Saint Seiya não me pertence... Mas se pertencesse, Seiya ia sofrer tanto...u.u Créditos ao tio Kurumada...
Créditos à Cassandra Clare.
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Dark Ookami: Ohohohohohoho! Esse povo é estressado mesmo, não estranhe se eles tacarem fogo um no outro xDDDD Brincadeira xD
Metal Ikarus: Hoho! Thnxs a review! Ainda teremos muitos mistérios pela frente...u.u Saori entrou na história, mas logo ela vai mudar de vítima...u.u Acho que cozinhar não é um dos dotes da Isabelle xP Tadenha...
Tenshi Aburame: Sim! Saori é sinônimo de vaca! Ela entrou pra aprontar na fic XD Chruch é mesmo um fofo! Adoro ele!
Luiza Carla Vicari: Thnxs a review mocinha! Continue acompanhando!
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Betado por Black Scorpio no Nyx
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- Eu estava falando figurativamente.- Diz Dohko, limpando o suor da testa com um lenço de bolso, Clary viu que sua mão tremia ligeiramente.- Quando sua terra foi queimada, sua casa destruída, presumiu-se que a taça havia virado cinzas junto ao seu corpo e de sua esposa.
- Mas minha mãe viveu.- Disse Clary.- Ela não morreu naquele incêndio.
- E nem Valentine pelo visto.- Diz Dohko.- A Clave não ficará satisfeita de ter sido enganada, mais importante que isso, eles vão querer possuir a Taça e mais importante que isso ainda, eles não vão deixar Valentine possuir ela.
- Me parece que a primeira coisa que devemos fazer é encontrar a mãe de Clary, encontrando ela, saberemos onde está a Taça. Isso antes de Valentine.- A ideia pareceu ótima para Clary.
- Absolutamente não!- Diz Dohko, ele olhava para Milo como se ele tivesse proposto fazer malabarismos com nitrogênio em uma solução.
- Então o que vamos fazer?
- Nada. Vamos deixar esse assunto para os Caçadores de Sombras mais experientes.
- Eu sou experiente!- Diz Milo.
- Eu sei que você é experiente.- A voz de Dohko era calma, quase paternal.- Mas ainda assim é uma criança!
- Eu não sou uma criança.- Milo olhou para Dohko semi cerrando os olhos, seus longos cílios faziam sombras nos ossos angulares do rosto, se fosse outra pessoa soaria como uma timidez, mas para Milo, soava como uma ameaça.
- Dohko está certo!- Diz Alec. Ele era uma das únicas pessoas, pensou Clary, que olhava para Milo não com medo dele, mas com medo do que poderia acontecer com ele.- Valentine é perigoso.- Continuou ele.- Você pode ser um ótimo Caçador das Sombras, o melhor da sua idade. Mas Valentine já foi melhor, precisou de uma grande batalha para derrotá-lo.
- E isso porque ele não foi aparentemente derrotado.- Diz Isabelle examinando os dentes de seu garfo.
- Mas nós estamos aqui!- Diz Milo.- E em virtude do Acordo não há mais ninguém! Se não fizermos nada...
- Nós faremos.- Diz Dohko.- Irei mandar um recado para a Clave essa noite. Eles mandarão uma força Nephelin pela manhã, se eles precisarem. Você já fez o suficiente.
- Eu não gosto disso. - Milo acalmou-se, mas seu olhos estavam mais brilhantes.
- Você não tem que gostar.- Diz Alec.- Apenas cale a boca e não faça nada de estúpido.
- Mas e minha mãe? Ela não pode esperar por alguém da Clave!- Diz Clary.- Valentine tem ela agora mesmo! Minos e Aiacos disseram que eles podem até... Eles podem...- A voz de Clary sumiu, seus olhos se encheram de lágrimas, logo ninguém tinha coragem de cruzar os olhos com ela.
