Jasper

Eu estava dando tudo de mim naquela momento, correr nunca se mostrou ser tão difícil, eu tinha Alice no meu colo, com suas braços envolta do meu pescoço e seu rosto escondido no meu peito, eu sabia que ela não estava desacordada, o que seria impossível, mas mesmo assim ela precisava de ajuda. Não era seu peso que tornava meus passos pesados, que atrapalhava meus movimentos e avanços, não era ela que estava me deixando ofegante… Era tudo estava dentro de mim, querendo explodir, era minha mente não parava de gritar, que eu não deveria ter saído, que eu não deveria tê-la deixado sozinha.

"Ninguém ficava para trás".

O resmungou de Alice chamou minha atenção, uma nuvem de poeira misturada com lama que vinha em nossa direção, a assustando e eu derrapei parando e olhando em volta, nessa altura, estávamos em um descampado sem nem mesmo ter como nos esconder, e quem estava vindo com certeza já tinha nos visto, embora eu não tivesse uma visibilidade tão boa por conta da quantidade de sujeira com poeiras que eles estavam levantando.

- Jasper…

- Shi… vai ficar tudo bem…

Foi só quando eu terminei de falar que reconheci Peter e Charlotte, ele vinham em nossa direção, mas eles não diminuíram e nem pararam, apenas passaram por nós, seguindo em frente, na mesma direção que todos os meus instintos me indicavam para seguir. Com mais um suspiro e sem escolha eu continuei o meu caminho.

- Graças a Deus. - Esme gritou quando nos reconheceu, Carlisle logo estava vindo ao meu encontro colocando a mão no ferimento da Alice.

- Ela precisa se alimentar… e vocês precisam sair daqui…

- Cadê, Bella? - gritou Emmett se aproximando, reversando em me olhar e olhar para a direção de onde eu vim e Peter e Charlotte sumiram e foi automático para eu olhar na direção que eu queria tanto correr desesperadamente.

- Entrem no carro, vamos. Se mexam. - falei apressado, colocando Alice de pé encostada no carro de Bella, com Carlisle logo tratando de ampará-la. Eu abri a porta do motorista – Entrem no carro. - gritei com todos que ainda estavam parados me olhando confuso o que estava me deixando ainda mais estressado.

Eu não queria perder tempo, não saber o que estava acontecendo estava levando o melhor de mim, toda a concentração que eu poderia ter em uma situação como essa, eu não queria responder perguntas, eu não queria parar para responder e explicar a Rosalie quem era aqueles vampiros e o porque deles nos atacarem, só porque eles queriam e eram assim…

- Não eram mercenários, eram nômades, querendo apenas… se divertir. - olhei triste para a Alice. - Eles não sabem quem somos, não foi um ataque a Isabella e seu pessoal, foi apenas um ataque a nós por estarmos no lugar errado e na hora errada. A estrada não é segura. Esqueçam Idaho. Eu quero, preciso, que vocês entrem nesse carro e vão direto para Forks. - falei colocando a chave na mão de Emmett.

- Eu posso ficar e ajudar. - ele pediu com os olhos carregados de dúvida entre ir e ficar, uma dúvida que não existia em mim.

- Não Emm. Você precisa ir e cuidar deles.

Enquanto Carlisle se preocupava com os outros, eu queria apenas que eles saíssem daqui, enquanto essa confusão não atraísse muita atenção, Damian e o restante do pessoal tinha suas ordens, eles ficariam bem se encontrasse qualquer obstáculo pelo caminho, eles estavam preparado para isso, diferente de nós, coisas assim faziam parte da realidade deles.

Edward tinha sido o único que tinha começado a se mexer, claro que sua preocupação tinha sido ir pegar as bagagens do carro de Emmett e colocar no novo, isso era sem sombra de dúvida uma amostra do quanto nada disso aqui combinava com ele… com todos eles.

- Você não vem? - ele perguntou, com certeza prestando atenção no que passava em minha mente.

- Não.

- Como é que é? - Alice gritou saindo dos braços de Esme. - Eu estou ferida, eu preciso de…

- Carlisle vai cuidar de você. Eu preciso voltar e ajudá-la.

