A noite estava sombria, o silêncio reinava na noite escura, e a lua, se escondeu entre as nuvens, como se demonstrasse o desgosto de Arthemis diante de teu pecado.
Longe dos curiosos olhos e atentos ouvidos de qualquer um no santuário, um adolescente de quatorze anos, estava ajoelhado em um dos picos do penhasco em Star Hill.
O rapaz tinha pele bronzeada e longos cabelos azuis que iam até a cintura,lágrimas de dor e arrependimento continuamente escorriam de seus olhos verdes esmeraldas.
Afogado em desespero,ele clamava aos deuses, implorando por orientação e misericórdia.
Ele havia perdido o controle,e só o recuperou há apenas algumas noites atrás, depois de ter cometido um pecado grave que ele nunca seria capaz de expiar, nem mesmo em troca de sua vida.
Ele havia assinado o Grande Mestre Shion, seu assistente Arles, aniquilado as sagradas santas, rotulado Aioros como traidor, ordenando sua execução, e acima de tudo ele tentou matar Athena.
A deusa que ele jurou proteger, ela era apenas um bebê e ele levantou uma arma contra ela!
– O que eu fiz…
Ele murmurou desesperado.
Como se não bastasse,todas essas emoções o dilaceraram e se tornaram mais profundas quando Mu, o discípulo de Shion.
O pequeno veio de seu Palácio em Jamiel, exigindo ver seu mestre.
Mu era uma criança calma e reservada,no entanto não se conteve em invadir uma sala cheia de outros cavaleiros de ouro, ignorando o apelo de Shaka para que ficasse quieto.
No entanto, após um único olhar para aquele que se escondia sob a máscara dourada,ele se virou e partiu,deixando um atordoado Shaka e os outros para trás, com os olhos inundados de mágoa e decepção,que se misturavam as suas lágrimas,e rasgaram o coração do usurpador.
– …este…Grande Mestre.
Ele saiu de seu estupor quando ouviu alguém o chamar,não, na verdade foi a sutil pontada gélida na sua nuca que o fez,cortesia da sua adorável serva.
Novamente ele estava perdido nos acontecimentos de sete anos atrás.
A sua frente,ajoelhado sob a perna esquerda,estava um homem jovem, de cabelos castanho e armadura branco/prateada,Khristós de Cruzeiro do Sul, que havia acabado de retornar de sua missão no Japão,depois de passar quase duas semanas em um banco, ele estaria exultante em pisar em terra firme, se não fosse pelo problema jogado sobre ele.
Atualmente o rapaz estava aqui para entregar seu relatório formal,o que deveria ser feito pelo de patente mais alta na missão.
Ambos, tanto o cavaleiro quanto o Grande Mestre, já podiam sentir uma dor de cabeça chegando.
– Khristós, poderia me explicar por quê Afrodite não voltou?ou por quê ele o deixou responsável por isso?
Questionou calmamente fazendo o peruano se encolher, secretamente emburrado por estar aqui.
Era de conhecimento geral do santuário,incluindo o grande mestre, que Khristós tinha a papelada como seu maior inimigo,no final, todo o santuário ficou aliviado quando Alopex conseguiu sua armadura e pode assumir grande parte disso.
– B-bem,ele enviou o relatório dele, junto com uma carta, e disse que se for perguntado sobre, era para dizer que ele encontrou algo divertido e que iria ficar por mais um tempo.
Balbuciou o rapaz, lutando para manter sua voz estável.
Ao grego, só restou suspirar cansado, orando para qualquer divindade que conhecia para que o pisciano não tivesse se envolvido em problemas.
Não era a primeira vez que o dourado de peixe fazia algo do gênero, felizmente ele era muito mais equilibrado que a maioria dos insanos desse santuário.
Se o sueco não fosse obcecado por poder e nem tão leal à ideologia do mais forte,ele seria o perfeito exemplo de cavaleiro modelo.
