Saint Seiya não me pertence... Mas se pertencesse, Seiya ia sofrer tanto...u.u Créditos ao tio Kurumada...

Créditos à Cassandra Clare.

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Metal Ikarus: Pois é, Milo ADORA aparecer, seja com suas frases, eja rasgando suas roupas, seja comendo comida de fada... Esse é o Milo! Não tem outro Dourado que combine mais para esse papel!

Tenshi Aburame: Sim sim, morro de medo dos Irmãos do Silêncio...x.x Acho que você vai reconhecer mais de um lobo xD Bom, Magnus Bane... Será que você acertou? xD

Juliana D: Linda! Agradeço a review! Continue acompanhando!

Dark Ookami: (agarra) Arigatou a review!

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Betado por Black Scorpio no Nyx, thnxs linda!

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A festa não começaria antes da meia noite, então tinham o dia inteiro para matar, Alec e Milo sumiram com armas nas costas, Saori parecia ter mudado seu alvo, estava entretida em ficar grudada em Shura, ela obrigou Isabelle a levá-los para conhecer o círculo das fadas no Central Park, mesmo contra a vontade, Isabelle foi. Shura convidou Clary, mas ela estava cansada demais e resolveu ficar.

Seu corpo ainda estava dolorido, não apenas por causa do veneno de demônio, mas pelos acontecimentos dos últimos dias, além de ter acordado muito cedo. Bem que ela tentou dormir, mas a cafeína em suas veias efervescia como água gaseificada, em sua mente um turbilhão de imagens. Ela via o rosto de sua mãe, olhando-a com desespero, ela via as Estrelas Falantes e ouvia as vozes dos Irmãos do Silêncio em sua mente. Porque um poderoso bruxo bloquearia sua mente? Quais memórias foram apagadas? Será que todas suas memórias são mentiras? Não agüentando tantas dúvidas, ela se levanta e sai descalça pelo corredor.

Talvez Dohko pudesse ajudá-la com um de seus chás, ou simplesmente conversar com ele a acalmaria, mas a biblioteca estava vazia. A luz da tarde inclinava entre as cortinas separadas, lançando barras de luz sobre o piso. Sobre a mesa o livro que Dohko lia mais cedo, sua capa coberta de couro reluzido. Hugo dormia em seu poleiro com o bico debaixo da asa.

Minha mãe conhecia esse livro, pensou Clary. Ela se aproximou e tocou a capa ainda morna, ela virou a capa, foi quando algo caiu de dentro dele e flutuou até seus pés, Clary se abaixou para pegar e viu que era uma foto. Um grupo de jovens Caçadores das Sombras, ela descobriu que se tratava de uma foto de vinte anos atrás por causa das roupas que eles usavam, a maioria vestia preto. Ela automaticamente reconheceu sua mãe, tinha mais ou menos dezessete ou dezoito anos, Clary pensou, os cabelos vermelhos separados ao meio e jogados para trás, o rosto mais arredondado e os lábios ainda não definidos.

"Ela se parece comigo..."

O braço de Jocelyn estava em volta do pescoço de um garoto que Clary não reconheceu, o que a fez dar um sobressalto, ela nunca imaginou sua mãe tendo um romance com alguém que não fosse seu pai, uma vez que ela nunca havia mostrado interesse por ninguém. Não era como muitas mães solteiras que freqüentavam a Reunião de Pais apenas para procurar um pai solteiro ou viúvo, ou como a mãe de Shura que freqüentemente checava seu perfil no JDate. O garoto era muito bonito, cabelos loiros quase brancos e olhos negros.

- Este é Valentine.- Disse uma voz no seu cotovelo- Quando ele tinha dezessete anos.

Clary deu um pulo para trás, quase soltando a foto, Hugo pulou de seu poleiro dando um infeliz grasnado. Dohko estava atrás dela com olhos curiosos.

- Me desculpe...Eu não queria bisbilhotar em suas coisas... Eu...- Clary estava sem jeito.

- Está tudo bem.- Dohko tocou a foto com sua mão cicatrizada.- Isso faz parte de um passado.

Clary se impulsionou para cima da mesa como se a foto exercesse um poder magnético. O garoto de cabelos loiros sorria para Jocelyn, seus olhos apertados de um jeito que os garotos apertam quando realmente gostam de você. Ninguém nunca a olhou desse jeito... Valentine com a frieza no rosto de traços finos era o contrário de seu pai, com um sorriso aberto e os cabelos brilhantes que ela havia herdado.

