Havia um bom tempo que Indiana andava com cuidado por entre os caminhos estreitos e irregulares que se formavam naquela caverna. Além de não saber bem pra onde ia, mal enxergava o que estava ao seu redor. A vela do seu lampião se diminuiu até não passar de um toquinho naquele momento, o que avisava e apressava Indy ainda mais. Ele tinha que retornar logo para fora, ou então, teria que passar fome e sede e contar com a sorte de ser resgatado, caso fosse necessário.
Colocando essas preocupações de lado, ele então se apressou o máximo que poderia, mantendo o mesmo cuidado e atenção. Atenção essa que o fez encontrar parte do que estava procurando. As gravuras nas paredes eram bem curiosas, representavam cenas do cotidiano da Grécia Antiga, até que uma delas se diferenciou. Dava para ver a figura humanóide grande e destacada, direcionando suas mãos ocupadas para figuras humanóides menores. Indy se aproximou, vendo com muito mais precisão cada um dos detalhes, estava perto de encontrar o que procurava.
Continuou seguindo os desenhos por mais um tempo, até que bateu os olhos na gravura que tinha estudado por tanto tempo, impressionado em como ela era praticamente igual a dos livros, aquele desenho certamente tinha sobrevivido a muito coisa.
Indiana continuou seguindo a trilha, encontrando um caminho muito mais estreito do que imaginava, comicamente, teve que encolher um pouco da barriga e prender a respiração para caber ali. O espaço foi diminuindo até que somente seu braço direito coubesse ali. Ele o esticou pela fresta e a ponta de seus dedos tocaram algo peculiar. Aquilo não era mais uma rocha ou pedra, tinha a textura de uma cerâmica empoeirada. O velho vaso da Ode a Hércules estava ali, ou ao menos, parte dele.
Muitos anos de aventura ensinaram Indiana a ser um arqueólogo mais prevenido. Além dos seus fiéis pistola e chicote, agora ele também carregava pá e picareta, parecendo as ferramentas de um jardineiro, ou de um companheiro de profissão mais acadêmico e cauteloso do que ele. De qualquer forma, ele começou a cavar o espaço do jeito que podia, ainda meio prensado contra a parede da caverna. Conseguiu uma abertura suficiente para que puxasse o vaso intacto. Só assim ele saiu daquele espaço apertado, apreciando o ar extra que voltou a ter.
Quando se afastou da fresta, constatou que tinha o precioso vaso em mãos. Soprou a poeira que o cobria e examinou cada detalhe, se tratava do próprio Ode a Hércules em si, o que deixou Indy muito contente, sorrindo como um tolo sozinho, naquele lugar inóspito e poeirento.
Sem mais o que fazer na caverna, Indiana guardou o precioso artefato em sua bolsa e tratou de sair dali o mais rápido que pôde. O problema é que agora estava completamente às cegas, a luz de seu lampião se extinguira de vez, obrigando o arqueólogo a se virar como podia.
Com passos meio cambaleantes, foi andando em frente, até que um passo em falso o alertou que ele tinha tomado uma decisão errada. Um som ribombante e grave veio dos fundos da caverna, como se as pedras fossem se mexendo e revirando, sem poder controlar o que estava prestes a acontecer. Perto dele, Indiana sentiu um ar quente que vinha de bem debaixo dos seus pés. O barulho aumentou e ele então entendeu que o local estava desmoronando. A partir daí tratou de correr para fora o mais rápido possível, sem pensar se era devido uma maldição ou uma simples avalanche ou terremoto surpreendentemente pontuais.
Na sua correria acabou ficando entalado em mais frestas estreitas, o que o fazia perder tempo, quando tinha que sair desses buracos e recomeçar toda a trilha outra vez. O chão parecia cada vez mais instável e nada de Indiana ver ao menos um fio de luz em algum lugar. Estava certo de que àquela hora do dia, o sol deveria estar quente e escaldante lá fora, como deveria ser. Foi então que ele teve que parar e recuperar o fôlego. Olhou atônito em volta de si, dando giros completos sobre o eixo onde estava, a esperança finalmente apareceu como uma luz no fim do túnel.
Uma pequena fresta de luz indicava o caminho pra fora, a mesma passagem pela qual ele tinha entrado. O problema é que as pedras já começavam a encobrir o caminho para lá. Indiana foi mais rápido, ignorando o cansaço e pulando sob as pilhas que se formavam, sentindo a fadiga a cada suspiro que dava. Seu chapéu quase ficou pra trás quando ele se esgueirou por outro trecho estreito, mas ele o segurou com mais firmeza sobre a cabeça. Finalmente, seus olhos se incomodaram com uma maior incidência de luz e então, ele estava fora da caverna. Todo aquele monumento da natureza continuou desmoronando sozinho, e aquele barulhão equiparando-se a grandes trovões, apressou Indiana para fugir para um local mais seguro.
Chamando um táxi com um bondoso e compreensivo motorista, ele voltou ao hotel que estava hospedado. Indiana pediu ao homem que esperasse e, buscando um trocado dentro de seu quarto, entregou ao taxista o que lhe devia. Sua aventura do dia estava encerrada por ali.
N/A.: Eu escrevi essa história alguns anos atrás, quando descobri a franquia Indiana Jones e virei fã. Aproveitei o lançamento de Relíquia do Destino pra postar aqui também. Sobre o quinto filme, tenho minhas ressalvas quanto a ele, posso dizer que gostei mais ou menos. E bom, essa história é a minha versão do que eu queria que o quinto filme fosse. Aproveitem a história!
