No Mundo de 2138, a destruição do meio ambiente continuou a uma velocidade cada vez maior até o ponto em que a superfície da Terra estava irremediavelmente poluída. A natureza linda existia apenas nos videogames. O céu estava sempre escondido atrás da fumaça negra, enquanto o sol fazia apenas breves aparições de vez em quando. A névoa espessa e tóxica frequentemente cobria as cidades, de modo que quase ninguém saía sem usar uma máscara de gás de antemão.
E nesse cenário desse mundo quebrado, trabalhadores de escritórios andavam como uma colmeia de formigas, indo de um lado para o outro, como se seu único dever fosse trabalhar, voltar para casa e repetir o ciclo no dia seguinte.
Era mais um dia de trabalho exaustivo para Suzuki Satoru, um burocrata do governo que passava longas horas em frente ao computador. Ele olhou para o relógio e percebeu que já era tarde, sentindo-s ansioso para voltar para casa e relaxar.
Ele pegou seus pertences e caminhou até o elevador, conversando com alguns colegas de trabalho no caminho. Enquanto o elevador descia, ele imaginava o que faria em casa: talvez assistir a um filme, jogar um jogo ou apenas dormir.
Ao sair do prédio, um forte vento bateu em seu rosto e fez com que ele se encolhesse. Ele caminhou até a estação de metrô mais próxima, pegou o trem e sentou-se em um assento vazio. O trem balançava suavemente enquanto ele se afundava em seus pensamentos.
porta maciça rangeu enquanto lentamente era aberta. O som estridente nunca desaparecia, independentemente de quantas vezes a lubrificasse.
A razão era óbvia, porque as partes metálicas estavam deformadas além do reparo.
Substituir essas partes significava que a porta não faria mais o rangido, mas ele, Suzuki Satoru, não achava necessário.
Gastar dinheiro nessa porta, que só usava quando ia e voltava do trabalho, era um desperdício.
Além disso, de certa forma, ele pensava que este ruído horripilante soava como um "bem-vindo", então havia um apelo emocional..
As luzes brancas do teto se acenderam, acionadas por sensores de movimento, e o antigo purificador de ar ressoou ao ligar.
A sensação de vazio, frio e escuro ainda permanecia, apesar das luzes se acenderem. A cena além dessa porta era a própria imagem do solitário e sombrio abandono. No entanto, esta era uma visão cotidiana para ele.
Ele fechou a porta e engatou as três fechaduras, afinal, ainda havia a mínima possibilidade de algum ladrão tentar entrar.
"Uma fechadura eletrônica... huh?"
Talvez ele devesse usar algo melhor aqui.
No entanto, os cálculos mentais de alta velocidade de Suzuki Satoru concluíram que ele não deveria desperdiçar seu capital limitado na prevenção de roubo. A possibilidade de alguém roubá-lo era muito baixa, ele sentia que seu esforço seria desperdiçado, então descartou a idéia de gastar dinheiro com isso.
E para ser honesto, ele não era tão pobre assim. Seu salário não era dos melhores, mas ele ainda vivia acima da linha da pobreza. Ele tinha um amplo equilíbrio em suas contas bancárias, mas não tinha idéia de como gastar esse dinheiro.
Após tirar os sapatos surrados e jogá-los para um lado, de repente, seus passos pelo hall de entrada pareceram muito leves, como se o peso de seus movimentos anteriores fosse tudo por causa de seus sapatos.
A cozinha situava-se perto do corredor e estava praticamente vazia. Pois não havia utensílios de cozinha. Suzuki Satoru lavou as mãos na cozinha, depois pegou uma toalha e a umedeceu com um pouco de água. Em seguida, ele abriu a pequena e velha geladeira, por algum motivo, se sentiu mal por ela ainda estar lá, e retirou seu jantar.
Comer era importante. A fome reduziria sua capacidade de pensar e isso seria inconveniente para ele. Ele passou por três portas ao longo do caminho, banheiro, sala de banho e quarto, antes de finalmente abrir a porta mais interna, para ser recebido por uma sala um pouco pequena.
confortável, com um apoio para os pés. Ao lado havia um controle remoto e cabos de energia, apoiados em uma mesa de duas camadas com rodas. Essas eram as únicas coisas na sala, além de um calendário na parede.
A mobília estava agrupada no centro. A falta de qualquer outra coisa pode fazer as pessoas pensarem que o dono desta sala era uma pessoa apática, que não tinha interesse em nada.
