NOTA DA AUTORA:
Geralmente eu não costumo colocar notas no início das fics, mas como é o primeiro capítulo achei bom prestar alguns esclarecimentos.
Esta é uma fic Harry/Gina em universo alternativo (leia-se: sem magia) e é totalmente diferente do que eu já escrevi. Eu pretendo fazer uma fic policial com uma pegada de romance ou talvez uma fic romântica com uma pegada policial, vai depender do andamento e como estou em um campo totalmente novo pra mim achei bom deixar claro que:
1- Eu não sou policial e não tenho conhecimento algum da área a não ser das séries e filmes que assisto de vez em quando, então se eu falar alguma besteira com referência a isso, por favor, relevem.
2- Eu não conheço Londres nem qualquer parte da Inglaterra (ainda!) então pode ser que eu cometa algum erro geográfico, vou fazer o possível pra pesquisar mas sempre pode acontecer.
Eu não tenho a fic toda completa nem sei ao certo o caminho que ela vai tomar, quer dizer eu tenho o esboço da história na cabeça mas às vezes as fics meio que adquirem vida própria e seguem o seu próprio rumo (acreditem, é verdade). Não vou estabelecer um cronograma de postagem mas pretendo não enrolar muito.
Pra quem lê "A vida é feita de escolhas parte 5" ela vai ser postada normalmente então não se preocupem.
Bem, é isso. Boa leitura e nos vemos lá embaixo!
Gina acorda, ela olha para o celular e vê que ainda está muito cedo, muito cedo para alguém que cumpriu um plantão duplo na noite anterior. Definitivamente ela merece mais alguns minutos ou horas em sua cama quentinha.
A ruiva lutou muito para chegar aonde chegou. Como caçula e única mulher em uma família de sete filhos, todos eles policiais, conseguir o seu lugar ao sol não foi exatamente uma tarefa fácil. Ela ainda se lembra dos olhares desconfiados que recebia quando era considerada apenas uma recruta e a filha de Arthur Weasley.
Mas nada como um dia após o outro, o tempo passou e Gina mostrou que apesar da pouca idade, ela era perfeitamente capaz e hoje a ruiva pode dizer com orgulho que ela é uma das agentes da divisão de homicídios com mais casos resolvidos em sua jurisdição. No entanto isso é pouco para ela, a meta da ruiva é um dia fazer parte da Scotland Yard.
Ela pega o celular e vê que possui algumas mensagens não lidas, uma delas da sua mãe. Gina olha e se sente um pouco culpada, já faz dois domingos que ela não consegue ir ao tradicional almoço de família por causa do trabalho. A ruiva sabe que a sua mãe entende, não poderia ser diferente sendo esposa e mãe de policiais, mas Gina também sabe o quanto é importante para a senhora Molly Weasley reunir toda a família.
A ruiva se prepara para digitar uma mensagem para a sua mãe se desculpando e prometendo aparecer em algum momento no decorrer da semana, mas um toque característico em seu celular lhe diz que isso vai ter que ficar para depois. Algo aconteceu...
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Divisão de homicídios do departamento de polícia de Londres, pouco depois.
Gina entra apressada alheia aos olhares. Ela sabe que após cumprir um turno duplo não deveria estar aqui por pelo menos vinte e quatro horas e ela também sabe que seu chefe não a chamaria se algo muito ruim não tivesse acontecido, a ruiva entra em sua sala sem bater.
- Já sentiu saudades? – seu chefe, Kingsley Shacklebolt, um homem negro de quase dois metros, lhe diz em um tom brincalhão. Gina era apenas uma recruta quando começou a trabalhar com ele e a despeito da garota ser filha de Arthur Weasley, o homem conseguiu ver potencial naquela ruiva recém saída da adolescência que ainda estava cursando a universidade. Gina se lembra de quantas vezes precisou pedir para trocar os plantões por causa de uma prova na faculdade, o que Kingsley ou Kim como aqueles próximos o chamavam a ajudou. Se não fosse por ele, ela não teria conseguido se formar. Você vai me pagar com juros depois, ele sempre a acalmava. De fato, agora não só a ruiva é uma agente como possui um diploma em ciências forenses e outro em psicologia o que ajuda muito em sua profissão.
