Capítulo 5

Isabella

Eu analisava a estrutura da casa de barco, vendo a recente pintura que não me impedia de reconhecer as recentes madeiras trocas com diversão, assim como as novas azaleias no canteiro próximo a entrada da varandinha, quando entrei tinha caixa empilhadas com cheiro de pólvoras, Peter me levaria a loucuras com suas ideias, mexendo nas gavetas da comoda antiga que tinha por ali achei algumas peças de roupas antigas e resolvi tomar um banho por ali mesmos antes de me juntar aos outros. Eram peças velhas, mas mil vezes melhor que as que eu me vestia no momento, só pelo fato de estarem inteiras, um blusão xadrez de Peter e uma calça de moletom que provavelmente era de Damian por ser do meu tamanho, me troquei e segui descalça, tentaria arrumar algum sapato com os outros.

Limpa e confortável como a muito tempo eu não me sentia, entrei na casa contente em encontrar as coisas no lugar e até mesmo limpa, cumprimentei quem já estava na sala, eles estavam animados em ter de volta amigos que achavam que tinham perdidos e claro acolhendo os recém-chegados. Estranhando a auxenia de Peter e os outros, fui até a sala de jantar aonde eu podia ouvir que já estavam reunidos, fiz uma careta quando entrei vendo todos envolta da mesa, alguns sentados e outros em pé. Não era bem assim que eu gostava de tratar as coisas.

Eu comandava com ordem, havia punições e bem severas, caso necessárias, mas eficazes o suficiente que eles nunca repetiam ou evitavam novas atitudes idiotas. Todos que estavam comigo sabiam que eu não era inalcançável, tinham um proposito, o que estavam do meu lado tinham se mostrado disposto a lutar junto comigo, então eu era justa em reconhecer seus esforços e valores aqui dentro.

Todos aqui sabiam sua posição e o que eu esperava deles e eu não admitia incompetência, Peter se levantou oferecendo seu lugar na cabeceira da mesa ficando de pé ao meu lado direito, entre eu e Charlotte que tinha permanecido sentada na cadeira a minha direita, enquanto Tobias estava a minha esquerda. Damian chegou não muito tempo depois de mim ocupando seu lugar de pé ao meu lado esquerdo.

Sentada contemplei todos presentes, eu sentia falta de rosto ente nós, homens de confiança que eu tinha perdido para as batalhas ao logo dos anos, mas hoje tínhamos rostos com a mesma expressão de determinação, mas o que me surpreendia ao ponto de não saber o que pensar, era os rostos que eu pensei que nunca mais veria.

Tomando um tempo para organizar meus pensamentos, eu pedi que eles começassem, e assim fui ouvindo sobre tudo o que vinha acontecendo na região enquanto estive fora. As melhorias que Peter fez ao longo do ano e sobre a tecnologia da propriedade, as rondas sobre os perímetros e as viagens de suprimentos, as bolsas de sangue que chegava na cidade como programado e todos os protocolos que foram criados depois que eu sumi.

Prestei atenção quando ele me contaram sobre os ataques que sofreram ao longo do ano, o motivo pelo qual sempre ouvia gritos de Handall, ele estava frustrado e furioso vendo que mesmo sem minha presença meus soldados perseveravam, então eu era punida e sofria seus ataques frustrados com orgulho, pela força da minha gente, as criaturas que eu formei, treinei e comandei. E não vou mentir, era divertido ver aquele ser miserável bastante irritado já que seus homens vinham e morriam, seus olheiros não voltavam enquanto uma fileira de recém-nascido passava dias enfrente ao seu portão e um grupo sempre e prontidão nas fronteiras de Houston aguardando um ataque que nunca aconteceria.

Handall tinha nos traído, matado meus soldados, atacado minhas terras, invadido e tomado posse de minha casa, me capturando e me torturando, ele poderia ter me matado, mas sua presunção era gigante ele não me queria morta. Ele me queria submissa a ele. Porque me matar se ele poderia me ter em suas mãos, infringindo dor, força e vontade? Minha afronta o inspirava, assim como suas torturas me fortalecia. Eu nunca abaixaria minha cabeça para ele, nunca me submeteria. Eu perseverarei.

