Capitulo 2

Jasper

2022

Voltar para terras que eu costumava chamar de lar, que eu dei meu suor e sangue na época em que o mundo lutava por valores diferentes e retrógrados, era nostálgico para mim, trazia sentimentos que a tempos eu não sentia, lembranças que eu gostaria de esquecer e saudade de memórias perdidas por mim.

O ar quente e seco de Texas personalidade marcante que se juntando ao cheio que vinda da cidade se tornava difícil de encontrar em qualquer outro lugar, claro que hoje a cidade cresceu, prédios de concretos foram e estradas de asfaltos construídos, aonde antes eram estradas de chão, campo com plantações, ou até mesmo desértico, Foram 15 anos entre Inglaterra, Itália, Alemanha, Holanda, Suíça, Espanha e França. Nos reinventando de várias formas, novas histórias, mas claro que algumas coisas nunca mudam, Carlisle nunca mudaria seu amor pela medicina, mas ensino médio tinha perdido completamente a graça para mim, Infelizmente não para a minha companheira, Alice simplesmente amava aquela atmosfera juvenil, feliz e se ocupando com coisas supérfluas, sendo que não dava mais para mim. Até mesmo Rosalie, para a minha surpresa, acompanhou minha decisão, eramos tão parecidos, afinal de contas eramos irmãos. Chegamos até mesmo a morar juntos por um tempo enquanto estávamos na suíça, enquanto a família escolheu uma casa tradicional e familiar no interior, nós dois optamos por um apartamento no centro, claro que a loira não acompanhava meu estilo de vida simples e básico, mas ela conseguiu algo confortável para nós dois, o que fez tudo ser perfeito. Então era isso, estávamos seguindo com a nossa existência tentando fazer o com que fosse, para ser o menos tedioso possível.

- Sabemos para onde estamos indo? - Me virei para Carlisle, se aproximando com a chave de um carro alugado. Depois de uma despedida dramática no aeroporto de Londres, embarcamos com a promessa de um retorno o mais breve possível.

- Peter tem uma propriedade em Dallas, foi aonde eu o encontrei quando… bem, Bem, se ele estiver mesmo envolvido em alguma confusão por aqui, é lá que ele estará. E só pelo fato de ele não está me atendendo isso quer dizer que ele está realmente enrolado nisso até o último fio de cabelo e Garrett tem razão em dizer que ele precisa da minha ajuda.

- Será que é por isso que ele não quis contar o motivo, ele deve saber que você não tem mais interesse em se envolver com isso. - Rose estava certa, eu nunca me envolveria com isso novamente por conta própria, mas isso não quer dizer que eu não me envolveria por eles.

Garret me contou o que ele viu ao longo da década em que estávamos fora, ele vinha passando constantemente pelo local, se juntando aos Whitlock, "O Sul renasceu meu amigo", Maria nunca tinha parado, eu sabia disso, ela nunca desistiria, não era a toa que a 30 anos atrás ela tinha vindo até mim e respeitado a minha recusa, e ela ainda tinha o brilho em seus olhos vermelhos a falar daquela região, os memos brilhos que quando eu a conheci, o que me deixou abismado, eu conseguia reconhecer o fascínio pelas terras, pelo controle, ela não desistiria, ela nunca deixaria de lutar.