Suzuki Satoru chegou à cadeira e pôs o jantar na mesa. Então, ele soltou a gravata e a jogou no chão. Depois disso, tirou sua máscara de filtragem de ar e os óculos em um único movimento.
A seguir foram os casacos. Ele os retirou, um após o outro, e a sensação de libertação que sentia florescendo por dentro era evidente em seu rosto. Por fim, ele tirou as calças. Ficou apenas de camisa e samba-canção, ele se limpou com a toalha úmida. Embora planejasse tomar banho de vapor depois, ele não suportava o desconforto de um corpo pegajoso.
Enquanto se limpava, juntou a roupa e com a ponta do dedão e a chutou para um montinho no canto da sala. Embora estivessem contaminadas pelo ar exterior, ele tinha comprado cada peça com seu suado dinheiro, só precisava lavar e estariam novinhas em folha. Mas isso ele faria mais tarde — era muito problemático agora.
Ele se concentrou em limpar o rosto e as mãos, as partes que haviam sido expostas ao ar exterior, e depois colocou o pano enegrecido na mesa. Depois disso, ele praticamente se jogou na cadeira. A marca que a fez era bem famosa, feita por uma das oito grandes corporações mundiais. Pode muito bem ser a coisa mais cara em todo o apartamento. Apesar da aparência delicada, nem sequer gemeu com o peso de um homem adulto, um claro contraste com a porta.
O homem suspirou profundamente e olhou para o teto com olhos sem expressão. Então, ele olhou com atenção para o calendário.
"Ah, ainda tá muito longe…"
"Ah—. Ah—. Ah—. Ah—."
Quando Suzuki Satoru refletiu sobre o número de dias restantes, ele acabou fazendo um monte de sons estranhamente modulados e no fim, ficaram ininteligíveis em sua boca. Depois disso, como se as baterias tivessem acabado, os barulhos pararam. Então, um sorriso apareceu em seu rosto.
"Ah, bem, deixa pra lá."
E certamente o fez. Enquanto pensasse no que viria a seguir, até mesmo uma chateação como essa poderia ser esquecida.
Suzuki Satoru pegou o jantar que acabara de colocar sobre a mesa. Ele inseriu o canudo na comida líquida de sabor carne e a sugou.
Era pouco mais que um gel glutinoso de carne. Na verdade, era horrível, mas ele sentia fortemente que a busca da perfeição em comida era inútil. Afinal de contas, tudo se tornava merda, então investir dinheiro nisso se provara inútil.
O importante era encher o estômago, e se não fosse nutritivo o suficiente, sempre havia pílulas para suprir isso.
Depois disso, Suzuki Satoru engoliu vários comprimidos multivitamínicos e suplementos com um belo gole de bebida saudável.
Depois de reabastecer seus nutrientes, Suzuki Satoru finalmente começou a agir como um ser humano.
Ao contrário do atrapalhado e desajeitado de agora a pouco, seus olhos brilhavam e seus movimentos eram ágeis.
Ele pegou um cabo preto, que estava conectado na parede.
Suzuki Satoru removeu a cobertura protetora de plástico em uma extremidade do plugue, revelando um plugue de aproximadamente 3 centímetros de diâmetro. Um brilho prateado se misturava com o brilho líquido do lubrificante protetor.
Ele segurou o cabo em uma mão e, com a outra, levantou o cabelo cobrindo a nuca. Um brilho opaco do objeto feito pelo homem embutido em sua nuca pôde ser visto.
Com facilidade praticada, ele abriu a tampa de cerca de três centímetros presente em sua nuca. A ação expôs o soquete escondido debaixo.
Ele conectou o plugue sem qualquer hesitação.
"Ohh…"
Com o tempo, com seu suspiro silencioso, pôde sentir a luz movendo-se através de seu corpo, como se seus vasos sanguíneos estivessem cheios de radiação. A sala não havia mudado, mas seu campo de visão era diferente agora.
Várias janelas apareceram dentro de sua linha de visão, mostrando-lhe informações fluindo diretamente para o processador dentro de seu cérebro. Ele começou a operar a CPU.
Alguém de uma idade mais avançada poderia olhar com desconfiança para os estranhos gestos que estava fazendo no espaço vazio. No entanto, sua CPU craniana leu os fracos impulsos elétricos de suas sinapses em outras palavras, uma interface de controle usando o cérebro e os converteu em dados.