Eu não entrava em brigas mesquinhas de quem tem mais poder, eu guerreava, quando Handall abriu os portões e chamou a atenção de demônios para o nosso lado do mundo, apenas em busca de poder, ele criou seu próprio inferno particular. Comprando aliados com promessas de terras, chamando atenção e vendendo a ideia de um lugar fora dos comandos dos Volturis. O problema de um lugar sem lei é que eles querem vir e aplicar as suas próprias. Foi os 5 anos mais estressantes da minha vida, aonde minha única preocupação era cuidar dos meus e assistir eles se matarem. Até que Handall tinha mexido em coisas que não deviam, ele tinha colocado suas mãos imundas no que não lhe convém, eu não iria vencê-lo, eu iria destruí-lo.

Ficando de pé, eu enfrentei seus olhares com expectativas, eu os dava força, esperança seus objetivos em todas as batalhas e nesse momento não seria diferente.

- Estamos muito longe de estar em casa. Eu prometi proteção, segurança e um lar. Honrando a confiança que vocês depositaram em mim quando me aceitaram como líder eu peço perdão a todos vocês por falhar. - ouvi quando o grupo que estava na sala se aproximou da porta para me ouvir, assim como quem estava pela propriedade também se aproximou, para prestar atenção. - Perdemos muito desde que esse inferno começou. Infelizmente não falo apenas de bens materiais. - estendi minha mãos tocando o ombro de Tobias que estava ao meu lado, ele teve sua esposa morta na emboscada de Galveston. Foi o único que eu permite me acompanhar, porque eu entendia seus motivos, sua frieza e sede de vingança seria útil para nós dois, enquanto estivesses na mão do inimigo. - E teríamos perdido muito mais. - falei olhando para Charlotte que apertava a mão de Peter que descansava em seu ombro.

- Fomos traídos. Handall se ergueu no que construirmos juntos. O infeliz me tirou de minha casa, nos expulsou da cidade que adotamos como lar e eu a terei de volta nem que primeira eu a queime por inteira com ele e todo esse lixo que ele atraiu. Por quase 20 anos lutei e conquistei por Maria. - foi impossível não notar a reação dos Cullens, ele não disfarçaram o espanto com a nova informação. Jasper intercalava os olhos entre eu, Peter e Char, enquanto Edward continuava com uma expressão dolorida e olhos espantados me encarando, eu não foquei muito nele quando cheguei no meio da batalha, o amor e o encanto não existia mais em mim, a fascinação que eu tinha por ele e sua incrível família tinha caído por terra, a muito tempo.

- Agora essa guerra é minha, lutarei para recuperar o meu lar. A paz que tínhamos nesse país, vocês escolheram ficar quando tudo desmoronou e isso mostra que somos mais que eu exercito, somos guerreiros, somos família, não sairemos, não entregaremos o pais aonde crescemos, criamos nossas história, nossos valores. Lutarei na frente de vocês e liderarei com coragem e fidelidade.

Meus homens se colocaram de pé batendo uma continência respeitosa, se colocando em formação de sentido o que me encheu de orgulho e medo. Foi a porra de um ano aterrorizante sem saber o que tinha acontecido com todos eles, o que era minha principal preocupação.

Um dia eu fui uma menina de 18 anos quebrada, hoje eu ainda tenho sua aparência, mas não sou nem a sombra do que ela era, eu me reencontrei e fortaleci, me tornei capaz de muitas coisas, a principal era liderá-los, mas isso não tinha sido algo que eu tinha conquistado sozinha, eles tinham me escolhido, anos atrás quando eu era a única que me preocupava em mantê-los são, entre uma guerra e outra, me preocupava em treiná-los e fortalecer para não morressem em batalhas, mas acima de tudo ensiná-los ordem e disciplinas, para que não matassem uns aos outros.

Foi quando protegeram Damian e me juntaram depois da punição de Maria, por ter quebrado as regras e transformado um vampiro, que eles se colocaram em sentido aguardando minhas ordens, que Maria entendeu o que estava de fato acontecendo, assim como eu tinha entregado meu comprometimento e fidelidade a eles todo aquele tempo, eles estavam me reconhecendo e me entregando de volta.

