Nota da autora: Eu tinha planejado postar o capítulo na semana passada, mas nem pude terminá-lo. Perdi dois colegas de trabalho em menos de 4 dias de diferença, sendo que a segunda pessoa era mais próximo de mim no serviço :( Fiquei sem ânimo pra continuar, confesso.

Aliás, pensei em parar de postar aqui e ficar em um lugar mais reservado, como em um canal de Telegram... o que acham? Acho que seria mais discreto e continuaria a receber as impressões dos que estão comentando...

Obrigada a quem comentou: isabelle36, Haruna Uchiha, Li'LuH, Ana Clara, Jo-Anga, autumnbane, Tami Cherry, Lan Lan, riloli, Pry Taisho e Line Sagittarius. To non-Portuguese readers: hope you're enjoying this chapter :) let me know your thoughts by reviewing.

Gostaram do outtake do capítulo 20? Hmmm? :) Mandei pra quase todo mundo que pediu... Se alguém não tiver recebido, avise! Pensei em fazer um outtake de uma parte daqui: ou da Rin descendo para o desjejum ou quando liga para o Hakudoushi... O que acham? Vou escrever a partir das sugestões.

Digam o que acham do capítulo :) Leiam e comentem.


UM CAMINHO PARA DOIS

CAPÍTULO 21

Por um caminho bem definido – parte I

Quando os primeiros raios de sol conseguiram passar pelas frestas aqui e acolá da cortina da janela, Sesshoumaru já estava despertando. Acostumado a acordar cedo, ele havia dormido pouco, mas não se sentia cansado. Ele sempre dormia pouco ou o quanto considerava como suficiente para descansar o corpo.

A responsável por isso estava adormecida ao lado dele, o rosto voltado para a outra direção. Estava deitada de qualquer jeito cabelo totalmente solto e o lençol cobrindo apenas o torso, ventre e parte das pernas, deixando os tornozelos e ombros à mostra. Rin deixou escapar um gemido sonolento, mas não despertou. Estava dormindo profundamente ainda.

E ele queria fazer uma coisa totalmente errada, mas que não conseguiria deixar de lado por mais que se esforçasse: queria tirar uma foto dela naquela pose.

Pegou o celular, esquecido por toda noite na mesinha de cabeceira, e levantou-se para ficar aos pés da cama, usando o recamier para apoiar um joelho para o intento.

Escolheu um tom preto e branco para capturar aquele momento: o cabelo negro jogado nos lençóis dele, ombros e tornozelos à mostra, profundo estado de sonolência.

Depois, ele cobriu os pés dela e recebeu outro gemido de reclamação. Ela podia ficar dormindo a manhã toda se quisesse – no carro ela havia dito que só teria que arrumar os documentos do provável estágio dela e que reaproveitaria o que já estava pronto da primeira candidatura.

Ela é virgem.

A voz dela confirmando a informação ressoou forte nas lembranças da noite anterior – ela, com aquele jeito tímido e rosto todo rosado, confirmando que ela não tinha experiência, mas tinha tanta vontade de simplesmente experimentar tudo ali.

Outra vez ela gemeu. Ela estava sonhando com alguma coisa. Na noite anterior, quando havia adormecido nos braços dele logo após o jogo de go, as frases desconexas envolviam melões e cogumelos. Parecia que sonhava em preparar alguma refeição.

Decidiu deixá-la ali mesmo, a dormir e a sonhar, e ir tomar banho. Teria também que pedir a Kaede para preparar um lugar a mais na mesa para Rin tomar café antes de levá-la de volta à cidade.

E depois de deixá-la em segurança em casa, definitivamente iria comprar preservativos.


Rin sentia o corpo maravilhosamente relaxado ao começar a despertar.

Virou de lado na cama e abriu os olhos lentamente... apenas para encontrar o espaço vazio.

Sentou-se em seiza. Esperava encontrar Sesshoumaru ali do lado e ele...

–Sess? – ela sussurrou. Aonde ele foi?

–Bom dia. – ele falou do outro lado do quarto.

Ao ouvi-lo, ela olhou por cima do ombro para trás: ele estava terminando de se arrumar, trajando uma camisa de manga longa azul escura com um pulôver cinza por cima e calça no mesmo tom da camisa, um cheiro de sabonete alcançando as narinas dela.

–Bom dia... – ela murmurou.

Ao ver o estado em que se encontrava, ela usou o lençol para cobrir apenas a parte da frente.

Mal percebeu quando ele se aproximou – terminou de ajeitar o lençol nos seios e, ao erguer o rosto, lá estava ele em pé na frente dela.

–Achei que fosse dormir mais. Está cedo para quem dormiu de madrugada.

Um rubor apareceu no rosto dela, os lábios ligeiramente abertos por não saber o que retrucar no momento. Ele aproveitou o momento para analisar aquela expressão: os olhos com um brilho diferente, as maçãs do rosto mais rosadas, a boca aparentemente preparada para receber um beijo dele.

–Você quer tomar um banho? – o dedo dele deslizou pelos delicados contornos do maxilar dela – Eu posso esperar. Pedi para prepararem um lugar para você poder tomar café conosco.

Rin concordou levemente com a cabeça, ainda sem palavras.

–Eu ainda tenho que levá-la para casa.

Mais uma vez, ela concordou com a cabeça em um único movimento.

–E passar em uma farmácia para comprar preservativos.