- Valentine parece ser legal.- Diz Clary.

- Legal ele não era.- Diz Dohko com um sorriso torto.- Mas ele era charmoso, inteligente e muito convincente. Reconhece mais alguém na foto?

Ela olhou novamente para a foto, atrás de Valentine, à esquerda, havia um garoto magricelo de cabelos castanhos e arrepiados e olhos puxados da mesma cor dos cabelos.

- É você?- pergunta Clary.

- É. - Continua Dohko.

Ela teve que olhar duas vezes para reconhecer alguém que ela tanto conhecia, os cabelos mais curtos, os olhos azuis atrás dos óculos que pendiam na pinta de seu nariz.

- Luke!

- Shion. E aqui... - Dohko apontou na foto para um casal de adolescentes, ambos elegantes e de cabelos escuros. A garota era meia cabeça mais alta que o garoto e ambos tinham a face fria, quase predatória e cruel.- Os Lightwoods. E esse é Michael Wayland, pai de Milo. - Diz apontando para um garoto de cabelos ondulados e escuros caindo sobre o rosto de queixo quadrado.

- Ele não se parece com Milo...- Diz Clary.

- Ele puxou a mãe.

- Isso é uma foto do colégio?

- É uma foto do Círculo, tirada no ano em que foi formado, por isso Valentine está no centro, e Shion do seu lado direito, ele era o segundo no comando.

- Ainda não entendo porque minha mãe se juntaria a alguém tão cruel quanto Valentine.

- Você precisa entender que...

- Você continua dizendo isso. - Clary diz zangada.- Não vejo porque eu tenho que entender isso! Você me diz a verdade, e eu vou compreender isso ou não.

- Como queira. - O canto da boca de Dohko se torceu, ele afastou Hugo que estava empertigando ao longo da importante mesa. - Nem todos da Cave concordavam com os Acordos, principalmente os que ainda se prendiam aos velhos tempos, onde os Downworlders eram assassinados não apenas por ódio, mas para poderem se sentir seguros. Todos conheciam alguém que havia sido ferido ou morto por um Donwnworlder. Quando se é jovem é fácil achar que sabe o que é bom ou mal, assim como Valentine, todos do Círculo acreditavam estar fazendo a coisa certa, acreditavam que todos os Downworlders eram maus e assassinos. Apesar do tempo, Valentine nunca perdeu seu idealismo destrutivo nem a paixão à aversão de qualquer coisa que ele não acreditava ser humano.

- Mas ele amava minha mãe, não amava?

- Sim, ele amava sua mãe. E ele amava Idris.

- O que há de tão grande e importante em Idris?- Clary pergunta surpreendida pelo tom de irritabilidade em sua voz.

- Ela é...- Diz Dohko, corrigindo-se em seguida.- Ela é o lar de todos os Nephelins, um lugar onde eles podem ser eles mesmos, onde não precisam se esconder ou do glamour. Um lugar abençoado pelo Anjo. Você nunca verá uma torre como as Torres de Vidro de Alicante. É mais linda do que você pode imaginar... - Havia um rasgo de dor em sua voz.

- Lá eles sempre... Eles dançam na Cidade de Vidro?- Pergunta Clary se lembrando de seu sonho.

- Sim. Toda semana. - Dohko piscou para ela como se tivesse acordado de um sonho.- Eu nunca participei, mas sua mãe sim. E Valentine. - Ele riu suavemente. - Eu era apenas mais um estudioso que passava boa parte do tempo livre estudando na biblioteca. Os livros que você vê aqui são apenas uma fração dos tesouros que se tem lá. Eu pensei em me juntar à Irmandade um dia, mas depois do que eu fiz, eles não me quiseram.

- Sinto muito... - Diz Clary, em sua mente ainda havia cenas de seu sonho. Havia uma fonte de sereia onde eles dançavam? Valentine usava branco, de modo que sua mãe via as marcas em sua pele, mesmo através da camisa? - Eu posso ficar com isso?- Diz apontando para a foto.

- Claro. - Diz Dohko depois de um momento de hesitação. - Preferia que você não mostrasse para Milo, ele ficaria triste em ver fotos de seu pai.

- É claro. - Diz Claro abraçando a foto.- Obrigada.