Eu tinha orgulho do que eu tinha me tornado e o que tinha conquistado, e nem mesmo Handall poderia me tirar isso, não sem lutar primeiro.

– Certo pessoal. Temos companheiros fragilizados em casa. Então ficaremos por mais um tempo, agradeço por todos os protocolos e cuidados, precisaremos de suprimentos de sangue, bastante, pois precisaremos estar 100 % para a viagem de volta.

– Viagem de volta? Vamos sair? Mas e as ordens. - Rosalie perguntou.

Nossos convidados não estavam acostumados com o que vinha acontecendo e pelo que eu podia perceber eles não estavam muito ciente sobre nós, o que eramos, o que fazíamos e nem o que tínhamos feito.

—Não atacaremos Houston? - Jasper se aproximou, saindo de perto da janela dos fundos, aonde ele tinha se mantido durante toda a conversa, sempre enfrente a mim, com sua atenção presa a cada palavra que eu dizia, o que tinha me feito perder a concentração em alguns momentos. Alice tentou segurar seu braço quando ele se aproximou da cadeira em que estava sentada. Tobias se mexeu rosnando, mas eu levantei minha mão sinalizando que estava tudo bem e ele voltou para seu lugar, mas ainda com seus olhos afiados, para a direção de Jasper.

- Atacar Houston nunca esteve nos planos. Aquela cidade é minha, Handall está muito vem acomodado em minha cada, achando que está seguro se escondendo atrás dos meus portões. O deixarei lá um tempinho, ele é covarde demais para sair e tentar algo, ainda mais tendo ciência da bagunça que ele fez ao atrair muitos olhos para cá. Temos nosso caminho para seguir e caçaremos quem pudermos no caminho. - eu não sei o que tinha me feito, me explicar.

- Maria nunca entregaria suas terras sem brigar. Principalmente sendo Houston. - Jasper argumentou de novo, seus olhos eram determinados e confusos. Me virei para Peter tentando entender, mas quando ele desviou o olhar não querendo me encarar de volta, eu entendi. Tinha magoa e ressentimento demais entre eles. Charlotte encarou Jasper com seus olhos vermelhos brilhantes mesmo ainda tendo uma grande mancha escura abaixo deles, mostrando um pouco o abalo que ela ainda vinha enfrentando, ela expressava felicidade em tê-lo ali, diferente do marido.

- Você vai recuar? O que você acabou de dizer sobre sair? Sair em uma caça a bruxas é burrice. Estamos em um número grande aqui, isso seria desastroso se não for bem traçado, fora que chamaríamos muita atenção. Podemos proteger a base e manter os que não conseguem batalhar seguros, temos um bom número agora. E com um bom plano de ataque conseguimos tomar a cidade. - ergui minha sobrancelha encarando com diversão a reação de Jasper, seus olhos âmbar brilhava parecendo um mar revolto que refletia os brilhos do sol, ele segurou firma meu olhar e decidi deixá-lo sentir um pouco da minha diversão e admiração, o que o desarmou. Ele voltou a encarar meus olhos, eu gostava do tom que ele tinha nos deles, queria saber o que ele achava dos meus em tom alaranjado profundo depois da minha refeição, ignorando os rosnados dos soldados, que não estavam nada felizes com seus questionamentos e intromissão.

- Não pretendo perder tempo atacando Handall quando ele é o menor dos meus problemas e não oferece nenhum perigo, Major. - Peter bufou e resmungou pelo tratamento que eu usei, assim como toda a família se mexeu pela minha escolha de palavras, desconfortáveis, eles nunca aceitariam e ficariam confortáveis com o passado violento que Jasper teve e que fazia parte dele. Isso só mostra o quanto eles não combinariam com a minha realidade.

- Não é o que eu diria referente ao ataques que sofremos. E eu não sou mais… isso.

Peter e Charlotte se remexeram com sua escolha de palavras, Peter furioso e Char chateada, o próprio Jasper não parecia confortável, o que me deixava estressada, e eu não gostava muito de lidar com esse meu lado, eu me movi me aproximando.

