Saint Seiya não me pertence... Mas se pertencesse, Seiya ia sofrer tanto...u.u Créditos ao tio Kurumada...
Créditos à Cassandra Clare.
oOoOoOo
Esse capítulo foi apenas repostado, porque a lesada aqui esqueceu de postar um capítulo, a fic acabou ficando sem sentido, foi o capítulo 11, que agora está devidamente postado...
Peço desculpas por minha tosquice...x.x
oOoOoOo
Ana Panter: Realmente o Irmão Jeremiyah é de morrer de medo não? x.x Thnxs a review e continue acompanhando!
Tenshi Aburame: Esse Dite é tudo não é? Totalmente Glamour! Não o da camuflagem é claro*comentário insano*. A Saori é a chata da história! Dessa a Isabelle se safou xDDDDD
Ikarus-Sama: Hahaha! O capitulo anterior foi recehado de bizarrices não? xDDDD Como disse pra Tenshi, Dite é totalmente Glamour! Gayzão no último grau xDDDD E olha que o Alec é um belo partido...u.u*apanha* Sim, bruxos tem manias bizarras, Presidente Miau é um deles xD Bom, cada louco com sua mania né? xD
Aliás, esse capítulo é com o seu doce, acho que você logo vai reconhecer ele xDDDD
oOoOoOo
Betado por Black Scorpio no Nyx
oOoOoOo
Milo estava alerta, como um gato que vê um rato atrás do sofá.
- Mas esse não pode ser o hotel. - Diz Clary. - As janelas estão tampadas e a porta foi emparedada. Ah... Vampiros... - Clary disse decifrando seu olhar. - Mas como eles entram?
- Eles voam. - Milo indica a parte superior.
Aquilo deveria ter sido um elegante e luxuoso hotel, a fachada era elegantemente decorada com cacheados esculpidos e flores de lis, escuras e corroídas pelos anos expostos à poluição e chuva ácida.
- Nós não voamos... - Clary diz.
- Não... - Diz Milo. - Nós não voamos... Nós quebramos e entramos. - Diz caminhando em direção ao hotel.
- Voando parece mais divertido. - Clary corre para alcançar Milo.
- Agora tudo vai ficar mais divertido. - Clary se perguntou o que ele quis dizer com aquilo. Havia uma certa excitação em sua voz, um entusiasmo ante a caçada.
Um vento quente tinha vindo para cima, sacudindo as folhas da árvore raquítica, espalhando o lixo na calçada e balançando o pavimento rachado, Clary estranhou a rua estar deserta, normalmente em Manhattan sempre havia alguém na rua, mesmo que às quatro da manhã. Várias das luzes alinhadas na calçada estavam desligadas, embora a de um hotel próximo lançasse um turvo brilho amarelado em todo o pavimento rachado.
- Fique longe da luz. - Milo diz. - Eles podem estar olhando das janelas e não olhe para cima. - Ele acrescentou, mas era tarde demais, Clary já tinha olhado acima para as janelas quebradas do piso superior.
Por um momento Clary pensou ter vislumbrado uma cintilação de movimento em uma das janelas, algo como um rosto ou uma mão fechando a cortina...
- Vamos lá! – Milo a puxou para evaporarem-se nas sombras mais próximas do hotel, Clary sentiu seu crescente nervosismo em sua espinha, no batimento em seu pulso, no forte batimento do sangue em seus ouvidos. O distante zumbido dos carros pareciam bem mais distantes, o único som que vinha forte eram de seus sapatos triturando o lixo da calçada. Ela desejou poder andar silenciosamente como um Caçador das Sombras, talvez um dia pudesse pedir para Milo ensiná-la.
Eles escorregaram para uma estreita rua lateral ao hotel, usada antigamente para fazer entregas. Era muito estreita e atolada de lixo, caixas de papelão bolorentas, garrafas de vidro vazias, sacos plásticos rasgados e coisas espalhadas que no começo Clary pensou serem palitos de madeira, mas ao se aproximar, pareciam com...
- Ossos... - Milo diz sem rodeios. - Ossos de cachorro, ossos de gato. Não olhe muito de perto, lixo de vampiros não é nada agradável.
- Bem... - Clary engoliu suas náuseas. - Pelo menos sabemos que estamos no lugar certo. - E foi recompensada pelo brilho de respeito que foi mostrado, brevemente nos olhos de Milo.