A viagem de carro não era tão longa, pelo menos com os meus reflexos no transito, sua propriedade lhe proporcionava a privacidade que ele tanto amava, assim como os cavalos que cismava em ter, fazia longos anos que eu não via meu amigo, eu poderia imaginar como Charlotte poderia esta furiosa, minha ultima visita tinha sido quando eu escorreguei no meu controle em Forks e toda aquela merda aconteceu, eles me ouviram. Char disse que era da nossa natureza, mas ela não conseguia entender a importância que aquela menina tinha para toda a família, e até mesmo para mim, eu tinha falhado, depois de ficar um tempo com eles eu fui de encontra a família em Montana, mesmo com eles achando que seria bom dar um tempo, mas eu não podia me afastar, eu não queria, não até sentir a dor e o arrependimento que eles sentiam, dia apos dia, depois os meses e depois anos, ninguém estava melhorando… foi difícil contar que partiria com os Cullens quando surgiu a decisão da viagem, Peter tinha ficado furioso nem se quer considerar o meu convite de que viesse conosco, desde que eles voltaram por mim com a ideia de me tirar daquele inferno em que estávamos, não ficamos tão distante, nem mesmo quando segui Alice e nos juntamos aos Cullens. Sendo que agora, ele não estava nenhum pouco contente com as minhas escolhas.

"- Você que não entende Jasper. Eu não vou sair daqui… e se você quer saber, você também não deveria ir.

- Que isso outra premonição?

- Eu não tenho essa merda, Eu só sei delas. As coisas estão acontecendo, só sei disso. E se você prestasse atenção as coisas além do que acontece a sua volta, você também veria isso."

Charlotte como sempre tinha sido mais carinhosa em sua despedida "Estamos bem aqui Major, mas se resolvermos tirar umas férias… Só nos deixe sempre saber por onde você anda." Bem nesses ultimo 14 anos eu não tive nenhuma visita, mas pelo menos eu tive algumas breves mensagens de que estava tudo conforme o esperado, eu os mantive informado dos meus passos, Peter naquele modo rabugento, não interagia muito, então cabia a Char ser nosso intermediário como sempre. Mas aquelas duas pessoas difíceis eram uma parte de mim. Eles conseguiam me entender e até mesmo compreender de uma forma que nem mesmo eu consigo, os Cullens não entende por tudo o que eu passei e como tudo se tornou ainda mais difícil, quando eu sai, as lembranças, os sentimentos… as dores, os medos, eu me lembrava de tudo sem nem mesmo ter me importado nas duas décadas em que vivi naquela realidade.

- O que aconteceu aqui… Jasper? - Rose estava atenta olhando bem a propriedade em que entramos, tudo estava destruído, e eu estava tentando manter a calma. A Casa principal estava em ruínas, assim como o celeiro aonde ficava as baias dos cavalos. Ambos foram queimados até que não restasse mas nada e era inevitável ver o sinal de batalhas pelo terreno, buracos, pequenos focos de incêndio do que pareceram ser pequenas fogueiras. Isso não era recente, mas o desespero em mim sim.

A averiguação que fizemos ao redor, não deu em nada, o local estava abandonado, e foi no caminho de volta para o carro que eu liguei para Garrett furioso, eu não tinha me preocupado em pedir por uma localização, porque "tudo estava conforme o esperado", Ele sabia do ataque da fazenda, e nem mesmo se deu ao trabalho de me informa, quando nos encontramos… mas, pelo menos, prometeu me ajudar a localizá-los. Eu não esperaria. Eu não conseguiria, não era assim que eu funcionava.

- Garrett vai tentar conseguir algo. - Falei enquanto eu me encaminhava para a porta mala dos carros e pegava a minha bolsa.

- E agora? Esperamos.? - perguntou Carlisle, atento aos meus movimentos. Não tive nem mesmo chance de responder sua pergunta quando meu celular tocou com a chegada de uma mensagem. Um endereço, é claro que o idiota não iria me ligar.

- Vamos, Estamos indo para Houma, Louisiana.

- Só isso? Ele não disse mas nada? Ele tem certeza se ele está lá, se estão bem? - Rose estava bem preocupada.

- Nada, pelo jeito vamos descobrir quando chegarmos lá.

Com a pressa e a direção imprudente que fiz pela estrada deserta, não levamos as quase 8 horas de viagem esperadas para chegar a uma propriedade imensa, a única propriedade visível pelas proximidades, cercada por um campo, árvore e rio aonde alguns dos canais se encontrava,

- Está vazia? - Perguntou Carlisle me seguindo e saindo do carro também, eu não consegui sentir ninguém, nenhum cheiro.

