Disclaimer: One Piece, bem como os seus respectivos personagens, não me pertence, e sim a Eiichiro Oda. Posto esta fic apenas por diversão, e sem nenhuma intenção de lucrar algo com isso.

Esclarecimento: Esta história também não é de minha autoria, ela é uma adaptação do livro de mesmo nome, de Helen Bianchin, que foi publicado na série de romances "Paixão", da editora Harlequin Books (edição 101, publicada no Brasil em 2008).

OBS: É bastante provável que esta adaptação tenha OoC. Muito bem, o aviso foi dado a todos...


ESCOLHA PERFEITA

Capítulo 1

Luffy reduziu a velocidade de seu Bentley GT e entrou com cuidado na pista central da avenida congestionada, enquanto o tráfego se arrastava entre um cruzamento e outro num êxodo geral do centro de Sydney.

A iluminação da rua competia com o néon nos letreiros dos anúncios quando o Sol se pôs no horizonte, colorindo o céu com um vermelho intenso, transformando sutilmente o entardecer em crepúsculo, e em seguida, em escuridão total.

Tinha sido um dia estafante, com duas reuniões importantes, uma teleconferência e inúmeras solicitações ocupando todo o seu tempo.

Poderia fazer uma boa massagem para relaxar... mas não havia tempo. Em menos de uma hora, era esperado em um importante jantar de caridade. Sozinho.

Ele conhecia diversas mulheres, todas fazendo o possível e o impossível para passar a noite ao seu lado, com suas conversas fúteis, esbanjando táticas para atrair sua atenção e convites sutis para compartilhar sua cama.

Mas Luffy não ascendera nos negócios para se tornar o líder de um império financeiro entregando-se a prazeres infindáveis.

Teria herdado do pai aquela qualidade invejável ? Se assim fosse, seria apenas uma virtude entre poucas. Monkey D. Dragon se tornara mais conhecido como um patife sem escrúpulos, destituído de qualquer dose de misericórdia e extremamente rico. Teve nada menos que quatro esposas, a primeira das quais lhe dera um filho... Monkey D. Luffy.

Um filho destinado a ser único, já que Dragon se recusava a considerar ter um herdeiro e um substituto, evitando criar quaisquer rivalidades, ciúmes, divergências e rupturas em um império que tanto lutara para construir.

As esposas que se seguiram haviam almejado a fortuna e todos os prazeres infindáveis e status social que esta poderia trazer. Até ele as dispensar, substituindo-as pela próxima, mais jovem e mais bonita.

Luffy deu de ombros, conduziu seu Bentley GT através das inúmeras vias até a estrada New South Hea para o bairro de Vaucluse.

Irritado com o rádio fora de sintonia, ele praguejou e desligou o aparelho.

O sucesso trazia responsabilidades... demasiadas, meditou, uma vez que a tecnologia moderna o obrigava a ficar todo o tempo atento e disponível.

E enquanto se deleitava com as vantagens de seu império de negócios altamente poderoso, outros desafios na vida precisavam ser explorados. Um em particular. Casamento. Família. Uma mulher honrada e sem artifícios, que ocupasse sua cama, transformasse sua casa em um lar, fosse uma anfitriã habilidosa e lhe desse filhos.

Alguém que tivesse poucas ilusões sobre o amor e estivesse preparada para considerar o casamento como um negócio, sem complicações emocionais.

Afeição, a exultação do ato sexual, sim... mas amor ? O que era aquilo ?

Luffy amara sua mãe somente para que ela lhe fosse retirada. Quanto às madrastas... todas haviam tido o mesmo objetivo: o dinheiro de Monkey D. Dragon, os presentes e o estilo de vida.

Um filho representava um obstáculo que deveria ser mandado para um internato de alto custo, com férias escolares em acampamentos exclusivos de recreação no exterior.

Ele aprendera muito cedo a chamar a atenção do pai. Conseqüentemente, se sobressaía em tudo.

E quando Dragon o encarregara de uma posição humilde nas empresas Global Focus, Luffy lutara arduamente para provar seu valor. O suficiente para não ter tempo de desfrutar das frivolidades sociais.

O esforço o compensara com o orgulho de Dragon, um posto no império paterno, status multimilionário... e a atenção imediata das mulheres.