- Machucar ela.- Diz Shura.- Eles disseram que ela está inconsciente e que Valentine não está satisfeito com isso.
- Eu ficaria inconsciente por um bom tempo se fosse ela.- Diz Saori.
- Mas ela pode acordar a qualquer momento!- Diz ignorando Saori.- Eu pensei que a Clave protegia as pessoas, eles poderiam já ter mandado alguém aqui para procurá-la!
- Isso seria mais fácil.- Rebateu Alec.- Se nós tivéssemos ideia de onde procurar.
- Mas nós temos.- Diz Milo.
- Nós temos?- Clary olha para ele curiosa e ansiosa.- Onde?
-Aqui.- Milo inclinou para frente e tocou sua cabeça, na têmpora, um toque tão leve que Clary rubrou levemente.- Tudo que precisamos saber está trancado aí, debaixo desses lindos cachos vermelhos.
- Eu não acho que...- Clary tocou seu cabelo protetivamente.
- E o que você vai fazer?- Pergunta Shura.- Cortar a cabeça dela?
- Não seja estúpido.- Milo diz calmamente.- Os Irmãos do Silêncio podem ajudá-la a se lembrar.
- Você odeia os Irmãos do Silêncio.- Isabelle protesta.
- Eu não os odeio.- Diz Milo.- Eu tenho medo deles. É diferente.
- Eu pensei que eles eram bibliotecários como você tinha dito.- Diz Clary.
- E eles são bibliotecários.
- Aqueles devem ser os assassinos mal remunerados.- Sibilou Shura.
- Os Irmãos do Silêncio são arquivistas, mas seus poderes vão além disso.- Dohko interrompe, soando como se tivesse esgotado a paciência.- A fim de reforçar as suas mentes, eles optaram por utilizar runas poderosas em si mesmos. O poder dessas runas é tão grande que a utilização delas por eles...- Clary ouviu a voz de Alec em sua mente dizendo"Eles se mutilam a si mesmos".- Bem, eles deformam e alteram suas formas físicas. Eles não são guerreiros como os outros Caçadores das Sombras. Seus poderes não vem do corpo, mas da mente.
- Eles podem ler mentes?- Pergunta Clary.
- Entre outras coisas. São os mais temidos dentre os caçadores de demônios.
- Não sei.- Diz Shura.- Prefiro ter alguém bagunçando dentro da minha mente que cortando ela.
- Então você é um idiota maior do que parece!- Diz Milo cumprimentando ele com desprezo.
- Milo tem razão, eles são assustadores...- Diz Isabelle.
- Eles são muito poderosos.- Dohko aperta suas mãos na mesa.- Eles andam na escuridão e não falam, mas podem abrir uma fenda na mente de um homem, da mesma maneira que se abre uma fenda em um de nós, e deixar ele gritando sozinho no escuro, se é isso que eles desejam.
- E você quer me dar a eles?- Clary olha assustada para Milo.
- Eu quero que eles ajudem você.- Milo se inclinou na mesa, ficando tão próximo que ela podia ver bem o azul dos seus olhos.- Talvez não precisemos da Taça, a Clave que procure por ela. Mas o que está em sua mente pertence a você. Alguém escondeu segredos aí, segredos que você não pode saber, coisas importantes, talvez. Você não quer saber a verdade sobre sua vida?- Ele diz suavemente.
- Mas... Eu não quero ninguém dentro da minha cabeça...- Clary diz fracamente. Sabia que Milo tinha razão, mas não queria que seres que até os Caçadores das Sombras tinham medo mexendo em suas memórias.
- Eu vou com você.- Milo disse.- Vou ficar com você até eles terminarem isso.
- Mas...
- Deixem ela em paz!- Diz Shura se levantando.
- O que está fazendo ainda aqui, mundano?- Diz Alec, como se reparasse que ele estava ali apenas nesse momento.
- Alec tem razão, o Instituto é apenas para os Caçadores das Sombras e não para seus amigos!- Diz Milo.