- Sim, estamos no lugar certo. - Disse Milo. - Agora precisamos saber como chegar lá dentro.
Havia existido claramente janelas ali, agora emparedadas. Não havia nenhum sinal de porta e escada de incêndio.
- Quando isso era um hotel... - Milo disse devagar. - Eles provavelmente devem ter recebido suas entregas aqui. Quero dizer, eles não iriam receber pela porta da frente e não há mais nenhum lugar para caminhões, deve haver alguma maneira de entrar...
Clary pensou nas pequenas lojas perto de sua casa. Ela se lembra de ver os donos coreanos receberem suas entregas logo de manhã, enquanto ela caminhava para a escola, eles carregavam as coisas por uma porta de metal fixadas na calçada do lado de fora.
- Aposto que as portas estão no chão, enterradas debaixo desse lixo todo! - Diz Clary.
- Era isso que eu estava pensando... - Milo concorda dando um passo para trás. - Acho que seria melhor movermos o lixo. Vamos começar por aquela lixeira. - Ele suspira não muito entusiasmando, apontando para a lata.
- Você preferia enfrentar uma horda de monstros ferozes não é? - Pergunta Clary.
- Pelo menos eles não estariam rastejando com os vermes. - Diz Milo. - Bem... Não a maioria deles de alguma forma. Se bem que uma vez persegui um demônio através dos esgotos do Grande Central...
- Não... - Diz Clary. - Eu realmente não estou com humor para isso.
- É a primeira vez que uma garota diz não para mim...
- Pode ir se acostumando.
- Eu acho que essa realmente não é uma boa hora para piadas. - O canto da boca de Milo se contorceu. - Temos lixo para fuçar. - Ele foi na ponta dos pés para um lado da lixeira e pegou seu cabo. - Venha, me ajude, nós vamos incliná-la.
- Virá-la vai fazer muito barulho. - Diz Clary segurando o outro lado do lixo. Era um tipo de contêiner padrão na cidade pintado de verde com manchas estranhas, era empesteada e um cheiro que fazia o estômago de Clary revirar vinha dele. - Vamos empurrá-la.
- Agora, olha... - Milo ia dizer, quando um barulho o fez parar.
- Vocês realmente estão pensando em fazer isso? - Disse uma voz saindo das sombras.
Clary congelou olhando para as sombras na boca do beco, por um momento pensou ter imaginado a voz, mas Milo também estava congelado com espanto estampado em seu rosto. Era difícil alguém surpreendê-lo, raro que alguém escapasse dele. Milo andou para longe da lixeira, deslizando a mão até sua cintura.
- Tem alguém aí? - Pergunta Milo com a voz plana.
- Dios mio... - A voz era masculina e divertida. - Você não é desta vizinhança, é? - Seu sotaque era espanhol.
Ele pisou para fora das sombras, sua forma desenvolvendo-se lentamente. Era um rapaz um pouco mais velho que Milo e um pouco mais baixo, era magro com grandes olhos escuros e pele cor de mel como as pinturas de Diego Rivera. Vestia calças pretas e uma camisa branca aberta na gola, transparecendo uma corrente de ouro que brilhava conforme ele se movimentava.
- Você poderia dizer isso. - Milo diz cuidadosamente, sem tirar a mão do cinto.
- Não deveria estar aqui. - Diz o rapaz, retirando uma espessa mecha de cachos que caíam sobre seus olhos. - Este lugar é perigoso.
- Nós sabemos. - Clary quis rir, provavelmente ele dizia da má vizinhança. - Nós estamos um pouco perdidos, só isso.
- O que vocês estavam fazendo com isso? - O rapaz pergunta apontando para a lixeira.
Clary não era boa em mentiras rápidas, seus olhos correram para Milo, que provavelmente seria excelente nisso.
- Estamos tentando entrar no hotel. - Ele decepcionou ela imediatamente. - Pensamos que poderia haver uma porta embaixo do lixo.
- Puta Madre! - Os olhos do garoto se arregalaram. - Porque vocês iriam querer fazer algo como isso?
- Para uma brincadeira. - Milo dá os ombros. - Apenas por um pouco de diversão.