Seus pensamentos alcançaram seu supercomputador através do cabo e ligaram a televisão. A energia foi ativada, e uma tela apareceu no quadro preto. Dentro dela, uma mulher japonesa primorosamente vestida começou a ler as notícias.
"O conflito que começou no ano passado entre a segunda Arcologia Europeia e a terceira Arcologia Europeia"
Ele manipulou um console invisível e mudou o canal. "Em relação às três megacorporações na capital, Neo Kyoto" Ele mudou o canal novamente. "Preso pela venda de cyberware ilegal em Neo Kyoto Hachijo"
A tela piscou rapidamente entre vários canais, mas as notícias que ele esperava não apareceram. Suzuki Satoru moveu a mão e desligou a TV.
"Então hora de começar."
Ele pegou o capacete que quase cobria toda a cabeça, conforme exigido pelas Leis da Informática, conectou outro fio ao pescoço e o ligou ao capacete, depois o colocou sobre a cabeça.
Embora fosse um capacete de rosto inteiro, a câmera montada no lado de fora transmitia seu sinal de vídeo diretamente para o cérebro, então seu campo de visão ainda estava desobstruído.
Este capacete incluía um sistema que registrava automaticamente tudo o que acontecia no mundo virtual. Como um aparte, ele manteria as imagens por um mês, excluindo-as automaticamente depois disso.
Muita gente queria evitar usar esse capacete. Era natural, já que colocá-lo era como desistir da privacidade.
Ele notou as palavras que diziam que a gravação havia começado, e então operou a janela do console flutuando perto de sua mão. Abriu várias janelas novas perto, depois aproximou uma delas e a tocou.
A janela que ele tocou tinha a palavra YGGDRASIL escrito. "Haa…"
Suzuki Satoru suspirou com um volume exagerado, uma resposta natural ao abrandamento de sua felicidade. Claro, não havia ninguém aqui, mas ainda assim ele queria expressar seus sentimentos.
Ele agarrou a seringa indolor enquanto murmurava para si mesmo.
O injetor parecia um carimbo, ele levou até o braço e depois o apertou. Muito parecido com o que ele sentiu quando inseriu o plugue em sua cabeça, ele sentiu um brilho se movendo através de seu corpo.
Começou de seus braços e depois se espalhou por seu corpo como um incêndio.
Ele calmamente colocou a seringa vazia na mesa. Ele poderia trocar por uma pechincha e obter uma nova em uma clínica, mas se a quebrasse, a substituição seria muito cara. Portanto, ele tratou com cuidado, a fim de não desperdiçar dinheiro sem motivo.
Uma mensagem lhe disse que uma quantidade de nanomáquinas cerebrais havia sido infundida em seu corpo e depois desapareceu automaticamente.
Finalmente, as preparações estavam completas. Isso deve ser tudo. Não haveria mais nada para entrar em seu caminho.
Já que ninguém telefonaria para ele, então não havia necessidade de desligar a rede integrada de telefonia móvel.
Suzuki Satoru clicou na janela chamada YGGDRASIL. —
O mundo mudou.
Suas nanomáquinas cerebrais começaram seus cálculos, interrompendo seu campo de visão e assumindo o controle de seu sistema nervoso somático, tudo mudou.
Uma imensidão vazia se estendia em todas as direções — não, havia coisas cintilando na escuridão como estrelas — como o espaço. Entre eles flutuava uma gigantesca árvore que parecia abranger tudo.
Parte de seu campo visual piscou, e se inclinasse a cabeça para o lado, ele poderia ver alguma coisa.
Era um monstro. Chamas vermelhas e pretas queimavam nos olhos do monstro, e um homem de altura imponente com uma armadura azul escura e preta com ornamentos de ouro, um capacete com chifres. O forro de seu casaco é vermelho e azul. A cor exata de sua armadura porém variou entre as aparências, do azul claro ao azul escuro ao preto.
Ele não sentira confusão ou medo para com a coisa grotesca que surgira do nada. Naturalmente, era porque aquela criatura era o seu outro eu, com a qual ele estava intimamente familiarizado.
Ele estendeu a mão e, no momento em que tocou o homem de altura imponente com uma armadura, seu ponto de vista mudou mais uma vez.
Sem nada para fazer, ele olhou para as mãos. Nas suas mãos havia um par de manoplas, que pareciam a mão de um demônio, enquanto a outra parecia a de um anjo.