Os olhos dela arregalaram e sentiu a face ficar mais quente, o comentário fazendo com que um delicioso tremor percorresse a espinha.

Mas, segundos depois, ela deu um sorriso e concordou mais uma vez com ele. Sim, iria tomar um banho. Sim, teriam a primeira refeição do dia juntos. Sim, voltaria para casa de carona com ele. Sim, passariam mais uma noite juntos.

Desta vez, sem limitações.


–Você poderia aparecer mais cedo pra jantar em casa. – ela finalmente comentou, aproveitando para tocar a mão esquerda dele que havia acabado de soltar o volante por alguns segundos– Acho que ficaríamos mais à vontade.

–Hmm. – ele murmurou.

No caminho de volta ao apartamento dela, não havia apenas momentos de silêncio. Havia uma trilha sonora de violino de uma compositora japonesa, Rin falava alguma coisa aqui e ali sobre os documentos do estágio, Sesshoumaru murmurava algo enquanto prestava atenção na estrada.

–Aconteceu alguma coisa? – ela quis saber.

A reação dele foi massagear a palma da mão dela com o polegar antes de soltá-la para voltar a segurar o volante.

–Eu percebi que você ficou sem jeito quando Kaede a viu ali. Não precisava ter ficado.

Rin sentiu o rosto ficar aquecido. Naturalmente que havia encontrado a madrinha dele quando os dois desceram para o café da manhã. Kaede não havia mencionado nada, mas ela parecia ter se divertido com o fato de Rin estar ali.

–Inuyasha levava Kagome todas as noites. Houve uma época que o Velho teve que sentar e conversar com eles. Disse que não tinha idade para ser bisavô.

–Hmm... Eu sei que não há problema. Só fiquei sem jeito.

De quando em quando, a mão esquerda dele ficava ao volante, mas ao chegarem à cidade e terem mais sinalizações, ele aproveitava para segurar a mão ou tocar de vez em quando o joelho ou as pernas dela.

Ao chegarem na frente do prédio, Rin soltou o cinto antes e tomou a liberdade de subir no colo dele, demorando-se um pouco para sair.

–Obrigada por me trazer de volta. – ela murmurou com um sorriso antes de encostar a boca muito próximo da dele – Vai aceitar meu convite pra jantar aqui?

–Claro. – mordiscou a mandíbula dela – Você quer ajuda?

–Não. Até porque você não sabe ajudar em nada na cozinha. – ela deu um sorriso e mordeu o lábio inferior como se estivesse se controlando para não rir ao vê-lo estreitar os olhos, deslizando a mão para cima e para baixo no peito dele – Mas se vai passar a noite comigo, eu queria que trouxesse aquele seu yukata. Eu achei tão macio...

–Você quer ficar com minhas roupas agora? Você não tem um primo que enche o seu guarda-roupa?– ele arqueou uma sobrancelha –E eu não me recordo de ter usado o yukata por mais de vinte minutos. Você nem dormiu com ele.

Rin ainda tentava conter a vontade de rir, depois baixou o rosto e ergueu a vista, para tentar piscar inocentemente para ele.

–Por favor?

–Tudo bem. Eu levo. – ele destrancou a porta – Avise se precisar de ajuda para organizar os documentos. Eu posso vir mais cedo.

Depois de se beijarem mais uma vez, despediram-se e ela subiu até o apartamento, encostando-se na porta enquanto pensava no que aconteceria à noite.

Caminhou até o quarto, abriu as portas deslizantes um de cada lado, e correu para jogar-se na cama.

Havia dormido bem e não precisava descansar. O corpo estava relaxado. Ela estava feliz e ansiosa de uma maneira positiva.

Olhou para o teto, um braço em cima da testa e um sorriso.

Talvez fosse melhor ligar para as primas Momiji e Botan para pedir sugestões de como deveria planejar a noite. Jakotsu poderia ajudar também sobre qual roupa usar.

Abafou uma risada. Por algum motivo, ela sentia-se como uma adolescente.

O que havia acontecido naquela noite foi tão espontâneo, parecia ser a coisa mais natural entre os dois. Os beijos e toques de Sesshoumaru...

Eu quero mais.

Sentou-se na cama e esticou a mão para abrir a gaveta. De lá, tirou o celular que sempre deixava guardado para não perder.

Antes de ligar para os primos, ela verificou as mensagens e e-mails recebidos. Promoções, newsletters, lixo eletrônico que ela odiava com força e que era um dos motivos para ela não ter uma vida virtual mais ativa.

Até que ela viu o e-mail de um certo professor e sentiu um frio percorrer a espinha.

Não, não, não, não, pensou com medo.

Depois de ler o texto, arregalou os olhos e deu um grito de raiva.


No final da tarde daquele mesmo dia, Sesshoumaru estacionou o carro na frente do prédio de Rin e não evitou um suspiro pesado. Dificilmente isso aconteceria se estivesse em companhia de alguém. Aquele ato, advindo de cansaço, poderia ser interpretado como uma fraqueza.

Olhou para o lado e viu o yukata que Rin usara durante a noite cuidadosamente dobrado no assento do carona. Kaede havia mandado lavar e secar e colocado em uma sacola de papel com tanto primor que aquilo poderia ser considerado um presente. Não havia feito perguntas, mas ele sabia que ela já imaginava que daria a roupa para alguém.