- Eu mostro a saída para ele.- Diz Isabelle pegando ele pelo braço.
- Eu vou dormir...- Clary observa eles se afastarem, sabia que Shura queria que ela fosse junto com ele, mas ela achou melhor ficar no Instituto. Ela se levantou e caminhou pelo corredor, vendo ao longe duas silhuetas que ela imaginou ser Isabelle e Shura, sua visão começou a ficar turva, suas pernas pararam e ela se apoiou na parede, logo seu corpo escorregou até o chão e tudo ficou escuro...
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"Era toda em dourado e branco, as paredes eram altas e cintilavam como esmalte, o teto alto era claro e brilhante como diamante. Clary usava um vestido de veludo verde escuro e segurava um leque dourado. Seus cabelos torcidos em um laço que derramava cachos, fazia a cabeça dela se sentir estranhamente pesada toda vez que ela olhava para trás, usava pesados brincos de pedra nas orelhas.
Ela vê Maia e Shura dançando mais à frente, novamente a amiga tinha os olhos amarelados, Shura vestia-se de preto como os Caçadores das Sombras, a cor destacava o branco de sua pele, estava muito bonito. Eles sorriam enquanto deslizavam pelo salão feito dançarinos profissionais.
Clary caminhou para perto da fonte de taças de champanhe, no centro uma estátua de sereia com uma taça de prata derramando o líquido espumante em suas costas nuas, assim que passou por ela, as pessoas estavam enchendo suas taças na fonte.
A sereia se virou sorrindo assim que Clary passou por ela, os dentes brancos e afiados como os dos vampiros.
- Bem vinda a Cidade de Vidro. - Diz uma voz conhecida.
Clary dançava com Milo, que estava vestido de branco, o material de sua camisa era semelhante a algodão fino, podendo ver suas marcas por baixo dela. Havia uma corrente de bronze no pescoço, seus olhos muito azuis e seus cabelos mais dourados que o normal. Ela pensou em como queria pintar seu retrato com o embotado em ouro como normalmente ela via em retratos de ícones russos.
- Onde estão Shura e Maia?- Clary olhava em volta enquanto rodavam a fonte de champagne, perto da fonte Isabelle e Alec, ambos em azul real, estavam de mãos dadas como Hansel e Gretel.
- Este lugar é para a vida.- As mãos de Milo estavam geladas.
- O que você quer dizer com isso?- Clary estreita seu olhar sobre ele.
Ele se inclinou para perto. Ela podia sentir seus lábios em sua orelha, eles não estavam frios.
- Acorde Clary.- Ele disse.- Acorde. Acorde.
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Clary sentou ereta na cama, o cabelo pregado na testa pelo suor frio, seus pulsos estavam seguros em um forte aperto, ela tentava se afastar, foi então que ela percebeu quem a impedia.
- Milo...
- Sim.- Ele estava sentado ao seu lado na cama.
Como ela havia chegado a uma cama? Ela não se lembrava... Ela passou as mãos nos cabelos, estavam desgrenhados, ela imaginou que estava com a cara sonolenta e os olhos inchados como em todas as manhãs.
- Me solta.- Ela diz tentando puxar seus punhos.
- Desculpe.- Milo escorregou as mãos para longe dela.- Você tentou me bater no segundo em que disse seu nome.
- Acho que estou um pouco nervosa... Me desculpe. - Clary olhou em volta, estava em um pequeno quarto decorado com madeira escura.
- Como eu vim parar aqui? Eu não me lembro... - Clary imaginou que era madrugada, ou um pouco depois, sua mochila estava em um canto do quarto.
- Eu a encontrei dormindo no chão do corredor.- Milo soou divertido.- Dohko me ajudou a te colocar na cama, achamos que um quarto seria mais confortável que a enfermaria.
- Uau. Não me lembro de nada... - Clary afasta alguns cachos desgrenhados para longe de seus olhos.- Que horas são afinal?