- Não há de quê. - Diz Dohko.- Você veio aqui apenas para me ver ou por algum outro motivo?- Ele olhou para ela questionadoramente.

- Eu estive pensando se você já sabe a resposta da Clave. Sobre a Taça, e... Minha mãe...

- Tive uma resposta curta esta manhã.

- Eles vão enviar alguém?- Clary pergunta animada.

- Sim. Eles vão. - Dohko se afastou.

- E eles não vão ficar aqui?

- Não. A Clave acha que aqui pode estar sendo vigiado por Valentine. Apesar dos anos, eles ainda não confiam totalmente em mim. Eu queria poder ajudar, mas não posso. - Diz Dohko com tristeza na voz.

- Bom, você pode... - Diz Clary.- É que eu não estou conseguindo dormir, ando pensando muito e...

- Ah! Sim. Eu acho que tenho algo bom para isso... - Dohko vai até uma parte da estante que não havia livros e sim pequenos frascos, ele pega um deles. A poção cheirava a zimbro e folhas, Clary cheirava o frasco a caminho do quarto. Mas ao entrar e se deparar com Milo esparramado em sua cama vendo seu caderno de esboço, ela solta um fino grito, derrubando o frasco.

- Oh querida!- Milo parece ter levado um susto. - Espero que não seja nada importante.

- Era uma poção para dormir! - Clary diz irritada. Mas já era... - Diz cutucando o frasco com o pé.

- Quer ajuda para dormir?- Diz com um sorriso.

- Ao invés disso, o senhor pode me dizer o que faz com meu caderno de esboços? - Clary diz disfarçando o sangue que subia em suas bochechas.- Normalmente não deixo ninguém ver ele.

- Porque não? Os desenhos são ótimos!

- Porque é muito pessoal, um tipo de diário, não com palavras, mas com desenhos! - Clary toma o caderno das mãos do garoto.

- Se é um diário, porque não tem um desenho meu? - Pergunta Milo.- Onde estão as fantasias tórridas, as capas de novela mexicana? O...

- Todas as garotas que você conhece se apaixonam por você? - Clary perguntou com um pingo de ironia.

- Não é amor...- Milo diz murcho. - Pelo menos...

- Você pode não ser encantador o tempo todo? Seria um alívio para todos!- Clary senta na cama e empurra Milo para fora dela.

- Se você quiser, posso contar uma história para você dormir... - Milo olha para as mãos, já parecidas com as de Dohko, cicatrizes parecendo pequenos flocos de neve branca, mas a pele era jovem e sem linhas.

- Está falando sério? - Clary olha para ele.

- Eu sempre falo sério.

- Ok.- Clary sorri e se ajeita no travesseiro, talvez o cansaço estivesse deixando ambos meio amalucados, mas Milo parecia estar bem, apenas um pouco triste.

- Feche os olhos. - Diz Milo.

Clary obedece, podia ver a claridade da lâmpada através de suas pálpebras.

- Era uma vez um menino... - Começa Milo.

- Esse menino era um Caçador das Sombras? - Pergunta Clary.

- Claro que sim!- Por um momento Milo tinha um tom de divertimento na voz. - Um dia ele ganhou um falcão de seu pai. "Falcões são aves de rapina. Matam outras aves, um Caçador dos céus", seu pai lhe disse. O falcão não gostava do menino e o menino não gostava do falcão. O bico afiado o fazia ficar nervoso e ele tinha olhos brilhantes que pareciam estar sempre o observando. As garras e o bico afiado sempre machucavam os pulsos do menino. Ele não sabia, mas seu pai havia pegado um falcão que havia vivido mais de um ano na selva, um quase impossível de se domar. Mas o garoto queria conseguir domá-lo, pois seu pai lhe disse para fazê-lo, sendo obediente e ele queria agradar seu pai.

- Ele mantinha o falcão acordado e cantava para ele, porque um pássaro cansado está destinado a ser mais obediente. Ele prendeu o equipamento, a cinta que prendia a pata da ave, o capuz que vedava seus olhos, a trela que limitava o pássaro ao seu pulso. Com o tempo ele tirou a venda e mantinha o pássaro onde pudesse vê-lo enquanto tocava e alisava suas asas, ele queria que o pássaro confiasse nele. Ele tentou dar comida em sua mão, na primeira vez ela não comeu, mas na segunda, bicou tão forte que rasgou a pele da mão, mas o garoto estava satisfeito, isso era um progresso.