Pegou o embrulho e saiu do carro. No caminho até o portão do prédio, ele lembrou-se do telefonema dela quando ele já estava na metade do caminho para a casa dele. Ela estava tão nervosa que ele quase não conseguia entender o que falava. Apenas conseguiu distinguir palavras como "trabalho", "professor maldito" e "matar".

Não foi difícil entender o que havia acontecido. Lembrou-se que, no dia anterior, ele teve um estranho pressentimento a respeito.

Depois de avisar pelo interfone sobre a chegada e ser liberado para subir até o apartamento, ele se viu diante da porta dela.

Antes de conseguisse bater de leve, Rin já havia aberto a porta. Ele notou o quanto ela estava enfurecida.

Ele não podia ter feito isso! – o rosto estava vermelho de raiva e era incrivelmente atraente daquela forma também – Meu outro trabalho estava perfeito!

Os olhos dele percorreram o corpo dela – estava com um pijama quadriculado em branco e laranja e detalhes em verde, o mesmo que usava na noite que ele passou no antigo apartamento dela. Foi a primeira vez que ele havia sentido algo mais profundo que uma simples atração por ela.

Claro que ambos não sabiam ainda o que sentiam exatamente. Ele acreditava que era algo apenas físico e ignorou por bastante tempo até o dia em que ela avisou que iria embora passar semanas longe em Nagoya.

–Você vai ficar aí parado? – ela disparou no meio da cozinha. Ela não dava qualquer ar ameaçador quando estava daquele jeito. Ela parecia querer chorar a qualquer momento.

Sesshoumaru entrou e fechou a porta, tirando o sapato no genkan. Colocou o pacote com o yukata em cima da mesa da cozinha enquanto a ouvia reclamar daquela enorme injustiça de ter que fazer outro trabalho com um tema diferente quando ela tinha feito um perfeito, ter que perder o fim de semana inteiro fazendo algo que nem era culpa dela, que o professor era um irresponsável e se arrependeria de fazer aquilo com os alunos.

–Olha só isso, olha! – ela apontava para o computador em cima da escrivaninha do quarto – Um trabalho diferente com menos de 48 horas de prazo! O que esse homem tem na cabeça?

–Conseguiu fazer alguma coisa? – ele se aproximou do quarto, mas não passou das portas deslizantes. Ficou parado no limite entre a cozinha e o outro ambiente, mãos nos bolsos da calça, de lá observando a tela do computador, sem poder ler o que exatamente estava escrito ali.

Rin parecia bufar de raiva com a pergunta.

–Eu não consigo me concentrar por causa do ódio que estou sentindo desse homem! – ela tremia em fúria e começou a chutar alguma coisa imaginária, provavelmente uma visualização do professor que havia perdido o trabalho dela – Que raiva, raiva, raiva, raiva...

–Talvez tenha que parar de se sentir assim para poder escrever, não? – a pergunta feita com toda serenidade era retórica.

Rin bufou.

–Você tá do lado dele, é? – ela disparou.

Ótimo. Agora ela estava irritada com ele.

–Bem, não está ajudando sentir-se assim. – ele tirou as mãos dos bolsos e entrou no quarto para envolvê-la em um abraço, o rosto pressionado no peito dele – Você precisa ficar calma para se concentrar. É uma coisa básica, Rin.

A garota bufou novamente contra a camisa dele.

–Vem. – ele a guiou pela mão até a poltrona do quarto dela, quase ao lado da mesa de estudo.

Sentou-se primeiro e depois a puxou para o colo. Ela, emburrada, parecia que apenas se deixou levar. Até para subir as pernas e dobrar os joelhos para se acomodar por cima das coxas dele tinha sido um ato mecânico. A cabeça ficou pousada no vão entre o ombro e o pescoço.

–Você não ficou com raiva por eu ter cancelado tudo? – ela perguntou num sussurro triste.

–Eu fiquei mais preocupado com a sua reação. Você estava bastante nervosa pelo telefone, Rin. – a mão dele subia e descia lentamente pelas costas dela – Eu quase não consegui entender o que estava falando.

–Eu falo no meu dialeto quando estou nervosa. – ela murmurou envergonhada.

–Eu sei.

Ficaram os dois em silêncio apenas para que ela ficasse menos irritada com aquela tarefa injusta e desnecessária.

–Eu liguei pra Hashi. Pedi pra me ensinar de novo a dar um soco e ele riu de mim. – ela enterrou o rosto no ombro dele – Depois eu falei que queria o contato dele da yakuza e ele disse que não tinha nenhum.

–Você não precisa apelar a esse tipo de coisa. – ele tentou ser mais racional, o cenho franzindo ao erguer o rosto dela pelo queixo com a ponta do indicador – Eu acredito que passou da hora de a administração não tomar alguma atitude contra ele. Reclamações não faltam.

–Vocês aguentam demais essas coisas aqui na cidade. Se fosse em Nagoya, já ele já teria sido processado e demitido.

Mais um comentário desonesto sobre a outra cidade, na opinião dele. Para Rin, tudo sempre funcionava bem na região dela – tudo era mais avançado, havia mais progresso, mais desenvolvimento, mais justiça. Nada para ela dava ou estava certo na capital.

–Mas você não está em Nagoya agora. – ele ponderou, a voz ainda tranquila – Você está em Tokyo comigo. As coisas funcionam aqui assim.

Rin concordou com a cabeça e os dois compartilharam o silêncio por alguns instantes. A mão continuava deslizando lentamente pelas costas dela, para cima e para baixo, arrancando suspiros dela.