Algumas mais espertas do que de hábito, e uma, em particular, que quase o convencera a colocar um anel no dedo. Felizmente, fora apenas quase, pois uma investigação preventiva revelara detalhes que, sem tal artifício, não viriam à tona.

Uma prática da qual ele continuou se valendo sempre que decidia se tornar íntimo de uma mulher. Calculista, talvez... mas isso poupava surpresas inesperadas.

Luffy sorriu ironicamente quando seu Bentley GT entrou em uma rua de residências exclusivas.

Seu lar era uma mansão situada no alto de uma colina, com uma vista esplêndida do porto. Comprada cinco anos antes, ele mandara reformá-la e mobiliá-la, e contratara caseiros para cuidar da propriedade e dos jardins em volta... uma residência luxuosa onde ele dormia, trabalhava e se divertia.

Monkey D. Luffy. Um homem que possuía tudo.

Um sucessor valioso de seu pai. Duro, insensível, implacável... cobiçado pelas mulheres, mas sem compromisso com nenhuma.

Não era assim que ele era descrito pelas publicações sobre a intimidade das celebridades ?

Depois de tomar banho, se barbear e se vestir a rigor, Luffy se pôs ao volante do Bentley e seguiu para o centro.

O trânsito havia acalmado, amenizando a viagem para o hotel no centro da cidade, onde um evento para levantar fundos estava sendo realizado naquela noite.

Ele usou o serviço de manobristas para estacionar o carro, teve uma recepção diferenciada quando passou pelo elevador e pegou a escada rolante para o mezanino, onde convidados se misturavam, conversando e bebendo champanhe.

Aperitivos antes do jantar eram uma excelente oportunidade para os membros da comissão se espalharem pelo salão, assegurando se todos os convidados estavam informados do próximo evento no calendário social.

A música fluía dos alto-falantes, posicionados estrategicamente pelo salão, sem que o som obstruísse a conversa reinante.

A noite prometia outro evento bem-sucedido de levantamento de fundos, que seriam destinados às crianças carentes.

Os olhos de Luffy percorreram a extensão da sala, e, observando os convidados de uma maneira desimpedida, cumprimentou e reconheceu diversos moradores de sua vizinhança, até que seu olhar se fixou no rosto de uma jovem.

Com feições delicadas, uma boca bonita... ele gostou da maneira como ela inclinava a cabeça, o expressivo movimento das mãos. Os cabelos alaranjados estavam presos no alto da cabeça num estilo que fez seus dedos coçarem para soltar a fivela que os prendia num coque clássico.

A elegância refinada em pessoa, do alto da cabeça até as pontas dos pés delicados.

E levemente nervosa, percebeu ele, sob o sorriso ensaiado... e se perguntou o porquê, quando ela era tão hábil num ambiente social... filha da socialite Bell-mère e do falecido Clément Roussel.

Atraente e delgada, nos seus quase trinta anos, ela exibia uma personalidade reservada na companhia de homens... uma qualidade que lhe dera o apelido de donzela de gelo. Com razão, assim diziam os rumores... embora o único fato conhecido fosse seu noivado com Rob Lucci, cancelado repentinamente na véspera do casamento.

Passados dois anos, ela voltara a freqüentar a alta sociedade na companhia de sua mãe viúva.

Muitos homens haviam tentado namorá-la, mas, pelo que Luffy sabia, nenhum tivera sucesso.

Com uma reputação impecável, charmosa e conceituada na alta sociedade, Nami Roussel, imaginou ele, seria uma esposa eminentemente adequada.

Tudo o que lhe faltava era um ponto de partida para cortejá-la... e seguir em frente até o pedido de casamento.

Os olhos de Luffy se estreitaram levemente quando Bell-mère Roussel se afastou da filha e começou a vir em sua direção.

- Luffy. Que bom vê-lo por aqui.

- Bell-mère - ele tomou-lhe as mãos estendidas, depois curvou a cabeça e roçou levemente seus lábios no rosto dela.

- Se você está sozinho esta noite, talvez queira se juntar a mim e a Nami.

Luffy inclinou a cabeça numa aquiescência silenciosa.

- Obrigado. Eu adoraria.

Assim, ele permitiu que Bell-mère o precedesse, e seu olhar se tornou deliberadamente enigmático quando viu o momento em que Nami sentiu sua aproximação, revelada pela postura imóvel, na leve erguida da cabeça, como uma gazela frágil prevendo perigo.

