Isabella
Eu não estava muito animada com o que vinha pela frente.
E eu não estava falando sobre as lutas que teremos para recuperar nosso território. Isso seria trabalhoso, ou até mesmo impossível… eu tinha visto coisas… ouvido muito, e entendido bastante, a merda tinha batido no ventilador e explodido em uma merda bem bagunçada. Eu tinha escolhido viver assim a muito tempo atrás, eu gostava, me sentia viva por ter pelo que lutar, tinha um propósito, e ver que novas lutas vinham por ai, mesmo elas sendo muito além do que uma luta por um pedaço de terra, estava levando tudo a muito além. E pra isso tudo, eu não via a hora…
Mas ter que lidar com o meu passado… isso não fazia parte dos meus planos, em nenhum momento da minha vida. Poderiam até mesmo dizer que seria uma cordialidade minha ir até eles, já que foram eles que me apresentaram a essa vida, mas não era mais necessário, a anos deixei de ser da conta deles. Eu não sentia nenhuma obrigação, lealdade, nada.
Impor-me sobre eles para que entendesse que tanto o lugar quanto as regras eram meus, e que eram para todos, sendo visita ou não, foi necessário e até mesmo divertido, observar seus olhares surpresos e até mesmo um pouco cautelosos durante os dias que passaram depois da minha chegada.
Eu não era mais a mesma pessoa, embora o rosto ainda fosse daquela menina que eles conheceram, a Bella que era apaixonada por Edward e encantada pela família foi ferida bem antes de Victória me encontrar, como ela disse, deixar que eu sentisse a rejeição foi satisfatório e seu senti tudo... a rejeição, a insuficiência até mesmo a saudade, e talvez lembrar disso tudo no "pós-vida" era a porra de uma punição. Veja, eu não sentia nada… mas eu lembrava.
Eu não tinha ficado parada por muito tempo, nos primeiros dias, eu tinha rodado a propriedade com Damian e juntos cuidamos do local, eu sempre fui muito ativa no meio do nosso grupo, participava das patrulhas mesmo quando eu era encarregada apenas do treinamento dos recém-nascido, eu gostava de me juntar em ação.
Quando chegamos ao ponto de Maria finalmente se sentir satisfeita sobre suas conquistas, tínhamos chegado ao que ela chamou de a hora de "disfrutar la vida", curtir… a mulher que antes vivia em fazendas abandonadas com um bando de selvagens, tinha construído um lar, ela escolheu uma propriedade, reformado e então morava em um rancho com soldados a sua volta. Ela tinha prosperado e queria viver uma vida que ela não viveu em todos seus séculos de vida. Já eu? Não queria nada disso, não me importei quando ela assumiu a politica dos negócios, enquanto eu fiquei com todo o trabalho "bruto … braçal" bem, tanto faz, para mim era o "trabalho divertido". Eu estava em uma fase em que ser sociável era um sacrifício. Então eu cuidava de manter o território sobre nosso controle, seguro e… divertido.
Muitas coisas tinha que ser resolvida antes que partíssemos, e por isso eu sai. Sob protestos de Peter e Charlotte, ignorando perguntas de Edward que queria saber sobre o que estávamos discutindo. Para mim estava mais do que na hora de colocar nosso circo na estrada e fazer nosso show.
Acabei ficando 3 dias fora, eu não tinha planejado demorar tanto, mas seguir aquela trilha tinha sido uma boa decisão, quando esbarramos com alguns vampiros, eu não estava sozinha, Tobias me seguiu com mais dois vampiros que costumava fazer equipe com ele, então esbarramos com alguns vampiros que cometeram a burrice de se aliar a Handall. O caminho até Nova Orleans estava completamente limpo, embora tenhamos pegado alguns rastros pela cidade, as estradas estavam limpas, os coites tinham se divertido ao longo da semana, fazendo a limpa e voltando apenas para nos dar informações, o filho da mãe estava achando que ficaria seguro espalhar seu povo pelo estado, comprando aliados, enquanto se mantinha dentro da casa que eu construí, achando que estava seguro, como se aqueles portões me manteria do lado de fora por muito tempo, o idiota se enjaulou sem eu precisar fazer nada. Estupido.
Eu gostava de correr, mas tinha criado um gostinho sobre pilotar também e foi divertido roubar uma moto no caminho de volta, eu não me importava em deixar alguns rastros, não quando meu desejo era que soubessem que eu estava de volta e que aquele era o meu espaço. Handall sabia aonde me encontrar só era covarde demais de vir pessoalmente e quando ele decidia que estava entediado, ou queria que eu fizesse seu trabalho sujo, ele mandava alguns de seus vampiros despreparados direto para o abate, lamentável. E ele não tinha demorado muito a fazer isso depois de eu ter escapado de suas garras.
