Esclarecimento: Só reiterando que esta história não me pertence, ela é uma adaptação do livro de mesmo nome, de Helen Bianchin, que foi publicado na série de romances "Paixão", da editora Harlequin Books.
Capítulo 9
O retorno de Bell-mère de Melbourne ajudou nos preparativos finais do evento beneficente promovido por Luffy.
Nenhuma despesa fora poupada, tendo conseguido doações de vários patrocinadores, tais como jóias, viagens internacionais, um carro, champanhe importado, um cruzeiro luxuoso e um fim de semana no spa de um resort.
Rob Lucci continuava importunando-a com seus telefonemas, em chamadas cada vez mais ameaçadoras e específicas.
Morar com Luffy se tornava mais difícil com o passar do tempo, pois Nami ficava cada vez mais consciente da inevitável presença dele em sua vida.
Apenas o fato de vê-lo assim, tão próximo, despertava emoções que ela tentava enterrar, e era como se os poros de seu corpo pudessem detectar cada vez que ele estava numa distância palpável.
Quanto à sua pulsação... batia acelerada pelo simples fato de pensar nele.
Refletir sobre o que eles tinham compartilhado no sexo apenas a fazia ansiar pelo que não poderia ter, e isso interferia em sua tranqüilidade emocional.
Sentiria ele o mesmo?
De algum modo, duvidava disso.
Na noite do leilão beneficente, Nami escolheu um vestido estonteante em seda rosa-chá, com um corpete justo e uma saia que caía suavemente até os tornozelos.
Contas de cristal delicadas bordadas pelo corpete e na saia criavam um efeito de cascata, e ela calçou sapatos que combinavam, adicionando um conjunto de brincos, pulseira e colar de diamantes.
- Belíssima ! - elogiou Luffy, quando se preparavam para sair de casa.
Ele transmitia uma masculinidade implacável que transbordava em uma sensação de poder... acrescido de um smoking impecável, camisa branca e gravata borboleta preta, e o resultado era não menos do que arrasador.
Todos os corações femininos entre as convidadas bateriam um pouco mais rapidamente sob o efeito daquela visão... inclusive o seu próprio, pensou ela.
Luffy possuía uma sensualidade que lhe era completamente natural. E, por aquela noite, ele seria todo seu.
"Por isso, sorria", disse a si mesma, "e dê aos demais convidados a impressão de ser a mulher mais feliz do mundo".
O salão do hotel cinco estrelas na cidade era espetacular, a decoração de bom gosto sob o toque hábil de Bell-mère era evidente, e não havia um único assento disponível no recinto do leilão.
Uma noite de sucesso era esperada e Nami ficou encantada enquanto Bell-mère checava a sala com olhos de águia.
- É fantástico.
- Concordo - acrescentou Luffy com um sorriso caloroso.
- Vamos esperar os altos lances dos convidados.
A Fundação Leucemia seria beneficiada com o bom resultado, principalmente as crianças. O esforço empregado no projeto daquela noite tinha sido enorme.
Shanks estava lá, uma presença discreta a poucos metros de distância, e havia a presença de seguranças extras identificando os convidados na entrada do salão.
Era improvável que Lucci pudesse tentar alguma forma de ataque em público. Subversivo e traiçoeiro era mais compatível com o seu estilo.
Entre os freqüentadores, amigos que tinham aderido a uma causa nobre.
A elite social, refletiu Nami, em sua maioria, era genuinamente comprometida com tais eventos, embora pudesse haver um ou outro que raramente perdia a oportunidade de ser visto e ter sua presença registrada nas páginas sociais. Para alguns, principalmente mulheres, aparecer era uma função importante em suas vidas.
Parte das despesas tinha sido destinada a providenciar uma refeição agradável composta por três pratos, acompanhada de um excelente vinho, e quando o jantar terminou, a excitação pelo leilão estava fervorosa.