Então, este momento desapareceu, sendo logo substituído por um sorriso forçado quando ele se aproximou.

Observar as pessoas era uma forma de arte, a linguagem corporal, uma habilidade que requeria prática... e Luffy era um mestre em ambas.


- Luffy - conseguiu dizer Nami, com educação, enquanto silenciosamente maldizia a forma como sua pulsação acelerava. Havia algo nele, uma qualidade indefinida que fazia os pêlos de sua nuca se arrepiarem num alerta silencioso, uma espécie de premonição... de quê ?

Ele era alto como uma torre imponente. Era necessário erguer a cabeça para olhá-lo.

"Atraente", pensou Nami, observando que a iluminação do ambiente acentuava suas feições como se fossem esculpidas, a linha do maxilar forte e a expressão enigmática nos olhos escuros.

O traje de Luffy era impecável, confeccionado sob medida, amenizando, em vez de destacar, a impressionante largura dos ombros.

Intensamente másculo, possuía uma aura de poder incontestável, embora somente um tolo não detectasse a insensibilidade sob a aparência arrasadora.

- Nami.

Ele não fez qualquer tentativa de tocá-la... então, por que ela não conseguia evitar a sensação instintiva de que ele estava apenas aguardando uma oportunidade ? Não fazia sentido.

- Suponho que vá compartilhar de nossa mesa esta noite - ela era articulada na arte da conversação e podia falar fluentemente tanto em italiano quando em francês, graças a um ano passado em cada um desses países estudando moda.

No entanto, na presença daquele homem ela precisava se esforçar para manter uma fachada socialmente apresentável. Sabia, de alguma forma, que ele via através dela. O olhar dele permaneceu fixo e sereno.

- Algum problema quanto a isso ?

O que ele faria se ela dissesse... sim ? Nami retribuiu com um sorriso educado.

- Será um prazer tê-lo conosco - ela mentiu.

- Um dos membros do comitê acabou de acenar para mim - disse Bell-mère - Não me demoro.

Por um momento Nami se sentiu desolada e incrivelmente vulnerável. Podia escapar, inventar uma desculpa... se encaminhar para outro grupo de convidados. Porém, seria um esforço infrutífero, pois duvidava que qualquer coisa do gênero pudesse enganar Luffy.

Era inevitável que eles cruzassem seus caminhos. O império Global Focus era um benfeitor conhecido de instituições de caridade, e eventos como o daquela noite asseguravam a presença de Luffy, geralmente acompanhado de alguma bela mulher.

Entretanto, esta era a terceira vez nas últimas semanas em que ele aparecia em tais eventos sozinho.

Poderia estar deliberadamente procurando por ela ? Não, a idéia era ridícula. Eles tinham personalidades opostas. E, além do mais, Nami não queria saber de homens. Já havia passado mais de dois anos, mas, uma vez ferida...

Um leve tremor percorreu-lhe a espinha ao se lembrar daquela noite trágica quando suas esperanças e sonhos tinham sido tão cruelmente despedaçados.

Havia sobrevivido e mudado, se entregando à vida profissional de tal modo que ela consumia quase todo o seu tempo.

Havia pouco que quisesse ou precisasse. Nada de sonhos não realizados.

- Querido - a voz feminina era puramente felina e combinava com a morena alta e esbelta que apareceu ao lado de Nami - Eu não esperava vê-lo esta noite.

- Boa Hancock - cumprimentou Luffy, sem que o sorriso educado lhe alcançasse os olhos.

A modelo australiana trilhava as passarelas internacionais e era muito assediada pelos estilistas, a despeito de seu mau humor e acessos infundados de raiva nos bastidores.

Trabalhar com ela era um transtorno, mas a mulher possuía uma habilidade mágica de realçar as roupas que usava nos desfiles, o que a colocava incontestavelmente na elite.

- Você já conhece Nami ?

Os olhos azul-escuros a fitaram com ar de superioridade.

- Deveria conhecer ?

A resposta mordaz foi suavizada com uma ingênua e maliciosa contração daquela boca perfeitamente pintada.

- Nami é estilista.

- Verdade ?