- Você não precisa nada. Peter e Charlotte já foram, precisamos ficar seguros sair Jasper.

- Eles também Alice. Eu não vou deixá-la. - gritei perdendo o restante da minha paciência.

Quando eu me virei pronto para correr, encontrei Edward me encarando com seus braços cruzados, ele não estava parado no meu caminho, o que foi bastante inteligente da sua parte, ninguém ficaria no meu caminho… seus olhos estavam negros e eu não desviei os meus, o deixando sugar tudo o que aquele sanguessuga queria saber, coisas que eu tinha visto, o que eu sentia… coisas que nem mesmo eu estava conseguindo processar no meio daquilo tudo… e claro, tudo o que eu estava disposto a fazer…

Emmett entendendo a situação melhor do que qualquer um deles, pegou Alice a colocando no banco de trás já que ela ainda estava sem ação depois do meu rompante. Edward foi o ultimo a entrar sentando no banco de trás junto com Carlisle e Alice, enquanto Esme e Rosálie se ajeitavam no banco da frente. Não era uma viagem tão longa assim, Emmett conseguiria fazer isso bem rápido. Eu confiava nele.

- Tem certeza meu filho? - Carlisle perguntou quando me aproximei da janela.

- É o melhor Carlisle. - respondi tocando seu ombro.

- Para você. - Alice resmungou, não fazendo nem questão de me encarar. Eu a olhei por um instante, eu entendia sua mágoa.

- Acho que para todos nós Alice. Vá com cuidado Emmett.- me despedi me afastando do carro ouvindo o motor rugir e o carro ir ganhando velocidade depois de ele manobrá-lo, eu não esperei que ele sumisse de vista. Eu não queria perder mais tempo.

Refiz todo o caminho com mais rapidez, estando sozinho daquela vez e finalmente seguindo a direção que meu instinto indicava, era como se não tivesse nada me segurando. Conforme eu ia me aproximando um cheiro de fumaça ia me alcançando e o que quase fez meu coração morto saltitar, era uma fumaça escura, um roxo bem escuro e tenso. Um clarão a minha frente mostrava a cabana ardendo em chama com muita fumaça escura. Iluminando um pouco ao redor. Eu não conseguia ver a presença de nenhum deles próximo e ao mesmo tempo que eu queria ser silencioso eu queria sair gritando por eles.

Eu não conseguia sentir nada ao redor, como se não tivesse ninguém próximo e quando eu estava quase cogitando a ideia de correr para qualquer sentido atrás de algum rastro, eu ouvi um gemido de dor.

Contornando os destroços do que antes era a cabana, suspirei quando encontrei Bella caída, com Charlotte e Peter ao seu lado. Ela gemia dor mais ainda ria de alguma coisa e eu aposra que ela de Peter esbravejava encima dela, enquanto Charlotte ajudava ela a colar seu braço novamente com um pouco de veneno. Peter tinha sua mão firme também segurando sua perna no lugar. Eu os ouvia mas não os sentia, não até os olhos de Bella encontrar os meus, e um enxurrada de chateação, mau humor, medo e fúria me invadiu... mas nenhuma dor.

- Você voltou. - foram suas únicas palavras, atraindo a atenção só casal para mim.

- Eu nunca deveria ter ido. - me aproximei me ajoelhando ao lado deles, não pude evitar não olhar para as chamas ainda atrás de nós, desejando que estivéssemos ainda mais distantes delas agora. - Nunca! Nunca mais me mande sair novamente Swan. - me virei encarando bem fundo dos seus olhos.

- Não deveria mesmo. - resmungou Peter me empurrando forte com seu ombro, enquanto a mão ainda segurava sua perna para que o veneno fizesse seu trabalho.

- Peter, não foi culpa dele. Eu o bloqueei. - sim, e eu ainda precisava saber como ela tinha feito isso, para que eu não permitisse que isso acontecesse novamente.

- Porque é uma idiota teimosa.

- Pare Pete, eu estou com fome. - ela reclamou roçando a garganta.