A abertura, é claro, compreendia uma fase de discursos obrigatórios, incluindo um de Luffy, e ele deu destaque às necessidades primordiais das crianças afetadas pela doença, juntamente com o desejo de lhes proporcionar a assistência médica necessária.
Breves, francas, suas palavras provocaram uma tempestade de adesões enquanto ele agradecia aos patrocinadores, a Bell-mère e ao comitê de voluntários.
Uma apresentação das imagens com as várias peças a serem leiloadas apareceu numa tela atrás do palco, então o leilão foi iniciado com os itens menos valiosos primeiro, gradualmente progredindo até o carro, como o prêmio mais esperado da noite.
O pacote incluindo passagens para Dubai e sete dias de hospedagem foi objeto de grande disputa, assim como pacotes similares para Paris, Nova York e Amsterdam, e diversas mulheres tentaram superar uma à outra quando foram leiloados os itens de joalheria.
O carro, contudo, foi ganho por um proeminente cidadão, com um lance muito superior ao valor de mercado.
Quando os lances foram totalizados, a soma levantada alcançou diversos milhões de dólares.
A noite foi sem dúvida um sucesso, fazendo de Nami uma testemunha dos interesses filantrópicos de Luffy.
- Você deve estar muito feliz - ele a fitou com intensidade.
- Realmente.
- O louvor foi bem merecido.
Ele sorriu, mostrando os dentes brancos e perfeitos.
- Um elogio, Nami ?
- Sim - a voz dela tinha um tom divertido - Não deixe isso subir à sua cabeça.
- Lembre-me de repreendê-la.
- Estou tremendo.
- E deveria mesmo.
Café foi servido por garçons atentos e pouco antes da meia-noite o evento terminou.
Eles estavam entre os últimos a sair e acompanharam Bell-mère ao seu carro antes de se dirigirem para o Bentley GT de Luffy.
O trajeto até Vaucluse foi tranqüilo, e, uma vez dentro de casa, Nami subiu a escada, ciente do braço de Luffy descansando em sua cintura.
Havia um clima que denunciava o inevitável quando chegaram ao andar superior e percorreram a distância até a suíte deles.
A noite inteira, ela estivera convicta da presença dele e da aguda sensibilidade invadindo seu corpo, mexendo com todo o seu sistema nervoso.
O gosto da boca de Luffy na sua, os braços fortes ao seu redor, os toques, o ardor da paixão...
Ele saberia como ela estava se sentindo ?
Eles entraram juntos na suíte, e Nami colocou sua bolsa sobre uma cômoda próxima, enquanto ele tirava o paletó. Após remover as jóias, ela se virou e Luffy a puxou para si, se posicionando para beijá-la.
- Você está tentando me seduzir? - ele riu contra o pescoço dela.
- Está funcionando ?
- Humm, um pouco, talvez.
Uma mão quente lhe tocou o seio e um polegar circulou seu mamilo... uma ação que provocou sensações incríveis.
Então Luffy a beijou novamente, e ela se perdeu no momento em que a língua sensual penetrou seus lábios, gemendo quando ele começou a explorar a boca com o vigor da ponta da língua... hipnotizando-a de uma forma que a fez responder sem inibição a um ato erótico que Nami não queria que parasse.
Queria tanto fazer parte dele. Viver um momento sublime que pudesse recordar durante as muitas noites longas e solitárias que teria pela frente.
Pois em breve aquilo terminaria. Lucci poderia aparecer de um momento para outro, ser apanhado e preso... e ela poderia retornar para o seu apartamento e para a sua vida de antes.
Mas por que aquela idéia de repente a entristecia tanto ? Contudo, não podia ficar. Deus do céu... mesmo se ele pedisse, como ela poderia ? Aceitar afeição em vez de amor, sabendo que não teria o coração de Luffy, sua alma.
Ele afastou-se para estudá-la.
- Você pensa demais.
- É uma característica feminina.
Ele segurou-lhe o rosto e capturou-lhe a boca. Nami começou a responder, não se importando em como a noite poderia terminar.