- Não escuto e nem sinto ninguém próximo, respondi estudando a propriedade tentando pegar algum movimento dentro da casa.

- Reconhece algum rastro?

- Não captei nenhum ainda. - bati a porta do carro me preparando para correr pelas proximidades e tentar encontrar algo.

- Fiquem aqui, darei uma volta por toda…

- Veja o que os bons vento nos trouxe. - a voz do meu amigo soou ao fim do terreno na saída da floresta.

Eu não estava preparado… ódio, magoa, dor… tristeza, ressentimento, muita dor, aquele não era o Peter que eu conhecia, e não digo pela visão que eu estava vendo… seus sentimentos estavam mortos, ele de longe parecia o homem que tinha voltado até o inferno para tentar salvar minha bunda.

Eu conseguia sentir o espanto de todos a minha volta, mas não era pela personalidade e alegria perdida, o antigo guerreiro já teve dias melhores, suas roupas estavam rasgadas, o cabelo desgrenhado e … lhe faltava um braço.

- Perdeu o jeito capitão? - o humor em minha voz morreu antes mesmo de atingi-lo, eu nem ao menos senti o formigamento de diversão, nenhuma resposta divertida, somente um bufo com um rosnado.

- Eu já perdi caralho de mais nessa merda de vida, Jasper. - seu humor estava longe de ser o melhor que eu já o vi ter.

- Viemos atrás de notícias.. Não consegui entrar em contato…

- Por favor, não pergunte.

Ele voltou a caminhar, agora em uma velocidade humana sem se importar em voltar e encontrar as partes do seu corpo que faltava, irritado com a blusa que estava mais rasgada do que inteira em seu corpo ele terminou de arrancá-la com sua mão, deixando a vistas suas cicatrizes e ferimentos que pareciam ser recentes enquanto eu estudava a ferida em seu braço me perguntando porque não tinha nenhum veneno pingando, a quanto tempo isso tinha acontecido? O que tinha acontecido?

- Peter, o que acontec…

- NÃO PERGUNTE CARALHO…

A porrada que eu levei dos seus sentimentos me desestabilizou mais do que qualquer rasteira que ele pudesse vir me dar, a raiva em seus sentimentos e em suas palavras não era algo normal, Peter era conhecido pelo seu grandessíssimo humor idiota, as piadas bestas, os palavrões e a intromissão e claro seu sexto sentido de merda.

- Eu exijo saber o que está acontecendo, Capitão. - usar o velho tom com ele poderia funcionar em uma época distante, só que eu ainda não tinha percebido era como as coisas tinham mudado, foi uma péssima ideia querer impor algo naquele momento, mas eu só queria despertar algo nele que eu conseguisse reconhecer, suas ações fugiam do padrão de Peter Whitlock e eu não sabia o que fazer sem saber em que grande merda ele tinha se enfiado.

- Você não exige mais porra nenhuma nessas terras... Major. - sua postura era de ataque, assim como seu tom de deboche ao me chamar de Major. Peter sempre foi um ser teimoso e duro na queda, eu não me deixaria levar pela falta do seu membro, Emmett percebendo a tensão em toda a situação tentou se aproximar o que acabou provocando rosnado de Peter.

- Não sou seu inimigo aqui Peter, não vim para arrumar briga com você, viemos ajudar.

- Então ajude saindo do meu caminho, Jasper, Volte com a sua família para o buraco em que se enfiaram nos últimos anos. Eu não o quero aqui, tenho coisas mais importantes com que lidar no momento, do que uma estupida reunião de velhos amigos.

