Sirius tinha um defeito.

Sim, era um fato chocante. Como alguém tão perfeito como ele, com seus cabelos sedosos, sua pele hidratada e sem imperfeições, e corpo atlético poderia ter um único defeito que fosse? Mas sim, por mais que doesse admitir, ninguém era perfeito, nem mesmo Sirius Black.

Que defeito? Ah sim. Ele era muito curioso. Tão curioso que não conseguia deixar de lado quando alguma coisa o incomodava, o que poderia ser considerado por muitos como impulsividade. Não, ele não tinha dois defeitos, se ele era impulsivo por culpa de sua curiosidade, era um único defeito. Admitir seu único defeito era uma de suas inúmeras qualidades, ele era muito humilde por isso.

Se houvesse uma casa cuja característica fosse ser humilde...

— Marlene! — ele gritou, assim que um copo d'água foi jogado em sua direção.

Foi só a água, no caso. Marlene era cruel com seu pobre coração e corpinho, mas não a ponto de tacar um copo de vidro no seu rosto.

— Por que fez isso? — perguntou, enquanto secava o rosto com uma toalha.

— Você está há meia hora imóvel, olhando pra frente, pensei que estivesse tendo um ataque! — ela exclamou.

— E por que você pensou que jogar água em mim ajudaria?

— Bom, você "acordou", não foi?

Ele bufou, ignorando a água que ainda pingava de seus lindos cabelos. Só a perdoaria porque era um ser benevolente — e porque estavam todos juntos na piscina de casa, então era natural que ele se molhasse em algum momento.

— E o que Vossa Majestade queria comigo? — perguntou, a voz carregada de ironia.

— Por que está aí parado, olhando, em vez de entrar na piscina com a gente? — Marlene retrucou.

— Só estava pensando...

— Eu bem que senti o cheiro de queimado daqui! — escutou Tonks exclamar da piscina.

— A conversa aqui ainda não chegou no manicômio — Sirius respondeu.

Eles mostraram a língua um para o outro, como duas crianças.

— Pensando no quê? — Marlene perguntou.

Ele sentou-se mais próximo dela.

— A gente estava falando outro dia sobre qual seria os nossos nomes de casal, não é?

Não sabia exatamente como começaram com aquela discussão, mas ele apostava que Alice, que não estava presente naquele momento, tinha sua parcela de culpa.

No final, todos estabeleceram que Sirius era péssimo para escolher nome de casais, mas ele não tinha culpa se "Remus Lupin" e "Nymphadora Tonks" davam péssimas combinações. Remadora parecia modalidade esportiva e Ronks parecia ronco. Ele era muito mais Pinkwolf, uma ideia inovadora e que não era esquisita, mas ninguém concordou com ele. Apesar de Tonks não gostar de usarem parte de seu nome, aparentemente Remadora venceu. E é claro que ele não ia conter as piadinhas com isso.

Jily era o único shipname em que todos estiveram de acordo. Já Blackinnon...

— Eu ainda acho que McKinnon devia vir antes — respondeu Marlene.

— Então, não tem como McKinnon vir antes — Sirius deu um sorriso malicioso.

— Posso saber o porquê? — ela ergueu uma sobrancelha.

— Porque antes vem o top, depois o bottom.

Marlene gargalhou.

— Que porra é essa? De onde você tirou isso? — ela perguntou, ainda rindo.

— É sério, pensa comigo...

— Você está me dizendo que o James não é pau mandado da Lily na cama?

Sirius olhou de volta para a piscina, contemplativo.

— É isso que estou tentando descobrir — murmurou.

Era por isso que ele estava olhando fixamente para a frente, com o que Marlene chamou carinhosamente de "ataque".

— Ué, é só a gente perguntar! — ela exclamou.

— É que da última vez que eu falei da vida íntima do James e da Lily... — ele gesticulou para a ruiva.

— Ela te deixou de cabeça pra baixo por 2 horas? — chutou.

— Algo assim — murmurou.

Não, ele não arriscaria outra vez.

— Mas sabe de uma coisa? — Sirius perguntou.

— Hum? — agora ela também observava a interação dos amigos na piscina.

— Eu percebi que vocês amam mandar na relação, mas quando é na cama...

Marlene virou bem lentamente o rosto, erguendo uma sobrancelha.

— Se eu fosse você, tomaria muito cuidado com suas próximas palavras.

— Ah é? E por quê? — ele exibiu um sorriso arrogante.

— Porque eu posso muito bem resolver fazer uma greve.

Sirius gargalhou, jogando a cabeça para trás.

— A gente já jogou esse jogo outras vezes, McKinnon. Você não aguenta.

Isso não impediu que ela se levantasse da espreguiçadeira com toda aquela pose. Antes que pudesse voltar para a piscina, ele segurou na sua mão, impedindo-a de se afastar.

— Posso te contar um segredo?

Marlene cruzou os braços, esperando que ele falasse. Ele gesticulou para que ela se inclinasse para ele poder falar em seu ouvido, o que ela fez revirando os olhos, mas com um esboço de um sorriso no canto da boca.

— Eu tenho um defeito — sussurrou.

— O quê? Você? — ela fingiu estar chocada — Não acredito!

— Uhum. Eu sou completamente rendido por você.

A expressão obstinada em seu rosto suavizou, sendo substituída por um sorriso.

— Mas sabe, eu tenho uma reputação a manter. Então não conta pra ninguém, tá?

— Pode deixar, Black. Ninguém vai saber quem manda na nossa cama — ela deu uma piscadela, antes de sair.

Sirius gargalhou.

— Até parece — elevou um pouco a voz para que ela pudesse escutar enquanto mergulhava — Até parece...

Sua prima subiu as escadas para sair da piscina e caminhou com equilíbrio impressionante por umas cinco passadas, antes de escorregar e cair na borda da piscina.

— Eu tô bem! — ela exclamou, antes que qualquer um pudesse reagir.

Xingando por baixo da respiração por seu jeito atrapalhado, sentou-se na espreguiçadeira ao lado dele.

— Andorinha... — o apelido fez Tonks virar-se para ele — Pode me responder uma coisa?

— Depende — ela respondeu, espertamente — O que é?

Sirius olhou para a piscina e então de volta para ela.

— Entre mim e a Marlene, quem você acha que é dominante?