- Eu que deveria dizer isso – ela usa o mesmo tom – vocês não conseguem passar um dia sem a minha presença?
- Isso também, menina – ele diz enquanto a acompanha até a saída – te explico melhor no carro – seu chefe coloca a mão em seu ombro e ambos saem...
XXXXX
Num subúrbio londrino qualquer
Gina e Kim descem da viatura, a ruiva percebe que está em um bairro que a sua mãe nunca permitiria que ela frequentasse, é evidente que existe uma abundância de prostituição, violência e drogas nas imediações, e mais ainda não é seu distrito habitual. Alguma coisa bem séria deve ter acontecido para fazer com que fossem chamados.
Ela vê que Neville Longbottom, médico legista e seu amigo desde que ela entrou para o departamento, a espera na porta de um hotel que trinta anos atrás já seria considerado antigo.
- Oi Nev – a ruiva o cumprimenta – você já entrou? Tem alguma coisa pra gente?
- Não – ele balança a cabeça – eu não entrei ainda, você sabe que eu não gosto de entrar nas cenas dos crimes sozinho.
- Um legista com medo de cadáveres? – a ruiva não resiste em provocar o amigo.
- Engraçadinha... – ele bufa – você sabe que eu não gosto porque tenho medo de contaminar o local, não sei por que toda vez você diz isso.
- Tenha dó! – ela suspira – está para nascer uma pessoa mais metódica que você, Nev! Você seria incapaz de tirar um fio de cabelo do lugar, seus livros são organizados por tema e ordenados de forma alfabética. Não duvido que as suas meias e cuecas sejam organizadas por cor. É mais fácil que eu contamine a cena do crime.
- Ora, vamos logo com isso! – ele diz mal humorado recebendo uma risada da ruiva. Ela olha para seu superior que está conversando com um patrulheiro, um homem de aparência jovem que se encontra ligeiramente esverdeado. Não é preciso ser muito experiente para saber que esta deve ser a primeira vez que ele se depara com algo assim.
O grupo entra no hotel onde o gerente lhe informa que o quarto se localiza no terceiro andar. Neville olha desanimado para as escadas:
- Custava ter um elevador? - Ele reclama.
- Se tivesse provavelmente seria tão velho que não teríamos coragem de entrar – Kim diz enquanto lidera o grupo escada acima.
O grupo sobe até o terceiro andar e se encaminha até o final do corredor enquanto o policial narra o acontecido:
- A camareira disse que foi limpar o quarto. Já tinha alguns dias que ele não era usado, mas mesmo assim ela limpava para tirar a poeira caso um hospede viesse. Ela estava arrumando a cama quando ouviu barulho do chuveiro, então ela perguntou quem estava no quarto achando ser alguma brincadeira de garotos ou alguém que procurava um local para usar drogas. Quando ela entrou... – ele para de falar e engole em seco.
- Com o tempo melhora – Kim diz de modo solidário ao jovem recruta. Ele usa a sua mão enluvada para abrir a porta e entra seguido por Gina e Neville.
A ruiva observa o quarto que como o restante do hotel já deve ter tido dias melhores, ela observa a cama por arrumar.
- Foi a camareira – o policial diz – ela estava arrumando a cama quando notou o chuveiro ligado. Não terminou por motivos óbvios...
Gina sorri solidária enquanto se dirige ao banheiro. Ela vê uma banheira antiga e dentro dela, um corpo feminino obviamente morto com várias facadas. Ele está posicionado sentado na banheira com a parte superior para fora. Em uma das suas mãos, um pedaço da cortina como se ela tivesse tentado se segurar para evitar a queda.
A ruiva respira fundo. Ela sabe que isso é parte do seu trabalho, mas nunca é fácil. Ela vê uma mulher que aparenta ter uns vinte e poucos anos, branca com cabelo loiro oxigenado, a vítima está nua e não há sinais de nenhuma roupa no banheiro. Gina olha pelo quarto, mas também não acha nada. Se ela encontrasse uma bolsa ou coisa parecida, a sua identificação seria mais fácil.
- Você consegue dizer a hora da morte? – ela pergunta para o legista.
Ele meneia a cabeça negativamente – mais de doze horas, isso eu tenho certeza e quanto à causa, acho que não precisará de muita investigação – ele diz observando as facadas que cobriram o peito da desconhecida – o estranho é que quase não tem sangue aqui – ele observa meticuloso – com essas perfurações deveria haver muito mais.