Seus passos pesados pelo assoalho da varanda mostrava que ele estava além do limites de estourar. Ele puxava bancos e arrastava caixotes com coisas que tintilavam, eu conseguia sentir a atmosfera ao redor pesando, uma brisa começando a correr, Rose e Emmett se aproximaram enquanto Carlisle também olhava ao redor,

- Vão embora, vocês não conseguem entender, Caralho. - seu grito veio da varanda, mas eu estava escolhendo ignorar o temperamento dele, quando estava preste a me voltar para Carlisle e pedir que fossem dar uma volta para que eu pudesse colocar um pouco de juízo na cabeça do meu velho amigo e tentar descobrir o que vinha acontecendo, passos correndo pela mata chamaram nossa atenção. Alguém vinha correndo e não estava sozinho,

- Cerca restaurada Capitão! - um vampiro loiro apareceu agitado acompanhado de mais dois homens e uma mulher.

- Bom trabalho Damian, assim que eles chegaram apenas por um caminho e temos uma vantagem. Fique, os outros assumam seus postos, quero olheiro na estrada, não interfiram apenas acompanhe seus movimentos, eu quero fazer esses infelizes queimar.

- Cuidarei disso. - o ruivo que apareceu junto com o loiro se afastou, mas antes tratou de nos analisar e logo seguiu pela estrada que chegamos.

- Esse é o major Whitlock, senhor?! - o loiro se aproximou surpreso com a minha presença, pelo jeito ele sabia de mim e me conhecia de algum lugar,

- Sim, sim, estamos com umas visitas indesejadas, que já estão de saídas.

Quando ele se virou para volta até a varanda coberta eu me movimentei me colocando em sua frente, cansado do seu jeito, sua mão agilmente voou ao meu pescoço enquanto eu agarrava seu braço.

- Eu estou aqui para ajudar Peter e não para brigar, se recomponha, capitão.

- Eu não recebo ordens de você. - seus dentes estalaram próximos ao meu ouvido. - Me recompor? Ajudar? Você está atrasado "Major", tudo o que apenas fazemos hoje é controle de danos. Sabe que merda é essa? É o que fazemos depois de toda a merda explodir bem na nossa cara de uma forma fodida, tudo já está perdido nesse caralho, é isso que você quer saber? É isso o que você veio fazer? Descobrir o que está acontecendo? Então é isso, Está tudo perdido nesse inferno. Mas eu vou queimar a todos antes que peguem isso também, não tem porque está aqui Jasper, vai embora. Isso não tem nada a ver com você…

- Realmente não tem nada a ver comigo Peter, assim como não tem nada a ver como vocês, nós largamos toda essa confusão, não tem porque se envolver. Eu não consigo acreditar que você… depois de tudo o que passamos, voltar a isso, eu não entendo, Porra. Eu vim por vocês, eu levarei vocês comigo se for o caso, você e Charlote não tem que passar por isso, O Sul… nosso combinado era não olhar para trás.

- Lembro que combinamos de lutar um pelo outro também, Jasper. Ser família. E que merda somos agora? Mais está certo combinamos não olhar para trás, e você soube fazer isso muito bem, depois que saiu pela porta da minha casa. - sua fúria brilhava em seus olhos, com o vermelho beirando o negro. - Não somos nada, eu agora não sou ninguém, estou muito distante de ser o que já fui um dia. Some da minha frente.

Solidão,

Era o que eu sentia vindo dele, e tristeza era o que eu sentia vindo do rapaz loiro que se postou ao seu lado direito em sinal de apoio, mas ao mesmo tempo que isso aquecia um pouco o sentimento do meu amigo, o homem que eu via como irmão, não era ao ponto de aquecer seu interior que parecia morto… a ultima vez que eu senti isso vindo dele foi nos seus primeiros anos de transformação, mas ela tinha desaparecido quando Charlote… apareceu…

- Aonde está Charlote, Peter? O que houve com você. - interrompi novamente seu caminho, olhei novamente a ferida em seu braço arrancado, seca… cicatrizada.

- Charlote se foi Jasper. Como eu disse, não há nada para você aqui.