Seria impossível fingir com mais maestria o desinteresse e a apatia daquele comentário. Aquela era uma ocasião festiva, e, negócios à parte, a glamourosa modelo tinha apenas um objetivo em mente... Monkey D. Luffy. E quem poderia culpá-la ? O homem era o melhor partido da década !

- Não estou familiarizada com seu nome. Nami... de quê ?

- Roussel – informou Luffy suavemente.

Nami chegou à conclusão de que não haveria momento mais adequado.

- Da Arabelle - ela esperou um pouco - Você está usando um modelo - Nami também estava, claro, usando um modelo maravilhoso de seda cor-de-rosa, com um decote generoso.

Os olhos de Boa Hancock se estreitaram.

- Foi vendido como original.

- É um exemplar de cortesia - corrigiu Nami, e viu a modelo erguer uma das mãos.

- Minha agente é quem lida com os detalhes.

- Ela segue as suas instruções - era parte do acordo, parte do jogo que Boa Hancock fazia. Os estilistas adoravam sua vaidade exacerbada e fechavam os olhos para qualquer inconveniente. A cortesia de um de seus modelos originais era insignificante diante do grande esquema. Não passava de marketing... propaganda... e vendas.

Boa Hancock colocou uma unha pintada em vermelho berrante na lapela do traje de Luffy e ofereceu um sorriso sedutor.

- Providenciarei para que compartilhemos a mesma mesa.

Com um movimento lento, ele removeu a mão da modelo.

- Não.

Apenas... não ? Nami vislumbrou a frieza nos olhos azul-escuros espantados de Boa Hancok quando seus lábios formaram um beicinho deliberado.

- Pobrezinho, você vai perder uma diversão garantida, querido. Eu estou disponível, caso mude de idéia.

Boa Hancock moveu os dedos num adeus silencioso antes de retornar para a multidão de convidados.

Foi quando as portas do salão de baile se abriram e os convidados se encaminharam para tomar os seus lugares.

Nami se espantou quando Luffy a conduziu pelo braço para dentro do vasto salão com centenas de mesas.

O toque era quente em sua pele nua, ardente como brasa, e a fez tremer por dentro, ameaçando seu equilíbrio.

Não era um sentimento que ela cobiçasse, e Nami lutou contra uma necessidade instintiva de se libertar.

- Alguma razão para aparentar tanta intimidade ? - perguntou calmamente, e viu uma das sobrancelhas dele erguer-se numa demonstração de divertimento.

- Gostar da sua companhia ? - ela o fitou cuidadosamente.

- Ajudaria muito se você pudesse me esclarecer qual é o seu jogo.

- Você acreditaria que... nenhum ?

- Devo me sentir lisonjeada ? - ela indagou docemente e ouviu uma gargalhada rouca.

- Você não está ?

- Eu detestaria fazer o seu mundo cair - disse Nami, quando uma jovem e bonita recepcionista os conduziu para uma mesa junto ao palco.

Cartões com nomes designavam a reserva dos lugares, e não foi uma surpresa achar o de Luffy posicionado junto ao seu.

Quão difícil seria conversar, sorrir e fazer todo aquele jogo social ?

"Finja", repetia uma voz minúscula junto ao seu ouvido. "Você é boa nisso".

- O que você gostaria de beber ?

Havia vinho sobre a mesa, mas, como ela não almoçara, o álcool em qualquer forma ou quantidade subiria direto à sua cabeça.

- Apenas água, obrigada.

Luffy lhe serviu um cálice de água gelada, e depois encheu o seu próprio.

- Muita saúde e muito dinheiro - ele tocou a borda do cálice dela, tilintando um brinde.

Bell-mère se uniu a eles, a mesa se completou e as apresentações se seguiram. A noite começou com o discurso habitual de abertura pelo atual presidente da associação de caridade.

As luzes diminuíram e as garçons começaram a servir o jantar, enquanto o orador convidado assumia o seu lugar no púlpito.

Nami estava completamente consciente do homem ao seu lado... a fragrância exclusiva de sua colônia, o perfume de roupa lavada recentemente misturado com um destacado aroma masculino.

Havia algo de perigoso em Luffy, que ameaçava romper a armadura que ela cuidadosamente colocara ao seu redor em sua necessidade de autopreservação.

Esta sensação a deixou cautelosa, quase como se tivesse de juntar toda a sua sabedoria e permanecer em constante alerta na presença dele.