Um novo ataque ocorreu uma semana depois de eu ter fugido de Houston, foi enviado um número de jovens… meninos e meninas, enfurecidos… recém-nascidos, que pareciam que estavam mortos de fome e recém- despertados, de tão descontrolados. Foi a porra de uma bagunça, eles conseguiam sentir o cheiro do nosso sangue, já que chegaram próximo do horário que Esme e Charlotte distribuía a refeição dos que estavam voltando da ronda. Com o olfato mais sensível o foco deles eram apenas se alimentar, então além de agressivos e partir para um confronto conosco, tivemos que impedir uma invasão a casa, enquanto uma segunda onda vinha, mas sendo contida pelo grupo de Damian que sempre se mantinha na floresta para conter algum segundo ataque, ou destruir qualquer um que tente fugir com informações para aquele estrume.
A casa sobreviveu, mas não sem algumas destruições, a cozinha ficou uma bagunça por causa da menina pequena que escapuliu de nós e invadiu o local, mas consegui contê-la e posso dizer que odiei fazer isso, mas salvei Esme de uma possível decapitação, eu não estava com cabeça para agradecimentos quando tudo acabou. Eu tinha passado 3 horas trancadas na minha casa de barco, sentada no sofá empoeirada, sem realmente pensar em nada, porque era natural, eu não precisava pensar… eu só precisava digerir o que eu estava sentindo, e foi só por isso que eu ignorei a presença dele na porta, seu perfume não me deixava dúvidas de quem era, mas eu não podia naquele momento, eu não poderia lidar com suas incertezas e minhas revoltas ao mesmo tempo.
E foi com serenidade que eu sai de casa pronta e determinada tampando meus ouvidos para os pedidos de Charlotte e Peter. Não foi preciso dizer uma palavra, quando um a um meus homens foram se apresentando e se colocando em formação ao meu lado, Damian estava de cabeça erguida ao meu lado direito e eu tive que impedir que mais pessoas se juntasse, assim como de ele me acompanhar. Eu tinha apenas um objetivo, dar um aviso e eu, Tobias e sua dupla, fizemos isso com muito sucesso.
Quando a moto deslizou pelo chão de terra, da estradinha que dava para a entrada da propriedade, eu vi Damian abrir o portão e Peter abrir a porta da frente saindo, se ela estava fechada era porque ele estava estressado e mantendo distancia daquilo que o estressou. Jasper surgiu pela lateral da casa com certeza vindo da varanda dos fundos aonde ele ainda trabalhava na mesa que eu mandei que concerta-se, eu fiquei feliz em ver que ele recuperou o gosto que ele tinha pela marcenaria quando era humano e trabalhava junto com seu pai.
- Você demorou. - Peter reclamou quando parei a moto, próximo dele. - Aonde estão os outros? Impossível que essa coisa, seje mais rápida que eles.
- Ei! Não fale assim do seu presente. - falei fazendo biquinho e jogando a chave para ele que pegou com a sua mão. - Deixei Tobias em Nova Orleans, ele volta a noite com um carregamento de sangue. Carlo e Dona estão em Grand Isle, foram estudar o local, enquanto eu fui até Venice, ouvimos rumores que alguns vampiros andaram rondando o local, não sabíamos se era nômades e como o número de Handall vem crescendo, fui averiguar.
- Sozinha?
- Nasci com meu umbigo colado em alguém por acaso? - ri do seu rosnado. - Fui sorrateira.
- Em uma moto? Seu cheiro deve está impregnado no asfalto. - debochou.
- Tudo como planejado. - desci da moto e me ergui na ponta dos pés para deixar um beijo em sua testa pegando meu chapéu e voltando com ele para a minha cabeça.
A casa estava inteira e isso era um ponto valido, ainda faltava alguns pequenos reparos necessários, mas nada novo foi destruído e isso me deixava feliz. Os brinquedinhos explosivos de Peter estava em um novo casebre que ele e Damian construíram quando eu puxei suas orelhas sobre guardarem aquelas coisas na parte debaixo da casa. Invadi a cozinha indo até Charlotte que estava trabalhando em algo junto com Esme que me cumprimentou com um sorriso. Minha amiga seguiu meu pedido me acompanhando até a casa de barco, me contando como a casa tinha funcionado desde o dia que eu tinha saído, me explicando como Peter e Jasper passaram mais algum tempo junto na varanda dos fundos e conversaram, que Peter se estressou com Edward, Carlisle e com claro Maria que a propósito estava furiosa por eu ter saído. O que ela achava? Que eu ficaria presa em casa?
- Carlisle entrou em contato com os Volturi, pelo que eu entendi, Alice e Edward acham melhor voltarem enquanto alguns insistem em ficar e ajudar. O Dr. Está receoso em ficar no meio de uma briga que não tem nada a ver, isso é bem obvio.