- Ele começou a reparar como a ave era bonita, suas longas asas finas projetadas para a velocidade, que era forte e rápida, feroz e suave, a primeira vez que ela aprendeu a dar uma volta e voltar para seu pulso, o garoto ficou muito feliz. O falcão amava o garoto e ele o amava, o pássaro ficava em seu ombro e afagava o cabelo do garoto com o bico, estava totalmente domesticado. Feliz da vida, o garoto foi mostrar o que havia feito para seu pai, achando que ele se orgulharia dele.

- Mas não foi o que aconteceu...- Milo fechou os olhos.- Ele viu o animal totalmente dócil e domesticado em seu braço, o pegou e quebrou seu pescoço. "Eu disse para fazê-lo obediente!", disse jogando a ave sem vida no chão. "Ao invés disso, você ensinou ele a amá-lo. Falcões não devem ser dóceis animais de estimação. Eles são ferozes e violentos, selvagens e cruéis, ele não foi domado, ele foi arruinado". Depois que seu pai partiu, o garoto chorou em cima do corpo do falcão. Mais tarde um empregado veio enterrar a ave. O garoto nunca mais chorou, ele esqueceu o que aprendeu: que o Amor destrói e ser amado é ser o que vai ser destruído.

- Que história horrível!- Diz Clary sentando na cama de olhos abertos.

- Ela é? - Milo havia colocado o queixo sobre os joelhos dobrados.

- O pai do garoto é horrível e cruel! É uma história de abuso infantil! Eu devia desconfiar que Caçadores das Sombras contem esse tipo de história para dormir... Tudo que ela faz é você ter pesadelos e acordar gritando no meio da noite!- Diz Clary.

- Às vezes, as marcas fazem você ter pesadelos e acordar gritando a noite. - Disse Milo.- Se você as tiver muito jovem.- Ela olhou para ele, a luz da tarde batendo em seu rosto fez um estudo de contrastes. Arte de luz e sombras. - Essa é uma boa história, se você pensar bem. - Disse Milo. – O pai do garoto estava apenas tentando fazê-lo se tornar mais forte. Inflexível.

- Mas você tem que aprender a se subjugar um pouco. - Disse Clary com um bocejo. - Se não ,você pode se quebrar.

- Não se você for forte o suficiente. - A voz dele era firme.

Milo se levantou e Clary sentiu ele tocar suas bochechas com as costas das mãos, seu olhos escorregaram pesados, o cansaço fez seus ossos ficarem líquidos, sentiu como se pudesse ser varrida e desaparecer. Ela se lembrou do que Milo havia dito uma vez: "Ele me deu tudo o que eu queria. Livros, armas, cavalos e até um falcão."

- Milo...- Ela tentou dizer, mas sua voz sumiu junto com sua consciência, o sono a agarrou pelo braço e a levou para o mundo dos sonhos.

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- Acorde!- Clary acordou com uma voz urgente.

Clary abriu os olhos lentamente, eles pareciam gelatinosos, algo fazia cócegas em seu rosto, apressadamente ela sentou, mas sua cabeça acertou em algo duro.

- Ai! Você me acertou! - Era Isabelle, ligando a luz do abajur e esfregando o local atingido. Ela usava um longo vestido prateado com lantejoulas enfeitando a parte de cima, suas unhas estavam pintadas como moedas brilhantes e seus cabelos com contas de fios prateados, ela parecia uma Deusa da Lua.

- Ninguém mandou ficar inclinada em cima de mim! - Clary fricciona a testa.- O que você quer afinal? - Diz dando um bocejo, ainda estava com sono.

- É quase meia noite! - Diz apontando para o céu escuro pela janela.- Temos uma festa para ir!

- Eu tenho apenas essas roupas para usar. - Diz apontando para seus velhos jeans e uma camiseta básica. - É algum problema?

- Se isso é um problema?- Isabelle rolou os olhos como se fosse desmaiar.- Estamos indo para uma festa Downworlder! Nenhum Downworlder se veste dessa maneira! É o fim se você for nessa festa vestida de maneira... Informal. - Diz como se a palavra que ela soltaria fosse pior que informal.

- Não sabia que estávamos indo badalar! - Diz acidamente.- Não tenho nenhuma roupa de festa!

- É só pegar uma minha!

