I. Escolhendo ela
Edward Cullen PDV
Eu soltei a respiração quando o farol do carro iluminou a pista escura depois da curva. Apertei o cano da arma em meu colo, olhando pelo retrovisor.
Estava de noite e um dos pontos de encontro, era uma rua que levava para um antigo centro de distribuição de uma rede varejista que estava abandonado. Sempre tinha que estar atento a tudo, pois podia ser uma armadilha.
O carro preto freou e parou ao lado do meu. A porta do motorista se abriu e vi o vulto de um homem conhecido saindo dele e abrindo a porta do meu carro.
Emmett McCarty era um caporegime e trabalhava diretamente para mim, desde que assumi meu posto de subchefe na Grand C. Era filho de um primo do meu pai e um grande amigo. Era um dos poucos que eu confiava para fazer alguma missão para mim e comandar um pequeno grupo de soldados.
Ele abriu a porta do carro e saiu carregando uma mala preta. Colocou-a no banco do passageiro ao meu lado.
— Tudo certo, chefinho. — abriu o zíper mostrando os milhares de dólares americano que tinha ali.
— Ótimo, eu entro em contato depois — falei e ele assentiu fechando a porta do carro. Eu não o esperei chegar ao seu, para dar a ré e sair cantando pneu dali.
Liguei o som e cantarolei a música que passava, enquanto dirigia rápido voltando para o centro iluminado de Los Angeles. Eu nunca cansava de admirar essa cidade, onde tinha nascido e crescido, o nosso reino.
Era pouco mais de meia noite e estava feliz das ruas estarem tranquilas para dirigir e eu poder acelerar meu SUV preto da BMW. Tinha-o comprado mês passado e ainda testava o motor.
Eu era apaixonado por carros. Tinha a BMW, um conversível que só dirigia durante o dia para não chamar atenção demais a noite, um mustang clássico e uma moto ninja kawasaki, claro. Amava a adrenalina de pilotar em velocidade.
Fui freando apenas quando chegava próximo a rua do Clube Oculto. Conferi nos retrovisores para ver se estava sendo seguido, mas tudo continuava tranquilo. Guardei a arma no cós da minha calça e saí carregando a mala.
Meu escritório ficava por dentro de um restaurante na esquina de uma rua. Para melhor proteção dos negócios era diferente da sede da Grand C que era localizada mais ao centro em um edifício, onde havia uma boate para mascarar tudo.
A luz estava acesa, mas não havia nenhum cliente, apenas um funcionário limpando o chão. Assim que entrei, ele ficou de prontidão, olhou para baixo e esticou a mão antes de trazer para seu peito.
Era jovem, mas estava se saindo bem no serviço. Acenei com a cabeça apenas e caminhei até a entrada para a cozinha. Bati em uma porta de ferro que ficava antes. Duas batidas, como de costume.
O segurança a abriu e assim que me viu, fez o gesto me cumprimentando.
— Chefe.
Eu desci as escadas que levava para uma sala, havia mais quatro homens ao redor de uma mesa. Eles conversavam e jogavam cartas, assim que entrei, todos se levantaram, me cumprimentando. Um deles, estava com a submetralhadora a mostra.
— Podem continuar o que faziam, mas prestem atenção — apontei para os monitores que gravavam imagens da entrada, saída e da rua onde só um casal caminhava lentamente. Eles assentiram.
Precaução nunca era demais.
Passei por eles indo para minha sala e fechei a porta.
Peguei o dinheiro da mala e contei colocando no cofre debaixo da mesa.
Mais 500 mil do pagamento das armas que tínhamos vendido para um caçador. As armas que ele queria não eram legalizadas, eram de uso exclusivamente militar, então as vendi por preço um pouco mais alto, lógico. Fora que junto estava um valor de um dinheiro que ele me devia, com os juros.
Emmett tinha ido fazer a entrega e pegar o pagamento.
Sentei na cadeira que deslizou para trás e encarei o teto branco. Estava cansado e só queria ir para casa, desde cedo estava na rua resolvendo problemas.