- Vocês não entendem, esse lugar é mal assombrado, amaldiçoado, má sorte. - Disse o garoto balançando a cabeça energicamente, depois ele disse coisas em espanhol que Clary não entendeu bem, mas parecia ser algo como a estupidez das crianças brancas, eles em especial. - Venham, eu levo vocês até o metrô.
- Nós sabemos onde fica o metrô. - Milo disse.
- Claro, claro que sabem. - O garoto sorriu suavemente. - Mas se vierem comigo, ninguém irá incomodá-los. Vocês não querem problemas, querem?
- Depende... - Disse Milo, movendo ligeiramente o casaco, o deixando aberto o suficiente para mostrar as armas reluzentes presas em seu cinto. - Quantos eles pagam para manter as pessoas longe do hotel?
O garoto olhou para trás de Milo, Clary estremeceu, imaginando o beco se enchendo de sombras com faces brancas e dentes pontiagudos.
- Quanto você me paga, chico(N/A: garoto em espanhol)? - Os lábios dele eram uma linha fina.
- Os vampiros. Quanto eles estão pagando a você? Ou seria outra coisa... Eles te ameaçaram a tornar você um deles? Ofereceram a vida eterna, sem dor ou doenças? Você quer viver para sempre? Pois te digo que não vale viver eternamente, a vida se torna curta quando não se pode ver a luz do sol... chico.- Diz Milo.
- Meu nome é Fernando. Não chico. - O garoto estava inexpressivo.
- Você sabe sobre os vampiros, não sabe? - pergunta Clary.
- Los vampiros... - Fernando cospe no chão e vira o rosto com os olhos brilhando com ódio. - Sí, os bebedores de sangue animal. Muito antes de esse hotel ser bloqueado, ouvia histórias, risos no meio da noite, os animais desaparecendo, os sons... - Ele balançou a cabeça. - Todo mundo do bairro sabe sobre eles, mas o que você pode fazer? Não pode simplesmente ligar para a polícia e dizer a eles que seu problema são os vampiros.
- Você já os viu? - Perguntou Milo. - Conhece alguém que já viu?
- Havia uns garotos, um grupo de amigos... - Fernando disse lentamente. - Eles achavam que seria uma boa ideia entrar no hotel e matar os monstros. Eles levaram armas e facas, todas abençoadas por um sacerdote. Mas eles nunca saíram, minha tia, ela encontrou suas roupas em frente a casa dela.
- Sua tia? - Pergunta Milo.
- Sí. Um deles era meu irmão. - Fernando disse sem rodeios. - Então, agora vocês sabem porque eu ando por aqui a noite, do caminho de casa até a casa de minha tia. E alerto vocês que se entrarem, não irão sair vivos.
- Meu amigo está lá dentro. - Disse Clary. - Nós viemos buscá-lo.
- Ah... - Disse Fernando. - Então eu não posso impedi-los de entrar...
- Não. - Disse Milo. - Mas não se preocupe. O que aconteceu com seus amigos, não irá acontecer conosco. - Milo tira uma lâmina serafim do cinto, a fraca luz da lâmina iluminava o osso do rosto dele, sombreando seus olhos. - Eu já matei muitos vampiros. Seus corações podem não bater, mas mesmo assim eles podem morrer.
Fernando inalou bruscamente e disse algo em espanhol, muito rápido e baixo para Clary compreender. Ele veio até eles, quase tropeçando em um monte de lixo no meio do caminho.
- Eu sei o que você é. Eu ouvi falar sobre sua espécie, de um padre de Santa Cecília, mas eu achei que eram apenas histórias. - Diz Fernando.
- Todas as histórias são verdadeiras. - Clary disse tão baixo que Fernando provavelmente não a tinha ouvido, ele olhava para Milo com os punhos trincando.
- Eu quero ir com vocês. - Disse Fernando.
- Não. Absolutamente não. - Milo balançou a cabeça.
- Eu posso mostrar a vocês como chegar lá dentro.
- Não podemos levar você... - Milo hesitou por um momento, tentado pela proposta.
- Ótimo. - Fernando andou até ele e chutou um monte de lixo empilhado contra o muro. Havia uma grade de metal lá, barras finas cobertas com um castanho acobreado da ferrugem. Fernando se ajoelhou e levantou as grades do chão.
- É assim que meu irmão e meus amigos entraram. - Diz olhando para Milo e Clary. - Isso leva até o porão, eu acho.