–Menos irritada agora? – ele perguntou finalmente.

–Um pouco. – ela relaxou mais, rosto ainda escondido no vão do pescoço do namorado – Eu acho que vou ajudar Inuyasha naquele plano de passar o carro por cima dele.

Um tchi escapou dele.

–Bem... – ele deu um pequeno sorriso tão discreto que ela só reconheceu porque já o conhecia bem – Eu tenho que tirar essa ideia absurda da sua cabeça porque não quero que fique presa e longe de mim.

A mão que acariciava as costas parou de mover e, no outro segundo, ele a acomodava nos braços em outra posição, desta vez com as costas no peito dele. Depois, ela foi direto a um seio para apalpá-lo por cima da camisa do pijama, sentindo Rin com o mamilo duro.

–Sess... – ela ofegou e o nome dele quase ficou preso na garganta. Os olhos imediatamente fecharam.

–O quê? – ele beijou o ombro dela, começando a levantar a camisa enquanto trilhava a boca pela base do pescoço até subir à orelha – Hmm?

–Agora não... – ela tentou se afastar, mas era completamente inútil mover-se. Ela ficava extremamente derretida com qualquer carícia dele. Parecia que o corpo estava exigindo mais.

–Só um pouco não faz mal. – ele murmurou sem tirar a boca do local que beijava – Vai ajudá-la a relaxar e a fazer um bom trabalho.

–Hmm... – a interjeição veio carregada de incertezas e um pouco de culpa – M-Mas... A-Acho que só um pouco não faz mal, n-né?

–Não, Rin. – ele mordeu de leve o lóbulo da orelha – Só um pouco não faz mal.

Virando o rosto de lado, Rin puxou o dele para fazer com que as bocas se encontrarem. O beijo começou candidamente, sugando os lábios um do outro, as línguas se tocando com calma.

Parando o beijo por um instante, ele levantou a blusa dela. Rin, silenciosa e automaticamente, levantou os braços e viu a camisa quadriculada ser atirada para o lado, no chão.

–Você disse que agora...

Shh... Você vai se sentir melhor. Você está nervosa, precisa relaxar. – ele a silenciou antes que ela tivesse mais dúvidas, os polegares já acariciando novamente os seios. Parecia que a pele estava mais arrepiada ali – Que bom que já está sem nada por baixo.

–Eu não estou usando nada especial... – ela reclamou.

Shh... – ele a silenciou de novo com um beijo.

Puxou um dos mamilos e ela sentiu-a ofegar por um segundo, mas não houve reclamações. Se tinha entendido bem aquela reação, ela havia gostado.

Uma das mãos desceu dos seios até o meio das pernas dela, por dentro da calça quadriculada. Aparentemente sensível, ela estremeceu quase violentamente quando sentiu o toque dele, soltando uma lamúria que soou como um bom sinal.

–Eu sabia que você já estava molhada. – ele murmurou contra a orelha dela, dois dedos começando a investir com força contra o centro dela – Seu corpo gosta do meu toque.

–Sess... – ela reclamou de novo, de novo virando o rosto para o lado para puxar o dele para beijá-lo enquanto novamente ele a tocava, a mão direita tocando-a enquanto a direita acariciava um dos seios.

No quarto, ouviam apenas leves gemidos por parte dela, mais e mais fortes à medida que ele aumentava o ritmo das investidas, a ponto de ela desistir dos beijos e fechar os olhos para aproveitar a sensação que os dedos dele provocavam nela.

–Eu mal posso esperar para estar dentro de você. – ele a provocou ao pé do ouvido – Você quer também, Rin?

Viu-a concordar com a cabeça quase sem fôlego, as mãos cobrindo o rosto extremamente corado.

–Não, não, nada disso. – a mão que tocava os seios foi direto ao rosto dela.

Rin mal conseguiu perceber quando ele tirou as mãos que cobriam o rosto. Era como se Sesshoumaru quisesse vê-la chegar a mais um orgasmo provocado apenas por ele.

–Vamos... – ele sussurrou enquanto beijava a base do pescoço dela – Pare de ser teimosa.

Alguns minutos depois, quando ela ficou tensa e relaxou nos braços dele, foi a vez de Sesshoumaru dar um último beijo nela para abafar um grito. Ele havia percebido o quanto ela gostava de ser vocal na noite anterior.

Rin mudou de posição sem ao menos avisá-lo, ficando os dois frente a frente.

–Rin... – ele falou num tom de aviso – Não precisa...

Ignorando o pedido, ela segurou o rosto dele e o beijou para silenciá-lo, sentindo o membro dele duro enquanto se remexia no colo dele.

Em uma das raras vezes, escutou-o soltar um gemido de frustração, a cabeça caindo no ombro dela.

–Eu pareço um adolescente assim... – ele murmurou, segurando-a pela cintura – Não queria que fosse pela segunda vez desse jeito.

–Não quero mais fazer esse trabalho horroroso. – ela reclamou – Podemos usar a minha cama.

Sesshoumaru balançou brevemente a cabeça. Ele conseguia recuperar o controle daquela forma.

–Você não tem que querer, tem que fazer. – ele tentou ser razoável – Ou não vai se formar comigo.

Viu-a cruzar os braços petulantemente e esconder os seios da vista dele.

–Se eu reprovar, fico aqui na capital com você por mais um semestre, né?