– Eu entendo, vou analisar os relatórios e a carta, obrigado por seu trabalho duro,Skya.
Agradeceu,acenando para a garota ao seu lado,que se curvou e foi até o cavaleiro,recolhendo os papéis que estavam ao lado deste.
Ela era jovem,de uma aparência fria e angelical, com cabelos loiro platinado lisos, nos ombros,olhos verdes peridoto, e pele clara como mármore.
– Cuidarei bem disso senhor Khristós, pode ir descansar.
Declarou a menina,se curvando com um rosto inexpressivo, e sutilmente o dispensando.
O mais velho não ligou e simplesmente foi embora o mais rápido que pode,fugindo para a liberdade.
Enfim ele poderia dormir bem,ou foi o que pensou, até que seus queridos aprendizes o pegaram na entrada do Zodíaco e o arrastaram para treinar.
...
– Você não precisa ser tão fria assim Skya.
Comentou o divertido quando estavam ambos sozinhos, se levantando do trono e indo em direção a sala que ficava atrás do mesmo.
– Não compreendo o que quer dizer, eu não estou sendo assim, eu sempre fui assim.
Retrucou a suíça,seguindo o mais velho,carregando um considerável volume de papéis em seus pequenos braços.
A sala era ricamente mobilhada,com espaçosos sofás e fofas almofadas,tendo o piso de mármore minuciosamente encarpetado,e uma mesa no canto,repleta de outros documentos.
– Você é apenas uma criança, não precisa ser tão responsável o tempo todo.
Comentou suavemente, retirando a máscara e o elmo,soltando seus longos cabelos azuis.
A pequena loira não estava nem um pouco surpresa, ela havia praticamente sido criada por ele e era uma das poucas pessoas que sabiam a verdade sobre o grande mestre e o incidente de sete anos atrás.
– Eu gostaria de poder tirar esse manto, está fazendo um calor absurdo.
Lamentou desgostoso puxando a gola da veste negra.
Depois de anos se passando pelo patriarca,ele havia se acostumado com quase tudo, exeto com esse manto quente, desajeitado e pouco prático.
Mais especificamente, o manto que ele usava, era um artefato antigo, praticamente uma armadilha, feito para suprimir o cosmo,no seu caso, por motivos óbvios.
Ele não poderia ser retirado pelo usuário, somente por uma Sagrada santa ou por alguém tão abençoado quanto.
– Já que o senhor tem tempo para reclamar, leia a carta do cavaleiro de Peixes.
Repreendeu a menor,entregando o envelope para ele e sentando-se na mesa para analisar os relatórios.
– Não aja como Camus, me dá arrepios e quando foi que você cresceu tanto? Eu ainda me lembro de você me seguindo para todos os lados.
Resmungou tristemente, essa garotinha de personalidade fria e independente, foi um grande porto seguro para que ele mantesse sua racionalidade.
– Não estou,e eu ainda faço isso,a diferença é que eu agora, todos me consideram sua assistente e jogam mais trabalho em cima de mim.
Respondeu desapaixonadamente enquanto sua pena trabalhava incansavelmente.
Não era estranho para os cavaleiros, verem a criança andando para cima e para baixo,resolvendo problemas burocráticos, que até mesmo os dourados evitavam se possível.
Todos simplesmente acreditavam que era o natural, considerado já que pensavam que ela era a filha adotiva de Arles.
Gostando ou não, eles tinham que admitir que apesar da pouca idade, ela era muito inteligente e rigorosa.
– Isso é cruel.
Murmurou, pensando em repreender severamente os cavaleiros por sobrecarregarem uma garotinha de dez anos,enquanto abria a carta.
No entanto, seu rosto rapidamente foi de surpresa para descrença e por fim choque.
– O que...
Começou a menor, que sequer teve tempo de terminar ante a exclamação do grego.
– TARTARUS! o que você está aprontando Afrodite?