Às vezes era cansativo ser o herdeiro de tudo isso, se já estava assim sem eu assumir tudo, imagina quando eu assumisse, nem queria pensar nisso. Felizmente isso iria demorar. E teria mais tempo para relaxar.
Bocejei e cocei minha barba para fazer, fechei meus olhos bem rapidinho…
Acordei assustado sem saber quanto tempo havia passado, escutei passos e vozes conhecidas. Minha porta se abriu e me arrumei na cadeira, olhei no relógio na parede. Só se passaram menos de quinze minutos, mas pareciam duas horas. Franzi meu cenho com a visita inesperada, só tinha duas pessoas que entravam assim na minha sala, sem precisar serem anunciados.
— Pai, Anthony, o que fazem aqui? Está tarde.
Meu pai era um homem imponente, um pouco mais baixo que eu e meu irmão. Ele usava uma calça social preta e uma blusa de botões de seda escura, seus olhos azuis carregavam uma frieza que poucos conheciam. Seu cabelo loiro começava a ficar mais grisalho e estava escondido pelo chapéu de gangster. Ele tinha sessenta e poucos anos, porém parecia ao menos dez anos mais novo.
Eu esperava ser como ele, quando crescesse.
Um passo atrás dele estava Anthony, meu irmão gêmeo. Ele era exatamente igual a mim, éramos gêmeos idênticos.
Nós tínhamos o mesmo cabelo bagunçado, os mesmos olhos verdes, o mesmo maxilar forte e estilo de roupas. Não tínhamos nenhuma tatuagem, marcas podiam ser usadas com facilidade para identificação.
A única diferença, entre nós dois, era uma pulseira de couro preta que usávamos. A minha tinha um E incrustado no brasão da nossa família, enquanto a dele tinha um A. No começo quando éramos menores era assim que nossa mãe nos diferenciava. A ideia pegou e nunca deixamos de usar. As pulseiras que usávamos naquele momento, eram especiais, ganhamos depois que nos tornamos homem feito e desde então nunca tiramos.
Nós trabalhamos por um ano em uma posição mais baixa para entender como tudo funcionava, antes de eu assumir o segundo em comando e ele ir trabalhar diretamente com nosso pai.
— Não sei, o chefão chamou, então estou aqui. — deu de ombros.
Meu pai suspirou, ele odiava quando a gente o tratava como chefão, mas era isso que ele era. O Grand Chefão de tudo, conhecido e tratado como o Rei da maior máfia de Los Angeles e uma das maiores do país.
A Grand C surgiu no período em que começou a Lei Seca, meus antepassados enriqueceram vendendo ilegalmente bebidas alcoólicas, mesmo depois de revogada a proibição, ganhamos respeito e força e muitos se juntaram ao nosso grupo, jurando fidelidade. Conquistamos espaço e poder em todo o território, ao preço de muito suor e sangue. Criamos tradições, cerimônias e juramentos. Extorquimos pessoas poderosas, vendíamos drogas, armas, emprestávamos dinheiro. Ainda éramos envolvidos com lavagem de dinheiro, apostas e brigas ilegais.
Com isso tínhamos muitos inimigos, mas nenhum com o poder que nós possuímos. Na palma de nossa mão estava incontáveis políticos, importantes empresários e diversos nomes de Hollywood.
— Quero falar com você, é um assunto importante seu irmão também deve estar presente. — Ele chamou minha atenção.
— O que aconteceu? — meu cenho se franziu, não gostando desse tom sério dele.
— Quero me aposentar.
— O que? — Eu e Anthony dizemos juntos e surpresos.
Não era raro falarmos em coro, nós sempre estávamos em sincronia. Ele me entendia como ninguém, assim como eu o entendia só com um olhar. Um sempre parecia saber o que o outro estava pensando.
— Eu estou ficando velho, não tenho mais a força que tinha para lidar com isso aqui. Quero passar o meu lugar de chefe e ficar atuando mais como um conselheiro a distância.
— Pai, o senhor não pode fazer isso! — de tudo que imaginava que ele fosse falar, nunca seria isso.
— Tanto posso, como devo e como bem sabe Edward, você é meu filho mais velho, a chefia de tudo vai passar para você.