- Seu exército é composto por pobres seres de alma mutiladas. Recém-nascidos desgovernados, famintos e sem propósitos, são apenas estimulados a induzir caos e bagunças. Sei que seu regime na época de comando não era muito diferente, Major. - sim, eu ignorei o que ele me disse. - mas acredite até mesmo nisso aquele verme não tem capacidade. A única coisa que ele é bom mesmo é m torturas, o filho da puta é bem criativo, isso não posso negar. - resmunguei desviando o olhar e encarando Peter furioso.

- Vocês precisam conversar. - foi a única coisa que eu disse.

- Nossas forças não são necessárias aqui. Eu cuidarei de tudo nos próximos dias, vou clarear minha mente e nos reuniremos novamente com os próximos, de imediato, quero um grupo pronto ao amanhecer para ir atrás de suprimentos.

- Cuidaremos disso, general. Temos entrado e saído da cidade sem sermos visto para pegar os suprimentos de sangue. - Marco garantiu e com o dedo fazia seu gesto comum para que seus companheiros, que acenaram para ele.

Com uma breve continência eles se retiraram da sala. Permanecendo apenas meus amigos e os Cullens. Voltei a me sentar porque eu sabia que não conseguiria me livrar por muito mais tempo, e eu queria manter alguma distância, não me sentia confortável com qualquer tentativa de contato físico. Antes que eu pensasse em dizer qualquer coisa para nossos visitantes o celular de Peter tocou e com apenas um olhar eu sabia quem era. Com um aceno eu liberei que atendesse fora da sala, pela postura de Jasper eu tinha certeza que ele tinha reconhecido de quem era a voz do outro lado da linha.

Me desligando da discussão que Peter tinha pelo telefone eu arrastei minha cadeira para próximo de Damian, que tinha sentado ao meu lado, enquanto Charlotte se levantava e saia da sala dizendo que voltava logo. Blindando um pouco a família que pareciam ansiosos em conversar eu me virei e mostrei a Damian as presas do crocodilo que eu tinha conseguido e selecionei a que eu queria em um cordão, que ele costumava fazer, ficamos conversando baixo um pouco sobre o que ele andou fazendo.

Damian ainda era um adolescente, mas teve que amadurecer muito rápido por conta da vida, mas esses traços ficaram ainda mais forte dentro dele depois da transformação, nada convencional. Era um jovem muito competente e responsável em suas obrigações, mas ele era só um menino e eu tentava manter isso vivo dentro dele, Peter sabia envolvê-lo nisso com muita eficiência para o meu desespero quando o assunto se voltou para suas ultimas viagens, aonde ele se esbarrou com garotas do são que Peter costumava levá-lo, eu me levantei me afastando o fazendo rir.

Eu tinha confiança sobre o seu controle, tínhamos trabalhado nisso juntos e com eficiência, mas por Deus, eu não precisava de detalhes… Eu me aproximei até a porta aonde eu fiquei encostada olhando todos dentro da sala, era simplesmente surreal vê-los todos juntos envolta de uma mesa conversando em um tom que lhe davam um pouco de privacidade, nem tanto né, já que eu não era mais uma humana para que passasse despercebido, eles ainda não tinham se acostumado a isso. Era como se eu tivesse entrado em um túnel de tempo… até que minha atenção foi atraída para aqueles olhos com cores de sol, que ainda me fitava analiticamente, Não. As coisas estavam muito diferente do que costumava ser. Ri quando Alice se aproximou o abraçando.

Peter me cutucou com suas mão me estendendo o telefone enquanto xingava mais alto e resmungava que ele não recebia o suficiente para aturar isso. Ninguém ali vinha recebendo nada ultimamente.

- Ela quer falar com você. - disse sacudindo o telefone na minha frente. E todos pararam de falar.

- Eu não quero falar com ela agora. - falei rindo.

- Foda-se. - resmungou emburrando o telefone para o meu peito e se sentando no lugar de Char. Então coloquei o telefone no meu ouvido.