- O que você quer dizer com isso? - minha dor me desestabilizou, eu tentei avançar, mas Emmett me segurou assim como o loiro se colocou na minha frente. Aquela menina loira que me salvou mesmo depois de eu condená-la, não estava aqui… o rosnado furioso que saiu de mim chamou a atenção dele. Ressentimento, tristeza, dor… eu tinha falhado com eles… Peter deu as costas e saiu e eu deixei que ele fosse.

- O capitão não tem sido ele mesmo no último ano, Major. Não tem sido fácil para ele, para nenhum de nós. Perdemos muito nessa guerra infernal, mas sem sombra de dúvidas ele foi o quem mais perdeu…

- último ano? Isso não é ressente? - perguntou Carlisle, enquanto eu tentava limpar minha mente na nuvem negra que queria tomar o controle do meu raciocínio.

- Nada do que vem acontecendo é recente, senhor. É verdade que por uma década, colocamos ordem por essas terras, o Sul tinha ganhando vida, mas infelizmente isso atraiu olhares. Sofremos ataques, mas sempre protegíamos os nossos, Até que fomos traídos e passamos a ser caçados, eles não estavam satisfeitos apenas com as terras, eles querem morte também. Não se importando nem mesmo com suas baixas, quanto o maior número que eles eliminassem melhor.

- Você era um soldado do Sul?

- Eu sou senhor. - sua postura ereta, mesmo estando todo bagunçado era visível, toda seu comprometimento era evidente.

- Quantos anos você tem rapaz? - Carlisle perguntou abismado.

- 16 senhor.

- Uma criança. - lamentou.

- A quanto tempo você foi transformado? Infelizmente Maria nunca se importou com isso, Carlisle. - perguntei estudando seus olhos vermelhos.

- Maria não é minha senhora, Major, e eu Tenho 10 anos de transformação.

Eu me espantei, nunca que um recém-nascido tinha chegado tão longe aos comandos de Maria, não depois de mim é claro.

- Chegue de tricotar Damian, assuma seu posto. Consigo sentir o fedor desses vermes a quilômetros. - Peter voltou carregando um barril com seu braço enquanto tinha algo pendurado em seu pescoço, uma mangueira, talvez.

- Eles estão chegando, se protejam e não cruzem o caminho de Peter, ele sabe se cuidar e ele criou gosto em explodir coisas.

O barulho de folhas agitadas chegaram até a gente, tinha um bom numero se aproximando. Emmett se colocou a posto próximo de Roseli, enquanto Carlisle também se aproximava, eles vinham pela estrada, mas ao longe ouvimos pequenas explosões. Gritos desesperados chegaram aos nossos ouvidos, enquanto Damian comemorava algo, com a vampira que tinha chegado com ele ao seu lado.

- Queimem seus filhos da puta… Se prepare pessoal, lembre-se que eles não se importam em morrer, mas nós sim. Essas criaturas não tem as respostas que queremos, são descartáveis de Handall, então… queimem todos. - as palavras furiosas de Peter me deixou abismado, com sua frieza no campo de batalha.

A nuvem de poeira agitou pela estrada e me coloquei a posto a frente da família, eu via Peter se movimentar próximo ao portão a quase 2 metros mais a frente, eu me agitei para me aproximar e tentar ajudar, mas Damian sinalizou que eu voltasse… em um piscar de olhos eles se aproximaram quando Peter se afastou apertando um botão, uma explosão me pegou de surpresa corpos voaram a quilômetros de distância, mas uns ainda conseguiram passar pela zona de fumaça e fogo e era ali que tínhamos que agir, O grupo que se aproximou vindo por trás deles, formou o cerco para que nenhum tentasse escapar pelo caminho que veio. Membros eram arrancados e tacados nas pequenas fogueiros que tinha por conta da explosão, o cheiro doce de veneno sendo queimado já pairava no ar. Uma nova explosão aconteceu, Peter estava lutando e jogando explosivos no que podia, o barulho os assustava e os fazia se juntar, o que facilitava nossa ação, Emmett e Rose estavam juntos cuidando de um recém-nascido enquanto eu auxiliava Carlisle já que ele não tinham muita prática em batalhar.