- Não!- Clary se lembra dos jeans enormes. - Quer dizer, eu não posso.

- Eu insisto!- Diz Isabelle.

- Eu ainda prefiro ir com minhas roupas!- Clary se contorce desconfortavelmente enquanto Isabelle a puxava para frente de um espelho.

- Você não pode ir assim! Parece que tem oito anos! E pior, parece uma mundana!

- Mas nenhuma roupa sua iria servir em mim!

- É isso que vamos ver!- Isabelle sai puxando Clary pelo corredor.

O quarto de Isabelle tinha as paredes negras com redemoinhos, estrelas e pontos em tinta prateada, havia roupas espalhadas por todo o cômodo, sua penteadeira era preta coberta com lantejoulas e glitter, estava abarrotada de maquiagem. Clary estava sentada na cama observando Isabelle saqueando seu armário.

- Quarto legal. - Diz se lembrando das paredes laranjas de seu quarto.

- Obrigada, eu mesma pintei. - Diz puxando algo preto e jogando para Clary.

- É minúscula!- Clary olhava para a pequena peça em suas mãos.

- É stretch! Vá se vestir logo!

Rapidamente Clary recuou até o banheiro com paredes azuis escuras, ela se retorceu para entrar na roupa com alças finas, voltando para o quarto, viu Isabelle mexendo nos anéis que tinha nos dedos do pé.

- Você tem tanta sorte de ter peito pequeno... Eu nunca poderia usá-lo sem sutiã.

- Isso é minúsculo!- Protesta Clary.

- É nada! Ta ótimo. - Isabelle puxa um par de botas de baixo de sua cama, chutando ela para perto de Clary, entregando uma meia calça preta.- Use essas botas e essas meias, elas farão você parecer mais alta.

- Ah, claro, eu sou uma anã... - Clary puxou a borda do vestido para baixo, aquilo tocava apenas o topo de suas coxas, nunca foi de usar saia, muito menos uma mini saia. Ela via boa parte de suas pernas pálidas, isso era alarmante- Se isso fica curto em mim, como fica em você?

- Pra mim isso é uma camiseta. - Isabelle sorriu.

Clary se deixou cair sobre a cama e puxou as meias para cima e calçou as botas, ela tentou se equilibrar no alto do salto, a bota ficava um pouco frouxa na parte da batata da perna, mas pelo menos não escorregava. Ela se olhou no espelho e teve que admitir que a combinação, vestido preto curto, meias e bota de salto, estava fantástica, a única coisa que estragava era...

- Seu cabelo... Vem cá!- Isabelle ordena apontando para a penteadeira.

Clary se sentou e arqueava os olhos fechados toda vez que Isabelle puxava uma mecha enquanto fazia uma trança, escovava e enfiava grampos para dentro. Ela abriu os olhos no momento em que uma esponja estalou em sua bochecha, levantando uma nuvem de glitter, Clary tossiu e olhou acusadoramente para Isabelle.

- Não olhe para mim, olhe para o espelho!

Clary viu que Isabelle havia feito uma elegante trança no alto de sua cabeça e prendido com grampos brilhantes, ela se lembrou do sonho em que dançava com Milo e se mexeu impaciente na cadeira.

- Não se mexa, não terminamos ainda!- Diz pegando um delineador preto.- Abra bem os olhos.

- Posso te fazer uma pergunta?- Clary diz tentando não chorar por manter os olhos abertos por tanto tempo.

- Sim? - Isabelle empunhava o delineador com perícia.

- Alec é gay?

O punho de Isabelle se contraiu, o delineador escorregou de sua mão, fazendo uma linha negra entre o canto do olho e o cabelo de Clary.

- Oh, inferno!- Isabelle diz abaixando o delineador.

- Está tudo bem. - Disse Clary passando a mão sobre o olho.

- Não, não está! - Isabelle soou próxima às lágrimas, enquanto sua mão ia pegar algo entre o monte de maquiagem na penteadeira, logo ela entrega uma bola de algodão. - Use isso para limpar. - Ela se sentou na beira da cama, as pulseiras de seu tornozelo tinindo com a luz.

- Como você adivinhou? - Pergunta olhando para Clary através do cabelo.- Você não pode dizer isso para ninguém!

- Nem para Milo?

- Principalmente para ele!