- Concordo com ele. Os Cullens não tem nada a ver com isso. Ir seria o melhor para eles.
- Você não está dizendo isso só para se livrar da presença deles né? Todos iram embora.
Eu sei o que isso significava para ela. Charlote era uma coisa pequena feroz e amorosa, que me aceitou de braços abertos quando me conheceu, quando humana ela pertencia a uma família imensa com vários irmãos antes de perder tudo ao ser arrastada para essa vida. Tudo bem que Peter com sua personalidade de 1000 homens, cheio de amor e dedicação a sua companheira, supria o vazio que ela sentia, mas ele nunca supriria o papel que eu empenhava na vida de Char, uma amiga, uma irmã, uma confidente. Eu era importante para ela, assim como ela era para mim, por isso que eu não pensei nem duas vezes quando parti para trazê-la de volta. A falta de Jasper no meio de toda essa bagunça foi dolorosa para os dois, que viam nele um norte. Ser um criador significava isso. Eu entendia essa relação porque eu via como Damian era comigo e como eu fui com Maria depois de um tempo.
- Ele voltou por vocês Char, assim que descobriu o que estava acontecendo, ele veio. Isso é mais do que eu recebi de volta de toda a família nesses anos que se passaram, já que nem pensaram em me verificar para saber se estava tudo bem. Se o plano deles de eu ter uma vida humana e feliz tinha funcionado.
- Ele voltar não quer dizer que ele vá ficar, docinho.
- E ele precisa? Você acha que esse Jasper pertence a esse luga? Tem algo ainda nele que os faz lembrar do soldado que lutou ao lado de vocês?
- O soldado não, mas o homem que nos salvou naquela madrugada sim.
Eu tinha conhecido um Jasper bem diferente em Forks, quando me mudei para casa do meu pai, aquele garoto do colegial, filho de um médico e namorado de uma menina carismática viciada em moda, não era nada comparado ao homem forte e corajoso que entrou em uma guerra para proteger sua família quando ainda era um humano. E depois com toda sua força e competência acabou se tornando uma das criaturas mais temidas entre as guerras do Sul. Ele tinha feito parte de uma história, tinha feito parte de algo grande e não se orgulhava disso. Mesmo que tudo apontasse para como ele era um homem incrível.
Eu não tinha muito para aonde fugir e foi inevitável me juntar a Peter em seu escritório para conversar com Maria, eu precisava saber o que estava se passando pelo mundo, como Handall vinha encontrando bastante aliados, o número de nômades e até mesmos como os grupos tinha aumentado.
- Ele está oferecendo pequenos territórios no que ele diz ser um país livre dos comandos dos Volturi's. Ter os Romenos circulando e até fixando moradia mostra o quanto isso pode ser verídico. Caius está muito estressado com isso e quer agir, mas Aro se mantém centrado e Marcus com aquela tranquilidade que me enerva. Eu juro Isabella se isso é uma punição por eu dizer que não me importava em ser a nova rainha do continente americano eu vou te chutar, vaca. Se eu ficar sentada aturando mais alguma chamada de vídeos deles, como se eu fosse uma reporte com as últimas notícias, e aguentar mais conversar que não se passa de especulação do que podemos fazer, como se isso estivesse nos ajudando em algo, eu vou ficar maluca.
- Então não vai ficar muito diferente. - comentou Peter fazendo Maria rosnar. Charlote entrou trazendo alguns copos com sangue, cuidando da minha alimentação, ela sabia que as vezes eu esquecia de me alimentar, ainda mais quando tempos que fazer tão fracionado assim, por não termos o suficiente para ficar bastante tempo, eu não me importava, eu até mesmo tinha mais resistência do que todos ali, então eu poderia abrir mão, mas por motivos óbvios Peter e Charlotte nunca aceitaria nada disso.
- Parem. Estamos com a porra de um problema aqui. Ele está desesperado e está fazendo uma bagunça. Os Covens deixava os Estados Unidos, um lugar neutro e pacífico, Handall está apenas conseguindo atrair uma atenção desnecessária para o local. - reclamei.
- Eles não estão sendo uma frente muito unida, a atenção de Handall está atraindo todo tipo de gente, e eles estão brigando entre si por territórios, claro que alguns se aliam acreditando nas promessas de Handall, querendo chamar atenção dos Romenos, mas enquanto Aro não ver nenhuma união fortalecida, eles não vão agir. O velho, ainda tem algum tipo de esperança iludida de que isso possa ser apenas algum grupo independente que se aliou a ganância de Handall.
