Indiana voltou ao seu escritório rapidamente. Além de ter mais papeis para ler e decidir o que fazer sobre o que estava escrito nele, ainda teria que pensar no que essa viagem inusitada guardava para ele.

Ao chegar ao seu local privado de trabalho na universidade, deu de cara com Harry e Dinah, ávidos por respostas.

-Como foi lá, pai? O que eles queriam? - Harry foi o primeiro a falar.

-Você sabe muito bem tanto quanto eu que o que esses senhores abordaram comigo não é algo que se comente aqui, as paredes tem ouvidos - Indy disse discretamente, chegando a olhar para os lados sorrateiramente, se certificando que tinha ao menos o mínimo de segurança para tocar no assunto - prometo contar mais tarde, no jantar, em casa.

-Estaremos lá, vovô - Dinah prometeu.

Assim, mais tarde, todos os Jones em Bedford se reuniram na casa de Indiana e Marion, curiosos para ouvir o que tinha acontecido. Enquanto isso, Carmen contava uma história engraçada do trabalho, em como um dos seus colegas se esqueceu de tomar alguns cuidados e ficou com a cara inchada por causa de uma planta que lhe dava alergia.

Marion e a nora riam juntas, e Indy não deixou o momento passar despercebido, olhava as duas com gratidão, e esperava retornar a salvo para vê-las outra vez, dessa aventura que ele não pôde negar. Em contra partida, Harry e Dinah ainda o encaravam, procurando por respostas.

-Está bem, pessoal, é muito bom estarmos todos juntos aqui, mas tem algo muito sério que eu preciso contar, e preferi contar pra todo mundo de uma vez - Indiana falou mais alto, chamando a atenção de todos.

-Eu sei o que isso tá parecendo - Marion comentou, com um pouco de aflição, mas sabendo que jamais impediria o marido de se aventurar por aí.

-Pois é, minha querida, como Harry fez questão de me contar hoje, homens importantes de uma corporação vieram pedir minha ajuda, que será bem remunerada, segundo eles, para procurar um grupo perdido de pessoas que estavam procurando por Atlântida - ele disse, esperando uma reação exagerada da família, que certamente veio.

-Atlântida? O maior mistério da arqueologia? Indy, me parece muito perigoso, mas se tem alguém que pode encontrá-la, é você - Marion deu o braço a torcer.

-Eu agradeço pelo apoio e por entender, mas eu não vou sozinho, há uma equipe que vai comigo, especialistas em áreas que não são meu forte - Indiana explicou um pouco mais.

-Tá bem, é ótimo que o senhor não vai sozinho, mas você vai precisar de um parceiro de confiança pra te acompanhar - Dinah apontou.

-Por que exatamente tá dizendo isso, mocinha? - a mãe dela disse, desconfiada.

-Porque nas histórias do vovô ele sempre teve alguém o acompanhando e, quando ele estava sozinho, na maioria das vezes, tudo dava errado - apontou a jovem - e mesmo com alguém que ele aparentemente confiava, ele foi traído.

-Você nunca vai esquecer a Dra. Schneider, não é? - o avô rebateu.

-Não! - a resposta veio de todos os outros membros da família, o que fez Indy se sobressaltar.

-Tá bem - ele respondeu, meio assustado.

-E ainda bem que meu bisavô estava ali pra te ajudar! - Dinah continuou.

-Não, eu fiz mais que o meu pai, que Deus o tenha! - Indy rebateu, um tanto indignado.

-Tá bom, Dinah, eu conheço esse discurso, tá na cara que você quer ir junto - o pai dela adivinhou tudo.

-É claro que eu quero ir, e a culpa é toda de vocês! - ela se levantou e olhou para o resto da família.

-Como assim, nossa culpa? Você tá exagerando... - a mãe dela apontou, mas sabendo que aquele já era um argumento perdido com a filha.

-Eu cresci ouvindo as histórias do grande Indiana Jones, tá na hora de eu fazer alguma coisa grandiosa também, está no meu sangue, e eu quero, eu preciso ir - ela disse com toda força, firmeza, de modo que ninguém pudesse contrariá-la.

-Ela tem um excelente argumento - Harry e Indiana falaram ao mesmo tempo, o que fez os dois rirem juntos.

-Você não pode estar falando sério, Harry! Ela só tem 18 anos, está no meio da faculdade, e quer ir pra Deus sabe onde! - Carmem ficou exaltada, como qualquer mãe protetora ficaria.

-Eu estou falando sério porque foi exatamente assim que eu me senti na idade dela, é super compreensível - Harry respondeu, muito mais calmo que a esposa.

-Olha Carmem, de todas as viagens do Indy, essa me parece a mais segura, sério - Por mais que Marion estivesse relutante a princípio, seu próprio senso de aventura e intrepidez entendeu a neta - eles não vão estar completamente sozinhos, vão ter todos os recursos da corporação mais uma equipe especial, a Dinah pode aprender muito com essa viagem.

-Por favor, deixem eu ir, eu já sou maior de idade, eu sei me cuidar e eu vou estar com o vovô o tempo todo - Dinah deixou a pose de forte e destemida para implorar um pouco - vocês confiam nele, não confiam?

-Hum... - Marion disse de propósito, em dúvida.

-Ei! - seu marido protestou, indignado.

-Brincadeira, confiamos sim - ela corrigiu - por mim, eu deixo você ir, e pelo visto o Harry também.

-Se tomar todo cuidado necessário e não fazer nenhuma besteira - o pai de Dinah recomendou.

-É melhor você ir pra impedir seu avô de fazer besteiras - completou Carmem, o que tirou de Indy mais um olhar indignado.

-Me impressiona vocês me considerarem tanto - reclamou o arqueólogo.

-Nós amamos e confiamos, em vocês dois - Marion deixou claro - tomem cuidado, se divirtam, e tragam pra casa uma história fantástica de como encontrarem Atlântida e as pessoas desaparecidas.

-Pode deixar, vovó - Dinah sorriu, finalmente tinha conseguido sua permissão.

-Seu pedido é uma ordem, meu amor - Indiana confirmou à esposa.

Assim, alguns dos Jones embarcariam numa nova aventura, enquanto os outros esperariam ansiosamente por eles.