- Tudo bem. - Clary ouviu a rigidez em sua voz. - Acho que percebi por que não é lá uma grande coisa.

- Mas para meus pais é. Eles certamente o expulsariam da Clave! - Diz Isabelle.

- É proibido ser gay no meio dos Caçadores das Sombras?

- Não há nenhuma lei que proíba isso. Mas a maioria das pessoas não gosta, principalmente os adultos mais conservadores.

- Ah... - Clary disse se arrependendo de ter perguntado.

- Eu amo meu irmão. - Disse Isabelle. - Faria qualquer coisa por ele, mas não há nada que eu possa fazer quanto a isso.

- Pelo menos ele tem você… - Diz Clary embaraçadamente. Ela pensou em Milo por um momento, ele que achava que amar e ser amado era se destruir. - Acha que Milo se importaria?

- Eu acho que não. Mas não sou eu quem vai se intrometer. - Diz Isabelle.

- Você tem razão. - Clary limpa o borrão, joga o algodão no lixo e se olha no espelho.- Ah… - Suas palavras sumiram por um minuto, o que Isabelle havia feito com ela? Suas bochechas pareciam angulares e afiladas, seus olhos profundos e misteriosos, e em um verde luminoso.

- Pareço minha mãe...- Clary diz surpresa.

- Tão meia idade assim?- Isabelle faz uma careta.- Talvez um pouco mais de glitter.

- Chega de glitter. – Clary diz apressadamente.- Não, está ótimo, eu gostei disso.

- Ótimo!- Isabelle se levanta em um salto. - Vamos?

- Espera, preciso pegar uma coisa no meu quarto. Iremos precisar de armas? Você não vai levar nada?

- Eu tenho muitas. - Isabelle sorri e bate o pé no chão, fazendo seus tornozelos retinirem como sinos de natal. - Esses por exemplo, o da esquerda é de ouro, que é venenoso para demônios, o direito é de ferro abençoado, caso eu tenha que perseguir algum vampiro nada amigável ou até mesmo uma fada, fadas odeiam ferro. Ambos têm a força das runas esculpidas neles, eu posso abalar o inferno com elas!

- Caçando demônios e na moda. - Diz Clary admirada.- Eu nunca pensei que poderiam andar juntas.

- Você ficaria surpreendida! - Isabelle gargalhou alto.

Os meninos esperavam na entrada, todos vestiam preto, na verdade Shura estava um pouco exagerado, uma enorme calça preta e uma camiseta virada do contrário para esconder o logotipo da banda. Ele estava de pé desconfortavelmente enquanto Alec e Milo estavam encostados na parede, pareciam aborrecidos.

Shura olhou para elas, ela imaginou que ele ficaria mais espantado com a beleza de Isabelle, seu chicote dourado enrolado no punho e suas correntes balançando como sinos, mas ele se virou para Clary e arregalou os olhos.

- O que é isso?- Disse espantado. - Quer dizer, você não parece a Clary que eu conheço.

- Fiz um bom trabalho não?- Diz Isabelle metida.

- Isso é um vestido, Shura. - Diz Clary olhando para baixo, ela vestiu um leve casaco para se sentir menos "nua", nas costas sua velha mochila de lona verde.

Shura parecia o tipo de garoto que a buscaria em casa, conversaria com seus pais e ainda se daria bem com seus animais de estimação, não é à toa que era seu melhor amigo.

Milo ao contrário, parecia o tipo que ia até sua casa, colocaria fogo nela e a derrubaria a chutes.

- Eu gostei do vestido. - Diz Milo se desprendendo da parede, seus olhos percorriam o corpo de Clary de cima para baixo, lentamente e preguiçosamente, como um leve roçar da pata de um gato. - Mas ainda acho que falta algo.

- Você não entende nada de moda! - Clary diz secamente, tentando disfarçar o nervosismo por estar tão perto dele, podendo sentir o perfume amadeirado.

- Tome. - Milo entrega uma adaga fina e prateada enfeitada com pedras vermelhas.

- Mas eu não sei usar isso. - Diz Clary pegando a arma desajeitadamente.

- Você aprende, está no seu sangue. - Sorri Milo.

- Eu poderia emprestar uma bainha de coxa, tenho toneladas!- Diz Isabelle.

- Eu não acho que eu seja uma garota que usa uma bainha de coxa... - Clary diz guardando a adaga no bolso lateral de sua mochila.