Queria a noite e tudo o que eles pudessem dar um ao outro. Acordar nos braços dele e compartilhar a doçura, o desejo primitivo com o poder de lhe derreter os ossos. Especial, única. Uma emoção com a qual viveria pelo resto de seus dias.
Não havia necessidade de palavras... disse a si mesma enquanto desfazia o nó da gravata de Luffy, lhe desabotoava a camisa e desafivelava o cinto em sua calça.
Em seguida, ele tirou os sapatos e se livrou da calça e das meias.
Nami mordeu o lábio diante da visão da imensa excitação dele e seus olhos se encontraram, loucos de paixão.
Com gentileza, Luffy a virou e abriu o longo zíper do vestido, removendo-lhe suavemente a seda do corpo.
Ela usava apenas uma calcinha de seda sob o vestido, e, enquanto tirava os sapatos de salto alto, ele deslizou a pequena peça por seus quadris e pernas.
Com as mãos fortes segurou os ombros de Nami, e seus lábios sensuais traçaram a nuca delicada. Carinhosamente, ele alisou toda a extensão de sua coluna.
Quando as mãos de Luffy deslizaram até seus seios para provocá-la, ela perdeu o fôlego.
Com um rápido movimento, ele carregou-a em direção à cama, depois a segurou, enquanto puxava as cobertas antes que ambos pudessem cair nos lençóis de percal.
Nami permaneceu enfeitiçada quando ele traçou cada centímetro de sua pele com a boca, mordiscando aqui e ali, até que ela quase desmaiou de desejo.
- Por favor - era um gemido gutural que ela não reconhecia como seu.
Luffy a beijou, então inseriu toda sua masculinidade em seu íntimo, sentindo a musculatura contrair ao seu redor, enquanto movia-se ritmicamente e de maneira plena.
Ela ergueu os quadris e enlaçou o pescoço de Luffy com os braços.
Ele continuou os movimentos, vagarosamente em dados momentos, então acelerando o ritmo, a conduzindo numa espiral fascinante... tão fascinante que ela gritou quando atingiu o clímax.
Depois, ele a aconchegou contra seu corpo e a abraçou enquanto ela adormecia, e a última coisa que Nami recordou foi o trilhar suave dos dedos dele em suas costas.
Nami devia ter adormecido, pois acordou com firmes batidas de coração em seu rosto, e permaneceu ali sem se mover, entregue à intimidade, no contato quente de pele com pele.
A necessidade de explorar, de tocar e descobrir cada pulsação era predominante. Assim como o desejo de também lhe retribuir com prazer erótico.
Por um momento hesitou, com medo de que ele pudesse retirar a mão.
Mas então pousou na curva da cintura dele, depois, vagarosamente, explorou-lhe os mamilos antes de deslizar os dedos para os ombros másculos.
Ele não se mexeu ou mudou o ritmo da respiração.
Encorajada, Nami percorreu a extensão dos músculos dos braços fortes, então deixou a mão escorregar para os quadris, passou pelas coxas e seguiu em direção à virilha.
- Se você pretende apenas brincar - disse Luffy - , eu sugiro que pare agora.
- E se não pretender ?
A respiração dele era quente e opressiva.
- Saiba bem desde já como isso terminará.
- Promessa ou ameaça ?
- Ambas.
A voz de Luffy era um sussurro rouco, e ela riu quando o tocou, regozijando-se com a força da excitação dele.
Fazendo-lhe carícias com dedos leves, Nami manuseou-lhe o membro, experimentou a textura e a rigidez.
Cheia de curiosidade e desejo, afastou as cobertas e pressionou a boca sobre o peito másculo, provocou um pouco antes de fazer uma trilha com a língua em direção à cintura dele.
A respiração ofegante de Luffy foi um prêmio adorável quando ela lhe explorou o umbigo com a ponta da língua, e seguiu com lentidão para a masculinidade, praticamente fora de si.