O cheiro de lixo era esmagador, fazendo Clary levar a mão ao nariz, apesar da escuridão, ela podia ver as formas em movimento das baratas. Um fino sorriso se formou no canto do rosto de Milo, ele ainda segurava a lâmina do anjo, a luz de bruxa que veio dele emprestou ao rosto dele um molde espectral, do mesmo jeito que Shura fazia com uma lanterna ao contar histórias de terror.
- Obrigado. - Disse a Fernando. - Isso vai servir muito bem.
- Você vai lá dentro e faça por seu amigo o que eu não pude com meu irmão. - O rosto do outro garoto estava pálido.
Milo escorregou a lâmina de volta ao seu cinto e deslizou através da grade em um único movimento suave, os pés primeiro, Clary segurou a respiração, esperava por algum grito de espanto ou agonia, mas ouviu apenas o som dos pés alcançando o solo úmido.
- Venha... - Diz Milo do buraco. - Eu te seguro.
- Obrigada pela ajuda. - Clary diz para Fernando que nada responde, apenas segura suas mãos. Ela usou para firmar a si mesma enquanto se equilibrava na posição. Seus dedos estavam frios. Ele a soltou enquanto ela se desprendia e descia através da grade.
Foi apenas um segundo de queda, Milo a segurou, seu vestido rolou para cima de suas coxas e as mãos dele tocaram sua perna.
- Você está bem? - Milo pergunta a colocando no chão rapidamente.
- Estou bem. - Clary puxou o vestido apressadamente, contente por ele não poder vê-la no escuro.
Milo puxou uma lâmina serafim de seu cinto e deixou sua crescente iluminação banhar sobre os arredores. Eles estavam de pé sobre um local apertado, de teto baixo e piso de concreto rachado, Clary podia ver as estrias pretas no chão e parede, havia uma passagem estreita e uma porta que levava a outro quarto.
Um baque forte fez Clary sobressaltar, ela se virou para ver Fernando aterrissar de joelhos a poucos metros dela, ele os havia seguido através da grade e sorria maniacamente.
- Eu disse pra você não vir! - Diz Milo.
- E eu ouvi. - Fernando balançou a mão ignorando. - O que você vai fazer sobre isso? Eu não posso voltar por onde eu vim. E você não vai me deixar aqui para a morte me encontrar, ou vai?
- Ainda estou pensando sobre isso... - Diz Milo, ele parecia cansado. Clary pode ver as sombras debaixo de seus olhos.
- Nós precisamos ir por ali, em direção as escadas. - Diz Fernando apontando. - Eles estão no andar superior, vocês vão ver. - Diz passando por eles.
- Estou realmente começando a odiar mundanos. - Diz Milo balançando a cabeça negativamente.
O piso inferior do hotel parecia um labirinto com seus inúmeros corredores que iam para a sala de armazenamentos, a lavanderia com as toalhas velhas e emboloradas sobre os cestos de vime e uma fantasmagórica cozinha com bancos inoxidáveis e uma longa bancada se alongando para dentro das sombras.
A maioria dos degraus que levavam para os pisos superiores haviam sumido, não apodrecido, mas arrancados e picados em pedaços, espalhados pelos cantos em forma de gravetos, pedaços do que um dia foi um luxuoso tapete persa estava agarrado à eles como flores cobertas pelo molde.
A falta de escadas confundiu Clary, o que vampiros tinham contra elas? Eles finalmente encontraram uma não danificada escada atrás da lavanderia, provavelmente os empregados a usavam para carregar toalhas e roupas de cama no tempo anterior aos elevadores. Uma poeira espessa descansava sobre as escadas como uma fina camada de neve, o que fez Clary tossir.
- Shhhh... - Diz Fernando. - Eles irão ouvi-la. Estamos bem perto de onde eles dormem.
- Como você sabe? - Sussurrou Clary. Ele supostamente não era para estar ali, que direito ele tinha de fazer uma palestra sobre ruído?
- Eu posso sentir. - O canto de seus olhos se estremeceu, ele estava tão assustado quanto Clary. - Você não?
Ela balançou a cabeça. Não sentia nada além do estranho frio, depois do sufocante calor do lado de fora, o interior do hotel era muito frio.
No topo da escada havia uma porta na qual estava escrito "SAGUÃO", que era pouco legível debaixo dos anos de poeira acumulada. A porta gotejou ferrugem quando Milo a empurrou, Clary abraçou o próprio corpo.