- Cinco da manhã.
- É bom ter um bom motivo para me acordar uma hora dessas!
- Porque? Estava tendo um bom sonho?
- Não me lembro... - Ela ainda ouvia a música tocando levemente e sentia a jóia fria em suas bochechas.
- Um dos Irmãos do Silêncio está aqui e Dohko pediu para vir te acordar.- Milo ficou de pé.- Na verdade, ele se ofereceu para te acordar sozinho, mas achei que sendo cinco da manhã, seria melhor você ver alguém mais atraente.
- Quer dizer você?
- Quem mais? – Milo sorri e Clary vira os olhos.
- Eu não concordo com isso, você sabe.- Rebateu ela.- Essa coisa dos Irmãos do Silêncio...
- Você quer ou não encontrar sua mãe? É só se encontrar com o Irmão Jeremiah, você pode até gostar dele. Ele tem um grande senso de humor, para alguém que nunca disse uma palavra.
Clary olhou para ele, depois de um tempo ela colocou as mãos no rosto.
- Sai, sai daqui para eu poder me trocar.
Assim que Milo saiu, ela colocou as pernas para fora da cama, apesar de ser madrugada, o calor úmido impregnava o quarto. Ela empurrou a janela fechada e se arrastou para o banheiro, precisava lavar o rosto e a boca, que tinha gosto de papel velho.
Cinco minutos depois ela deslizava os pés em seus tênis verdes, vestia agora um shorts com a barra rasgada e uma camiseta preta simples, ela desejou por um momento que suas pernas finas e branquelas se parecessem um pouco com as longas e esbeltas pernas de Isabelle. Depois de puxar o cabelo para trás e prendê-lo em um rabo de cavalo alto, ela foi se encontrar com Milo no corredor.
Church estava junto com o garoto, resmungando e circulando inquietamente.
- O que há com ele?- pergunta Clary.
- Os Irmãos do Silêncio o deixa nervoso.
- Parece que os Irmãos deixam todos nervosos...
Milo sorriu fracamente. Church viu eles seguirem pelo corredor, mas não os seguiu, as paredes de pedra da catedral ainda detinham algumas horas do frio da noite, os corredores eram escuros e frios.
Quando eles chegaram a biblioteca, Clary ficou surpresa ao ver que as luzes estavam desligadas, o local iluminado apenas pela luz que entrava da enorme janela abobada. Sentado atrás da mesa, Dohko com seu terno cinza e os cabelos iluminados pela lua, por um momento ela achou que ele estava sozinho e Milo havia ido fazer uma brincadeira com ela, mas logo ela viu algo sair da obscuridade, e ela percebeu que aquilo era um homem.
Era um homem alto vestindo um pesado manto que lhe cobria os pés, o capuz estava levantado, escondendo seu rosto, o manto era da cor do pergaminho e as intrincadas runas em torno da orla e das mangas pareciam ser tingidas a sangue seco. Os pêlos do braço e da nuca de Clary se arrepiaram.
- Este... - Disse Dohko.- É o Irmão Jeremiah, da Cidade do Silêncio.
O homem se aproximou de Clary, o manto se arrastando sobre seus pés, mas ela notou algo estranho, seus passos não tinham som, e até mesmo o manto que se movia era silencioso.
Um fantasma? Clary logo dispensou esse pensamento quando ele parou em frente a eles, havia um estranho, doce cheiro sobre ele, parecido com incenso e sangue, cheiro de algo vivo.
- E essa Irmão Jeremiah... - Diz Dohko se levantando.- É a garota sobre o qual eu escrevi, Clarissa Fray.
- Oi...- Ela disse assim que ele virou o rosto encapuzado em sua direção.
- Eu decidi que você estava certo, Milo.- Diz Dohko.
- Eu sempre estou certo.- Milo sorri.