- Cuidado, agape mou. Você corre o risco de ter mais do que quer.
- Verdade ? - era tão bom ter o poder sobre ele - Não terminei ainda.
- Ah, terminou sim - com um movimento rápido, ele mudou de posição, então colocando-se sobre Nami, e investindo sem qualquer preliminar. Ela ofegou, então lhe tomou a boca numa posse que espelhava o ato físico.
Foi muito, muito mais do que ela acreditava ser possível. Uma invasão primitiva, pagã e desenfreada quando todos os seus sentidos comungaram com os dele num êxtase explosivo.
"Oh, meu Deus".
Ela duvidava que pudesse mover-se.
Ele foi gentil após o ato, tranqüilizando-a com as mãos, com a boca, e ela proferiu um leve protesto quando Luffy saiu da cama e carregou-a nos braços.
- O que você está fazendo ?
Ele lhe deu um leve beijo na testa no momento em que entrou no banheiro e começou a encher a vasta banheira.
- Dando-lhe um banho.
Sentindo-se plena e feliz, Nami suspirou quando se deitou entre as pernas de Luffy numa espécie de abraço, a água deliciosamente quente e perfumada, enquanto ele ensaboava cada parte de seu corpo, depois apenas abraçando-a enquanto ela fechava os olhos.
- Vamos lá, dorminhoca.
Quantos minutos haviam se passado ? Alguns... ou muitos ?
Nami realmente não se importou quando ele a tirou da banheira, depois a secou antes de tirar a espuma do próprio corpo.
Ela dormiu, aninhada sob as cobertas no círculo dos braços fortes, plenamente e sem sonhos.
Tudo para a grande apresentação da moda-verão estava em ordem quando Nami checou as listas de pendências, conferiu com Vivi os acertos de última hora, ouviu o apresentador fazer um breve discurso de abertura, anunciando, logo após à primeira categoria, a grife Arabelle.
Tanto trabalho, planejamento e publicidade precederam aquele momento e Nami cruzou os dedos para ter sorte quando a música começou e a primeira modelo entrou na passarela.
O exclusivo Double Bay, o local onde o evento estava sendo realizado, estava magnífico, com a presença de muitos convidados, e ela fez uma prece silenciosa para que não surgisse nenhum imprevisto de última hora.
A apresentação da linha informal foi seguida pela clássica, e, por fim, pelos vestidos sofisticados e elegantes para coquetéis e eventos sociais formais.
O grand finale foram os vestidos de noite, onde cada peça modelada recebeu muito interesse e aplausos.
A categoria apresentou vestidos de todos os tipos, chiffon bordado com contas de cristal, colantes, retos em estilo tubinho, decotes, alguns discretos, outros avantajados, com ou sem alças, tomara-que-caia, além de terninhos e jaquetas para noite com detalhes em pérolas ou pedras semipreciosas. Sapatos forrados em cetim ou renda, e os tecidos usados nas confecções eram dos mais variados, tais como sedas lisas ou com estampas florais, o clássico preto e o maravilhoso crepe georgette.
Quando a modelo usando o último vestido desapareceu nos bastidores, o apresentador chamou Nami para a passarela, seguida por todas as modelos.
Ela estava vestida de preto... saia longa, sapatos de salto alto e um top preto. Com seus cabelos alaranjados soltos e sua figura irretocável, ofereceu um sorriso encantador ao público enquanto apresentava as modelos, depois chamou Vivi ao palco para encerrar o evento.
Foi então que Nami viu Luffy de pé no fundo da sala, acenando-lhe e fazendo-a derreter por dentro.
- Sucesso - a voz de Vivi era quase inaudível sob tantos aplausos, e Nami disse "sim" em concordância.
Uma olhada final em direção à platéia e, juntas, seguiram para os bastidores.
A coleção requisitava cuidado manual, acessórios devidamente guardados em caixas, e as auxiliares do estúdio cuidaram disso, enquanto Nami e Vivi agradeciam às modelos e à equipe por trás daquele sucesso.