A sala estava vazia, eles estavam em um enorme saguão, o apodrecido carpete rasgado mostrava as placas de piso despedaçadas abaixo. Houve uma vez que a peça central do saguão havia sido uma grande escadaria, graciosamente curvada, um corrimão coberto de dourado e ricamente acarpetado com ouro e escarlate. Agora tudo o que restava eram os degraus mais elevados que os levavam para a escuridão, a parte mais baixa acabava um pouco acima da cabeça deles. Aquilo era tão surreal quanto as pinturas de Magritte que Jocelyn havia amado.
"Esta é com certeza uma escada para lugar nenhum.", pensou Clary observando o lugar.
- O que os vampiros tem contra escadas? - A voz de Clary saiu tão seca quanto a poeira que revestia tudo.
- Nada. - Disse Milo. - Eles simplesmente não precisam usá-las.
- É uma maneira de mostrar que esse hotel é deles. - Diz Fernando, seus olhos brilhantes, ele parecia quase animado, Milo o olhou de lado.
- Você já viu um vampiro, Fernando? - Ele perguntou.
- Eu sei como eles se parecem. - Fernando olhou para ele distraído. - Eles são pálidos, mais magros que os humanos, mas muito mais fortes. Andam silenciosamente como os gatos e se movem como as serpentes. Eles são bonitos e terríveis, como esse hotel.
- Você acha isso bonito? - Pergunta Clary.
- Você pode ver como ele foi há anos atrás. Como uma anciã que foi linda, mas teve a beleza roubada pelos anos. Você precisa imaginar essas escadas da maneira como eram, majestosas com as lâmpadas de gás iluminando acima dos degraus e abaixo como vagalumes no escuro. E os balcões cheios de pessoas. E não como agora, tão... - Ele parou em busca de uma palavra.
- Quebrado? - Sugeriu Milo secamente.
Fernando olhou para Milo surpreso, como se ele o tivesse tirado de seus devaneios, ele riu tremulamente enquanto se afastava.
- E onde estão os vampiros? - Perguntou Clary.
- Lá em cima. Vampiros gostam de dormir em lugares altos e está quase amanhecendo.
Como fantoches com as cabeças presas a cordas, ambos, Fernando e Clary olharam para cima ao mesmo tempo, mas não havia nada acima deles, a não ser o teto de afrescos, rachados e negros em alguns lugares como se tivesse sido queimado em um incêndio. Uma passagem arqueada levava para mais adentro da escuridão, pilares em cada lado eram gravados com motivos de flores e folhas.
Quando Fernando voltou a olhar para baixo, uma cicatriz na base de sua garganta cintilou na pele morena, Clary se perguntou como foi que ele a conseguiu.
- Eu acho que devemos voltar para a escada dos empregados. Eu me sinto muito exposta aqui... - Clary sussurrou. Milo concordou.
Ela se perguntou se o medo que sentia se via em seu rosto.
- Eu...
Suas palavras foram cortadas por um grito descomunal, Clary girou.
Fernando.
Ele havia sumido, sem marcas na poeira onde ele possa ter ido ou sido arrastado. Ela se aproximou de Milo em um reflexo, mas ele já estava em movimento, correndo em direção aos arcos escancarados e além da escuridão. Ela não podia vê-lo, mas seguiu a luz de bruxa como uma viajante sendo conduzida pelo pântano por um traiçoeiro fogo fátuo.
Além do arco havia o que tinha sido um grande salão de baile. O chão arruinado era de mármore branco, agora tão arruinado que parecia mais um mar de um ártico gelo flutuante. Balcões curvados corriam ao longo da parede, seus parapeitos cobertos de ferrugem. Espelhos emoldurados com dourado estavam pendurados em intervalos entre eles, ornados com uma cabeça de cupido dourada. Teias de aranha eram levadas pelas correntes de ar como véus de um vestido de noiva.
Fernando estava de pé no meio da sala com os braços abaixados em cada lado do seu corpo.
- Você está bem? - Clary correu até ele, Milo andou lentamente atrás.
- Eu pensei ter visto um movimento nas sombras, não era nada. - Ele diz.
Fernando foi em direção a porta sem olhar para ver se Clary e Milo o seguiam, ele havia dado apenas alguns passos.
