HIKARI p.o.v
Sentada sob os joelhos no chão de tatame, observo criticamente o treinamento da minha irmã mais nova, Hinata, com o nosso primo, não ficando surpresa ao ver que Neji estava levando a melhor; mesmo com o Byakugan ativado, Hinata mal conseguia acompanhar os movimentos do menino, um olhar breve para otou-sama posso testemunhar seu descontentamento com a partida que se passa diante de seus olhos; as orbes peroladas inexpressivas continha um brilho severo, e os lábios cumpridos numa carranca de puro desdém.
Eu sabia que o péssimo desempenho de Hinata perante um membro do ramo feria seu orgulho e, pouco importava se Neji era o seu próprio sobrinho.
Não queria que as coisas dessem errados como da última vez, quando o instinto de matar levar seu falecido tio à atacar Hinata quando ela perdera para meu primo e, consequentemente, ele teve o selo de retenção ativado pela primeira vez.
A sua raiva estava muito maior do que antes, não conseguia evitar o sentimento de culpa sempre que olhava para os olhos do meu amado primo, sabendo que ele nunca mais voltaria a ser o mesmo – foi motivada pela morte de meu tio que decidi lutar contra o Sistema das Castas do meu clã, este seria meu primeiro decreto assim que assumisse como Matriarca Hyuga: não haveria mais selos de retenção, nenhum membro deste clã voltaria a ser um escravo de seus próprios parentes, mas até este futuro teria que assistir mais crianças sendo marcadas como gados toda às vezes que um membro do ramo principal assumia a idade dos quatro anos.
Meus devaneios são dissipados quando vejo Hinata caindo de bunda no chão, as palmas de Neji ainda estendidas, o Byakugan queimando em seus olhos, enquanto os olhos da minha irmã estavam cheios de água por novamente ter decepcionado nosso pai com seu fracasso, mas se ela continuasse rebaixando a si mesmo nunca iria conseguir mostrar o seu valor perante nosso pai e os anciões do clã, cujos achavam que ela não era digna de ser a herdeira sobressalente, de assumir a liderança dos Hyuga caso algo acontecesse comigo.
Se dependesse de mim minhas irmãs nunca teriam que fazer tal coisa, pois esse era o meu fardo para lidar.
"Otou-san," meu chamado atraiu os olhos severos do homem mais velho para mim. "Deixe-me conduzir a partir daqui. Você deve se reunir com os anciões, não?"
"Você também deveria está presente." com passos elegantes, Hiashi encaminhou-se para à porta shoji. "Muito bem, cuide dessa bagunça."
Eu maneei com a cabeça, um cantarolar saiu de sua boca antes dele sair do meu campo de visão.
Levantei-me com toda a graça que possuía, passando as mãos pelos lados do meu quimono roxo para remover qualquer amassado, colocando minha feição de herdeira no rosto, contudo, muito mais suave do que a expressão de otou-sama.
"Você está evoluindo muito bem, Neji. Tenho orgulho em chamá-lo de gênio de nosso clã, a casta que você nasceu pouco importa para mim." dei um tapinha na sua cabeça, que ele se afastou com uma carranca fazendo meu sorriso aumentar, que logo se desfez ao olhar para minha irmã. "E você, Hinata está longe de colocar todo o seu potencial em prática, tenha mais confiança em si mesma e esqueça que otou-san está assistindo a partida, isso vai desconcentrá-la sempre. E acima de tudo, mantenha o foco por que isso em um combate é fundamental, encontre sua própria motivação e as coisas vão se desenrolar, mas não tenha pressa, você ainda é muito jovem. Tudo ao seu devido tempo, você entende?"
"Sim, onee-sama." murmurrou baixo, os dedos entrelaçados sob o colo, a voz levemente trêmula. "Eu só quero deixar otou-san orgulhoso, mas nada parece o bastante, sou um fracasso para o nosso clã, uma vergonha."
Seu corpo tremeu, o chão de tatame sendo molhado com suas lágrimas. Eu não pude deixar de suspirar, ao que passava os braços ao redor do seu pequeno corpo, para dar-lhe todo o conforto que imouto necessita.