- Volte para lá e se socialize - instruiu Vivi, e deu um empurrão amigável em Nami em direção ao lado da entrada - Você merece - um brilho malicioso iluminou os olhos castanhos da amiga - E vá beijar aquele seu "pedaço de mau caminho".
- Em público ? - provocou Nami - Eu tenho vergonha - ela saiu e encontrou a mãe esperando para lhe dar um abraço eufórico.
- Ótimo trabalho, querida. Estou tão orgulhosa de você.
- Obrigada pelo seu eterno e total apoio.
- Você sempre o terá, sem sombra de dúvida - Bell-mère ficou de lado quando Luffy apareceu.
- Incrível - ele segurou-lhe os ombros e inclinou-se para beijar cada uma das faces, depois capturou-lhe a boca num beijo quente e evocativo.
Os olhos escuros brilharam quando ele levantou a cabeça, e por um momento, Nami viu somente ele. Então os barulhos de tagarelice feminina e música ao fundo tornaram-se evidentes.
- Obrigada por vir - ela estava sendo sincera - Eu não esperava que você estivesse aqui.
Luffy segurou-a pelas mãos.
- Não posso ficar por muito tempo. Tenho uma reunião agendada.
Ela estava deliciada por ele ter aparecido e disse-lhe isso.
- Não há o que agradecer - ele ergueu as mãos unidas de ambos e beijou-lhe nos dedos - Sairemos para jantar e comemorar. Foi um êxito total.
- Um encontro amoroso ? - juntos, eles freqüentavam eventos sociais, interpretando o papel esperado. Ela vivia temporariamente na casa de Luffy, ocupava sua cama e fingia ser sua noiva. Mas um jantar romântico ? - Somente nós ?
Os olhos de Luffy brilharam pela risada.
- Farei as reservas.
Ela observou-o partir e testemunhou a quantidade de olhares femininos que seguiram sua passagem pela sala.
Olhares de inveja. Se ele fosse realmente seu...
Ela o amava, mas Luffy poderia sentir o mesmo ?
De algum modo, os territórios entre a simulação e a realidade haviam se misturado, e ela não mais sabia o que era real.
Além da habilidade de Luffy como amante... o que mais ela possuía ?
Preocupação pelo seu bem-estar, proteção... porém, existiria algo mais ? Havia tantas perguntas para as quais não tinha respostas.
- Nami.
Sua atenção foi desviada para uma anfitriã da sociedade local e, por quinze minutos, ela atendeu a demanda de sua popularidade.
- Parabéns, querida. Adorei tudo, principalmente o desfile de moda-verão.
Boa Hancock, linda como sempre, elegantemente vestida, com maquiagem irretocável e cabelos soltos esvoaçantes.
- Obrigada - o instinto lhe dizia que a modelo tinha mais em mente do que um simples elogio.
- Alguma notícia da data do casamento ?
- Estamos estudando isso.
- Deve ser encorajador saber que você corresponde às expectativas de Luffy como esposa - disse Boa Hancock com voz sedosa - Eu estava seriamente tentada. Ele é incrível na cama. Minha única objeção era a intenção dele em procriar. Essa mania de filhos - ela passou um dedo sobre sua cintura e quadris - Um corpo nunca se recupera totalmente. Além do mais, não tenho a mínima inclinação para ser uma chocadeira - seus olhos se arregalaram deliberadamente - Oh, querida, você não acha que amor faz parte da união, acha ?
Mesmo furiosa, Nami simulou um sorriso glorioso.
- Que lástima... - disse ela com doçura - Não há nada como uma má perdedora.
Então, voltou-se e caminhou para os camarins, onde, para seu alívio, Vivi e as assistentes tinham tomado conta de quase tudo.