- Fernando! - Diz Milo.
Fernando se virou estreitando os olhos inquisitivamente, foi quando Milo jogou uma faca.
Os reflexos de Fernando foram rápidos, mas não rápidos o suficiente. A lâmina acertou o alvo, a força do impacto golpeando ele. Seus pés se moveram para baixo, seu corpo caindo pesadamente no chão de mármore rachado. Na turva luz de bruxa, seu sangue parecia preto.
- Milo... - Clary sibilou horrorizada, o choque esmagando através dela. Ele havia dito que odiava mundanos, mas ele nunca...
Quando ele se virou para se aproximar de Fernando, Milo a empurrou para o lado. Ele mesmo se jogou sobre o garoto caído, agarrando a faca e acertando o peito de Fernando.
Mas Fernando foi mais rápido. Ele segurou a faca e então gritou ao tocar a cruz em forma de cabo. E fez um forte barulho ao cair no chão de mármore, a lâmina manchada de preto. Milo tinha a mão cerrada no material da camisa de Fernando em uma mão e a Sanvi na outra. Ela estava cintilando com uma luz que fez Clary poder ver novamente as cores da parede, um azul royal descascado, as manchas de ouro no mármore do chão e a mancha vermelha na camisa de Fernando.
- Você perdeu. - Fernando estava rindo, pela primeira vez, mostrando os incisivos pontiagudos e brancos. - Você perdeu meu coração.
- Você se moveu no último minuto. - Diz Milo. - Isso foi muito imprudente.
Fernando de cara amarrada cuspiu sangue, Clary deu passos para trás, olhando em crescente terror.
- Quando você descobriu? - Fernando exigiu, seu sotaque havia sumido, agora ele falava mais rapidamente.
- Eu acho que no beco... - Milo disse. - Mas eu achei que você nos levando até o interior do hotel, se viraria contra nós. Uma vez que teríamos infringido o limite, estaríamos fora do limite do pacto. Jogo justo. Quando não, eu pensei que estivesse enganado, foi quando vi a cicatriz. - Diz sentando um pouco afastado, mas ainda mantendo a faca no pescoço de Fernando. - Na primeira vez que vi, pensei que a corrente fosse de algum material que não reagisse com a proximidade da cruz. Que é o que você usa quando vai ver sua família não é? Mas o que é uma pequena queimadura, quando vocês se cicatrizam rápido.
- Então é só isso? A cicatriz? - Riu Fernando.
- Quando você deixou o saguão, seus pés não deixaram rastros, então eu soube.
- Não foi seu irmão que entrou aqui e nunca mais saiu. - Clary diz, percebendo. - Foi você!
- Vocês dois são muito inteligentes. - Disse Fernando. - Mas não são suficientemente inteligentes. - Diz apontando para um ponto do teto.
- O que você vê, Clary? - Diz Milo, sem tirar os olhos de Fernando.
Clary olhou para cima lentamente, o pavor coalhando o poço de seu estômago.
"Você precisa imaginar essas escadas da maneira como eram, majestosas com as lâmpadas de gás iluminando acima dos degraus e abaixo como vagalumes no escuro. E os balcões cheios de pessoas", as palavras de Fernando estavam em sua cabeça.
Eles estavam cheios de pessoas, fileiras e fileiras de vampiros com suas faces pálidas e mortas, suas bocas vermelhas esticadas, olhando perplexos para baixo.
- Você os chamou não foi? - Pergunta Milo, ainda com a lâmina apontada para Fernando.
- E isso importa? - Fernando estava sorrindo, o ferimento havia parado de sangrar. - Eles são muitos até mesmo para você, Wayland.
Milo não disse nada. Embora ele não tivesse se deslocado, ele estava respirando curto e rápido, Clary podia sentir a força do seu desejo de matar o garoto vampiro, de enfiar a lâmina em seu peito e apagar aquele largo sorriso para sempre de seu rosto.
- Milo... - Clary disse advertindo. - Não o mate.
- Porque?
- Podemos usá-lo como um refém.
- Refém? - Os olhos de Milo se ampliaram.
Ela podia vê-los, muitos deles, preenchendo a passagem arqueada, se movimentando tão silenciosamente quanto os Irmãos da Cidade de Osso. Mas os Irmãos não tinham a pele tão branca e incolor, nem as mãos que se curvavam em garras nas pontas.