- Só mais uma coisinha. - Milo se aproxima de Clary e tira os grampos de brilhantes que prendiam seus cabelos em tranças, os cachos caíram sobre seus ombros, fazendo cócegas na linha do pescoço. - Muito melhor.

- Bom, melhor irmos. - Diz Alec.- Antes que...

- ESPEREM POR MIIIM! - Saori vinha correndo pelo corredor, usava um vestido curto e de babados na cor rosa bebê, nos pés delicadas sandálias de amarrar na perna da mesma cor do vestido, ela prendeu os longos cabelos em um rabo de cavalo alto e tinha uma flor enfeitando ele, estava toda coberta de pó brilhante, uma perfeita fada, imaginou Clary.

- Tarde demais... ¬¬ - Diz Alec baixinho.

- Quem foi que convidou ela?- Isabelle diz irritada.

- Não preciso ser convidada, sou uma Caçadora das Sombras e posso muito bem ir com vocês! - Diz Saori.

- Você não pode ir! É uma pirralha! - Diz Isabelle.

- Não sou uma pirralha! Daqui a 3 meses eu faço 14 anos!

- Ainda assim é uma criança! Vá para a cama antes que eu conte para seus pais que está infringindo as regras!

- Deixa ela Izzy. Se quiser vir, venha. Mas não iremos nos responsabilizar por você! -Avisa Milo.

- Obrigada priminho!- Saori se agarra ao braço do loiro, virando para Isabelle e mostrando a língua, a morena apenas vira os olhos. - O mundano pode tomar conta de mim!- Saori se aproxima de Shura e passa a mão na sua cabeça como se ele fosse um cachorrinho.

- Não me chame de mundano! Eu tenho nome! É Shura!

- Não adianta brigar com ela, mundano. - Milo sorri divertido.

- Agora vamos logo antes que Hugo resolva vir junto!- Diz Alec.

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As instruções do convite os levaram para uma vizinhança largamente industrial no bairro do Brooklyn, cujas ruas estavam alinhadas com velhas fábricas e armazéns. Muitas estavam convertidas em lofts e galerias de arte, mas havia alguma coisa proibida ostentando sobre suas formas quadradas e as poucas janelas com grades.

Eles fizeram seu caminho pela estação de trem, Isabelle ia na frente navegando com um sensor que parecia ter um tipo de mapeamento construída, Shura que era fascinado por coisas eletrônicas estava ao seu lado admirando o aparelho, Saori no encalço de Shura. Clary imaginou se o amigo iria deixar de gostar de Maia, se ela continuasse desaparecida e com Saori, que apesar de muito nova, era linda, em seu encalço. Perdida nesses pensamentos, Clary ficou retardando seus passos e ficando atrás do grupo, seu olhar perdido observava um parque mal conservado, cujas gramas amareladas estavam queimadas de sol.

- Continue. - Diz Milo diminuindo os passos para acompanhá-la.- Não quero ter que continuar olhando para trás para ter certeza de que nada aconteceu com você.

- Então não se incomode.

- Da última vez que te deixei sozinha, um demônio Ravener te atacou! - Aponta Milo.

- Bom, eu certamente odiaria estragar sua adorável noite com minha súbita morte. - Clary diz ácida.

- Existe uma linha fina entre o sarcasmo e a sincera hostilidade e você parece ter ultrapassado ela! O que há? - Pergunta Milo.

- Olha, me desculpe... - Clary morde os lábios.- Mas é que esta manhã os caras esquisitos cavaram ao redor do meu cérebro e agora estou indo me encontrar com o cara esquisito que originalmente cavou ao redor do meu cérebro. E se eu não gostar do que ele achar?

- O que te faz pensar que você não vai gostar?

- Eu odeio quando você responde com outra pergunta. - Clary tira uma mecha de cabelo do rosto.

- Não, você não odeia, você acha isso encantador. Mas enfim, você não quer saber a verdade?

- Não. Quero dizer, talvez... - Clary deu um longo suspiro. - Eu não sei e você?

- Esta é a rua certa!- Isabelle gritou à quase meia quadra a frente.

Eles estavam em uma avenida estreita alinhada com antigos armazéns, a maioria transformada em residência humana, com pequenos canteiros floridos, cortinas de renda na janela e latas de lixo enumeradas sobre as calçadas. Clary não conseguia se lembrar se era esse o lugar que viu na Cidade de Osso, na sua visão, ela tinha sido quase suprimida pela neve.