- Genial, fantástica, incrível - Vivi passou os braços em volta dos ombros de Nami e a girou no ar - Você é tudo isso e muito mais. Temos compromissos agendados e pedidos para futuras apresentações - inclinou-se um pouco para trás - Ei, por que não está feliz depois de tanto sucesso ? - seus olhos estreitaram-se - Fale.
- Em duas palavras... Boa Hancock.
- A velha raposa ciumenta ?
- A própria.
Vivi fechou a mão e bateu sobre uma madeira próxima.
- É sempre ela - Nami sorriu - A propósito, por que você ainda está trabalhando ?
- O que me diz de colocarmos tudo dentro da van, mandarmos de volta para o estúdio com as garotas... e irmos comemorar com um café com leite ?
- Ótima idéia.
Meia hora depois, Shanks as acompanhou a um dos muitos cafés que existiam nas ruas do bairro de elite.
Um resumo da tarde resultou em Vivi tirando sua agenda da bolsa e anotando as falhas e os acertos que observara durante o desfile.
- Talvez precisemos contratar outras costureiras para meio período.
- Você acha ?
- Veremos como acertar isso na próxima semana - Nami checou seu relógio e ofegou.
- Ainda tenho de ir embora.
- Grande encontro, hein ?
Ela levantou-se e pegou sua bolsa.
- Jantar.
Vivi pegou seu celular.
- Tenho algumas ligações a fazer - ela fez sinal para a garçonete e pediu outro café com leite - Divirta-se, minha querida.
O carro de Shanks estava perto, e Nami aproveitou a caminhada para olhar as vitrines.
Um reflexo passageiro no vidro de uma larga vitrine chamou-lhe a atenção, e por um segundo, ficou intrigada com a forma, o ângulo... então tudo aconteceu com rapidez.
Sentiu Shanks empurrá-la para um lado, seguido simultaneamente pelo som estridente dos freios, a batida dos pneus contra o meio-fio e o estrondo explosivo quando o carro invadiu a loja, estilhaçando o vidro da vitrine, que caiu sobre a calçada.
Ela ficou chocada ao ver o carro parcialmente encaixado na vitrine da loja. Fumaça saía de um radiador furado. Shanks segurou-lhe os ombros.
- Você está bem ?
Tremendo um pouco, ela perguntou:
- O que aconteceu, pelo amor de Deus ?
O som de passos correndo se tornou aparente, e então Vivi estava lá, suas feições pálidas e ansiosas.
- Talvez você devesse se sentar - ela olhou para Shanks - Ficarei com ela. Pode fazer o que achar que precisa ser feito.
Ele digitou um número no celular e falou sucintamente. Depois desligou.
- Luffy está vindo.
Shanks conteve as pessoas que começaram a aparecer, e Vivi assumiu um papel protetor, pedindo uma cadeira e água.
- Eu estou bem - protestou Nami - Não preciso de uma cadeira - ela acenou para que a levassem embora quando uma cadeira foi colocada ao seu lado.
- Sente-se. Você precisa saber que Rob Lucci está preso dentro daquele carro.
O sangue esvaiu-se do rosto dela.
- Lucci ?
- Ele mesmo.
As implicações de saber disso a deixaram arrasada. Por um momento, não conseguiu falar.
Vivi abriu a garrafa de água e colocou-a na mão de Nami.
- Beba.
A polícia chegou, seguida de um carro de bombeiros e uma ambulância.
Então Luffy estava lá, agachando-se ao seu lado.
- Você está bem ? - Nami sorriu.
- Sim.
- Graças a Deus - as palavras eram sinceras quando ele segurou-lhe o rosto e a beijou na boca.
A presença dele era tranqüilizadora, enquanto a equipe uniformizada de emergência tomava conta da situação com uma eficiência sincronizada, usando um pé-de-cabra como alavanca para abrir uma porta do carro, de onde Lucci foi removido e transferido para a ambulância, enquanto dois policiais começavam a colher depoimentos.
Quando terminaram, Luffy conduziu Nami para o Bentley e a acomodou no assento antes de assumir o volante.
