SHISUI POV

"Sasuke vai adorar brincar com isso." murmurrei encantado, ao tirar o velho lêmure de pelúcia que acompanhou Itachi em sua infância, um brinquedo do qual ele era muito ciumento, e meu contentamento apenas aumentou ao ouvir o guincho engraçado atrás de mim.

"Shisui-san, coloque isso de volta aonde você achou." sibilou por entre os dentes, ao ver sua pelúcia preciosa em minhas mãos, conhecendo-o, eu sabia que ele queria o arrancar de mim, mas seu orgulho nunca o permitiria fazer tal coisa, além disso, ele sabia que eu o provocaria para o resto da vida.

Eu o amassei contra o peito de propósito, vendo como os olhos do outro ficaram estreitos.

"Não seja um estraga prazeres, Tachi-chan." o olho esquerdo dele tremeu de aborrecimento com o apelido infantil, se ele não fosse Uchiha Itachi tenho certeza que teria feito beicinho, mas ele tinha que manter à pose.

Era muito engraçado tirá-lo do sério, fazendo-o agir como o pirralho de treze anos que ele realmente era – o que às vezes fazia de propósito apenas para tirar aquela máscara que ele usava a maior parte do tempo quando não estava na minha presença ou com o irmão mais novo, além disso, merecíamos uma noite de diversão com o membro mais jovem da família para dissipar um pouco da tensão que nos rodeava, como bem o fardo pesado que recaía sobre nossos jovens ombros.

Pareceu uma eternidade até que meu primo desfez a carranca, relaxando a postura. E eu sabia que ele tinha cedido ao meu favor.

"Só não conte coisas embaraçosas para o Sasuke."

"Como o que, por exemplo?" não pude evitar provocá-lo, era muito divertido vê-lo nessa situação. "Que você costumava dormir com o rosto enfiado nessa linda pelúcia, Tachi? Aposto que ele vai adorar ouvir essa história do seu irmão incrível."

"Por que concordo com as suas besteiras mesmo?" disse exasperado, antes de arrancar o lêmure amarelo das minhas mãos para expecioná-lo mais de perto.

Eu sorri convencido, mesmo que ele não estivesse olhando para mim. "É por que você me ama, é por isso."

"Você vai comprar dangos pra mim por uma semana." um raro sorriso apareceu no rosto dele, com o pensamento de me falir ao usar meu dinheiro das missões para empanturrá-lo com seu doce favorito.

Não me importei, não era como se eu não gostasse de mimá-lo de vez em quando. Eu tinha como um irmão mais novo, e além de ensinar o caminho de um shinobi, ajudá-lo com os arremos de shuriken quando éramos crianças, eu o tinha em alta estima, especialmente, pelo laço que construimos ao longo dos anos.

"Vamos lá, temos uma bolinha de energia para entreter." caminhei para fora do quarto de Itachi com o mesmo ao meu lado.

"Você fala isso como se Sasuke não tivesse sete anos." resmungou, ainda mantendo o aperto em sua velha pelúcia com medo que eu fosse roubar dele a qualquer momento.

Ele era muito ciumento quando se tratava de suas coisas, coitada de Izumi quando ambos de casarem.

Dei risada com o pensamento, fazendo-o olhar para mim com uma expressão estranha no rosto.

"O que foi?" perguntou.

"Não é nada." dei de ombros.

"Como está a herdeira Hyuga?"

Eu franzi a testa. "Por que você quer saber?"

"Está com ciúmes?" ele arqueou a sobrancelha.

Sim, Itachi sabia muito bem ser um pirralho quando queria.

"Não." respondi muito rápido.

Talvez, eu não fosse muito diferente dele, acho que era uma coisa do nosso clã, afinal.

Era irracional ter ciúmes de Kari-chan quando ambos somos apenas amigos, e nossos clãs se encontravam em lados opostos da Aldeia. Ela era a herdeira, se casaria com algum primo do ramo, o mesmo aconteceria comigo – e além disso, havia tantas coisas acontecendo dentro deste complexo, uma guerra civil poderia ocorrer a qualquer momento se não pudéssemos impedir, mas tanto nosso líder quanto os anciões estavam dispostos a continuar com o plano da rebelião.

"Você gosta dela, Shisui." entramos na sala, onde menino de sete anos nos esperava, impaciente. "Só não tente tomar uma atitude em relação aos seus sentimentos tarde demais."

"Por que demoraram tanto?" Sasuke fez beicinho.

Ele estava sentado no tapete rodeado por blocos de montar, shurikens de brinquedo e o inseparável dinossauro de pelúcia verde.

"Estava procurando isso." apontei para a pelúcia nas mãos de Itachi antes me sentar com a criança.

"Essa coisa velha?" ele arqueou as sobrancelhas, fazendo-me rir enquanto meu primo tentava manter a compustura diante do insulto.

"A coisa é de Itachi."

"Oh." Sasuke exclamou, surpreso. "Vamos brincar também, nii-san!"

"Só vou assistir vocês." se deitou no sofá sem largar a pelúcia. "Divirtam-se."

"Vamos, vamos, nii-san!" Sasuke puxou o braço dele. "Sem você não tem a menor graça, você pode até bater no Shisui se ele falar algo estúpido."

"O que?!" exclamei, com um guincho.

"Ainda é um não."

Sasuke olhou para mim.

"Convença nii-san a brincar com a gente, Shisui."

"Tudo bem! Tudo bem!" cedi antes que ele fizesse uma birra. "Você sabia que quando Tachi-chan era criança, ele não largava essa coisa e dormia-..."

"Cale a boca." me olhou frio. "Tudo bem, eu brinco com vocês."

"Yep!" Sasuke comemorou, mas os grandes e inocentes olhos escuros me olharam curiosos. "Mas, eu quero saber o resto da história."

"Que tal depois?" falei cruzando as pernas. "Eu vou contar uma história para você... Era uma vez, o dinossauro Tofu vinha de uma longa viagem quando avistou um lêmure amarelo chamado Dango sendo intimidado por bandidos..."

A história mirabolante continuou, não deixando de exagerar nas falas e ações do protagonista – que era o dinossauro de Sasuke – que lutava contra as injustiças para proteger as pessoas, deixando-o encantado com a narrativa sem sentido até que ele adormeceu com a cabeça no colo do seu irmão mais velho.

"Eu preciso de água." resmunguei me levantando para beber, uma vez que havia usado muito a minha voz.

"Vou levar Sasuke para a cama." disse Itachi baixinho, sumindo no corredor com o garotinho nos braços.

Eu queria que mais dias como esse fossem diários, mas sabia que uma tesmpestade estava se aproximando e esses dias ensolarados não durariam por mais tempo.