"Pelo amor de Deus", uma voz interior a censurou. "Monkey D. Luffy não é nada para você. Além do mais, você não quer que seja. Portanto, supere isso !"

Por outro lado, o sentimento persistiu, dificultando que pudesse relaxar.

Ela comeu mecanicamente, levando com o garfo pequenas porções de comida até a boca, sem que realmente estivesse saboreando qualquer coisa.

Não adiantava a certeza de que sua aparente ligação com Luffy atraía atenções e especulações indesejadas. Ou ainda que Luffy era o foco da total atenção de Boa Hancock.

Estaria ele empenhado em tornar público o relacionamento que tinha... de qualquer espécie que fosse... com a glamourosa modelo ?

- Não.

A negativa de Luffy, dita como se houvesse lido seus pensamentos, a espantou, e Nami não se fez de desentendida quando lhe encontrou o olhar enigmático.

- Mesmo ? - ela arqueou uma sobrancelha expressiva.

- Não.

A confirmação era tão inflexível que ela não podia ignorar, e detestou a tensão que comprimia seu peito. Queria perguntar: "O que você está fazendo ?"

Mas as palavras permaneceram não ditas, e ela deliberadamente voltou sua atenção para o convidado ao lado, engajando-se em uma conversa repleta de banalidades.

Mas a presença de Luffy, tão próximo, era inescapável, e isso era algo que a aborrecia muito, pelo poder que ele tinha de desestabilizar o seu equilíbrio emocional.

Ele saberia disso ? Deus adorado, ela esperava com todo fervor que não !

O jantar parecia interminável, concluído com café e um novo discurso alongado.

A música ambiente proporcionava uma razão para que os convidados se movessem livremente entre as mesas, e conversassem... e, para muitos, isso sinalizava o fim de uma noite prazerosa.

Dentro em breve, Bell-mère se levantaria, agradeceria aos convidados da mesa pelo patrocínio deles, lhes desejaria boa-noite... e Nami enfim estaria livre da presença perturbadora de Luffy.

Porém, seu alívio foi breve, pois ele manifestou sua intenção de acompanhá-las até o saguão.

- Isso não é necessário.

- Ao contrário - ele a segurou pelo cotovelo, causando-lhe uma leve aceleração do pulso.

"Não", ela quis protestar.

- Eu pretendo organizar um leilão em benefício da Fundação Leucemia e apreciaria muito os conselhos de Bell-mère.

Sua mãe demonstrou estar genuinamente interessada.

- Quanta generosidade de sua parte. É claro que terei muito prazer em ajudá-lo do modo que me for possível.

- Ótimo - disse Luffy - Talvez vocês duas aceitem um convite para jantar comigo, para discutirmos os detalhes. Digamos... quinta-feira da próxima semana ?

- Obrigada.

Bell-mère aceitaria, Nami sabia, e reorganizaria sua agenda social num piscar de olhos para prestar qualquer favor a Monkey D. Luffy.

Chegando ao saguão, Luffy acenou para que o recepcionista mandasse buscar o carro delas e o seu.

Em poucos minutos, um Bentley GT prateado parou do lado de fora da entrada principal.

- Sete horas - indicou Luffy, retirando um cartão de sua carteira e escrevendo algumas linhas no verso - Minha casa.

Num movimento quase imperceptível, deu uma gorjeta ao manobrista do hotel, depois sentou-se ao volante e dirigiu através do tráfego que fluía.

Alguns segundos depois, o BMW azul-marinho de Nami chegou e Bell-mère esperou somente que a filha se afastasse dos convidados que se avolumavam na frente do hotel, antes de dizer:

- Que convite mais encantador, querida ! E que maravilha ter Monkey D. Luffy pedindo minha ajuda.

O que Nami poderia dizer ?

- Vamos ver o que acontece.

- Você tem alguma restrição ? - diversas. Mas ela não apontou nenhuma.

- Você precisa ir, é claro.

- Nós precisamos, querida. Ambas - Nami parou o carro num cruzamento.

- Mamãe, não - disse ela gentilmente. Bell-mère lhe ofereceu um olhar lamentando a recusa.

- Você não vai mudar de idéia ?

"Não nesse século", jurou ela em silêncio. Quanto menos contato ela tivesse com Monkey D. Luffy, melhor.


P. S.: Nos vemos no Capítulo 2.