A manopla esquerda é uma coisa de aparência maligna que lembra a mão de um demônio. Parecia ser feita de algum tipo de metal preto, coberta de espinhos retorcidos. As pontas dos dedos estavam afiadas, e o brilho sujo ao seu redor parecia ser algum tipo de secreção estranha. Apenas um único olhar enchia todos os que a viam com um terror proveniente das profundezas de suas almas.
Em contraste, a manopla direita parecia a mão pura e imaculada de uma donzela. É de cor branca e suas proporções esbeltas foram cobertas por elaborados bordados de ouro, que enfatizaram ainda mais sua beleza requintada. Atraiu a atenção como as abelhas para o mel e, assim como ver uma beleza de classe mundial, os espectadores sentiram que poderiam perder suas almas por isso.
Esse conjunto de itens era considerado de classe mundial, chamado [Avarice and Generosity].
Ele cerrou os punhos e os abriu novamente. Mesmo as sensações sendo atenuadas, era bem perto da realidade.
Era uma sensação estranha, embora ele fechasse os olhos, parecia que ainda estavam abertos, mas depois que passou, ele se viu de pé em uma sala dentro de uma construção de algum tipo. A breve desorientação que sentiu após sua mente mudar para um mundo fictício rapidamente desapareceu. Ele olhou cuidadosamente ao redor de seu entorno.
A sala era feita de algum tipo de material inorgânico cinza, parecia concreto, e tinha um teto alto. Embora não houvesse fontes de luz visíveis, um lado do teto brilhava com luz branca.
Uma grande mesa circular com um brilho obsidiano estava no centro do Hall da Guilda, cercado por 41 assentos luxuosos.
Mas a maioria estava vago.
Outrora todos os membros utilizavam para se sentar.
E com isso, Suzuki Satoru se tornou Momonga, o mestre da guilda de Ainz Ooal Gown e governante da Grande Tumba de Nazarick.
"Mesmo que seja o último dia em YGGDRASIL, sinceramente não esperava que alguém fosse realmente aparecer."
Momonga pronunciou essas palavras com a voz triste e um pouco deprimida. Momonga ergueu a mão esquerda e verificou as horas.
[21: 30:48,21,38—]
Momonga suspirou gentilmente, como se não quisesse que o arrependimento se manifestasse em seu coração. "Como ainda falta muito tempo, talvez alguém possa aparecer antes disso."
Momonga caminhou lentamente até uma das 41 cadeiras, cada passo carregado de lembranças felizes dos tempos passados com seus amigos. Ele escolheu uma cadeira que lembrava mais um trono, com detalhes intrincados esculpidos em sua estrutura. Sua mente vagava pelos momentos compartilhados com aqueles a quem chamava de companheiros, e um sorriso melancólico surgia em seu rosto.
Ele se sentou na cadeira e, aos poucos, a tristeza e a solidão começaram a pesar sobre ele. A imensidão do salão ecoava em seu coração, como se estivesse tentando preencher o vazio que sentia.
Momonga tinha reconstruído seu próprio avatar baseado nas classes e raças de seus amigos, mas como isso não era permitido normalmente, ele teve que usar um item de classe mundial para ganhar a ferramenta [Desenvolvedor].
O fato era que Momonga possuía os avatares de seus amigos.
Os membros da Guilda disseram: "Você pode ficar com isso" e, em seguida, deixaram o jogo depois de transferir seus equipamentos e itens de cash e senha da conta de seus avatares para ele. Momonga também usou itens de cash para criar Golens, equipando os itens de seus antigos companheiros neles. Ele os fez como um memorial para seus amigos que haviam deixado o jogo.
E com inspiração em seu próprio NPC, ele "decidiu pegar emprestado" as aulas de Trabalho e algumas raças que seus amigos têm para infundir em seu próprio Avatar. No entanto, mesmo observando suas transformações como base.
Momonga olhou para o assento que ocupava até agora, e então se virou para olhar para os outros 40 assentos. Aqueles eram os lugares onde outrora seus antigos camaradas haviam se sentado. Depois de fazer um círculo ao redor da mesa, Momonga voltou seus olhos para o lugar.
"Vamos nos encontrar de novo em algum lugar... huh." Vamos nos encontrar novamente. Nos veremos de novo.