- Eu também notei – ela diz pensativa – então podemos dizer que ela foi esfaqueada em local desconhecido e só então trazida pra cá, mas por quê?
- Cabe a você descobrir – o legista fala de modo sarcástico – eu vou examinar mais a fundo quando fizer a autópsia e qualquer coisa eu te informo.
- Tudo bem – ela fala – eu vou tentar encontrar algum tipo de pista – ela balança a cabeça desanimada – mas algo me diz que não vou achar muita coisa. Esse local está limpo demais...
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Mais tarde
Gina mexe o pescoço para os lados para aliviar a dor incômoda. Isso sempre acontece quando ela fica muito tempo preenchendo um relatório. A detetive infelizmente não tem muita coisa que ajude a descobrir o que aconteceu naquele hotel. Ela passou horas analisando a cena do crime com os outros peritos forenses e nada foi encontrado, nenhum DNA ou impressão digital, nem um único fio de cabelo.
Uma coisa é certa. Ela não foi assassinada no local. Agora por que alguém se deu ao trabalho de levá-la para lá? A sua experiência lhe diz que isso é uma parte importante do mistério, agora é necessário descobrir o motivo.
- Alguma pista sobre a identidade da nossa vítima? – ela pergunta para um colega e suspira ao ver a negativa.
- Provavelmente alguma prostituta ou viciada – ele diz – aquela área não é exatamente um lugar que moças de família frequentaria – o policial completa – eu coloquei algumas pessoas para perguntarem na região, mas você sabe que esse pessoal não gosta muito de falar com os tiras.
- E como sei – Gina diz com um suspiro – certas pessoas não são exatamente amigas da polícia, mesmo assim vale à pena tentar – ela olha para o colega – mesmo que ela seja uma prostituta ou uma viciada, ela era importante para alguém. Vamos manter isso em mente – ela diz enquanto se dirige à porta, a ruiva vai conversar com Neville e ver o que mais ele descobriu...
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Na sala do legista
A ruiva respira fundo enquanto entra. Essa parte do seu trabalho nunca é fácil, Gina não se impressiona nas cenas dos crimes, por mais terríveis que sejam ela sempre foca em seu trabalho e consegue a objetividade necessária para a coleta das pistas. Na sala de autópsia, no entanto, é diferente, ver aqueles corpos sem vida expostos sempre faz com que ela se sinta desconfortável.
- Oi Gina – Neville fala sem se virar – e antes que você me pergunte como eu sei que é você, eu digo que você sempre para na porta e respira fundo antes de entrar.
- Essa parte é difícil para mim, eu confesso – ela diz enquanto se aproxima. A ruiva vê a vítima que acabou de ser costurada – você descobriu mais alguma coisa?
- Bem – o legista assume seu modo profissional – pela temperatura do fígado foi possível comprovar que ela estava morta há pelo menos quarenta e oito horas.
- Tudo isso? Não vejo marcas de decomposição – Gina diz – a sua experiência lhe diz que um corpo sem vida há esse tempo já deveria apresentar sinais.
- Sim, isso me intrigou – Neville concorda – alguma coisa foi feita para preservar o corpo – ele olha para a detetive – e tem outra coisa – ele diz e vendo a curiosidade da moça logo completa – eu fiz os exames usuais e descobri que havia uma grande dose de heroína no sangue da vítima.
- Grande? – a ruiva indaga – grande quanto?
- O suficiente para matá-la em minutos – o legista diz – e isso quer dizer...
- Que nossa vítima já estava morta quando levou as facadas – Gina completa.
- Exatamente – Neville assente – pela quantidade de facadas, ela teria tido uma overdose antes que nosso assassino terminasse o serviço.
- Então vamos recapitular – Gina diz pensativa – nossa vítima morreu de overdose de heroína e as facadas foram dadas posteriormente?
- Basicamente é isso – o legista diz – se as facadas fossem dadas enquanto ela estivesse tendo a overdose não seriam tão precisas.
- Por que diabos alguém iria esfaquear uma pessoa já morta? – a ruiva faz essa pergunta mais para si mesma.
- Cabe você descobrir – o legista fala com um sorriso. Ele olha para o relógio – já está quase na hora da saída, que tal um happy hour? Acho que estamos precisando.