- Eu mandei uma mensagem a Clave com os últimos acontecimentos. - Dohko diz ignorando o comentário de Milo.- As memórias de Clary são apenas dela, e cabe a ela a decisão de querer ou não a ajuda dos Irmãos do Silêncio.
Clary não disse nada, Madame Hilda havia dito que algo bloqueava sua mente, ela precisava saber... Mas só de ver aquela figura que mais parecia uma sombra negra de tão silenciosa, lhe dava arrepios... Irmão Jeremiah a observava, o rosto próximo, mas tudo que ela via era apenas escuridão debaixo do capuz.
Essa é a filha de Jocelyn?, diz uma voz em sua mente, Clary deu um passo para trás assustada, era como se ela tivesse pensado naquela voz, mas ela não o tinha.
- Sim.- Diz Dohko.- Mas o pai dela era um mundano. - Acrescenta.
- Isso não importa, sangue de Nephelim é dominante.
- Porque você chama minha mãe de Jocelyn? Conhecia ela?- Clary procurava em vão algum sinal por baixo do capuz.
- Os Irmãos do Silêncio tem registros de todos da Clave.- Diz Dohko.- Um registro completo.
- Nem tão completo, ou eles saberiam que ela não havia morrido.- Diz Milo.
- É provável que ela tinha a ajuda de um bruxo para seu sumiço. Nenhum Caçador das Sombras escapa facilmente da Clave.
Irmão Jeremiah não tinha emoção em sua voz, parecia não aprovar nem desaprovar as ações de Jocelyn.
- O que eu não consigo entender é porque Valentine acha que minha mãe tinha a Taça? Se ela teve tanto trabalho para desaparecer, porque ela ia levá-lo?
- É porque, ela sendo esposa de Valentine, sabia muito bem o que ele pretendia com a Taça, e uma vez que ela não confiava na Clave, achou melhor sumir com ela para que Valentine não terminasse seu plano. Se a Clave soubesse que sua mãe estava viva, com certeza a procurariam em primeiro lugar.
Clary imaginou sua mãe fugindo na escuridão com a Taça de ouro escondida no bolso de seu macacão.
- Ao que me parece.- Clary diz.- Ninguém que a Clave pensou estar morto, realmente estava morto, acho que eles deveriam usar registros odontológicos.
- Meu pai está morto.- Milo tinha uma ponta de raiva em sua voz.- Não preciso de registros odontológicos para saber.
- Eu não quis...- Clary se sentia um pouco mal.
Isso é o suficiente. Interrompe Irmão Jeremiah. Há verdade o suficiente aqui, se você tiver paciência suficiente para escutar.
Com um gesto rápido, Irmão Jeremiah retirou o capuz, Clary segurou a vontade de gritar. A cabeça do homem era careca, branca e lisa como um ovo, havia covas no lugar dos olhos, seus lábios haviam sido costurados cruzados com linhas pretas, como em uma costura cirúrgica. Clary logo entendeu o que Isabelle quis dizer com mutilação.
Os Irmãos do Silêncio nunca mentem. Se você quiser a verdade de mim, terá que dizer a verdade em troca.
- Também não sou uma mentirosa.- Clary levanta seu queixo.
A mente não pode mentir... Jeremiah moveu-se em direção à Clary. Sãos suas memórias que eu quero.
Clary segurou a respiração, o cheiro de sangue e tinta, adicionado à face bizarra do irmão Jeremiah a faziam entrar em pânico.
- Espera...- Ela se afasta.
- Clary...- Diz Dohko, seu tom de voz era suave.- É provável que tenha memórias enterradas ou reprimidas, memórias de quando você era muito pequena. Irmão Jeremiah pode ajudar a se lembrar delas, isso pode nos ajudar.
- Eu sei... Mas...
- Clary, não se preocupe.- Milo segura suas mãos.- Você não precisa fazer nada que não queira. Não é mesmo?- Ele se vira para Irmão Jeremiah, que concorda com um leve menear da cabeça.