- Por que será? Está quase seca. - Peter estava visivelmente de mau humor, mas eu apenas conseguia prestar atenção em suas palavras. Essa tinha sido a primeira fez que eu a tinha ouvido falar algo sobre estar com fome, a primeira fez que eu a tinha visto mostrar interesse em se alimentar de fato.

Então me coloquei de pé me oferecendo para encontrar algo que ela pudesse se alimentar. Sorri quando Char me olhou agradecida, não era apenas eu estava estava contente com essas palavras.

Eu não tinha muito o que fazer levando em conta o local em que estávamos, já estava certo que não seguia nada comparado a sua dieta rotineira, que de rotina só tinha Charlotte correndo atrás dela com alguma bolsa de sangue para fazê-la se alimentar, mas eu já a tinha visto lidando com outras opções interessantes. Afastar-me dessa vez foi mais tranquilo, eu sabia que ela não estava bem, mas ela estava segura. Peter, Char e eu estávamos aqui com ela, eu não a estava deixando sozinha. Ela nunca mais ficaria sozinha. Ela ficaria bem.

Um cervo não parecia muita a cara dela, levando em conta das duas vezes a vi caçando, bem, Isabella parece ser atraída por criaturas com presas e garras, mas agora ela precisava se alimentar e eu não estaria me afastando mais do que o necessário, mesmo que ela tivesse companhia. Estávamos no meio do nada, ao lado de uma casa em chamas e expostos. Tínhamos que sair.

Eu carreguei a criatura desmaiada no meu ombro, uma dose de letargia tinha feito o animal desmaiar assim que eu coloquei minha atenção nele. Para uma criatura adepta a bolsas de sangue, provavelmente de outras fontes também, mas eu não estou aqui para julgar ninguém e claro animais carnívoros, um cervo poderia não agradar muito seu paladar, então quanto mais fresco melhor.

Quando eu voltei, seu braço estava colado embora ainda tivesse uma fissura bem relevante e saliente mostrando o quão recente era o ferimento, Charlotte estava trabalhando em sua perna agora. A careta que ela fez ao ver o cervo não deixou de ser engraçada, mesmo com o incomodo do ferimento.

- Serio? Bambi? Não tinha nada com presas?

- Sinto muito, não pretendia ir muito longe. Se comporte igual à mocinha linda que você é, e mais tarde deixarei que se divirta em alguma caçada… o que acha?

Peter bufou, mas se afastou para que Bella pudesse se mexer melhor e se alimentar. Seu desconforto era evidente embora eu não deixasse transparecer. Ela não demorou muito a se colocar de pé, ainda com os olhos negros, soltando rosnados suprimidos, deu pequenos passos ainda mancando, mas ela insistiu em seguir sozinha e continuou se movimentando.

Tínhamos que nos afastar da casa que queimava e chamava atenção naquele amanhecer nublado. Achuva tinha dado uma trégua desde a confusão, o que estava fazendo com que o fogo durasse por conta do veneno espalhado pela casa, se aqueles não fossem os únicos nômades na região as chamas logo chamaria atenção de quem estivesse próximo, embora a raiva ainda borbulhasse dentro de mim com uma fome imensa de destroçar algo, tínhamos que continuar.

Eu tentei me aproximar na intenção de oferecer algum apoio, mas seus rosnados e resmungos deixaram claro que ela não queria aproximação. Isabella estava sentindo dor, isso era visível em seus movimentos, mesmo eu não sendo capaz de sentir nada, tentava enviar algum conforto ou até mesmo alguma forma de aliviá-la um pouco, mas continuei sendo bloqueado em qualquer tentativa, o que me lembrou do seu bloqueio físico quando tentei voltar a casa para buscá-la. Ela era a porra de um escudo.

Ela seguia correndo a frente, com Charlotte sendo a única a manter uma aproximação, enquanto eu e Peter seguíamos mais a atrás. Mantivemos em uma velocidade mais contida acompanhando-a. Não estávamos muito distante de Idaho e eu sabia que era aonde Damian estava com os outros, embora eu tivesse certeza que Emmett seguiu meu comando e foram direto para Forks.