Novamente aquele assunto... O tempo que Rin tinha ali. Era como se o namoro – ou como aquilo entre eles fosse definido – tivesse um prazo de validade.

O rapaz pegou os braços dela e os descruzou, libertando os seios para a vista dele.

–Eu não quero nada rápido hoje porque nós podemos ficar a noite toda acordados... – ele deslizou um braço pelas costas dela para puxá-la para mais perto, os seios bem na frente dele – Você não quer nada rápido... Não é mesmo, minha Rin?

Não deu tempo para que ela respondesse porque simplesmente tomou um dos seios na boca, arrancando um suspiro dela.

–Não... – ela murmurou depois que o viu deslizar a ponta do nariz no vale entre os seios para lamber e sugar o outro mamilo – Não quero nada rápido...

–Então vamos adiar até você acabar o trabalho. – ele murmurou ao voltar a fazer o trajeto de um seio a outro – E eu gostaria que parasse de falar que vamos ficar juntos só até a formatura. Você sabe que ainda vamos decidir o que fazer depois de nos formarmos.

Rin deixou escapar um gemido. Ele era tão bom fazendo aquilo nos seios dela...

–Você poderia ir para minha casa amanhã... – ele ignorou outro gemido dela ao fazer ao deslocar a atenção para outro seio pela terceira vez – Passar o dia todo comigo... Terminar o trabalho lá. Eu posso ajudar.

–Hmm... – ela fechou os olhos para tentar se concentrar – Eu acho uma boa sugestão também...

–Eu gostei tanto de dormir com você nos meus braços... – ele fez uma trilha de beijos dos seios, passando pelo pescoço até chegar à orelha dela – Você também, Rin?

–Bastante... – ela abriu os olhos e viu um brilho malicioso nos dele – E você?

–Esse é um tipo de pergunta que você faz e já sabe a resposta. – ele deslizou o polegar no lábio inferior dela – Eu quase não consegui dormir sabendo que você estava na minha cama.

–A gente podia ir pra minha também. – ela tentou de novo, mordendo o polegar e recebendo um olhar estreitado dele.

–Está tentando me seduzir, Nozomu Rin? – ele observava fascinado a namorada sugar o polegar dele – Não sabia que conseguia fazer isso intencionalmente.

O rosto dela ficou levemente inclinado para um lado, uma expressão confusa visível nos olhos castanhos. Ela se perguntava se já alguma vez o seduzira mesmo.

–Acredito que nunca tenha percebido que você faz isso comigo o tempo todo. – ele respondeu à pergunta silenciosa dela – O tempo todo.

Não houve comentário por parte dela. Rin estava ocupada em beijar a palma e sugar o polegar da mão de Sesshoumaru.

Sem qualquer outro diálogo, ambos voltaram aos beijos e aos toques. Rin estava determinada a dar prazer também a ele.

Começou a tocá-lo por cima da calça, sentindo o membro dele duro.

Não houve reclamação por parte dele, muito menos tentou parar o gesto como acontecera anteriormente. Pelo contrário – ele beijou o lugar favorito dela no pescoço em agradecimento.

Rin estava agindo instintivamente e aprendendo com ele o quanto Sesshoumaru gostava dos toques dela – ela o queria e ele fazia questão de mostrar que a desejava também.

De vez em quando interrompiam os beijos por alguns segundos para tomarem ar ou suspirarem. Não havia pressa ou pressão mesmo quando ela, ainda um pouco desajeitada e tímida, acariciava o membro dele para dar prazer ao namorado.

Algum tempo depois, Sesshoumaru ofegou e reprimiu um palavrão, a cabeça pousada no ombro de Rin.

–Sess...? – ela ficou preocupada com o silêncio dele – Eu fiz alguma coisa errada?

Viu-o balançar a cabeça apoiada no ombro dela lentamente para os lados.

–Você não gostou, então? – ela sussurrou – Achei que estava gostando.

–Desculpe... – ele encontrou o olhar dela e permitiu que o canto dos lábios curvassem num meio sorriso para tranquilizá-la – Eu estou pensando aqui em passar o carro por cima desse professor.

Rin arregalou os olhos até entender que ele estava brincando. Logo ele, sempre tão sério e rígido consigo mesmo, permitindo-se ter um momento de descontração. Ele mesmo fez questão de suavizar a expressão assustada dela com um beijo.

–Preciso usar o seu toalete. – ele falou um pouco mais sério.

–Tá... – ela relaxou no colo dele. Olhou para os lados e pegou a camisa do pijama para vesti-lo e se levantar.

Aproveitou o momento da ausência dele para observar a tela do computador. Era culpa daquele professor aquilo acontecer entre eles. Ela não precisava estar fazendo aquilo. Podia estar preparando alguma boa refeição para Sesshoumaru e ela, não se preocupando em fazer pesquisa e escrevendo análises jurídicas até ficar com as costas doloridas.

Percebeu que ele estava de volta quando foi abraçada por trás, as mãos dele deslizando pelos braços dela.

–Espero que consiga terminar seu trabalho e a sua candidatura quando eu vier buscá-la amanhã.

Sesshoumaru, atrás dela, não a viu arregalar os olhos, mas a sentiu ficar rígida.

–O MEU ESTÁGIO! A MINHA CANDIDATURA! – ela começou a correr de um canto a outro do quarto como se procurasse os papéis – EU ESQUECI! EU TENHO QUE PREPARAR!