- Tudo bem...- Clary respira fundo.- Eu vou fazer isso.
Irmão Jeremiah se moveu para mais perto dela, a falta de som fez um arrepio percorrer sua espinha.
- Vai doer?- Clary perguntou, mas não obteve resposta.
Os dedos finos e longos do arquivista encostaram em suas têmporas, a pele era fina como papel de pergaminho e todo tatuado em runas, ela podia sentir o poder delas. Ela fechou os olhos antes que pudesse ver a cara de ansiedade de Dohko.
Tudo começou a girar, cores rodavam no interior de suas pálpebras, ela sentiu uma pressão puxando todo seu corpo para baixo, sentia como se fosse pressionada contra algo duro e inflexível, sendo lentamente esmagada. Ela ouviu a si mesma suspirar pesadamente, logo tudo ficou frio... Em flashs, ela viu prédios cinzentos sobre sua cabeça, as árvores brancas, sentiu os flocos congelados caindo sobre seu rosto.
- Já chega!- A voz de Milo cortou o inverno frio, os flocos de neve pararam, um súbito branco e Clary salta com os olhos abertos.
Pouco a pouco a visão da biblioteca voltou, os livros alinhados nas estantes altas, os rostos assustados de Milo e Dohko. Irmão Jeremiah ficou imóvel, um ídolo de cera, ela sentiu uma dor acentuada nas mãos e se deu conta das marcas vermelhas e pontuadas em sua pele, onde as unhas haviam cravado.
- Milo!- Repreende Dohko.
- Olhe para as mãos dela!- Diz Milo.
- Você está bem?- Dohko coloca a mão no ombro de Clary.
- Estou sim...- A pressão esmagadora havia sumido, agora ela sentia seus cabelos molhados de suor e a camiseta grudando nas costas como fita adesiva.
Há um bloqueio em sua mente, suas memórias não podem ser alcançadas.
- Um bloqueio?- Pergunta Milo.- Você quer dizer que ela reprimiu suas memórias?
Não. Quero dizer que há um bloqueio em sua mente consciente por um feitiço. Eu não posso fazer nada aqui, ela terá de ir até a Cidade de Osso ficar diante da Irmandade.
- Um feitiço?- Pergunta Clary.- Quem colocaria um feitiço em mim?
Ela olha para Milo que estava consideravelmente pálido, ele olhava para seu tutor.
- Não acho que seja necessário ela ir se não quiser...- Diz Milo.
- Não. Eu vou.- Diz Clary.- Eu preciso e quero saber quem fez isso comigo.- Ela precisava urgentemente de um lugar escuro e calmo para dormir.
- Tudo bem. Então eu vou com você.- Diz Milo.
Sair do Instituto era como estar entrando em uma lona úmida e quente. Apesar de ser meio da noite o ar era uma baforada quente.
- Eu ficaria mais tranqüila se Dohko viesse conosco...- Diz Clary.
- Eu não sou proteção suficiente para você?- pergunta Milo.
- Não é isso, apenas que ele me deixaria mais tranqüila.- Diz Clary.
Logo um estreito carro negro com vidros coloridos parou ao lado deles, o motor roncando barulhento, ele era longo, lustroso e baixo até o chão como uma limousine e com vidros curvados para fora.
Milo olhou para ela de soslaio, meio que rindo, Clary relaxou seu olhar, rasgando o glamour em volta do carro como um véu, lá estava a real forma. Parecia com a carruagem da Cinderela, mas ao invés de ser rosa, azul e dourado como um ovo de páscoa, era preto com suas janelas sombriamente pintadas. As rodas eram negras, o couro adornando tudo em preto, no metalizado preto banco do motorista estava Irmão Jeremiah, o rosto tampado pelo capuz cor de pergaminho, em suas mãos rédeas, do outro lado dois cavalos negros como fumaça e olhos vermelhos rosnavam batendo as patas no ar.