Em poucos minutos, o potente carro estava percorrendo as ruas e ela ficou em silêncio enquanto observava a cena além do pára-brisa.
Estava terminado.
Lucci receberia tratamento hospitalar, depois seria preso e condenado. Ela retornaria para o seu apartamento e a vida seguiria seu curso normal.
Então por que não se sentia aliviada e feliz ?
O crepúsculo começou a descer e logo a escuridão seria completa.
Luffy deu-lhe um rápido olhar.
- Cancelei a reserva no restaurante.
- Não havia necessidade de fazer isso.
- Teremos uma noite tranqüila em casa - ele precisava abraçá-la, mantê-la próxima, não compartilhá-la num restaurante cheio de gente.
Ela observou que estavam tomando um rumo diferente para a casa.
- Onde estamos indo ?
- A um centro médico particular.
- Por quê ? Eu estou perfeitamente bem.
- Tenha paciência.
- Você está sendo ridículo.
- Considere isso como uma medida preventiva.
Nami não disse mais nada, mas o amaldiçoou em silêncio.
O atendimento no centro médico foi rápido e eficaz. O médico foi taxativo, e apesar de algumas áreas afetadas, assegurou que eram contusões insignificantes.
Nami teve a satisfação de dizer, quando deixaram o centro médico:
- Eu lhe disse isso.
- Que tal passarmos em algum lugar para comprar comida chinesa ?
- Para mim tanto faz.
- Humm... quanto entusiasmo...
Eles comeram fora da casa, no terraço coberto, enquanto a comida ainda estava quente. Depois Nami subiu para tomar um banho e trocar de roupa.
Havia uma necessidade de purificar sua pele, como se a ação pudesse, de algum modo, extirpar Lucci de sua cabeça.
O tempo, pensou ela, gradualmente curaria as feridas mentais.
Contudo, nada seria capaz de extirpar o que sentia por Luffy.
Amor poderia ser uma emoção volúvel e passageira. Porque amar e não ser amada... não era o suficiente.
Então esta noite se entregaria ao prazer... uma última noite para saborear e recordar. Certamente merecia isso.
Um leve movimento a assustou, e Nami viu quando Luffy entrou no box do chuveiro.
- Banho comunitário ?
Ele tirou-lhe a esponja da mão.
- Alguma objeção ?
Por que deveria negar a experiência prazerosa a si mesma ? Um calor percorreu seu corpo enquanto ele esfregava a esponja por entre os seus seios, depois lhe tocava o pescoço com os lábios de maneira erótica.
- Humm, você faz isso tão bem...
- Estou apenas começando.
Levou um tempo... um longo tempo, e tornou-se uma celebração em todos os sentidos. Uma experiência gentil de toque com beijos rápidos numa deliciosa brincadeira que prometia muito, se consumando no ato sexual contido, até que nenhum deles tivesse a força emocional para resistir por mais tempo.
Num movimento coordenado, Nami entrelaçou as pernas em volta da cintura de Luffy quando ele a ergueu contra si e a posicionou para aceitar sua rígida masculinidade.
Não foi um ato apressado, mas vagaroso e profundo... tão profundo que, para ela, era como se ele invadisse a parte mais inatingível dentro de si.
Ela não queria que aquilo terminasse... e sentiu vontade de chorar quando terminou.
Juntos, enxugaram um ao outro, e vestiram roupões brancos. Havia uma televisão embutida dentro de um armário, e Luffy procurou um canal até que achou um programa interessante.
Parecia tão certo ficar deitada, aninhada a ele na cama, usando o ombro largo como travesseiro, sentindo os braços fortes ao seu redor.
A última coisa de que Nami teve lembrança antes de adormecer foi o leve toque dos lábios quentes contra a sua testa.
Pouco antes do amanhecer, Luffy puxou-a para seus braços com renovado ardor, e então eles brincaram e se amaram mais uma vez.
P. S.: E, a seguir, o último capítulo.
