora – restaram na sala jogando videogame. Parecendo muito compenetrados, os dois primeiros apertavam compulsivamente os botões do joystik fazendo caretas para a televisão enquanto o ruivo esperava sua vez de jogar esparramado no sofá. Depois de algum tempo o movimento cessou, Itachi comemorou a vitória e fez questão de jogar na cara de Deidara que lhe encarava profundamente aborrecido.
- Vocês dois não são de nada – O moreno se gabou.
- Grande coisa – Deidara murmurou emburrado – É só uma porcaria de jogo de vídeo game, você devia era se preocupar em ganhar a aposta que fez com seu irmãosinho babaca.
- Não preciso me preocupar – Sorriu convencido – Já está tudo encaminhado.
- Encaminhado como? – Sasori entrou na conversa – Você nem falou com ela ainda, que grande estratégia!
- Ficar de papo é perda de tempo, Cat não vai cair em conversinha, é mais fácil agir logo de uma vez – O moreno explicou fazendo parecer muito simples – Amanhã vou fazer com que ela beba muito na festa, até etanol puro se for preciso. Ela vai ficar tão bêbada que irá transar com qualquer um que se ofereça...
- Ou terá um coma alcoólico – Interrompeu Deidara.
- E é aí que eu entro – Continuou Itachi ignorando o comentário do loiro.
- O que te faz pensar que ficando bêbada ela vai querer dar pra você e não pra qualquer outro que esteja na festa, como seu irmão? – Perguntou o ruivo fazendo pouco caso.
- Sasuke? – Perguntou em um tom quase ofendido – Ele é tão ruim com mulheres quanto vocês dois no vídeo game, não é de nada!
- Não é isso que a Ino acha – Provocou Deidara – Que eu saiba, foi ele quem ganhou essa aposta.
- Uma exceção! – Sibilou ríspido.
- E quanto a Karin? – Acrescentou Sasori maldosamente. Itachi estreitou os olhos, visivelmente nervoso, e ele continuou apenas para agravar a situação – E Rin, Heiko, Sari ... Teve também aquela francesa, Sierra, essa era de matar do coração heim?
- Ruivo cretino – Xingou lançando-lhe um olhar assassino – Não importa, ele não vai ganhar desta vez. Sasuke está com a cabeça longe dessa aposta, só perdendo tempo com aquela branquela gostosinha, quando ele se der conta terá que fazer as malas e se mandar.
- Quem é a 'branquela gostosinha'? – Deidara perguntou.
- Não seria a Hikari, seria? – Sasori indagou com uma sobrancelha arqueada – Porque ela não vai gostar do apelido.
- É – incentivou Deidara, mas por outros motivos – Não me diga que você está chamando essa perua ruiva de gostosa!
Itachi e Sasori dirigiram olhares de reprovação pra Deidara que apenas murmurou um 'Argh' antes de virar a cara sabendo que os outros dois não apoiariam seu ódio sem sentido por Hikari.
- Eu não to falando da Hikari, babaca – Itachi se dirigiu a Sasori recebendo de volta uma careta – Sasuke está correndo atrás da Alexia – Sorriu de canto sabendo que isso irritaria o ruivo.
Sasori ficou imóvel por um instante, olhando pra Itachi com cara de nada como se estivesse absorvendo as palavras, então ele crispou os lábios e franziu a testa.
- Desde quando? – Perguntou tentando parecer natural, sem sucesso.
Itachi ergueu os ombros como quem diz que não dá a mínima pra isso, mas acabou arriscando um palpite.
- Acho que desde aquele dia que eles se pegaram na boate – respondeu por fim.
Sasori já sabia daquilo e se revoltava por Alexia ter ficado assim tão facilmente com o moreno, mas não lhe dar chances. De qualquer forma Itachi havia dito que ela tinha o deixado plantado no meio do banheiro da boate e depois disso não ouviu falar mais nada sobre qualquer envolvimento entre os dois. Quando foi tirar satisfações, vencida pela insistência do ruivo, a própria Alexia disse que não tinha nada com Sasuke e isso tinha sido o suficiente para que o ele não ligasse mais pro assunto.
Então de que diabos Itachi estava falando?
- Mas ela o deixou plantado lá – Disse sem entender.
- É, mas parece que ele não desistiu como todo mundo tava pensando – Itachi explicou sem muito interesse.
- Então ele pode esquecer, porque se Alexia for ficar com alguém nessa porra de festa vai ser comigo! – Sasori finalizou irritado e se levantou do sofá – To indo nessa.
Itachi e Deidara lhe encararam com as sobrancelhas arqueadas e olhares interrogativos.