- Entre.- Diz Milo. Mas vendo que Clary se mantinha parada e boquiaberta, ele a puxou pelo braço, a empurrando pela porta semi aberta, a carruagem começou a se mover antes que ele fechasse a porta, Milo caiu sentado no banco de estofado lustroso.- A escolta para a Cidade de Osso não é pra se torcer o nariz.
- Eu não estava torcendo meu nariz! Estava apenas admirada, pensei que era um carro comum.
- Relaxa e aproveite o cheiro de carruagem nova.
Clary virou os olhos e olhou pela janela, ela pensou que a carruagem não teria chance nenhuma contra o tráfego de Manhattan, mas ela seguia rapidamente e silenciosamente em meio ao barulho dos outros carros. Um pouco a frente, um táxi amarelo bloqueava o caminho deles, Clary ficou tensa e preocupada com os cavalos, então os cavalos empinaram como se estivessem subindo em alguma coisa, ela esperou a carruagem se arrastar no chão, mas ao invés disso, ela deslizou silenciosamente por cima do táxi, logo ela sentiu o solavanco da descida, o taxista fumava olhando para algum lugar.
- Eu sabia que os taxistas de Nova York não prestavam atenção ao trânsito, mas isso é ridículo!- Diz Clary.
- Diz isso porque você pode ver através do glamour agora...- Milo deixou o final da frase perdurar entre eles.
- Eu só consigo ver através dele quando me concentro, e isso faz minha cabeça doer.
- É por causa do bloqueio mental.- Diz Milo.- Os Irmãos vão cuidar disso.
- Então o que?
- Então, você verá o mundo como ele é, infinito.- Milo dá um sorriso seco.
- Não cite Blake para mim!
- Eu não achei que você soubesse dele, não tem muita cara de quem lê poesia...- O sorriso dele fica menos seco.
- Eu sei por causa dos The Doors.
- O que é isso?- Pergunta Milo.
- Não acredito que você não conhece? Você não ouvem música, assim no seu trabalho?
- Talvez o ocasional coro do lamento dos malditos.
A carruagem dá outro solavanco, Clary se agarrou na borda de seu banco e eles rolaram para um ônibus M1 do centro, desse ponto ela podia ver os antigos prédios alinhados na avenida, esculpidos com gárgulas e cornijas ornamentais.
- Estava brincando. Meu pai me fez aprender a tocar um instrumento musical.- Diz Milo sem olhar para ela.
- Ele parece ter sido rigoroso.
- Não digo rigoroso, ele era indulgente comigo. Ele me ensinou tudo sobre armas de treinamento, demonologia, erudição arcana, línguas antigas. Ele me dava tudo o que eu pedia, cavalos, livros, armas e até mesmo uma águia.
Nenhum garoto que Clary conhecia pedia livros no Natal ou aniversário, na verdade não tinham nem interesse em ler nada que não fosse um gibi ou algo cheio de figuras.
- Porque você não disse a Dohko que conhecia os homens que conversavam com Luke? Que foram eles que mataram seu pai?
Milo olhou para suas mãos, eram bem cuidadas e de dedos longos, pareciam mais mãos de artista, não um guerreiro, o anel em seu dedo brilhou, Clary pensou que acharia feminino um homem de anel, mas não achou. O anel em si era diferente, de um material pesado, sólido, de um cinza queimado parecendo prata com estrelas esculpidas em volta da letra W.
- Porque se eu dissesse, ele saberia que eu iria querer matar Valentine sozinho.- Disse Milo.- Ele nunca permitiria.
- Você quer matar ele por vingança?
- Não, por justiça.- Milo fecha o punho.- Eu nunca soube quem matou meu pai, agora eu sei... Essa é minha chance de fazer isso certo.- Diz sem olhar para ela.