Ele ouvira essas palavras várias vezes antes, mas elas nunca se realizaram. Ninguém jamais retornou a YGGDRASIL.
"Quando e onde nos encontraremos novamente"
Os ombros de Momonga balançaram violentamente, e as palavras que ele não podia mais conter explodiram:
"VOCÊS ESTÃO ZOMBANDO DE MIM!?"
Com um grito furioso, ele socou a mesa. Tendo julgado a ação como um ataque, o sistema calculou inúmeras variáveis, tais como danos de mãos vazias e defesa estrutural da mesa, e exibiu seu resultado onde Momonga bateu com o número
"9999999999999999"
"Esta é a Grande Tumba de Nazarick, todos nós a construímos juntos! Como podem desistir deste lugar tão fácil assim!?"
O que se seguiu após sua fúria feroz foi a desolação.
Então, o que ele estava fazendo não fazia sentido, pois os próprios avatares de seus amigos não existiam mais. Portanto, esperar por eles seria uma ação sem sentido do ponto de vista lógico.
Momonga murmurou enquanto tentava se convencer e levantou-se de seu assento. Ele caminhou em direção à parede adornada com um cajado.
Tendo o caduceu do deus grego Hermes como inspiração, o cajado estava entrelaçado por sete serpentes. Cada uma das bocas das serpentes contorcidas segurava uma gema de uma cor diferente. Sua aparência tinha uma qualidade transparente como cristal e estava emitindo uma luz branca-azulada.
O cajado de qualidade suprema era uma "Arma de Guilda", cada guilda pode possuir apenas uma, um item que poderia dizer ser o símbolo da Ainz Ooal Gown.
Momonga não queria trazer a arma preenchida com suas memórias gloriosas para este tempo de ruínas; no entanto, um sentimento contrário ardia dentro dele. Todo esse tempo, Momonga tinha colocado importância na maioria de votos.
Embora ele estivesse na posição de um Chefe de Guilda, o que ele realmente fazia era trabalhar entrando em contato com as pessoas.
Foi por isso que, neste momento, com ninguém por perto, o pensamento de querer usar a sua autoridade como o Chefe de Guilda cruzou sua mente pela primeira vez. "Esta roupa não tem classe suficiente."
Resmungando para si mesmo, Momonga começou a operar seu console para equipar seu avatar com o armamento condizente com sua posição como um Chefe de Guilda proeminente.
Armamentos em YGGDRASIL foram classificados de acordo com seu tamanho de dados. Quanto maiores forem os dados, maior o grau da arma. A partir da parte inferior, as classes eram: Low-Class, Middle-Class, High-Class, Top-Class, Legacy-Class, Relic-Class e Legendary-Class. Mas agora, Momonga estava armado até os dentes na classe mais alta de todas — Divine-Class.
Em seus dedos descarnados havia nove anéis, cada um deles imbuído de poderes diferentes. Além disso, o seu colar, luvas, botas, manto, e tiara foram todos Divine-Class. Se eles tivessem um preço, seria de cair o queixo.
Um manto brilhante pendia das ombreiras e uma aura vermelha escura ondulante subia de seus pés. Embora a aura fosse turbulenta e sinistra, não era uma habilidade de Momonga. Ele simplesmente embutiu um efeito [Disaster Aura] no manto já que havia algum espaço sobrando em sua capacidade de dados visuais.
Numerosos ícones apareciam no canto do campo de visão de Momonga, indicando que suas habilidades aumentaram.
Tendo mudado seu equipamento e ele próprio armado da cabeça aos pés, Momonga assentiu com satisfação com o seu equipamento atual condizente com um Chefe de Guilda. Então ele estendeu a mão e agarrou o cajado de Ainz Ooal Gown.
No momento em que ele pegou o cajado na mão, um vórtice de aura vermelho-sangue foi emitido. Às vezes formava o rosto de um ser humano em agonia que logo desaparecia. Era tão vívido, que dava a impressão que pudesse ouvir gritos de agonia provenientes dos rostos.
"...Eles realmente davam valor aos detalhes."
O cajado supremo que ele nunca tinha segurado uma única vez após a sua conclusão, finalmente caiu nas mãos de seu proprietário original com o fim do serviço online de YGGDRASIL à frente dele.
Verificando os ícones que indicam um aumento dramático nos seus atributos novamente, ele também sentiu uma ligeira solidão.
"Devemos ir, símbolo da minha guilda?" .
.