Sesshoumaru observava tranquilamente e com atenção enquanto gritava algumas coisas no dialeto, jogava pastas pelo chão, abria e fechava as gavetas.

Minutos depois, parecia que ela havia se dado conta de que ele ainda estava ali.

–Desculpe. – ela correu até para dar um rápido beijo cheio de culpa nos lábios dele – Vou ter que terminar primeiro minha candidatura. Você me ajuda mesmo com esse trabalho amanhã se eu não conseguir terminar agora?

–É claro. – ele esfregou os braços dela como se fosse possível acalmá-la – Antes do almoço estarei aqui.

O rosto dele foi ao ouvido dela.

–Parece que Kaede vai passar a semana com a família Higurashi e meu avô vai viajar para Saitama. Vamos ficar sozinhos lá.

Rin sentiu o rosto ficar vermelho, com o calor alcançando as orelhas. Era uma coisa totalmente inesperada a ser dita por parte dele, mas reagiu como sempre fazia nesses momentos: mostrou um largo sorriso.


No dia seguinte, Rin viu-se novamente na frente do laptop, usando a mesa do quarto de Sesshoumaru para os estudos. De vez em quando ela recebia o auxílio dele, que lia os parágrafos, comentava, discutia e corrigia algumas partes dos escritos dela. Ela havia chegado cedo com ele, os dois haviam almoçado e jantado, e, apesar de ter adiantado bastante no dia anterior, o trabalho ainda não havia sido concluído.

–O que achou agora? – Rin perguntou. Estava sentada no colo dele como suporte, enquanto ele tinha o rosto apoiado no ombro dela.

–Esse parágrafo aqui. – ele apontou para a tela – É melhor deixar depois do segundo e modificar um pouco o que vem em seguida.

Rin encontrou o olhar calmo dele com uma sobrancelha arqueada em desafio.

–Tudo bem. – ela desistiu.

–Não vai discutir comigo? – ele deslizou a mão esquerda pela perna dela – Está tão fácil assim?

–Só estou cansada. – ela murmurou enquanto digitava algumas frases e destacava em amarelo o parágrafo – Não quero pensar muito agora.

Sesshoumaru deu um beijo no ombro dela enquanto Rin digitava quase furiosamente. Ele estava ali para ajudar. E ela continuava nervosa para terminar o quanto antes aquilo.

–Você está cansada. – ele apontou – Quer dormir um pouco agora e acordar mais cedo?

–Não, não, não... – ela virou-se para ele para pegar o rosto com as duas mãos – Queria dormir nos seus braços hoje.

–Você não vai conseguir terminar agora. – ele falou sério – Vai pegar boa parte da madrugada. Podia descansar uma hora ou duas e continuar escrevendo depois.

Rin fez um biquinho. A proposta ia fazer com que o sono dela ficasse todo desregulado e tivesse que dormir de dia, perdendo as aulas e uma possível reunião sobre o estágio.

Sesshoumaru fez com que ela se levantasse para poder se erguer da cadeira, permitindo que ela ficasse mais confortável para escrever sozinha.

–Bem, faça como quiser. Estarei esperando por você. – ele se sentou na beirada da cama, ajeitando-se confortavelmente para deitar.

Algum tempo depois, Rin era acordada por Sesshoumaru depois de dormir em cima da mesa, perto do teclado. Murmurando alguma coisa, arrastou-se para jogar-se na cama, apenas para sentir o corpo ser puxado contra o dele.

–Hm... – ela murmurou exausta.

–Boa noite. – ele falou ao ouvido dela.

–Hmm... hmmm... – era como se fosse um "boa noite" na linguagem dos sonhos.


–Rin... –Sesshoumaru tentou chamá-la, sacudindo-a levemente pelos ombros – É melhor acordar.

–Hmmm... – ela reclamou e escondeu o rosto entre as almofadas.

–Você tem que terminar o trabalho. – ele beijou o ombro dela – Vamos.

A namorada resmungou alguma coisa antes de se levantar-se, esfregar os olhos e seguir direto para a mesa de computador.

–Eu vou acabar com esse professor. – ela murmurou, lutando contra um bocejo – Ele vai ver só. Ele vai ver.

Eu também vou acabar com ele, Sesshoumaru limitou-se a pensar, deitando-se para olhar o teto.


Na segunda-feira, os dois foram juntos para a faculdade, com Rin segurando a pasta com o trabalho contra o peito, como se ele valesse ouro e temesse que alguém o roubasse.

–Você vai acabar amassando o seu trabalho assim. – Sesshoumaru a alertou. Ele só havia olhado de soslaio por um segundo antes de prosseguir com atenção no trânsito – Cuidado para não ter que fazer um terceiro trabalho nesse seminário.

Imediatamente ela soltou a pasta em cima da saia lápis azul que usava no dia, combinando com uma blusa branca de mangas compridas. O pingente também estava ali, marcando presença como lembrança de Sesshoumaru.

–Você quer almoçar hoje antes de eu ir para o estágio? – ele quis saber.

–Sim. – ela fechou os olhos e sorriu como se estivesse sonhando – Eu nem acredito que as coisas estão dando certo hoje... Espero que continue assim pelo resto do dia.

–Se não chover. – ele atentou para o detalhe ao olhar de relance para o céu.

–Nem a chuva vai tirar a esperança de que vai ser um bom dia depois de eu esfregar meu trabalho perfeito na cara do professor.