Não foi muito difícil encontrarmos o acampamento, um pouco afastado da cidade. Bella logo se alimentou ignorando qualquer tentativa de conversa quando nos aproximávamos, a chuva estava caindo na cidade impiedosamente e ela não demorou a levantar o acampamento e seguirmos viagem, aproveitando a chuva para nos mascarar e confundir quem pudesse está nos seguindo.

- Ela está bem? - perguntei a Peter quando me aproximei, eu não estava entendendo o que tinha acontecido, o porquê de uma mudança de comportamento tão repentina, seu rosto estava sério, com seu olhos duros, seus movimentos curtos, ela não estava se aproximando de ninguém, e pelo que eu prestava atenção, ninguém se aproximava também, já estávamos correndo por 3 horas e logo estaríamos chegando a Portland e eu não tinha ouvido sua voz direito, e nem mesmo qualquer interação se não fosse para dar suas ordens, ela seguia na frente, liderando.

Logo estaríamos na cidade e pelo que eu tinha entendido estaríamos pegando um quarto dessa vez.

A pressão da água no chuveiro tinha sido muito bem-vinda. Não tínhamos chegado a muito tempo na cidade, Tobias que estava na nossa frente já tinha providenciado um estabelecimento vazio, era um Motel pequeno em uma área não muito querida da cidade, mas era o suficiente para não chamarmos muita atenção, ainda mais pelo número de pessoas reservando um quarto.

Com uma calça jeans e um moletom cedido por Damian, já que minha mala tinha se perdido no acidente eu desci pela escada em passos humanos, quando me aproximei do seu quarto., dessa vez Isabella estava sozinha, eu podia ouvir, Char e Peter no quarto ao lado, e o restante do pessoal espalhados no primeiro andar.

- Entre. - sua voz suave soou antes mesmo que eu batesse e claro que a porta estava aberta. Ela estava vestida com um moletom, com uma toalha na cabeça, tinha as pernas nuas, tendo apenas o casaco cobrindo um pouco delas.

- Desculpe… eu…

- Apenas entre e feche a porta Jasper. - ela resmungou enquanto tirava a toalha dos cabelos e os esfregava. O quarto inteiro estava impregnado com seu cheiro, me fazendo lembrar de como era quando ela chegava para suas visitas a família e seu cheiro invadia o cômodo, mesmo estando realmente nele ou não, e ali estava eu tendo que engolir a seco e a filha da mãe nem humana era mais.

- Queria saber como você está. - rocei a garganta para que a voz não saísse rouca.

- Inteira. - seu humor ainda não era dos melhores.

- Você deveria ter me deixado ajudar, não estaria tão…

- Você deveria ir. Naquela hora, quando tinha que garantir que Alice voltasse em segurança e depois quando você os mandou embora, sozinhos, você deveria ter ido com ele. - em reconheci um tom de julgamento.

- Eu não ia deixar…

- Não! Espera deixe-me adivinhar. Não podia nos deixar sozinhos? Nos deixar para trás. - Isabella jogou furiosamente a toalha na cama e se virou para mim, eu não estava entendendo o que estava acontecendo, eu queria apenas vê como ela estava, não queria entrar em um confronto, eu nem se quer estava preparado para isso, para dizer a verdade. - Estivemos sozinhos por muito tempo para sabermos nos virar sozinhos, Jasper. Não precisamos dos seus sacrifícios. Porque somos muito capazes de cuidar um do outro, por aqui. - eu tinha certeza que estava a encarando de boca aberta.

- Você está bem?

Seu olhar negro estava brilhando em fúria… nem parece que ela tinha se alimentado…

- Maravilhosamente bem, Jasper. - seu tom ácido teve o poder de corroer minha mente, porque eu não conseguia me lembrar do que mais eu poderia fazer para ficar por ali, nem mesmo do porque eu tinha achado que seria uma boa ideia descer para o início de conversa.

- Tudo bem… então eu acho que… já vou. - falei dando um passo para trás e levando as mãos atrás de mim e segurando a maçaneta.

- Sim, Jasper. Eu concordo totalmente que você deveria ir.