Momonga saiu da sala chamada de A Távola Redonda.
Qualquer membro da guilda usando o anel da guilda entraria automaticamente nesta sala, a menos que houvesse circunstâncias especiais. Se houvesse quaisquer outros membros de volta, eles definitivamente apareceriam aqui. No entanto, Momonga sabia muito bem que os outros membros não voltariam aqui novamente. Durante os últimos momentos da Grande Tumba de Nazarick, Momonga foi o único que restara.
Reprimindo suas emoções turbulentas, Momonga entrou silenciosamente em um generoso hall de entrada. Um mundo de grandeza e brilho, que lembrava um enorme castelo revestido de mármore.
Suspenso no alto teto, lustres uniformemente colocados poderiam ser vistos emitindo um brilho suave e quente. O piso liso do largo corredor refletia as luzes dos lustres acima que brilhavam luminosamente como um mosaico de estrelas brilhantes. Se as portas presentes unilateralmente ao longo do corredor fossem abertas, a mobília de luxo no interior dos quartos atrairia os olhos de muitos.
Se os jogadores que ouviram o nome de Nazarick viessem aqui, eles teriam sido atordoados com certeza pelo fato de que esses belos pontos turísticos existiam em um lugar conhecido por sua infâmia.
Afinal, a Grande Tumba de Nazarick superou a maior ofensiva militar organizada por jogadores na história do servidor. Uma ofensiva de oito guildas, guildas afiliadas, jogadores mercenários e NPCs mercenários, um total de 1500, tentaram invadir este lugar e foram aniquilados. Esse evento transformou o local em uma lenda.
.
A Grande Tumba de Nazarick tinha sido uma dungeon de seis andares, mas foi dramaticamente alterada depois que a Ainz Ooal Gown assumiu o controle. Atualmente, se tornou uma dungeon de dez andares e cada andar possui um tema único.
O 1º ao 3º Andar foram modelados para serem as Catacumbas. O 4º Andar tornou-se o Lago Subterrâneo. O 5º Andar se tornou a Geleira. O 6º Andar a Selva. O 7º Andar se tornou Lava. O 8º Andar se tornou a Região Desértica. E do 9º ao 10º Andar o reino dos deuses — em outras palavras, a base da Ainz Ooal Gown, que havia ficado entre as dez primeiras dentre as milhares de guildas de YGGDRASIL. Se tornaram as Suítes Reais e o Salão do Trono, respectivamente
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Os passos de Momonga ecoavam no corredor das Suítes Reais, seguido pelo bater de seu cajado. Depois de algumas voltas ao redor dos cantos do amplo corredor, Momonga viu uma mulher longe se movendo em direção a ele.
Ela tinha um cabelo loiro até aos ombros e características bem definidas.
Ela estava vestindo uma roupa de empregada doméstica, incluindo um grande avental e uma longa saia. Medindo cerca de 170 centímetros, ela tinha um corpo esbelto com seios fartos o bastante para quase não serem contidos em sua vestimenta. No geral, ela passava uma impressão virtuosa e elegante.
Enquanto se aproximavam, a empregada deu um passo para o lado e fez uma profunda reverência para Momonga. Em resposta, ele levantou a mão ligeiramente.
A expressão da empregada doméstica não se alterou; seu rosto estava mostrando a mesma expressão séria exatamente como antes. As expressões faciais não se alteravam em YGGDRASIL. No entanto, havia uma diferença entre as expressões imutáveis de jogadores e esta empregada. A empregada era uma "Non-Player Character" (NPC). Dentro do jogo, essas inteligências artificiais só se movem de acordo com a programação. Em outras palavras, elas eram o mesmo que manequins em movimento e até mesmo sua reverência para Momonga foi apenas uma ação pré-programada.
Sua saudação mais cedo poderia ser vista como um desperdício de tempo, mas Momonga tinha uma razão para não as tratar com desrespeito.
Todas as 41 empregadas NPCs que trabalham na Grande Tumba de Nazarick foram baseadas em diferentes ilustrações de um membro, que tinha vivido de seu trabalho artístico e agora era um mangaká em uma revista mensal de mangás.
Momonga não olhou apenas na aparência da empregada, mas também em seu uniforme surpreendentemente elaborado. Especialmente, o bordado requintado no avental era digno de admiração.
