Ambas as crianças tiveram que se segurar muito para não gritar Afurodīte-nii-sama, quando viram que o azulado estava do outro lado da porta.
O dourado,também teve que se segurar para não rir do óbvio esforço das crianças.
– Takahashi-san, hontōni arigatō, mō kaette ī yo.
Agradeceu o mais velho, ao que a jovem se curvou,olhando preocupada para as crianças, antes de fechar a porta.
– Shun‐chan, Miho‐chan,manā wa dokodesu ka? Gesuto ni go aisatsu shimasu.
Repreendeu gentilmente o diretor.
Ele possuía o rosto pálido e uma aparência cansada, como se tivesse passado por maus bocados.
– Hai. Kon'nichiwa, yōkoso, hajimemashite.
Cumprimentaram ambos formalmente, se curvando em respeito.
– Kochira wa Ārubāgu Sōren-Sama. Kare wa nihongo wa hanasemasenga, eigo to Girisha-go ni tan'nōdesu.
Continuou o diretor,olhando para Shun, que entendendo a ordem, deu um passo a frente.
– Fico feliz em ver que vocês estão bem.
Comentou o sueco em grego,muito satisfeito.
– Muito obrigado ir nos salvar aquele dia senhor.
Agradeceu o menor também em grego.
– Shun-chan,Miho-chan ni mo wakaru yō ni tsūyaku shite moraemasu ka?
Perguntou o diretor olhando admirado para o menor.
– Hai.
– Serei breve,eu tenho interesse em adotar ambos, tenho condições financeiras o suficiente para garantir que nada lhes faltem.
Começou, achando divertido quando o garotinho arregalou seus olhos,antes de se virar e traduzir para a azulada,que teve uma reação semelhante.
– Eu quero acolhê-los como meus aprendizes, e tenho certeza de que vocês se saíram muito bem.
Não foi difícil para ele notar quando os ombros do menor se encolheram,como se soubesse o que estava por vir.
– Minarai? Nani kara?
Questionou a azulada, recebendo um olhar atento do diretor.
– Eu venho de uma instituição especial,somos rigorosos,mas programas de adoção e recrutamento não são incomuns.
Respondeu simplesmente, lembrando-se que foi mais ou menos assim que sua mestra o acolheu.
No entanto, todos na sala ficaram surpresos quando o esverdeado não fez nenhuma questão de repassar as palavras do estrangeiro.
Ele estava de cabeça baixa, fazendo com que a franja caísse sobre seu rosto.
Ele apertava os punhos com tanta força, que se suas unhas fossem um pouco maiores, elas perfurariam as palmas de suas mãos.
– Shun?o que…
– Você é um cavaleiro de Athena, não é?
Isso sem dúvidas deixou o pobre pisciano perto das portas do Hades.
Como essa criança sabia sobre os cavaleiros? Ele não cometeria a gafe de falar isso para meras crianças.
– Eu sei sobre o santuário, sobre os cavaleiros, sobre os campos de treinamento,sobre os riscos de morrer em um lugar desses.
Continuou o menor,uma aura um pouco escura o rodeava.
Não era cosmo, mas sem dúvida era assustador um uma criança dessa idade emanasse uma presença dessas.
– Você quer mesmo levar Miho para um lugar desses apenas para morrer?
O olhar era afiado demais para uma criança.
– Shun-chan, nanishiteruno?
Repreendeu o Kenichi Sato, internamente surpreso pelo comportamento arrisco do mais dócil do orfanato.
– Shun-kun…
Murmurou Miho surpresa.
"Você faz amizades muito interessantes Miho."
Comentou a voz divertida.
"Megami onee-sama…"
– Bem, você está bem informado garoto, eu não queria explicar em detalhes agora,e ainda não vou,mas é realmente bom que você tenha uma compreensão sobre o assunto, mas tudo o que posso fazer é dar a minha palavra de que vocês não vão morrer.
Prometeu o cavaleiro.
Era óbvio que ele iria pesquisar sobre como uma criança do outro lado do mundo sabia sobre assuntos tão sérios.