Era um grupo razoavelmente grande. Quando o número de infiltrados que tinha avançado para dentro da propriedade diminuiu, o apoio que surgiu pela retaguarda se dissipou, pelo jeito eles já tinham um pré comando e cada um sabia o seu papel, não era um bando bagunçado e descontrolado que eu costumava comandar em meus anos de guerra.

Uma ultima explosão aconteceu, 2 corpos voaram pegando fogo caindo em um canteiro de flores roxas e rosas, Peter agarrou o terceiro pelas costas com seu braço enrolando em seu pescoço, enquanto seus dentes fazia o trabalho de arrancar metade do seu pescoço, usando sua mão e pernas para terminar de arrancar a cabeça e jogá-la aonde os outros dois queimava, calmamente assoviando uma musica, ele foi arrancando o restante dos membros antes de jogar na pira roxa.

- Você destruiu as azaleias, seu maluco? - Damian parecia muito espantado e irritado.

- A casa está inteira não tá. - Peter respondeu estressado, enquanto se abaixava para pegar peças perdidas e tacando nas várias fogueiras próximas.

- Você está fodido, cara. - eu não conseguia entender sobre o que eles estavam discutindo, de uma forma tão banal que nem parecia estarmos sobre ataque.

Tivemos uma vitória que não foi comemorada, os aliados de Peter logo se reuniram na limpeza, até que ouvimos rosnados furiosos vindo da direção do rio.

- A casa de barco. - Damian gritou correndo.

- Espere, Damian… - gritou Peter.

Dois vampiros explodiram pela porta do que seria um casebre abandonado, um avançou enquanto o outro tentou voltar para água depois que me viu, ele me reconheceu. Peter imaginando o mesmo que eu avançou atrás dele entrando na água e eu o segui. Encontrei os dois, um envolvido no outro, não precisar respirar debaixo d'água era uma vantagem, mas a água suja e escura dificultava um pouco a visualização, senti um movimento a minha direita, mas me foquei em atacar e puxei o pé do invasor que estava na minha frente, ele não teve chance contra nós dois, então logo Peter tinha sua cabeça em sua mão, ainda embaixo d'água, outro movimento chamou nossa atenção, agora tendo a visão de uma longa calda passar próximo de nós dois, com um sinal de cabeça nós dois começamos a nadar voltando o mais rápido possível puxando o corpo para ser queimado.

Uma fogueira queimava próximo a casa que tinha sua porta e parede destruída.

- Se esses filhos da puta não nos matar, ela iria, com certeza.

- Não seja um frangote, Damian, entre nós dois, o favorito é você.

Peter caiu sentado, por reflexo tanto ele quanto eu, estávamos um pouco ofegantes, não precisar respirar era fácil, difícil é lembrar de não puxar o ar ou abrir a boca para não encher os pulmões de água, isso sim geraria um desconforto filho da puta.

- Venha menino. - Damian sentou ao seu lado, enquanto eu ainda os observava. - Você foi incrível hoje, ela ficaria super orgulhosa. - Damian tinha sua cabeça abaixada, com seus olhos na ferida nova em seu braço, com a ponta do dedo cutucava a carne de volta para o lugar, ele tinha muito delas, então para ele não era novidade, mas ele era novo de mais para essa vida, todos nós eramos.

- De você também, Capitão. - se colocando de pé, com uma curta continência ele se afastou para ajudar seus companheiros.

O suspiro de meu amigo foi o suficiente para dizer que aquele momento tinha acabado, todos voltaram para suas funções, o fogo ia diminuindo conforme os corpos iam virando cinzas, eu só continuei sentado ali, me sentindo… bem, não, eu não conseguia entender o que eu sentia.