Sesshoumaru apenas a olhou de soslaio.

–Ah, vamos jantar hoje também na minha casa, né? – ela o lembrou. Sentiu também o rosto ficar um pouco aquecido, mas não deixou de sorrir – Você prometeu.

A resposta veio segundos depois.

–Prometi sim.

–Perfeito. Vou preparar algo que você gosta.

Do estacionamento do prédio da faculdade, eles andaram de mãos dadas até a entrada do prédio e trocaram mais um beijo antes de se separarem por diferentes corredores.

–Ah... – ela parou de repente e começou a falar consigo mesma – Será que vai chover mesmo? Vou ter que ir mais cedo...

Cantarolou sem preocupações até o departamento onde precisava deixar o trabalho. Assinou a comprovação da entrega e fingiu não ver o professor que arruinou o fim de semana sorrindo pelo vidro da porta do gabinete.

Sim, ela definitivamente faria uma denúncia formal contra o professor. Ele não poderia mais fazer o que continuamente fazia contra os alunos. A administração não poderia mais deixar aquilo de lado – maldade após maldade – sem que ele fosse punido. Por que aquilo acontecia? Era porque ele era mais velho? Estava para ser aposentado? Era de alguma família influente da capital?

Ao chegar à sala de Hosokawa-sensei, ela ergueu a cabeça, ajeitou a coluna e os ombros. Era o momento de fazer a primeira reunião para o estágio.

Bateu de leve na porta.

Segundos depois, ela estava de frente a Asano Sara, que abrira a porta para ela.

As duas se encararam por um longo minuto, tanto tempo para analisar o perfil uma da outra e aumentar o constrangimento pelo silêncio. A outra garota, prometida a Sesshoumaru num casamento arranjado entre famílias durante a infância de ambos, não sorria diante da atual namorada do rapaz.

Também não parava de olhar um acessório específico de Rin – o cordão com o pingente de crisântemo.

–Ah, Nozomu-san. – o professor Hosokawa apareceu atrás de Sara sem notar a tensão entre as duas – Vocês já se conhecem? Asano-san vai trabalhar conosco também.

Nenhuma das duas sorriu ou respondeu à pergunta.

–Entre logo. – ele voltou para o interior da sala, chamando as duas e ainda alheio ao que estava acontecendo ali na porta da sala dele – Vamos organizar o cronograma das reuniões.

Já na sala, as duas sentaram uma ao lado da outra sem trocarem olhares. Respondiam mecanicamente às perguntas do professor, deram sugestão de horários sem que uma tivesse que encontrar a outra. As alterações eram tão sutis que nem Hosokawa havia notado.

–Bem... – ele deu um sorriso ao fechar a agenda com força – Aguardem um pouco. Vou verificar se já credenciaram vocês duas como minhas estagiárias. Volto em um segundo.

Mesmo quando ele saiu de sala, não houve qualquer interação entre as jovens por alguns minutos. Rin olhava para um canto do lado oposto à Sara. Era uma parede com apenas um quadro – uma fotografia em preto em branco de Sugimoto Hiroshi. O pai dela gostava daquele artista. Era um dos poucos contemporâneos que ele gostava.

–Esse pingente era da mãe de Sesshoumaru. – a voz de Sara soou na sala quase provocando um eco – Não sabia que ele iria entregar para você.

Rin cruzou os braços e continuou olhando para o outro lado.

–Vocês dois esquecem que isso é algo temporário. – Sara jogou o cabelo para trás dos ombros, olhos fechados para também não ter que olhar para a garota sentada ao lado dela – Quando você se formar, vai voltar para a sua cidade. E nossas famílias têm um acordo.

O avô dele não comentou mais nada depois que ela fez menção ao acordo entre as famílias naquela noite. Tinha sido porque ela havia esquecido de continuar o assunto?

E Sesshoumaru não havia conversado com ela? Por que ela ainda insistia nisso?

–Sesshoumaru toma as decisões que quiser. – Rin a desafiou – Ele é adulto, ele escolhe o próprio caminho.

–Se ele quiser ficar sem o nome da família ou morando na mansão Taisho, ele sabe o que fazer. – a outra insistiu.

Rin soltou um discreto "hunf" antes de ouvir a porta abrir com um rangido e o professor retornar com a documentação de cada uma.

Ao sair da sala sem maiores despedidas, ela foi direto ao Centro procurar o namorado.


Quando Sesshoumaru retornou à sala do Centro, ele estranhou encontrar Rin ali. Era cedo ainda para se encontrarem antes do almoço.

Sentada no sofá, pernas e braços cruzados, ela parecia aborrecida com alguma coisa. A reunião do estágio havia terminado mais cedo? Não havia dado certo?

–Aconteceu alguma coisa? – ele perguntou com cuidado ao colocar alguns documentos em cima da mesa. Se tivesse sido mais alguma do outro professor...

–Um colega seu permitiu que eu ficasse aqui até você chegar. – ela explicou – Minha reunião acabou mais cedo.

–E como foi?

–Asano e eu vamos trabalhar juntas.

A sobrancelha dele arqueou de leve. Aquilo não podia ser proposital. Era apenas uma enorme coincidência ter Sara e Rin sob orientação do mesmo professor e no mesmo processo.

Sesshoumaru também apoiou a base das costas na mesa e cruzou os braços.