- Dessa vez vou passar – a ruiva diz – eu vou aproveitar e passar na casa da minha mãe pra filar um prato de comida. Faz tempo que não vejo meus pais.
- Pena que você não vai – Neville diz pensativo – eu vou me encontrar com um amigo que você deveria conhecer...
- Você também não! – Gina faz uma careta – já não basta a minha mãe querendo me apresentar todo cara solteiro que ela conhece!
- Eu só posso me solidarizar – Neville diz com um suspiro – a minha avó faz exatamente a mesma coisa toda vez que ela conhece uma boa moça, palavras dela naturalmente. Lembranças pra sua mãe – ele diz.
- Darei – Gina fala enquanto se retira...
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Mais tarde, na casa dos pais de Gina
Gina olha as paredes daquele que foi o seu quarto durante uma boa parte da sua vida e se encontra exatamente da mesma forma. A ruiva sorri quando se lembra das lágrimas nos olhos da sua mãe quando ela anunciou que queria se mudar para o seu próprio apartamento em uma zona mais centralizada. Se dependesse da senhora Molly Weasley, todos os filhos ficariam sob as suas asas indefinidamente e ela acolheria também todas as esposas e netos sob seu teto.
Não que Gina quisesse sair por falta de liberdade ou algum problema com os pais, isso nunca. Mesmo sendo a caçula e única mulher, a ruiva sempre soube delimitar o seu espaço e defender suas opiniões, o problema é que quando começou a ficar mais atuante na sua divisão ela precisava de um local que permitisse a sua chegada com maior agilidade. Então ela se mudou para um local mais perto do seu trabalho.
- Saudades da comida da mamãe? – a voz conhecida a tira do seu devaneio, Gina se vira sorrindo e vê a cabeleira ruiva do seu irmão Rony.
- Você também, pelo visto – ela sorri – pelo jeito você também perdeu o último almoço.
- Sim – ele suspira – mas Hermione veio e como ela estava com o bebê, duvido que alguém tenha realmente sentido a minha falta.
- Imagino que sim – a ruiva diz – se eu estivesse aqui e meu sobrinho fofo chegasse, eu também não iria reparar que você não veio – ela sorri. Seu irmão Rony casou-se com Hermione, sua amiga de longa data e após alguns anos o casal teve o seu bebê tão esperado. Ronald Junior, ou RJ como a família o chama carinhosamente, um garotinho ruivo e sorridente que encanta a toda família.
- Mas no próximo domingo eu estarei aqui para competir com o RJ – Rony sorri – você vai conseguir vir? – ele pergunta.
- Se tudo der certo, virei – ela diz – eu não acredito que depois de meses, todos nós estaremos em um almoço de domingo. Vai ser bom reunir todo mundo – a ruiva sorri. Como todos os filhos trabalham em escala de plantão, é raro que todos eles consigam folga no mesmo dia, o que faz com que estes encontros sejam memoráveis – e desta vez eu vou ganhar.
- Vai sonhando – o ruivo diz – eu tenho um que vai barrar todo mundo, pode ter certeza.
Como todos os irmãos são policiais, eles inventaram um concurso bizarro sobre qual deles pegou o pior caso, o que apesar de mórbido os diverte e enfurece a matriarca da família.
- Estou aguardando ansiosa – ela diz com um sorriso maroto, ela para como se estivesse cheirando o ar – dez pratas como a mãe vai dizer que o almoço está pronto nos próximos minutos.
- Nem pensar – ele diz – eu só aposto quando posso ganhar – seu irmão então passa correndo pelo corredor gritando – dez pratas como chego primeiro na cozinha!
- Ei, não é justo! – ela sai correndo em seu encalço. Algumas coisas permanecem, mesmo com o passar do tempo. É o seu último pensamento...
NOTA DA AUTORA 2
Bem, é isso. Primeiro capítulo postado! Como falei lá em cima, este território é meio novo pra mim mas estou gostando muito de explorá-lo e espero que vocês gostem também e quem puder deixar uma palavrinha de incentivo vai me deixar muito feliz.
O próximo vai sair assim que eu atualizar a vida é feita de escolha parte 5, não deve demorar muito (eu espero).
Bjos e até breve