Eles passavam através do Astor Palace, evitando um bonde roxo da Universidade de Nova York. Pedestres transitavam esmagados pelo ar pesado, havia crianças desabrigadas reunidas debaixo de uma estátua de metal, caixinhas de papelão assinalavam pedidos de dinheiro apoiadas em frente a eles. Clary viu um casal, a garota tinha cerca da idade dela, a cabeça era raspada e estava apoiada em um rapaz com Dreadlocks e o rosto cheio de piercings, ele virou a cabeça quando a carruagem passou, como se pudesse ver eles, então ela viu os olhos dele, eram claros e sem pupila.
- Eu tinha dez anos.- Milo disse. Clary virou para olhá-lo, parecia que a cor sempre era drenada dele quando ele falava sobre seu pai.- Nós morávamos em um sobrado fora do país. Eu vi quando eles chegaram para falar com meu pai, ele pediu para eu me esconder e me escondi debaixo das escadas. Eles estavam com outros homens, Esquecidos, logo dominaram meu pai e cortaram sua garganta, o sangue escorreu e manchou meus sapatos. Eu fiquei apenas olhando, sem poder fazer nada, paralisado...
- Eu sinto muito, Milo.- Disse Clary depois de um tempo, havia levado alguns segundos para ela perceber que ele havia parado de falar, e outros para encontrar sua voz.
- Eu não entendo essa mania dos mundanos de se desculparem por algo que não fizeram.- Seus olhos cintilaram na escuridão.
- Não estou me desculpando. É uma maneira de enfatizar o sentimento de pesar, por você estar infeliz!.- Diz Clary.
- Não estou infeliz.- Diz Milo.- Infelicidade é para aqueles que não tem objetivos, eu tenho um objetivo!
- Você quer dizer, matar demônios, ou se vingar de seu pai?
- Ambos.
- Você acha que seu pai ficaria feliz se você matasse aqueles homens? Só por vingança?
- Um Caçador das Sombras que mata outro é pior que um demônio, e deve ser colocado abaixo como um.- Milo diz como se estivesse citando um livro.
- Todos os demônios são maus? Quero dizer, os vampiros, lobisomens são maus também?
- Os lobisomens, vampiros e bruxos são metade demônio, ainda mantêm a parte humana, mas os demônios não. Eles são totalmente maus, querem apenas destruir e sugar a vida de todo o lugar onde eles vã eram poucos demônios que ousavam vir para o mundo dos humanos, mas ultimamente há uma invasão em massa. Então mais e mais Caçadores das Sombras saem para a batalha e poucos voltam.
- Você faria mais Caçadores das Sombras se tivesse a Taça?- Pergunta Clary.
- Faria. - Responde Milo.- Mas não tenho a Taça. Muitos de nós morrem jovens e nossa raça está diminuindo.
- Vocês não...Uhhhh... - Clary procurava a palavra certa.- Reproduzem?
Milo caiu na gargalhada, fazendo a carruagem tombar para a direita por causa disso, ele se manteve no lugar, mas Clary caiu em cima do rapaz. Ele a segurou pelo ombro suavemente.
- Claro que nos reproduzimos.- Ele diz com um sorriso.- Adoramos fazer isso, aliás é uma das nossas coisas favoritas.
Clary se empurrou para longe de Milo com o rosto em brasa no meio da escuridão e se virou para a janela, eles estavam indo na direção de um portão de ferro forjado, entrelaçado por trepadeiras escuras.
- Aqui estamos.- Diz Milo.
As rodas da carruagem rolavam suave sobre o pavimento e virava para se sacudir nas pedras soltas. Clary vislumbrou as palavras no arco de ferro assim que passaram por ele: Cemitério de Mármore de Nova York.
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Esse Irmão Jeremiah é a coisa mais bizarra não? Imagina os outros irmãos x.x Eu tenho medo deles...T-T
Thnxs à todos que estão lendo e não esqueçam as reivews! Façam uma gata de rua feliz!
bjnhos x3