- … No me inhores Isabella, iré allé y te patearé el traseiro, perra loca… (Não me ignore Isabella, eu vou ai e te dou uma surra, sua vadia maluca.)

- Cálmate – pedi divertida, o que a enfureceu ainda mais.

- Não me dia para ficar calma… sua… insana.

- Posso falar? - perguntei tentando esconde o riso.

- No… no puedes, não quero te ouvir, eu quero te enforcar… perra.

- Já entendi Maria, chegue de latir em meus ouvidos, mas nem toda ameaça do mundo me faria mudar de ideia e eu farei tudo de novo… a decisão é minha.

A gritaria em espanhol que se seguiu do outro lado da linha, espantou a todos, eu sabia que Jasper poderia entender tudo o que era falado, mas eu não sabia que os outros conheciam a língua…

- Não seja rude senhora, estamos com visitantes, poderemos continuar com isso depois. - pedi, não querendo prolongar o assunto, mas eu sabia se ela não falasse comigo e tivesse a certeza, ela estaria aqui em dois tempos.

- Quem? O imprestável do Whitlock só sabe resmungar como um velho em meus ouvidos.

Então ela não tinha conhecimento de quem tinha voltado a suas origens, seria interessante assistir como seria o passado de Major e o presente de Jasper, duas realidades com diferenças tão gritantes se chocando assim. Eu sinto que me divertiria com isso.

- Não vai cumprimentar seu antigo senhor Major. - seu rosnado pelo meu atrevimento só aumentou ainda mais meu sorriso, e pelo jeito deixou Peter contente, se Jasper começasse com os rosnados ele precisaria estar ciente que eu não costumava só ladrar, eu mordia também.

- Não seja uma vadia Isabella, seu tom de escarnio é gritante e inapropriado.

- Por el amor de Dios, Maria. Deixei me divertir foi entediantes os últimos tempos…

- Estou partindo amanhã. - ela me interrompeu.

- Não. Não está, você vai ficar bem ai aonde está.

- Hijo de Puta.

- Não se elogie tanto assim mi madre… estão todos bem e seguros, cuidarei de todos e assim que estivermos prontos para a viagem, partiremos. Eu só preciso fazer um pouco de barulho, por aqui.

- Sua teimosia me Llevará a la muerte… você está mesmo bem?

- Tenho meus planos, não se preocupe. Soltarei alguns coiotes, então se prepare para ouvir sobre isso. Eu tenho informações, eu preciso que você fique feche a cidade e me aguarde.

Jasper ainda estava de pé, me olhando com o senhor franzido, enquanto ele estranhava o silêncio de Maria, isso não me surpreendia, ela tinha aprendido a muito tempo que poderia confiar em mim.

O continente americano tinha se tornado terra de muitos, com muitos covens evacuando com a chegada dos Romenos a 5 anos atrás, deixaram o caminho livre para muito estrangeiros se expandissem, sem nem ao menos ter tentado algo contra Itália antes. A América do Sul seguia firme, por conta do claro e sol constante, o que eu já poderia imaginar.

- Handall foi um filho da mãe egocêntrico, ele não tem a lealdade dos Romenos, ele apenas lançou a oferta. Liberaria acesso pelo golfo do México para a entrada no país, em troca lutaria e o ajudariam a eliminar o máximo que conseguisse de nós, por isso de tantos ataques repentinos. Agora o idiota está atraindo nômades com promessas de territórios em troca de aliados, só no último mês Galveston foi atacada duas vezes pelos recém-chegados, sua sorte é que os Romenos tem interesse por aquele lugar então o ajudam a manter.

- Rata repugnante. - resmungou. - Certo, eu preciso ir, - resmungou quando uma porta ao fundo da sua ligação bateu.

- Por favor, no te mates.

- Isso é fácil.

- Certo, espertinha, te quero aqui o mais breve possível, isso é uma ordem. Ah, e consiga um telefone, lidar com Peter suga a porra da paciência que já não tenho.

- Idem, corazón. - Peter falou em um tom alto que desse para ela ouvir.

- Ok. ok. Mande lembranças a … todos, Maria.

Encerrei a chamada rindo e devolvi o celular para Peter que também ria divertido.