Eu acompanhei o movimento sem fazer parte dele, a casa que até então achávamos está abandonado ganhou vida, luzes acenderam, sons de água, vozes e apitos de micro-ondas? Um trio voltou pela estrada, um dos homens de Peter voltou carregado sem sua perna, enquanto uma mulher a carregava logo atrás e Carlisle se aproximou para auxiliar na reimplantação do membro. Emmett estava com outros carregando madeiras para o portão que Peter explodiu.

- Eles tem algo grande aqui. - Rose se aproximou.

- Mas não foi o suficiente. - ela se sentou ao meu lado, sua roupa chique e impecável estava suja e rasgada, ela não combinava com isso, nenhum deles. Eu não podia deixar de comparar ela com Charlote, se Char que tinha treinamento não foi capaz de se proteger… eu não queria que essa família que me acolheu sofresse, eu já tinha falhado com uma,

- Não foi sua culpa Jasper; você não sabia.

- Por isso mesmo Rose. Era meu dever saber. Eu falhei no meu papel de Major, criador, amigo e irmão. Vocês precisam sair daqui.

- Mas Jasper…

- Sem discussão. Eu cheguei aqui, achando que ia encontrar meus irmão em casa, que eu teria que aturar uma dúzia de desaforos de Peter e alguns tapas de Charlotte e olha o que eu encontro. Vão para o Alasca e fiquem com o Eliezer, eu ficarei com meu celular e o manterei ligado, o máximo de tempo que eu conseguir.

- Isso é uma péssima ideia, cara. - Emmett se juntou a nós assim como Carlisle quando escutou minha decisão.

- Pelo jeito, eu ter ido embora também foi. - suspirei olhando ao redor. E vendo homens e mulheres que eu nunca tinha visto na vida trabalhando, Peter tinha se metido em algo grande nesses últimos anos, Mas o fato de ele não ter me procurado me feria, mesmo eu sabendo que isso não chegava nem perto na dor que ele vinha sentindo.

- Você sabe que não é sua culpa, você não é responsável pelo mundo.

- Não Carlisle, eu não sou. Eu não lembro muito da minha família, mas eu tenho encravado em mim ou valores que meus pais me ensinaram em meus 17 anos de vida ao seu lado. Respeito, Lealdade, amor e responsabilidade… E eu faltei no principal deles, Eu não sou responsável pelo mundo, mas eu sou pela minha família, e eles são minha família,

A culpa me corroía. Eu tinha um problema muito sério em desapontar aqueles que contavam comigo.

Ao longe eu via meu melhor amigo, um homem forte que ao meu lado foi um guerreiro em combate, tinha parte do corpo tão mutilado com mordidas quanto eu, nós tínhamos saído, mas ele de alguma forma tinha sido puxado de voltar e pagado caro com isso, e eu não estava lá com ele, não digo apenas pela perca do seu braço esquerdo. Ele não tinha ao seu lado a mulher que foi sua companheira pelos últimos 140 anos, isso não era triste… era devastador, mas ele era um guerreiro, ele continuava aqui, lutando por algo, protegendo, batalhando, sendo o que eu não sou mais. Mas eu me tornaria novamente, por ele. Pelo meu irmão.

Com passos leves me aproximei, ele não se moveu, mas eu sabia que ele tinha conhecimento da minha presença, Estendendo a mão, eu coloquei em seu ombro, ainda um pouco distante.

- Você pode me odiar o quanto quiser, Peter. Mas eu estou aqui e ficarei. Lutarei ao seu lado, como eu não fiz quando deveria, me aponte o caminho e eu irei, Capitão.

Recebendo apenas seu suspiro como resposta eu o deixei em paz, com sua caneca duvidosa em sua mão, com um chapéu vinho de cowboy na cabeça e mergulhado em pensamentos, na varanda dos fundos enquanto analisava a paisagem do lago que tínhamos acabado de sair.