- Seu cão sarnento cheio de pulgas está nos causando coceira Maria. - reclamei, ela sabia que por mim eu tinha eliminado aquele animal a muito tempo, mas segundo ela o sexo era gratificante, como se ela não pudesse arrumar outro para se divertir.
- Tá, jogue na cara o quanto quiser que não vai melhorar a situação… temos outro problema que eu acho que você tem que saber. Estou sabendo de movimentos na região do Alasca. Desde que as meninas Denali's saíram e foram até a Europa eles tem recebido bastante visitantes, eu não consigo entrar em contato com Eleazar tem alguns dias. Temos recebidos relatórios sobre movimentos agressivos e eu entrei em contato com a região, não está sendo apenas por lá, a região Olímpica está sofrendo várias tentativas de invasão… Isabella, está uma bagunça infernal, sair e reagrupar pode ser uma estratégia mais sabia no momento, seguir com isso seria como enxugar gelo.
Ela tinha toda razão, isso estava uma bagunça tremenda, eu odiava aquele homem por ele ter destruído tudo o que eu batalhei tanto para construir, mas eu tinha criaturas dependentes de mim, eu tinha criaturas que eram leais a mim e acreditavam na minha promessa de reconstruir o que um dia foi nosso lar.
Eu precisava pensar, eu precisava avaliar… tinha sido bom nossa conversa ser o escritório, o cômodo da casa que tinha o melhor isolamento acústico, Peter já tinha deixado claro que ele e Charlotte me companharia no que eu decidisse.
Aproximei-me do píer, pensando e me sentei olhando para a água. Todo o país estava uma bagunça e eu era uma só, não poderia fazer por todos, mas eu sei que poderia fazer por aqueles que me importam.
Voltando para casa, chamei algumas pessoas já montando um plano de ação. Separar para conquistar, era a minha ideia inicial, uma que eu odiava completamente, sem sombras de dúvidas eu poderia ser considerada uma mãe galinha querendo todos embaixo das minhas asas, mas eu não desistiria tão fácil assim.
- O que está acontecendo? - perguntou Carlisle que ficou de pé próximo a Esme que ocupava uma das poltronas da sala, esperei que Tobias entrasse e assumisse um lugar.
- As notícias que eu recebi de Maria não são nadas boas. Handall é um rato covarde que está comprando aliados com promessa de terras no nosso território. Aquele porco imundo está atraindo mercenários com ideias divertidas em conquistar um lugar em um continente que está fora das mãos dos Volturis, já que a presença dos Romenos estão dando essa impressão ao local.
Os múrmuros furiosos iniciaram, é claro que eles compartilharam com a minha visão do quanto isso ficaria feio. Nada nos garante que isso virasse uma imensa guerra por territórios tão generalizadas.
- Como sabemos, o problema não está apenas aqui no Sul. Alasca está sofrendo por ataques com vampiros violentos, a região Olímpica também. - não pude deixar de conferir a reação dos Cullens. - Assim como sabemos isso pode ter se espalhar por outras regiões, já que eles não estão se contendo e nem se escondendo. O que eu estou querendo dizer é que não estamos seguros, estamos no olho de um possível furacão, sem garantias.
- O que precisamos fazer, General? - Tobias se prontificou de pé, assim como os outros o imitaram.
Eu estava novamente perdendo, eu estava novamente tendo que abrir mão de todo o meu trabalho, mas o bem estar de todos eles era importante para mim. Os Volturis só entrariam em ação quando tivesse um inimigo declarado, enquanto eu… estava com minhas mãos tão cheias ao ponto de sentir escapando pelos dedos. Me sentando no sofá eu me dei um momento, passando meus dedos pela minha testa eu visualizei tantas situações, não se tratava mais de batalhas por território. Nós tínhamos perdidos e eu odiava reconhecer isso, eu tinha perdido e eu odiava essa merda. Eu odiava sentir essa porra novamente. Perca. Eu já tinha perdido o suficiente e mesmo assim continuavam me tirando tudo o que eu conquistava.
Eu matéria aquele hijo de puta por destruir tudo o que eu criei, o caçaria nem isso levasse todo o tempo do mundo, até o fim da minha existência.
- Bella? - a voz doce de Jasper me chamou, todos me encaravam, esperando uma resposta. Tínhamos perdido, mas diferente de alguns que lutaram ao meu lado e não estavam aqui agora, nós ainda estávamos vivo, e era por isso que eu lutaria.
- Tobias, Dona e Carlos, chamem todos de volta. Não quero ninguém para trás. - com um aceno de cabeça imediato do meu soldado eles saíram.
- O que você está pensando em fazer, garota? - Peter se agachou ao meu lado.
- Nós vamos partir.
- Para aonde? - Jasper se aproximou do amigo, seu tom continuava suave, completamente divergente da tempestade que destruía tudo dentro de mim.
- Forks.