- Eu… - Jasper se movimentou pela sala, balançando a cabeça. - Eu queria muito que não fosse verdade. Vocês… - ele passou a mãos nos cabelos, bagunçando um pouco dos seus cachos dourados. Eu dei um passo me aproximando, isso não iria ser divertido, eles estavam aqui e eu não sabia o que dizer, para dizer a verdade eu não me senti obrigada a se quer dizer algo. Eu nunca tinha pensado que no estilo de vida que eu levava aconteceria de esbarrar com alguns deles novamente. Eu não fazia questão.

Ele se afastou de todos ido para próximo da janela do outro lado da sala, então me aproximei me encontrando ao seu lado, mas mantendo uma distancia de um braço.

- Não vou mentir, nunca esperava vê-lo aqui, bem todos vocês.

- Acho que eu digo por todos, quando falo que nem a gente esperava te encontrar aqui. - a voz dura de Edward chegou até em mim, a qual eu recebi com um sorriso, um sorriso que nenhum deles estavam acostumado.

- É né, você gosta muito de falar por eles. Tudo bem com você Edward, como tem sido os últimos 20 anos?

- Bella, o que Edward está querendo dizer…

Charlotte chegou interrompendo Carlisle, que se aprumou ao reconhecer o cheiro do que ela trazia em uma bandeja. A criatura que mesmo comigo gritando, rosnando e me comportando como a tal Vadia que Maria costumava me chamar, não desistia de mim, cuidando mesmo quando eu não facilitava nenhum pouco nesse quesito.

Ela apoiou a bandeja na mesa e pontou para a cadeira, enquanto eu a encarava. Eu odiava as guerras de olhares com Charlotte, sua teimosia e síndrome de irmã mais velha me enervava, eu conseguia ver nos brilhos dos seus olhos a imagem dela puxando minha orelha, quando eu me negava a fazer algo.

- Entendo como é difícil para você, mas aqui você não está sozinha e temos meios funcionais Isabella. Meios que você mesmo criou para nos ajudar. Então me ajude, sim. Eu não suporto vê-la com essas manchas em seus olhos. Se alimente, por favor. - me pediu arrastando a cadeira enquanto ainda me encarava com um olhar dolorido.

Virei meu rosto e encarei Jasper, que não tinha se mexido nenhum pouco desde o momento que o cheiro de sangue invadiu a sala. Eu estava certa sobre sua força desde o início.

O gosto não se comparava ao fresco direto da veia, mas já era tantos anos, que não fazia diferença, o morno feito por conta do micro-ondas dava uma sensação de calmaria na queimação da garganta, eu amava sentir a sacies quando tinha minha mente limpa, eu conseguia saborear, saciar minha fome.

A exclamação de surpresa do meu ex-namorado e sua família, quando eu me sente e peguei o copo de bebida de Char me serviu, foi dramática além da conta.

- Que isso, não somos selvagem estripador de pescoços por ai. - reclamei da reação. - Pegue mais copos Charlotte.

- Estamos bem docinho. Apenas aproveite..

- Copos Char… agora.

Meu tom fez Damian se levantar e ir até a cristaleiras que eu mantinha na sala de jantar, voltando para a mesa com 3 copos lagos e curtos. Ele me conhecia o suficiente para saber, que os eles se alimentavam, ou eu não me alimentava. Simples.

- Estão servidos? - tendo o silêncio como resposta me levantei para servir meus amigos. - Também somos educados, não custa nada perguntar. - resmunguei, foda-se que eu estava sendo inapropriada, eu não estava achando nada engraçado essa situação.

- Você toma sangue…

- Obvio querido… afinal de contas, eu sou um vampiro Edward. - eu peguei meu copo, e dei um gole no líquido vermelho brilhante em meu copo. Todos eles prenderam a respiração, e eu não me sentia mal por isso, não me sentia inferior e muito menos inadequada. Jasper era o único que mantinha uma respiração profunda, puxando o ar tão fortemente, como se tentasse se acalmar, mas seus olhos ainda brilhava como o amanhecer de um dia ensolarado, ele se mantinha firme e isso me encheu de orgulho.