Meus olhos se arregalaram por um momento. Pensar em todo poder que teria em minhas mãos, mas não. Ainda não.
— Mas é muito rápido, eu não estou preparado — falei totalmente pego de surpresa com aquela notícia.
Eu tinha apenas 28 anos, ainda esperava que demoraria ao menos dez anos para aquilo acontecer. Eu era novo demais.
— Está sim, você vem sendo preparado para isso, desde que começou a trabalhar como subchefe.Não há ninguém como você, filho. Sempre analisa tudo com cuidado, sabe contornar todos os problemas que teve com entregas e resolve outros dilemas que nem são de sua competência. Sabe que alguns membros do Conselho já querem sangue novo no poder. Você já é respeitado e tratado por todos como o Grand Chefão, como vocês mesmo vivem dizendo.
— Pai, mas…
— Você foi treinado a vida toda para isso mano, mais do que ninguém é o dono da porra toda. — Anthony falou andando até mim e colocando a mão em meu ombro.
Ele deu um aperto de confiança, eu suspirei.
— Nós dois fomos treinados para isso — o lembrei.
Afinal, Anthony era meu irmão gêmeo, ele sempre esteve ao meu lado em todo o processo, era meu irmão e nunca nos separamos. Nós compartilhamos muitas boas memórias juntos.
— Sim, mas você é o mais velho, Edward — meu pai falou.
— Por um minuto e 34 segundos. — eu e Anthony falamos juntos de novo e trocamos sorrisos.
94 segundos, que me tornaram o herdeiro de tudo.
Balancei a cabeça.
— Anthony ficará com seu cargo de subchefe e trabalhará aqui — meu irmão sorriu satisfeito.
Mesmo tendo apenas dois minutos de diferença de Anthony, às vezes sentia que era bem mais. Ele sempre teve a sorte de crescer sem se sentir pressionado por tudo que teria assumir, levava a vida mais despreocupado e curtindo tudo. O invejava por isso.
Desde o começo tive que amadurecer mais rápido sentindo o peso de criar respeito por todos os membros. Ele sempre me aconselhava a relaxar e aproveitar minha juventude, mas eu não podia ser visto como fraco, se um dia iria assumir tudo. Eu sempre fui o mais razão, enquanto Thony sempre foi o mais emoção. E quando estávamos juntos era um equilíbrio perfeito.
— O senhor tem certeza disso? Se o fizer não poderá voltar atrás.
Uma vez que eu assumisse o lugar dele, tudo seria meu.
— É claro que tenho, amanhã faremos uma reunião com o conselho e anunciaremos a decisão, vamos começar a fazer a transição logo, mas como bem sabe, precisamos arrumar um detalhe antes.
— Que detalhe? — tentei me lembrar do que era, mas nada veio à minha mente.
Ele fez uma pequena pausa. Levou a mão onde estava o anel que carregava com o brasão da família. Era grande e bem chamativo e quando tivesse a cerimônia passaria para mim.
— Você terá que se casar.
A frase ecoou lentamente em meu ouvido.
— O que? — dessa vez falei sozinho.
Anthony ao contrário riu.
— Filho da…
— Não xingue sua mãe, Edward! — disse com sua voz autoritária de chefe — Você só pode se tornar o chefão quando tiver uma esposa, sabe muito bem disso.
— Pai, mas eu nem tenho namorada. E não quero estar em um relacionamento agora — tudo que eu não precisava era de uma mulher choramingando em meu ouvido, fala sério.
— Mas precisa ter uma. Sabe que precisa ser casado para assumir tudo — ele tirou um envelope pardo do bolso. — Aqui estão nomes que pedi para reunir das filhas de sócios e amigos, você pode escolher qualquer uma delas.
— Sem conhecer? — meus olhos se arregalaram ainda mais.
Que porra de século ele achava que estavamos? No XV?
— Boa sorte, mano — Thony apertou meu ombro novamente e bufei para ele, afastando sua mão. Ele estava se divertindo com a minha desgraça.
— Vai ter a vida inteira para conhecê-la, Edward.
— Mas…
— Você poderá se encontrar com algumas antes para decidir se é ela mesmo que quer.
Eu suspirei odiando aquilo.