Suas palavras duras me acertaram de várias maneiras diferentes, não me deixando contente com nenhuma delas, eu não gostava da ideia de me afastar dela, não importa de qual maneira fosse, e a ideia de que ela concordaria e até mesmo me manteria afastado, era ainda mais doloroso.

Quando me vi no corredor desorientado sem nem mesmo entender o que tinha acontecido encontrei Peter escorando na grade com um sorriso idiota.

- Ela não está bem. - resmunguei me aproximando.

- Jura? - ele riu. - Porque você acha que todos nós estávamos mantendo distância.

- Você poderia ter me avisado. Idiota.

- Ainda não estou facilitando para você. - ele me empurrou. - Ela não está bem, mas… ela vai ficar, só precisa do tempo dela.

Eu não fazia a mínima ideia do que isso significava, mas eu não tinha o que discutir com ele, já que eles a conheciam melhor do que eu e pelo jeito tinha mais noção sobre o que estava acontecendo também. Eu não sentia nenhuma preocupação vindo dele, apenas chateação, o que poderia ser por conta de toda essa situação. Ela tinha sido desmembrada e da e isso era tão revoltante revoltante era tão… brutal. Foi impossível não me voltar para as memorias de uma Bella corada, encolhida e entregue em alguma leitura ao ponto de ficar desligada a tudo que acontecia ao seu redor. Como se não estivesse em uma casa com 7 criaturas que tinham uma natureza completamente sanguinária, embora fossem civilizados.

Acabei ficando mais um tempo com Petter apenas encostados na grande do corredor do segundo andar, cada um perdido em sua mente, até a porta dela voltou a abrir e ela sair vestindo as mesma roupas, mas agora usando uma calça de malha colada ao corpo e seus sapatos, com o capuz cobrindo sua cabeça, ela não nos cumprimentou e nem mesmo disse uma palavra sobre sair, assim como desviou os olhos de nós dois, ela só desceu pela escada em uma velocidade normal e saiu, eu queria ir atrás, eu até mesmo tentei, mas dessa vez Petter segurou meu braço com um balançar de cabeça, dando um suspiro chateado. Ele então voltou para o seu quarto e a mim só respontou seguir o meu caminho de volta para o meu quarto.

Eu tinha conseguido entrar em contato com Emmett, pelo telefone que tinha no quarto, eles tinham feito uma breve parada na floresta de Oregon para que Alice conseguisse caçar alguma coisa, mas já estavam na estrada novamente agora e eles já tinham entrado no estado de Washington. As estradas continuavam vazias, embora ele tivesse cruzado com poucos carros pelo caminho, as movimentações parecia bem reduzida, eu não falei aonde estávamos, embora ele conseguisse ver pelo identificador no celular, nem dei uma previsão de quando os encontraria. Isabella não tinha falado sobre os próximos passos, na verdade, ela não tinha falado nada desde que chegamos aqui. Quando ele me perguntou como ela estava, se todos estavam bem, eu não tive outra escolha a não dizer que sim.

Deitado na minha cama sem poder dormir, com a Tv ligada apenas para mascarar alguns sons irritantes que vinha dos outros quartos, eu mantive parte da minha atenção a qualquer sinal de seu retorno, mas até agora nada… nem mesmo a sombra de seu cheiro, que eu descobri ser muito sensível a qualquer sinal dele. Foi por volta de 2 da manhã que eu desisti e me coloquei de pé, também me escondendo dentro de um moletom com capuz e sai do quarto.

Com as mãos escondidas no bolso do casaco eu segui em um caminha. Portland costumava ter uma vida noturna agitada, nada comparado a cidades maiores, mas eles tinham um número grande de restaurantes e bares, além de sempre ter alguma exposição de artes que atraia pessoas para fora de casa durante a noite.

As ruas nessa parte da cidade era mais escuras, assim como os bares tinham uma atmosfera mais pesada, eu estava dando a volta por um quarteirão não muito longe do motel, quando peguei seu rastro, era um bar. Tinha motos estacionadas na frente, assim como alguns homens e mulheres encostados nelas e na parede do estabelecimento e embora seu cheiro tivesse muito forte entre eles, eu não conseguia encontrá-la entre eles, até que o som de um choro vindo do beco ao lado me atraiu, assim como um pequeno rosnado, não ameaçador, mas divertido como um risinho, me fez ficar em alerta.

