Um tremor reverberou por toda caverna e a única coisa que Indiana pensou é que aquele era o momento perfeito para saírem dali. Mas ele não sairia sem o bendito artefato, ou seu precioso chicote que estava preso ao artefato.

-Dinah, me ajude aqui! – ele pediu, a neta o puxou com toda a força que tinha e, milagrosamente, Indy conseguiu recuperar seu chicote e o artefato misterioso ao mesmo tempo.

Carrie começou a correr na direção em que seus supostos resgatadores vieram, os Jones a seguiram, tentando serem rápidos. Porém, quanto mais corriam, mais sentiam o lugar se inundar, a água do pequeno lago começou a transbordar de maneira sobrenatural, até que uma muralha de água se interpôs na frente do trio, era como se alguém manipulasse a água, a deixando como na abertura do Mar Vermelho.

Os três procuraram com os olhos um jeito de sair dali, fugir da inevitável barreira de água. Havia aberturas dos lados das paredes da caverna, mas esses caminhos só dariam em mais paredes. No entanto, era a única escapatória que tinham. Entrando nos buracos, os três viram o quanto eram apertados, e ainda assim, a água chegou a entrar onde estavam. Parecia uma situação sem solução, até que ouviram um barulho apavorante.

-Quem ousa invadir esse local sagrado? – uma voz que parecia vir do além, sem sinal de quem era seu dono, reverberou por todo lugar.

-Sentimos muito, sentimos muito! – Indiana foi o primeiro a reagir, por mais louco que parecesse, suas experiências lhe diziam que era melhor agir daquela maneira.

-Não são dignos de atravessar os portões da velha e grandiosa Atlântida! – a voz disse com raiva, novamente.

-Atlântida? Quer dizer que conseguimos mesmo? – Dinah murmurou, admirada.

-O que restou dela, moça, e sim, eu posso ouvir vocês, sou o guardião deste local sagrado e não poderão sair daqui com vida, já que o infringiram – disse o guardião.

-Nós já estávamos de saída, oh grande voz, não somos ameaça nenhuma para você ou sua cidade em ruínas – tentou Carrie.

-Não são? – o guardião se zangou ainda mais – o que é que este homem tem nas mãos? A chave de Atlântida me pertence!

-Ah isso? – Indy se fez de desentendido – é só que... achei que fosse outra coisa, entende?

-Não minta, não minta! Digam suas verdadeiras intenções e talvez eu os deixe sair daqui – demandou o guardião.

Os Jones trocaram um olhar tentando decidir o que fazer, vendo que seu avô estava relutante ou talvez sem muitas boas ideias no momento, estando sob a pressão de um guardião invisível que controlava água, Dinah decidiu tomar um passo à frente na questão.

-Meu nome é Indiana Souza Jones, filha de Henry Jones III e Carmem Souza Jones, neta de Henry Jones Jr, vim de Bedford, Connecticut, e garanto guardião que nossas intenções aqui são as mais nobres – ela usou um tom de voz todo solene, que convenceu a entidade a ouvi-la mais – queríamos desvendar sua história e prestar nossos préstimos a tudo que sua cidade perdida representou um dia para a humanidade.

-Oh, você é mais uma que busca as origens de Atlântida e como ela se afundou? A resposta está na chave de Atlântida – respondeu o guardião – mas não seria sábio compartilhá-los com o mundo.

-Imaginei que quisesse sua chave de volta – resmungou Indy.

-Está certo, senhor, não vou deixar que saiam daqui com ela, ou que vejam o que sobrou de nossa pátria – respondeu o guardião, ofendido – há mistérios que são melhores guardados para sempre dos olhos e do coração daqueles que não os compreendem.

-Eu garanto que não somos assim, toda minha vida eu lutei pelo respeito a culturas e seus artefatos, que elas ficassem longe das mãos de pessoas como as que você descreveu – Indiana disse, explicando a situação.

-Algo me diz que fala a verdade – reverberou o guardião de volta – mesmo assim, não levarão nada que encontraram aqui.

-Não, não é nossa intenção, quer dizer, agora que o senhor deixou tudo claro sobre como as coisas funcionam por aqui – Indiana disse, mas trocando um olhar com a neta.

Dinah teve uma ideia e a colocou em prática o mais rápido possível. Depois de todos os intempéries que passaram naquela missão, a bolsa dela ainda tinha sobrevivido, tendo nela, carvão e papel. Enquanto o avô ainda conversava com o guardião invisível, Dinah fez uma cópia de carbono sobre o artefato. Assim, eles juraram não tirar a chave de Atlântida do seu lugar de origem, nem entrar nas ruínas da velha cidade.

Indiana deu uma piscadela esperta à neta, e então se voltou para o guardião novamente.

-Nós lhe entregamos a chave de volta, reconhecendo que ela não nos pertence – Indy deixou claro e então, o guardião fez questão de aparecer finalmente.

Era uma figura humanoide, pálida e translúcida, quase como um fantasma, com um espectro azul em torno de si. Tudo indicava que ele era tangível, mas tirou a placa das mãos do velho arqueólogo com toda firmeza.

-Vão agora – ordenou o guardião, com o rosto impassível.

Indiana e as moças assentiram, voltando para trás, pelo mesmo caminho que tinham entrado. O chão ainda estava úmido e as paredes da caverna molhada, mas nenhuma outra inundação os seguiu ou os atrapalhou de sair dali.