Tanto Indiana como Dinah não reconheceram de quem era a voz, mas mesmo assim, acharam melhor não reagir. Se viraram lentamente para a direção do estranho, com as mãos levantadas. Mesmo agora, olhando para a pessoa que os ameaçava, não dava para saber quem era.

-Indiana Jones? – murmurou a estranha ameaçadora.

-Sim? – responderam tanto o avô como a neta.

-Espera, achei que só houvesse um Indiana Jones – disse a estranha, confusa.

-Acho que o Indiana Jones que você conhece sou eu – respondeu Indy, cauteloso – não se preocupe, estamos aqui para ajudar, por acaso, a senhora sabe sobre a expedição para encontrar Atlântida...

-Eu sei, e já concluí essa expedição, pelo menos até onde eu pude ir – ela contou – eu sou Carrie Diple, estava com Ken e Carl, mas eles se perderam de mim... quer dizer...eu os vi morrer na minha frente...

-Quer dizer que encontrou Atlântida de verdade? E o lugar é amaldiçoado? – perguntou Dinah, curiosa.

-Eu encontrei sim, e vocês acharam a entrada do reino perdido, bem aí no lago – Carrie apontou com desdém.

-Você chegou a entrar lá? – os olhos de Indy brilharam de fascinação.

-Apenas contemplei a entrada, estava cheio de armadilhas antigas, pelas quais Ken e Carl encontraram seu fim – Carrie contou com pesar.

-Ah eu sinto muito – Indiana conteve sua empolgação.

-Mas quanto ao artefato que dá pra ver daqui da superfície? – Dinah se lembrou.

-Que artefato? – Carrie não compreendeu.

-Nós vimos uma placa daqui de cima, bem no fundo do lago – Indiana explicou.

Carrie ficou curiosa, sem entender direito ao que eles estavam se referindo, por isso deu mais uns passos para frente, mas depois recuou, se lembrando dos apuros e de como perdeu seus companheiros de exploração.

-Nós só vamos ter certeza do que é se formos até lá embaixo – reafirmou o arqueólogo.

-Não, peraí vovô, o senhor ouviu ela, os outros exploradores morreram lá embaixo, não quero que o mesmo aconteça com o senhor – Dinah o alertou.

-Certo, espera um pouco agora – ele pediu à neta e se virou para Carrie – você viu exatamente o que os matou?

-Eu... eu não sei, eles foram apunhalados, com uma espécie de... lança elétrica? – ela especulou.

-Lança elétrica? Então pra você, pareceu que eles levaram um choque? – deduziu Dinah.

-É, foi isso – confirmou a exploradora.

-Pode ser que sejam só enguias ou águas-vivas – Indy retrucou, com uma certa teimosia na voz.

-Vovô, nenhum de nós vai lá embaixo, é muito arriscado – Dinah tentou outra vez.

-Eu sei, eu sei, tá bem, e sé nós tentássemos... – ele tentava bolar uma ideia, um plano eficaz que o fizesse sair dali com o mínimo de segurança e o artefato.

Sem mais esperar por opiniões de Dinah e Carrie, Indiana começou a trabalhar sozinho. Olhou em volta, tentando encontrar alguma coisa que conseguisse empurrar a tal coisa para a superfície. Observou o próprio chicote e não achou que o instrumento fosse ideal para o que tinha em mente, mas é o que tinha lhe sobrado. Se aproximou do lago até onde pôde, arremessando o chicote como uma vara de pescar. Ele envolveu alguma coisa pesada, Indy observou o fundo do lago e percebeu que milagrosamente seu plano tinha dado certo. A tira de couro envolvia uma espécie de placa com escritos antigos.

-Deu certo! – Indy comemorou, voltando a olhar para as duas.

Seu pequeno momento de distração custou mais do que ele esperava, sentiu uma força muito maior o puxar para baixo, mas nada o faria largar seu precioso chicote. Diante daquela provocação, as até agora calmas águas do lago se agitaram, fazendo Dinah, seu avô e a exploradora que encontraram se prepararem para o pior.