Porto de Yokohama,Japão, Manhã
Já era de manhã,o sol há muito já tinha saído, e o porto de Yokohama estava tão movimentado quanto sempre.
Entre os marinheiros e transeuntes apressados,estavam três estrangeiros,carregando grandes caixas metálicas nas costas.
– POR TODOS OS DEUSES DO OLIMPO, ONDE ELE ESTÁ?
Exclamou Khristós desesperado,a um passo de arrancar os cabelos,chamando atenção das pessoas, até levar uma cotovelada da sua prima e aprendiz.
– isso mestre, grite mais alto,tenho certeza que o Peru não te ouviu.
Rosnou a garota entre dentes.
– wwaaahhrr,deixe-o Pex,você sabe que ele precisa desabafar.
Comentou Flágio bocejando sonolento, apoiando o rosto nas mãos e resolvendo dormir ali, ignorando o olhar brilhante de seu mestre.
Eles rodaram Tóquio quase a noite inteira, o que obrigou Flágio a ouvir comentários como "bússola sem agulha" ou "sem norte".
A pobre Alopex suspirou cansada, jurando nunca mais sair em missão de campo com esses dois.
Apesar de ser a mais nova, de alguma forma ela tinha que ser a responsável entre eles,fazer o quê? E família, só ama por obrigação.
– quando barulho.
Felizmente para a garota,o tão (atrasado)esperado dourado chegou.
– SENHOR AFRODITE,ESTÁVAMOS ESPERANDO, O QUE ACONTECEU?
Exclamou Khristós, fazendo as pessoas ao redor o olharem com raiva,e seus aprendizes estapearem a própria cara.
Pior,ele com certeza deve ter perdido seu bom senso e filtro cérebro/ boca em algum lugar da metrópole.
Ele não estava falando com um igual, mas sim com um cavaleiro de ouro, quem liga se o dourado era mais novo? Ele era o superior deles.
A essa altura, os adolescentes estavam planejando o funeral do seu querido e sem noção mestre, no entanto, para a surpresa deles,o pisciano apenas piscou.
– não é nada importante.
Respondeu dando de ombros.
Claramente ele foi irresponsável, mas isso não significa que ele ia explicar, pelo menos, não completamente.
…………………………………………………………………………………
Algumas horas atrás.
– senhor?
Perguntou a criança confusa, fazendo o cavaleiro sair de seu estupor e tossir envergonhado, com o rosto levemente corado.
Sem perceber, ele havia encarado o nipônico por muito tempo.
Também pudera, a criança a sua frente era sem dúvidas,de longe uma das pessoas mais belas que até mesmo este santo estranhamente belo já tinha visto,ao ponto de que seria perigoso quando fosse mais velho.
Ele possuía pele pálida,bochechas levemente rosadas e redondas,cabelos verde escuro brilhante e um pouco lisos,além dos ombros, fazendo-o parecer ainda mais com uma garota.
No entanto, o verdadeiro feitiço estava em seus olhos.
Verdes como esmeraldas, cheios de inocência e pureza raramente encontradas.
Como podia uma criança ser tão abençoada quando se tratava de beleza?
– b-bem,de toda forma espero que estejam bem.
Tossiu como isso pudesse salvar a sua dignidade.
– novamente agradecemos, se não tivesse aparecido…
O garoto não precisou terminar, já era óbvio o que teria acontecido, mesmo a garota que não os entendia,ficou mais sombria.
– ambos venham aqui,deixe-me ver os seus machucados.
Pediu estendendo a mão,essas crianças não precisam lembrar disso.
Seu cosmo provavelmente seria melhor do que qualquer medicamento que seus responsáveis pudessem lhes oferecer.
No entanto,nenhuma das crianças se aproximou,surpreso, ele notou que o garoto olhava para a azulada.
– desculpe, o senhor poderia olhar Miho primeiro? Provavelmente ela possui mais machucados do que podemos ver.
Apelou preocupado,esquecendo que ele mesmo estava em uma condição mais séria.
Seria um milagre se nenhum osso estiver quebrado.
– venham os dois,eu consigo olhar os dois.
E mesmo com confusão e curiosidade nos olhos, as crianças obedeceram.
Sem nenhuma cautela, Máscara riria destas crianças por horas a fio.
Colocando as mãos sobre a cabeça de cada uma das crianças, ele emanou seu cosmo dourado, e o concentrou nas mãos, e deixou que envolvesse as crianças, até que estivessem completamente curados,como se nunca tivessem existido.
– pronto, novinhos em folha.
– Wā, arigatō aniki-sama.
Exclamou a garotinha animada,como se visse algo mágico.
– ela está agradecendo,e eu digo o mesmo, Arigatō.
– não agradeçam, agora,poderia me dizer, o que duas crianças fazem fora a esta hora da noite, e sozinhos ainda por cima.
Perguntou severo.
Havia postergado isso devido ao estado das crianças,no entanto, a situação não poderia ser ignorada.
Sem perceber, as crianças estremeceram,o seu gentil salvador havia dado lugar a alguém sério,pronto para lhes dar uma bronca.
– n-nós não conseguimos dormir, então viemos ver os vaga-lumes.
Gaguejou o garoto envergonhado.
Entre os dois,somente ele falava grego, então ele automaticamente assumiu a frente.
– Bem,isso é muito perigoso, aquela mulher.
Apontou para o corpo da Daemon, que,por não haver sangue, as crianças ingenuamente presumiram que ela apenas estava inconsciente.
– não é o único perigo,há muitas pessoas no mundo que são cruéis apenas por serem,vocês seriam presas fáceis.
Repreendeu suavemente,ao que os pequenos abaixaram a cabeça, enterrando essa lição em suas mentes.
O dourado apenas suspirou, essas crianças,ainda estão descobrindo o quão cruel o mundo pode ser.
Bem,é verdade que o Japãoapresenta baixas taxas de criminalidade,mais isso não quer dizer que seja nula,a missão que ele teve mais cedo é o prova.
– qual o seu nome?
Perguntou por fim,lembrando-se que não tinha se apresentado.
– Shun,e está Miho.
Respondeu prontamente.
Nenhuma cautela, nenhuma dúvida, essas crianças eram malditamente inocentes.
Ele podia ver o imenso cosmo desta criança, grande demais pra alguém que acabou de despertar, no entanto era calmo,equilibrado e gentil.
A personalidade de alguém está fortemente entrelaçada com seu cosmo,e esse garoto, ele tinha certeza, ele era muito forte.
– não temos sobrenome.
Ele não pode evitar o pequeno sorriso que se formou.
Ele mesmo já tinha perdido essa inocência a muito tempo,frio,calculista, cínico, entre tantas outras coisas, tudo isso fazia parte dele agora.
Ele teve que endurecer pra sobreviver nesse mundo,e sem perceber, ele quase se esqueceu do porquê lutou, e ainda luta.
Para que crianças como essas não tenham um futuro sombrio.
– prazer Shun,Miho, podem me chamar de Afrodite.