Todos que o conheciam,sabiam o quanto ele era leal à ideologia do mais forte, e esse garoto japonês havia acabado de superar suas expectativas.
Ele, sem dúvidas, era forte, mais do que qualquer um poderia dar crédito.
E isso apenas atiçava ainda mais a sua cobiça.
– Tudo bem.
Respondeu o mais novo,virando-se para a azulada e explicando algo,enquanto se curvava para o diretor.
Novamente surpreendendo o dourado.
Sério? Tão fácil assim?
– Afurodīte-nii-sama ga watashitachi o yōshi ni shitai to iu koto wa wakarimashita ga… kotowaru shika nai yōna ki ga shimasu.
Declarou Miho se curvando educadamente para o sueco.
Ao que o esverdeado,surpreso,traduziu para o cavaleiro.
– Ela disse. Eu entendo que o senhor Afrodite queira nos adotar, mas… eu sinto que terei que recusar.
O cavaleiro piscou surpreso.
Claro era uma possibilidade que as crianças não quiserem ser adotadas,no entanto, o adolescente jamais pensou na possibilidade de que ela o recusaria tão rapidamente.
– Iroiro kangaeru jikan ga atta nodesuga, zutto tsurete ikitai hito ga iru nodesuga, itsumo shinbōdzuyoku matte ite kureta ki ga suru ndesu… kitto, sono hito ni tsuite ikimasu, waruikedo kotowaranakereba narimasen.
Ele não pôde evitar olhar para a menina, que retribuiu.
Seu olhar era firme, como alguém que não estava disposta a ceder.
– Nani? Miho chan, dōshite oshiete kurenakatta no?
Exclamou Shun, perdendo toda a compostura que possuía.
Recebendo um sorriso culpado da menor e um olhar cansado do diretor.
Era óbvio que ele sabia,afinal, aparentemente,a pessoa o importunação com frequência sobre o bem estar e condições da azulada.
– Shun,o que ela disse?
Questionou o cavaleiro.
Levou muito de seu autocontrole para não rir do garoto que pulou feio um gato assustado quando percebeu seu erro.
– Desculpe por isso, ela disse. Tive tempo para pensar em algumas coisas, e tem alguém que quer me levar há muito tempo, mas sempre foi paciente e me esperou,eu acho...eu tenho certeza, eu vou com essa pessoa,sinto muito.
O dourado apenas suspirou, tinha uma certa ideia de quem era a "pessoa".
Foi de imediato que se lembrou do homem que estava na clareira.
Será que era o certo? Deixar essa criança nas mãos daquelas pessoas…
– Tudo bem Miho, eu entendo se você não quiser vir,não vou te obrigar a nada,mas ainda sim,eu adimito que me deixa um pouco triste.
Algo que foi prontamente traduzido pelo pequeno intérprete.
Não foi difícil ouvir o suspiro de alívio de Kenichi Sato.
Por mais que sua razão como cavaleiro gritasse,a humanidade que ainda lhe resta, gritava ainda mais alto, dizendo que não poderia forçar uma criança.
E talvez fosse apenas o seu sexto sentido, mas algo lhe dizia que aquele homem cuidaria muito bem dela.
– Muito bem Shun,então você virá comigo? Saiba que vou treiná-lo para ser um dos mais fortes Cavaleiros de Athena.
Perguntou o cavaleiro sério.
Essa criança era,como diziam,um Diamante em meio ao cascalho,ou será melhor dizer, uma esmeralda.
– Existe alguma chance de eu reencontrar meu irmão?
– Seu irmão?
– Sim,ele também partiu para se tornar um cavaleiro.
– Serei franco,as chances são muito baixas, há muitos fatores envolvidos, mas eu acredito que podemos fazer um esforço,você tem minha palavra.
Consolou o mais velho.
Interiormente anotando para perguntar a máscara sobre o assunto.
– Então eu vou com você.
Afirmou o menor resoluto.
Nesse dia, com um aperto de mãos, ambos selaram seus destinos, porque como todos nós sabemos,Moros não escreve histórias as quais não se podem realizar.