Eu não sabia como ela se sentia, uma vez que sempre muito avançada, estudando tudo ao meu alcance para melhorar minhas habilidades, estudando atentamente os costumeiros treinos de papai com o meu tio Hizashi e absolvendo cada lição, até mesmo os fracassos, indentificar meus erros e melhorá-los.
"Nunca mais repita isso, Hinata." castiguei. "Você não é um fracasso, muito menos uma vergonha."
"Eu nunca serei como você." soluçou.
"Somos diferentes." apontei, abraçando-a mais apertado, antes de afastar para olhá-la nos olhos. "E sou mais velha que você, você nunca será como eu, será melhor que eu, ouviu?"
"Kari-chan!"
Meu coração bateu forte no peito quando aquela voz alegre adentrou meus canais auditivos, fazendo-me girar o corpo tão rápido causando uma leve tontura e quase derrubando meu priminho no chão de uma forma nada digna para alguém tão orgulhoso como o mais novo, sua carranca apenas cresceu, mas apenas o ignorei a favor do raio de sol que vinha em minha direção.
Eu nunca pararia de admirar o quão bonito era o adolescente de quinze anos, mesmo naquelas roupas simples; a camisa simples de gola alta com o suporte para o tanto em suas costas que portava o uchiwa, os cachos escuros caindo sobre a bandana da Aldeia da Folha, e os olhos negros como uma noite desprovida de estrelas que parecia irradiar o próprio astro rei.
Ele tinha uma personalidade brincalhona e despreocupada, mas também poderia ser mortal no campo de batalha. Uchiha Shisui fizera um nome para si. Shunshin no Shisui era temido, mesmo que ele odiasse matar e preferisse metódos não letais para lidar com seus inimigos, o que o tornava mais temido ainda, afinal, seu poder podia ser bem assustador.
E apesar do quão poderoso era, Shisui nunca se gabara disso, e era devido a sua personalidade tão única que gostava tanto dele.
"Shisui-kun." acenei para ele, os olhos fechando-se, ao sorrir. "Que surpresa agradável encontrá-lo por aqui, mal nos vimos ultimamente."
"Você sente tanto a minha falta assim, Kari-chan?" um sorriso brincalhão apareceu em seus lábios, ao que sentia as bochechas quentes. Estou corando? Que droga. "Desculpe, as missões parecem se acumular agora."
Notei como a voz dele pareceu ligeiramente distante, me fazendo estreitar os olhos. "Você está bem?" olhando mais de perto, percebi que ele parecia exausto, as bolsas ao redor dos seus olhos pareciam maiores. "Aconteceu alguma coisa, Shisui-kun."
"Não se preocupe, Karin." ele sorriu, e então segurou minhas bochechas com as duas mãos, fazendo Neji guinchar ao meu lado com a audácia do moreno. "Só dormi muito pouco, e quem é esse garotinho raivoso? Ele parece que vai pular encima de mim a qualquer momento e rasgar minha garganta."
Eu dei uma risadinha do seu exagero. "Esse é meu primo, Neji." eu olhei para o mais novo, que tinha uma carranca presente no rosto. "E este é meu amigo, Uchiha Shisui."
Neji inclinou a cabeça. "Uchiha?"
Enquanto deixava meu primo ponderar sobre minha amizade com alguém do clã Uchiha, voltei meus olhos para o adolescentes à minha frente. "Eu vou perdoar sua ausência desde que você compre rolinhos de canela para mim."
"Tudo bem, acho que posso fazer isso." ele piscou para mim, me deixando ainda mais ruborizada.
"Pare de flertar com Hikari-sama." Neji estalou com um olhar gelado, mas Shisui não ficara intimidado.
"Neji-kun parece com Sasu-chan ao agir assim." comentou Shisui, passando a caminhar ao nosso lado rumo a padaria da Aldeia. "Ele é uma coisinha tão ciumenta quando se trata de Tachi-chan."
"Ele só é protetor." defendi meu primo.
Neji estufou as bochechas, me fazendo rir, mesmo que parte de mim estivesse aliviada ao vê-lo agir como uma criança pela primeira vez.