- Sabe, eu gosto disso. Beber lentamente me deixando apreciar o gosto… o sabor, o aroma. - falei aproximando o copo ao meu nariz. - Como uma bebida. Eu não tive a experiência de beber enquanto humana, Peter e eu nos desafiamos a beber sangue com whisk ou tequila, não é ruim, mas fica mais interessante, quando essa mistura sem direto da fonte, se vocês me entendem. - Bem, não acho que isso seja do interesse de vocês.

- Mas, porque Bella, depois de tudo, o que você viu, o que nós contamos, como você pôde? - Edward tentou se aproximar, mas para minha surpresa e de todos, Jasper o impediu.

- Ser um recém-nascido em um campo de batalha com Maria era violento. Eu costumava destroçar minhas refeições, não por descontrole, por incrível que pareça ser, eu era bem consciente, mas a adrenalina… ser constantemente torturada e privada de refeições por Handall me ensinou a ter um estranho controle sob a fome, e a abstinência ao sangue. E isso fez com que eu me tornasse o experimento mais estranho que ele já teve em suas mãos, por não responder como o esperado. Ele dia apos dias queria testar meus limites, ver até onde eu iria, e o quanto aguentaria.

Eu em acomodei na cadeira e o encarei, enquanto ele ainda estava na frente de Edward, o impedindo de se aproximar. Eu não sabia porque eu tinha começado a falar, mas vendo a expectativa em seus olhos, eu só queria continuar.

- No incio foi difícil… - continuei sem desviar meus olhos dos seus. Provavelmente eu enlouqueceria, mas me forcar em outra coisas me ajudou, a guerra em volta dentro e fora dos muros, as batalhas, isso tudo e juntando as horas que eu passava aos poderes de Handall, começou a despertar uma lado não tão bonito em mim. Mas que me dava um pouco de clareza para lidar com tudo em minha volta. Então quando Maria decidia que eu merecia uma refeição após batalhar com eficiência, ela me presenteava com um humano antes de me devolver a Handall, para ele me preparar para a próxima batalha.

- O humano chegava até mim no pior momento do mundo, quando eu sentia a fera rugir, extasiada depois de toda batalha e ainda com fome de mais… não era bonito, eu não chegava a se quer sentir o gosto do sangue, não lembrava e sentir fome também. Não sentia necessidade de buscar saciedade, era só brutalidade, força… eu nem se quer me recordo de seus rostos, porque eu nem se quer me focava neles, não tinha necessidade, eu só me lembro de que eu desejava que o próximo fosse mais forte.

Foi impossível não me perder naquelas lembranças, eu não esperava que me deixaria se abrir assim tão fácil. Eu não devia satisfação a nenhum deles, não tinha vergonha de minha história, tudo o que eu passei em tornou a rocha que eu sou hoje e eu me orgulho. É feio? Té terrível? Sim. Mas é a minha vida, não fantasiaria e nem floresceria o caminho pelo qual eu segui, ele tinha sido seco, árido, rochoso e seu o trilhei mesmo assim. Cheguei ao outro lado de cabeça erguida e assim continuaria. No final eu tinha sido presenteada com pessoas incríveis, que não se importavam com os meus pecados e só por isso eu me esforçava em ser uma pessoa um pouco melhor.

Se eles perguntassem, eu os responderia com a verdade, só lamentava não ser o que eles gostariam de ouvir… não, mentira, eu não lamentava.

- O que fizeram com você? Eu sai para que você tivesse uma vida boa. Nada disso tinha que acontecer. Eu pedi que você se cuidasse, por Charlie. Você só precisava ficar quieta, e talvez… nada disso teria acontecido.

Dando um último gole em meu copo eu o encarei, aquele garoto que eu costumava amar. Tentando encontrar em mim qualquer indício de sentimento por ele, por sua família…

- Eu não acho que vocês precisam saber. - falei brincando com meus dedos na borda do copo vazio, eu não era uma covarde, eu não ficava receosa em lutas e não estava afim de ficar de papo fiado com pessoas que fizeram parte de um tempo que esta no meu passado, e não tinha mais nada haver com o que acontecia comigo a muito tempo.