- O que foi, menina… querendo um pouco de diversão também? - a voz grossa de um homem me fez espiar pela caçamba de lixo que eu usei para me esconder, não querendo chamar atenção para minha presença.

Isabella estava parada no meio do beco, sem seu capuz, ela erguia seu rosto entregando toda atenção a um homem gigante que estava mais a frente, um corpo pequeno estava caído aos pés do cara, ver que ele ajeitava algo na parte da frente de sua calça, foi como apertar um interruptor em mim, querendo me fazer saltar… assim como suas palavras, funcionaram como um grande murro na minha cara, me colocando sentado de volta no meu lugar.

- Você não imagina como… - ela deixou o homem puxá-la pelo cabelo em sua direção levando-a até ele, assim como a outra mão a puxou e entrou em seu casaco largo, ele reclamou algo sobre ela está fria e ele poderia aquecer as coisas bem rapidinho, se ela fosse uma vadia esperta e obediente.

Eu ainda tinha meus olhos vidrados naquela merda, sem entender o que ela estava deixando acontecer ali. O primeiro gemido surgiu, quando Bella movimentou suas mãos para a lateral do rosto do homem, o segurando em um beijo. Outro gemido surgiu junto a uma dose de dor com excitação, as mãos dele voaram para a sua bunda a puxando para seu corpo e a prendendo nele, quando novamente gemeu, a dor dessa vez sendo maior e acompanhada com um cheiro de sangue e o som de sucção que os lábios de Isabella fizeram ao largá-lo. O único som que ela emitiu, não era nada comparado a desejo, mas sim a satisfação.

- Então gostamos de coisas brutas?

- Você não faz ideia. - as mãos dela agarraram no cabelo dele e não foi bonito.

Com sua outra mão, Isabella usou suas unhas para rasgar sua garganta fazendo 3 cortes não muito profundo, o qual ela lambeu, causando dor e desespero. "O que foi, não íamos nos divertir?" seu tom era carregado de um expectativa, o que fez o homem querer se soltar e ela deixou, com as mãos em sua garganta ele tentou fugir e ela deixou que ele tentasse e se iludisse que poderia conseguir. Mas assim como ele não deu muita chance para a menina que estava caída, Isabella não deixou que ele fosse muito longe. Ela agarrou seu braço e o torceu para trás, o jogando de cara no muro, chutando seu joelho, fazendo que assim ele caísse na sua frente. Com um curto movimento, o som do osso de seu braço se partindo soou e não muito tempo depois seu grito, que foi abafado pela mão dela. Quando ele começou a chorar, Bella resmungou algo sobre ele não ser tão durão assim e que ela estava desapontada. Ela realmente parecia mau humorada, quando se agachou e bebeu um pouco mais do corte dele, não fazendo nem se quer questão de morde-lo de verdade, ela despejou o corpo ao lado do da menina, que também não tinha batimentos, para que terminasse de sangrar, com um pontapé na perna do homem e um xingamento sobre ele ser um idiota, ela se arrumou e continuou caminhando para o outro lado do beco, enquanto eu ainda estava ali, parado, sem reação.

- Volta para a porra do seu quarto.

Eu engoli com dificuldade o veneno que tinha se acumulado em minha boca, por conta do sangue… ou por conta de toda aquela merda… eu não sei… eu ainda não conseguia raciocinar sobre todo o controle que ela tinha ao agir daquela forma. E não seria muito inteligente eu ir contra sua ordem, naquele momento, mesmo que fosse um pequeno resmungo vindo da escuridão, deixando claro que ela sabia da minha presença.

Foi eu pisar no quarto e o telefone tocar, com um Peter bocudo, resmungão e chateado, reclamando de eu ser um idiota e que eu tinha mesmo que ter minha bunda chutada para aprender. Ele falou, reclamou e me xingou pelo tempo que quis, para no final me dizer que estaríamos saindo.

- E antes que você pergunte, ela já foi, idiota. - então ai sim, ele desligou o telefone.