— A não ser que queira se casar com alguma ex-sua.
— Definitivamente não.
— Tanya com certeza iria adorar — Anthony riu de novo.
Eu bufei. Tanya foi a única namorada séria que tive, nos relacionamos pouco antes de me tornar o subchefe, mas ela era pegajosa demais e o encanto que sentia por ela foi diminuindo até acabar. Ainda demorei meses demais com ela por comodismo e pelo sexo fácil que tinha, até o ponto que não deu mais. Ela nunca superou nosso fim e era um inferno quando estava presente em algum evento. Ainda mais depois de termos ficado uma noite ano passado, um erro que cometi, depois de estar muito frustrado e cansado de suas insistências. Seu pai era membro do conselho e ainda torcia que ficássemos juntos.
Meu irmão pegou o envelope e o abriu, puxando várias fotos de dentro.
— Olha quem tá aqui em primeiro — ele riu e virou me mostrando uma foto dela.
Era só da cintura pra cima, fazia um bico em seus lábios vermelhos e usava apenas um top que mostrava boa parte do seu decote.
Eu não podia negar que Tanya era uma mulher linda, mas só conseguia sentir asco ao olhar para ela. Revirei os olhos e puxei a foto de sua mão.
— Fala sério, pai não pode esperar que encontre uma esposa assim.
— Tanya é a melhor candidata para isso, Edward. Não precisa procurar muito. — falou.
Eu bufei e amassei a foto dela.
— Não pai, ela não! — joguei o papel amassado no lixo.
Preferia casar com qualquer outra mulher.
— Porra! Essa daqui é uma delícia — Thony disse e encarei a imagem, era do corpo inteiro de uma mulher negra e magra. Seus cabelos escuros e volumosos. Tinha um sorriso no rosto, seus lábios carnudos cobertos por um batom vermelho. Como o maldito homem que era meus olhos observaram os belos par de seios cobertos por um biquíni.
Eu podia sentir desejo por ela, mas um casamento não poderia viver só disso, certo?
— Coloque na pilha de talvez — falei para meu irmão que sorriu malicioso.
Puxei as fotos dele e fui olhando uma por uma.
Todas as mulheres que estavam ali eram bonitas e jovens.
Que diabos! Como escolheria uma mulher assim?
Passei rápido por cada um olhando superficialmente. Eu não sei o que esperava sentir, mas queria sentir algo além de atração. A pilha de talvez só tinha três fotos. Estava quase desistindo quando uma me chamou a atenção e me fez parar por mais de dois segundos.
A mulher ali não tinha nada de extraordinário, mas assim que encarei seus belos olhos castanhos claros, seus cabelos compridos caindo na frente de seu peito que estava coberto por um magnífico suéter de tricot azul com gola em V, eu senti.
Uma faísca. Uma faísca que muito facilmente poderia se tornar um incêndio.
— E esta? — ergui a foto, tentando não mostrar muito interesse.
— Não a conheço, olha o nome atrás. — meu pai falou.
Virei a foto.
— Isabella Swan, filha de Charlie Swan.
Eu conhecia Charlie, mas não sabia que ele tinha uma filha.
Interessante.
— Ah Charlie é um dos caras que deve um dinheiro para gente, ele é viciado em pegar, já deve mais de um milhão. Ano passado fez o juramento e começou a trabalhar como informante na polícia de Los Angeles desde que Brandy saiu. Você gostou dela?
Virei a foto e encarei de novo a imagem.
— É, eu gostei.
Não sabia explicar direito o que tinha sentido quando olhei a foto dela, mas com certeza foi algo bem mais forte que só desejo.
— Vamos falar com ele, podemos sanar a dívida se aceitar.
Eu apenas assenti encarando a mulher na imagem, de repente não me senti tão contrariado com essa ideia de me casar.
Nota da autora:
Estou tão ansiosa para saber o que vão achar desse capítulo que não conseguir esperar para postar.
Obrigaaada a todas as meninas que comentaram é por vocês que voltei logo, espero que mais gente apareça por aqui, para me dar gás para escrever
Bom feriado de carnaval para vocês e nos vemos logo ;)