–Presumo então que ela falou alguma coisa que deixou você irritada. – ele arriscou.

–Você disse que havia conversado com ela. – ela mantinha a postura elegante, os olhos fechados enquanto a perna balançando em movimentos lentos para disfarçar a raiva que sentia no momento – Ela continua acreditando que vai acontecer alguma coisa entre vocês. Falou que temos algo "temporário".

–A última vez que falei com ela foi naquele dia que você a viu saindo daqui.

As lembranças daquele dia rapidamente se acenderam na mente dela. No mesmo dia, os dois tiveram o primeiro momento juntos na frente do antigo prédio onde morava – um primeiro beijo que a fez ficar acordada uma noite inteira.

–Ela ainda gosta de você e acha que esse acordo que as famílias fizeram vale alguma coisa. – ela continuou na mesma pose, mas abriu os olhos apenas para virar o rosto para o lado e fixar o olhar na mesinha de biscoitos e café – Talvez seja melhor cancelar o jantar hoje no meu apartamento pra você conversar de novo com ela.

–Já conversamos uma vez. Não gosto de repetir os discursos, ainda mais com alguém como ela.

–Eu falei uma vez que não quero ter gente ciumenta me perseguindo pelos corredores. Já basta eu ter que trabalhar com ela.

–Se servir como sugestão, você poderia deixar de fazer o estágio e procurar outro.

Rin arqueou uma sobrancelha e virou o rosto para encará-lo.

–Isso seria muito injusto. Eu preciso disso pra poder organizar uma vida aqui se decidirmos levar adiante o que temos.

–Foi apenas uma sugestão. Sei que quer fazer isso para sua carreira aqui. Eu ajudaria a encontrar outro se não quiser ficar no atual por causa dela.

Ficaram os dois em silêncio.

–Vamos sair para almoçar? – ele tentou.

Rin havia perdido a vontade de comer. Ela queria, na realidade, ficar sozinha e pensar no que fazer. A sugestão dele não deixava de ser ruim. A questão era: deixar de trabalhar em uma coisa importante e que contribuiria para a carreira dela por causa de Asano Sara era realmente necessário?

–Tenho algumas coisas do estágio pra fazer. – ela mentiu – Melhor cancelarmos também.

Levantou-se e ajustou a saia lápis e as mangas da blusa. Não havia mais sorriso no rosto. Ela não estava mais animada. Ela entendia agora o motivo para que ele reclamasse das menções ao tempo que ela deveria permanecer na capital.

Mal percebeu quando ele se aproximou para agarrar o pulso dela.

–Não vamos almoçar. Não vamos jantar. – havia uma sombra no rosto dele que escondia parte do olhar, impossibilitando a leitura dele – Vamos nos ver quando para conversar?

–Eu procuro você. – ela forçou um sorriso – Resolva essa situação com ela, por favor.

Rin conseguiu soltar o pulso com delicadeza antes de colocar as mãos atrás das costas e forçar mais uma vez o sorriso:

–Eu procuro você, tá? – ela repetiu.

A sombra continuava contaminando as feições de Sesshoumaru enquanto via a namorada abrir a porta, sair da sala e ir embora.


A chuva que caía no final da tarde era apenas mais um aborrecimento naquele dia.

Rin, protegida por uma copa de árvore na metade do caminho até a casa dela, olhava cansada os pingos caírem por entre as folhas. Também não evitava suspirar pesadamente.

–Que fome... – ela murmurou para ninguém. Não havia almoçado. Depois da conversa com Sesshoumaru, havia perdido a vontade de comer e ignorado o tempo que deveria se alimentar regularmente.

A chuva não passaria em breve, concluiu ao analisar o céu carregado. O jeito era ir tomar coragem e enfrentar aquilo. Um banho quente em casa evitaria uma gripe. Já estava perto, de qualquer forma.

Decidiu sair correndo – cortando caminho, pulando poças, tirando a franja molhada do rosto sempre que atrapalhava a visão. O único objetivo era chegar ao apartamento, tomar um banho quente e preparar uma boa refeição depois de um dia frustrante.

Em menos de dez minutos, ela chegou ao quarteirão onde morava, mas não entrou no apartamento porque uma pessoa a impediu.

Sesshoumaru estava parado na frente do prédio dela elegante e imponente como sempre, segurando um guarda-chuva.

Viu-o esticar o braço na direção dela para usar o controle para destravar o carro, o gesto elegante como normalmente era.

–Vamos conversar, Rin.

A garota escutou apenas o som da chuva caindo ao redor.

–Você não precisava... – ela tentou dizer num sussurro e duvidou que ele tivesse conseguido ouvi-la, decidindo aumentar o tom de voz – Eu falei que ia procurar você.

–Entre no carro. – o rapaz repetiu com calma e suavidade.

Os dois ficaram em silêncio, a chuva ainda se fazendo presente entre eles.

–Por favor. – ele pediu.

Ficaram os dois parados, a trocar olhares enquanto a chuva caía, até Rin decidir-se andar na direção do veículo e entrar, gesto imitado por ele também.


NOTA [2]: Alguém que leu a história original deve lembrar que o título do próximo capítulo é "O caminho dele, o caminho dela" e que usei a canção You must love me da Madonna como fundo. Vão logo ouvindo no Spotify para sentir o clima. Vou decidir ainda se deixo ou não a letra com a tradução ao longo dos parágrafos.

Comentem e me deixem animada para postar o próximo logo :*