Terras devastadas, corpos dilacerados percorriam um vasto campo. O resultado de uma guerra a qual a humanidade foi derrotada, pois não a vitória quando a apenas um sobrevivente.

Longe de toda essa devastação, em um dos poucos lugares que não foram destruídos. Em uma clareira com uma grande pedra no meio, cheia de nomes gravados há muito tempo, uma mulher que não parecia ter mais de vinte anos, olhava para a pedra com cansaço e nostalgia. Ela possuía longos cabelos de uma cor rosa floral, olhos verdes que a muito perderam seu brilho, mas o que a marcava mais, era o diamante roxo no meio de sua testa que emanava um brilho fantasmagórico.

- Eu selei Kaguya … e o Dez-caudas.

Sua voz estava desprovida de qualquer emoção. Vazia e indiferente.

Seus olhos seguiram os nomes daqueles que foram seus companheiros de equipe, sua amada família. Sakura estava cansada, depois que todos morreram pelas mãos de Kaguya e ela sendo a única que restou. Só sobrou o desejo avassalador de vingança. Tanto que ela foi além do que o selo Yin podia fazer, sem se importar com as consequências que traria, não tinha mais nada a perder e não podia se permitir morrer. Porque seria a vitória da deusa que ousou tirar tudo dela.

O resultado foi uma modificação no seu selo, que começou a absorver chakra natural e se fundir ao seu corpo. O que resultou em sua imortalidade.

O que tantos almejaram no passado, agora era sua própria maldição no presente vazio. Sakura perdeu o interesse de contar os dias, meses e anos que passaram desde então. A única coisa que a manteve de pé sempre que era derrotada nos primeiros anos, era ficar mais forte, implacável e formular melhores estratégias de como vencer uma deusa imortal que tinha séculos de experiência.

Ela conseguiu no final, mas foi a tanto tempo. Que começou a se tornar uma memória querida. Afinal, ela se tornou sua única companhia viva nesse mundo. Independente de tentarem destruir umas às outras. Mas depois, só restou nada além do silêncio e o cheiro de morte nessas terras devastadas.

- É solitário ser imortal… os membros do time sete são realmente amaldiçoados… sempre irá sobrar apenas um.

O vento que antes enchia a clareira, parou subitamente e o cheiro de morte se aprofundou junto com a nova presença parada nas sombras.

- Eu não quero mais sentir essa solidão e todo o silêncio desse mundo caído… É por isso, que vim dizer que irei demorar para visitar todos vocês outra vez.

Sakura caminhou até a parte de trás da pedra e plantou uma muda de cerejeira. Despejou uma grande quantidade equilibrada de seu chakra com o da natureza e os fundiu à planta.

- Assim, vão se lembrar de mim… porque começarei uma nova vida, com a ajuda de um amigo.

Foi até a pedra e se despediu com um primeiro sorriso em décadas ou séculos. Virou as costas e seguiu em direção a presença nas sombras. Ela não mentiu quando disse que era a única pessoa viva desse mundo. Afinal, não se pode dizer que o próprio shinigami, que é a personificação da morte respirando, estava na categoria dos vivos.

O vento voltou a soprar no que agora era uma clareira vazia, com uma pedra e uma cerejeira fazendo companhia.