- Sei o que estou fazendo. - Disse Clary, lambendo os lábios secos. - Pegue-o atrás de seus pés, Milo.
- Tudo bem. - Milo olhou para ela, depois deu de ombros.
- Isso não é engraçado. - Fernando rebateu.
- É por isso que ninguém está rindo. - Milo ergueu Fernando ereto, pressionando a faca entre as omoplatas dele. – Eu posso perfurar seu coração facilmente através de suas costas. - Ele disse. - Eu não me moveria se fosse você.
- Parem bem aí! - Clary levantou a mão e encarou as sombras que se aproximavam. - Ou ele vai colocar a lâmina através do coração de Fernando.
Uma espécie de murmúrio correu através da multidão, algo como sussurros ou risadas.
- Parem! - Clary disse novamente. Mas desta vez Milo fez algo que ela não pôde ver, que fez Fernando chorar surpreendido pela dor.
Um dos vampiros levantou a mão parando os outros, ela reconheceu como sendo o rapaz loiro com brinco que ela havia visto na festa de Magnus.
- Ela quer dizer que eles são Caçadores das Sombras. - Ele disse.
Outro vampiro empurrou através da multidão para ficar ao seu lado, uma linda garota de cabelos azuis e olhos escuros com uma saia prata drapeada. Clary se perguntou se havia algum vampiro feio, ou talvez gordo. Talvez eles não fizessem vampiros feios, ou pessoas feias não iriam querer viver para sempre.
- Caçadores das Sombras invadindo nosso território... - Ela disse. - Eles estão fora da proteção do Pacto. Eu digo para matá-los, eles já mataram muitos dos nossos por aí!
- Qual de vocês é o mestre desse lugar? - A voz de Milo era imparcial. - Que ele dê um passo a frente.
- Não use as palavras da Clave em nós, pequeno Caçador das Sombras. - Ela mostrou seus dentes afiados. - Você quebrou as regras do Pacto vindo até aqui. A lei não irá protegê-lo.
- Isso é o suficiente, Gabrielle. - Disse o garoto loiro. - A nossa mestre está em Idris.
- Alguém deve manter as regras em seu lugar. - Observou Milo.
Houve um silêncio. Os outros vampiros estavam dependurados ao longo do parapeito para ouvir o que era dito.
- Fernando nos lidera. - Disse o rapaz loiro.
- Jacob! - A garota de cabelo azul deu um silvo de desaprovação.
- Eu sugiro uma troca. - Diz Clary, cortando o discurso de Gabrielle e a réplica de Jacob. - Vocês devem saber que trouxeram para casa algumas coisas da festa. Uma delas é meu amigo, Shura.
- Você é amiga de um vampiro? - Jacob levanta uma sobrancelha.
- Ele não é um vampiro. E também não é um Caçador das Sombras. - Clary diz vendo os olhos estreitos de Gabrielle. - Ele é um simples humano.
- Não trouxemos nenhum humano da festa de Magnus. Isso seria uma violação ao pacto.
- Ele tinha se transformado em um rato. Pequeno e marrom. - Diz Clary. - Vocês podem ter trazido ele confundido com um animal de estimação, ou...
Sua voz estava falhando. Eles olhavam para ela como se ela estivesse louca. Um frio desespero penetrou seus ossos.
- Deixa eu ver se entendi... - Diz Gabrielle. - Você está oferecendo a troca de Fernando pela vida de um mísero rato?
Clary olhou para Milo buscando ajuda, mas ele lhe devolveu um olhar que dizia "esta ideia foi sua, se vira!".
- Sim. - Clary olhou de volta para os vampiros. - Essa é a troca que estamos oferecendo.
Eles olharam para ela com seus rostos pálidos e inexpressivos. Em outro contexto, Clary poderia dizer que eles estavam desconcertados.
Clary podia sentir Milo atrás dela, a respiração irritada. Ela se perguntou se ele estava procurando em seu cérebro a resposta para como ela conseguiu arrastar ele até ali.
- Você quer dizer este rato?
Clary piscou. Um outro vampiro com tranças escuras saiu do meio da multidão com algo marrom em suas mãos que se contorcia delicadamente.
- Shura? - Clary sussurrou.
O rato guinchou e começou a se debater no aperto das mãos do garoto, que olhou para baixo com uma expressão de desagrado.