- Absolutamente. Sempre.- Ela sentiu Milo tocar seu ombro.

- O que? - Clary olha para ele não entendendo.

- A verdade. Eu gostaria...

- Milo! - Era Alec. Ele estava de pé no outro lado da calçada.

- O que? - Milo pergunta deslizando a mão de seu ombro.

- Você acha que estamos no lugar certo? - Alec apontava para alguma coisa escondida atrás de um carro preto.

- O que é isso? - Milo se juntou a Alec.

Clary se aproximou e pôde ver o que era, uma fileira de motos, elegantes e prateadas, com baixos chassis pretos. Havia tubos e canos serpenteando em torno deles, filamentos como veias. Havia uma sensação de desconforto ao olhar para as motos, uma sensação de algo vivo, orgânico, como as bio-criaturas das pinturas de Giger.

- Vampiros... - Diz Milo.

- Isso parece uma moto para mim. - Diz Shura se aproximando com Isabelle e Saori, a mais nova faz uma careta ao ver as motos.

- E são motos. Mas modificadas para poderem se mover com energia demoníaca. -Explica Milo. - Vampiros utilizam-nas para se locomoverem rápido durante a noite. Isso não está no Pacto, mas...

- Ouvi dizer que algumas delas podem voar... - Diz Alec ansiosamente. Ele parecia com Shura quando via um jogo de vídeo game novo. - Ou podem ficar invisíveis com um piscar de olhos, ou podem funcionar debaixo da água...

Milo tinha saltado o meio fio e estava circulando as motos, ele toca em uma delas, o chassis preto e lustroso com uma palavra escrita na lateral em prata: Nox Invictus.

- Noite Vitoriosa. - Milo traduziu.

- O que você está fazendo? - Alec olhou para ele desconfiadamente.

- Nada. - Clary pensou ter visto Milo puxar algo do bolso de sua jaqueta.

- Apressem-se! - Diz Isabelle impaciente. - Eu não peguei esse vestido para ver vocês fazerem farra com motos no meio da sarjeta!

- Mas você tem que admitir que elas são lindas!- Diz Milo.

- Ok, eu admito! - Isabelle não parecia inclinada a admitir nada. - Agora Vamos!

- É este edifício? - Milo pergunta para Clary apontando para um armazém de tijolo vermelho.

- Eu acho que sim. São todos parecidos... - Diz Clary confusa.

- Só tem uma maneira de descobrir! - Isabelle sobe as escadas de metal com passos determinados, o resto do grupo a segue, ficando perto da enorme porta de ferro. Havia uma fileira de campainhas no lado esquerdo, mas apenas um tinha um nome: Bane(perdição).

Isabelle pressionou uma vez, nada aconteceu, então ela pressionou uma segunda vez, estava na terceira quando Alec segurou seu pulso.

- Não seja rude. - Diz o rapaz.

- Alec... - Diz Isabelle tentando soltar sua mão.

Foi quando a porta se abriu...

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Muitas coisas interessantes nesse capítulo... A foto do pessoal do Círculo quando jovem, a hostória macabra do Milo... Aquilo não faz crianças dormirem e sim terem pesadelos com homens malvados matando passarinhos...T-T Cruel.

Revelação bomba, ALEC É GAYYYYY! Alguém tinha percebido? Talvez o ciúmes excessivo da Clary tenha sido uma dica... Isabelle super perua! Mas dorei o estilo dela! E ela deu um super trato na Clary hein!

E a pentelha da Saori foi pentelhar eles, o que será que ela vai aprontar? Magnus Bane no próximo capítulo!

bjnhos e mandem reviews! Deixem uma gata de rua super feliz!

PS: Meus sogros estão indo para uma visita... Agora devem estar em Frankfurt xD É a primeira vez que vejo eles, e olha que estou junto com meu marido à 6 anos..u.u Isso que dá morar do outro lado do mundo xD

Bom, por esse motivo, ficarei 2 semanas ou um pouco mais sem postar, bom, é que depois deles irem embora, vai vir as férias de verão e finados(dos japoneses é em agosto), então estarei ocupada...u.u Além do calor do cão...x.x ODEIO verão! Se tivesse uma bazooka o sol tá era! ò.ó (apanha) x.x

Assim que estiver livre voltarei à escrever!