Já que foi ilustrada por uma pessoa que se vangloriava em dizer "A melhor arma de uma empregada, é seu uniforme", então o nível de detalhe sobre a roupa foi muito além do normal. Momonga não pôde deixar de se sentir nostálgico quando recordou como o membro da guilda, responsável pelo processamento visual, começaria a gritar sobre as tarefas.
"Ah... É. Desde daquilo ele estava sempre dizendo coisas como "Uniformes de empregadas são a justiça!" Falando nisso, a heroína do mangá que ele está desenhando agora é também uma empregada doméstica. Ainda está fazendo seus assistentes chorarem com sua atenção excessiva aos detalhes, Whitebrim-san?"
Quanto à programação comportamental, foi criada por Tabula Smaragdina e HeroHero e Whitebrim-san programadores. Em outras palavras, estas empregadas foram criadas a partir do árduo trabalho e esforços conjuntos dos membros da guilda no passado, assim
ignorá-la estava fora de questão uma vez que, como o Cajado de Ainz Ooal Gown, ela também era uma parte de suas preciosas memórias.
Enquanto Momonga pensava sobre essas coisas, a empregada inclinou a cabeça, como se perguntasse qual é o problema. Enquanto alguém estava perto dela por um determinado período de tempo, a empregada adotava automaticamente essa posição. Recordando suas memórias, Momonga foi surpreendido com a atenção meticulosa aos detalhes de Tabula Smaragdina.
Com um olhar curioso, Momonga decidiu verificar as estatísticas do NPC, que estava diante dele. Ele ficou surpreso ao descobrir que era um homúnculo de nível 1, com o nome Cixous. Ele sempre imaginou que as empregadas do Grande Túmulo de Nazarick fossem mais poderosas, mas, aparentemente, elas eram apenas servas humildes. No entanto, isso gerou uma ideia em sua mente.
Momonga recordou-se de uma ferramenta especial chamada [Desenvolvedor, que ele havia adquirido recentemente com a ajuda de um Item Mundial raro. Essa ferramenta permitia ao usuário manipular e ajustar os níveis dos NPCs, tornando-os mais fortes ou mais fracos conforme desejado. Ele sabia que isso era arriscado, pois poderia atrair a atenção do Game Master e possivelmente levar a alguma forma de punição. No entanto, ele também sabia que hoje seria o último dia antes do fechamento do jogo, então talvez as chances de ser pego fossem pequenas.
Com a determinação de aproveitar ao máximo o tempo restante, Momonga decidiu usar a ferramenta [Desenvolvedor] para aumentar o nível de Cixous, o homúnculo. Afinal, se ele pudesse fortalecer suas empregadas, isso poderia ser útil no futuro, especialmente se ele se visse diante de inimigos poderosos.
Cuidadosamente, ele ativou a ferramenta e começou a ajustar os níveis de Cixous. Enquanto fazia isso, ele também pensava na história e no passado de Cixous, que até então, eram desconhecidos para ele.
Enquanto se perguntava sobre essas questões, Momonga imaginou uma história rica e detalhada para Cixous. Ela havia sido criada por um poderoso alquimista que buscava criar uma serva perfeita, mas, por alguma razão, ele nunca a considerou digna de ser mais do que uma empregada de nível 1. Agora, graças à ferramenta [Desenvolvedor, Cixous tinha a chance de se tornar algo mais, de provar seu valor e, quem sabe, desempenhar um papel importante na história do Grande Túmulo de Nazarick.
Com um sorriso enigmático, Momonga concluiu o processo e observou as mudanças que ocorreram em Cixous. Será que ele acabara de alterar significativamente o destino de um NPC antes do fechamento do jogo? Somente o tempo diria.
Deve haver algumas outras coisas escondidas pré-programadas levando em consideração a personalidade do Tabula Smaragdina, que gostava de botar muitos detalhes nos seus NPCs.
Embora ele quisesse ver todas as coisas, não havia muito tempo.
Os olhos de Momonga viraram para o relógio holográfico semiesférico exibido em seu pulso esquerdo e confirmou o horário atual.
Na verdade, não havia tempo para caminhar lentamente ao redor. "Obrigado por seu árduo trabalho."
Momonga disse esta frase de despedida preenchida com muitos sentimentos e passou pela empregada. É claro, o outro lado não respondeu. No entanto, Momonga acreditava que uma despedida era o certo a se fazer, uma vez que este era o último dia. Deixando a empregada para trás, Momonga seguiu em frente.