- Cara... Eu pensei que ele fosse o Zeke, mas estava me perguntando porque ele se esquivava com tanta atitude. - Ele balançou a cabeça, as tranças balançando. - Cara, eu posso dizer que ela pode levar ele. Ele já me mordeu umas cinco vezes!
Clary se aproximou de Shura, suas mãos ansiosas para abraçar o pequeno rato, mas antes que ela pudesse alcançá-lo, Gabrielle ficou em seu caminho.
- Espere! Como posso ter certeza de que vocês não vão simplesmente pegar o rato e matar o Fernando?
- Nós vamos dar a nossa palavra.- Clary disse tensa, esperando que eles rissem.
Ninguém riu. Fernando jurou suavemente em espanhol, Gabrielle virou para Milo.
- Clary... - Havia ali um corrente desespero exasperado oculto em sua voz. - Isso é realmente um...
- Sem juramento, sem troca! - Gabrielle disse imediatamente, com apreensão em seu tom incerto. - Elliot, segure o rato!
O garoto de tranças reforçou seu controle sobre Shura, que afundou os dentes selvagemente nas mãos dele.
- Cara! - Elliot disse de mau humor. - Isso dói!
- Só jure. Isso não vai machucar. - Clary sussurra para Milo.
- Juramento para nós não é como para vocês, mundanos. - Milo disse com raiva. - Eu vou estar sempre preso a qualquer juramento que eu fizer.
- O que aconteceria se você quebrasse esse juramento?
- Esse é o ponto. Eu nunca iria quebrá-lo.
- Gabrielle está certa. - Disse Jacob. - Um juramento é exigido! Jure que não irá machucar Fernando e nós devolvemos o rato.
- Não vou machucar o Fernando.- Disse Clary. - Não importa o que!
- Não é com você que estamos preocupados... - Gabrielle sorriu para Clary tolerantemente, para em seguida lançar um olhar para Milo que segurava Fernando tão fortemente que as pontas de seus dedos estavam brancos, uma mancha de suor escureceu sua camisa na parte dos ombros.
- Tudo bem. Eu vou jurar... - Disse Milo.
- Fale o juramento! - Disse Gabrielle rapidamente. - Jure pelo Anjo, diga tudo!
- Você jura primeiro. - Milo balança sua cabeça.
Suas palavras caíram no silêncio como pedras, causando um murmúrio na multidão, Jacob parecia preocupado.
- Sem chance, Caçador das Sombras. - Disse Gabrielle furiosa.
- Temos o seu líder! - A ponta da faca de Milo escavou mais fundo na garganta de Fernando. - E o que vocês tem, um rato?
Shura preso nas mãos de Elliot soltou um guincho furioso, Clary desejou poder tirar ele das mãos do vampiro, mas se segurou.
- Milo...
- Mestre? - Gabrielle olhou para Fernando.
Ele mantinha a cabeça baixa, os cachos negros caindo sobre o rosto. Sangue escorava pelo colarinho para baixo de sua pele nua.
- Um rato muito importante. - Fernando disse. - Para você vir até aqui por ele. É Caçador das Sombras... acho que você irá jurar primeiro.
Milo tentava conter sua raiva, Clary podia ver o aperto de sua mão, e os músculos de seu rosto e do canto da boca tremerem.
- Esse rato é um mundano. - Disse Milo. - Se matá-lo, estará sujeito à lei.
- Ele está em nosso território. Invasores não são protegidos pela lei, você sabe que...
- Ele não invadiu! Vocês o trouxeram para cá! - Diz Clary.
- Tecnicamente... - Fernando sorriu para ela, não obstante da faca em seu pescoço. - Além disso, você acha que não ouvimos os rumores, a notícia que está correndo através do Downworld? Valentine está de volta e não haverá nenhum Acordo, nenhum Pacto em breve.
- Onde você ouviu isso? - Milo o sacudiu.
xXxXxXxXxXx
Há! Gostaram do capítulo? E do Fernando? Garoto vampiro espanhol! Esse foi seu doce Ikarus-sama! E apesar dele ser malvadinho, ele não vai morrer, ele é um personagem muito importante!
Muitas revelações... Será que o defunto Valentine tá realmente vivo? Isso só mais para frente!
Quem tiver tido coragem de ler, deixe uma review e faça uma gata de rua feliz!
bjnhos x3333