Não que ele achasse a líder de torcida assim tão grande coisa, era bonita, mas como dizem, não era duas. O problema é que já estava farto de ela ficar fazendo todo esse doce com ele pra ficar dando mole pra um 'moleque' igual à Sasuke. Com certeza ela já devia ter dormido com ele, pensou irritado, agora que moravam na mesma casa tudo ficava mais fácil para o Uchiha mais novo. Daria um jeito de acabar com aquela palhaçada, talvez copiasse a tática de Itachi, sabia que a morena era fraca com bebidas, quem sabe depois de umas boas dose de Whisky ela não parasse com aquela manha infernal. Francamente, estava na cara que ela queria ficar com ele, se não ela não se arrepiaria toda quando ele lhe toca, o ruivo já havia reparado nisso, já vira até seus joelhos vacilarem. Porque inferno então ela o esnobava tanto?
Sasori chegou à conclusão que estava sendo muito bonzinho com ela, estava pegando leve e tinha certeza, ela adorava torturá-lo e fazia de propósito! Mas estava decidido... Faria aquela patricinha gritar seu nome, a noite toda, e ainda implorar por mais.
Continua...
E é com essa reação polemica do nosso ruivo delícia que termino esse capítulo \o/
Pra falar a verdade, minha idéia inicial era que a festa acontecesse já nesse capítulo, mas havia algumas cenas que precisavam ocorrer antes. Eu ia escrever essas cenas que faltavam, depois ia escrever metade das cenas da festa e deixar a outra metade para o outro capítulo.
Mas vai acontecer muita coisa na bendita festa, deste o último capítulo minha mente ferveu de novas idéias e as idéias que eu já tinha foram se aperfeiçoando e tomando forma até ficar tudo bem nítido... Aí eu pensei, dividir tudo isso ia estragar a magia da coisa.
Por isso eu usei esse capítulo para criar uma interação maior entre os personagens e ir encaminhando cada coisa para seu devido lugar.
Estou aqui, acreditem ou não, assistindo hipertensão e torcendo pra Nanda ficar na porra do jogo, essas coisas me dão muito nervoso, porque ela é muito lerda D:
PORRA! Ela perdeu, que merda! Única mulher na porcaria do jogo... Tenho meus momentos feministas, sabe?
Ok, foco.
Voltando ao assunto... Eu quis passar a vocês a idéia de que essa semana de convivência aproximou todo mundo sabe? Além de começar, mas só começar, a desfazer aquele troca-troca entre Miranda e Alexia.
Aliás, quero o palpite de vocês, o que vocês acham: Quem vai ficar com Catherine? Quem vai ficar com Alexia? Gaara e Kirye, será que vai? Miranda e Naruto, acabou? Hikari não se contenta com sua legião e amigos gostosos e quer o professor mais sexy de todos os tempos, comofaz? Edgar vai à caça, vai pegar geral? IOHEIOHEIOHEIO.
Pois é meus queridos e minhas queridas, preparem-se para surpresas e cenas bem quentes, pois elas virão! *-*
Dediquei bastante tempo pra terminar logo este capitulo, pra compensar vocês, pois o polêmico capítulo da festa, aviso desde já, pode demorar a sair. Como eu disse já tenho tudo muito claro na minha cabeça, mas talvez me falte tempo para transportar isso para o computador. Culpa de provas mensais e dezenas de trabalho. Como ainda estava um pouco 'folgada' com muitos feriados, uma seqüencia de motivos para não ter aula (Reuniões, conselho, excursões e paredões \o/), e pouca coisa pra fazer até agora, corri com o capítulo e espero que tenha agradado vocês.
Como sempre, eu agradeço imensamente a todos que mandaram reviews no último capítulo, devem ter percebido que criei vergonha nessa cara de pau e respondi a todas por PM.
E peço encarecidamente que vocês continuem fazendo essa autora feliz, apertem aquele link lindo e maravilhoso no final da página, e deixem seu comentário, elogio, critica, xingamento, o nome do seu cachorro, o que você fez no verão passado, enfim, o que vocês quiserem, mas não deixem a autora que aqui vos fala apodrecer na solidão D:
Dramatic mode on ¬¬
Ok, agora me deu vontade de falar um monte de coisas inúteis sobre a minha vida nas ultimas semanas, .-.
- Eu li e super recomendo o livro "Querido John"; é lindo e eu chorei, acho que no final tudo deu errado, mas ainda assim foi lindo. Estou com tendências a drama em A república também, aguardem.
- Comecei a namorar há uma semana.
- Quero terminar.
(Momento desabafo: Eu gosto dele, ele é um gato e a gente tava ficando a mais de quatro meses, mas eu não queria namorar sabe? Compromisso me bota medo, mas ele pediu tão fofo, tinha muita gente olhando e eu aceitei por livre e espontânea pressão. Estou uma pilha de nervos. Merda!)
- Já passa da meia noite e meia e eu estou aqui escrevendo coisas inúteis sobre mim, sem sono nenhum e adivinhem: tenho que acordar cedo amanhã e passar o dia inteiro na escola. Delícia.
- Parece meio psicopata, mas sou só eu que acho super sexy e profundo o clipe de "I Love the way you lie"?
- Não, não estou bêbada .-.
- Digam não a Dilma \o/
Melhor ficar por aqui.
Um grande beijo a todos vocês, até (acho que não tão) breve, Lunna.
