Nota da autora: Eu demorei, mas estou aqui. E estou de férias. Não consegui postar nas semanas anteriores porque só agora terminei.

Eu achei que este capítulo ficou bem melhor que na primeira versão. Tirei a canção também (You must love me, cantada pela Madonna), mas ainda assim pode ser que alguém queira ouvir com ela :)

Obrigada a quem comentou e pacientemente esperou: Isabelle36, Jo-Anga, Gisele, autumnbane, Lan Ayath, Ana Clara, Priy Taisho, Ayame Tarimoto, vicman, fidelix0908, Hellobraga, Li'luH, Liryth, Marilia Cullen Black, Dica-chan e todos os que comentaram anonimamente :) Aaahhh, obrigada pelos comentários, de verdade. E um agradecimento especial a Kuchiki Rin! :*

Espero que gostem e que possam comentar (aqueles que fizerem vai receber um mimo no sábado – um outtake da última cena com mais detalhes hahahah).


UM CAMINHO PARA DOIS

Capítulo 22

O caminho dele, o caminho dela

No carro de Sesshoumaru, apenas o som do limpador de para-brisas se fazia presente durante certo trajeto por longos minutos de chuva intensa fora de época.

Dentro, o aquecedor estava ligado para alívio de Rin. Ela, completamente molhada, tinha os braços e pernas cruzadas e o rosto virado para outra direção para não ver Sesshoumaru dirigindo com o cenho franzido.

Pensava no zumbido que tinha no ouvido e que ficava cada vez mais forte ao pensar que ele estava irritado com ela – e duas perguntas passavam pela cabeça.

Ele vai terminar?

Ele vai querer um tempo?

Estavam já passando de mais da metade do caminho em direção à propriedade da família Taisho em um distrito de Tokyo. Sentada do lado esquerdo, ela observava a paisagem pela janela enquanto uma perna agitava-se em nervosismo, como em antecipação à muito provável discussão que teriam.

Como ficariam os dois nas aulas se terminassem?

Como passariam os fins de semana sem fazer qualquer atividade juntos?

Ele iria realmente terminar para ficar com alguém que nem gostava como naquelas aventuras de mangás e romances do Sengoku Jidai?

Ofegou ao sentir mão esquerda dele segurar com força o joelho dela, parando assim o balançar nervoso da perna. Até mesmo o zumbido no ouvido cessou e ela voltou a escutar o barulho do limpador de para-brisa funcionando perfeitamente contra a chuva batendo forte no vidro.

Depois que ele retraiu a mão para voltar a segurar o volante, ela novamente virou o rosto para o outro lado.

— Eu avisei que ia te procurar depois. – ela começou.

— Você iria fugir como fez das outras vezes. – a voz dele soou próximo a um tom acusatório –Você tem esse hábito de ficar dias sem manter contato comigo.

Rin bufou discretamente ao ouvir insinuação dele, considerando aquela fala absurda.

Depois lembrou-se do que havia feito em outras ocasiões. Uma das vezes foi quando beijaram-se na frente do antigo prédio e tentou evitá-lo no outro dia por conta de uma conversa que ele queria ter. Outra foi quando tentou a seleção do estágio e ficou dias sem aparecer na universidade.

Pensando melhor naquele momento, era possível perceber o padrão das ações quando queria evitar o confronto – ela fugia das pessoas envolvidas para não ter que resolver o problema com alguma discussão. Foi assim que ela havia ido parar em Tokyo em vez de continuar os estudos e a vida em Nagoya.

Como ela cresceu fazendo aquele tipo de coisa?

— Estou ficando cansado disso. – ele quebrou o silêncio no carro.

Ao ouvir aquilo, os olhos dela arregalaram e sentiu o coração acelerar por um momento.

— Você não pode fazer isso. Não pode fugir de mim assim. Como quer continuar com o que temos se nem quer falar comigo?

Depois que ele terminou de falar, quase sem pausar, o silêncio novamente dominou os dois. O coração dela parecia mais tranquilo, com as batidas normalizadas.

Sesshoumaru não estava errado. Não tirava a razão dele. A forma como ela agiu naquela e em outras vezes era ruim.

Mas o que mais a incomodava não estava ali.

— Conversou com ela? – ela perguntou.

Sesshoumaru a olhou de soslaio por breves segundos e depois voltou a se concentrar na direção.

— Não tenho nada a tratar com Sara. Você é minha namorada. Minha conversa é com você.

— Não fique irritado comigo por causa disso que vocês têm, qualquer que seja o nome que chamem agora. Casamento arranjado ou acordo entre famílias. – ela tentou argumentar – E se realmente tivermos que nos separar porque vocês precisam estar juntos? Parece coisa de dorama isso.

Sesshoumaru nada comentou.

— Ela me contou que você vai perder seu nome de família e a casa se não seguir esse acordo idiota.

Diante do silêncio dele, ela voltou a bufar discretamente. Era uma atitude que sempre fazia quando estava irritada.

— Não consigo acreditar como puderam fazer isso. Vocês não são crianças. Não estamos mais no Japão Feudal. Esse acordo entre famílias é ridículo. Nenhum dos dois merece isso passar por isso. Ela também não merece isso.

O limpador de para-brisas voltou a ser o único som entre eles até Sesshoumaru anunciar:

— Eu avisei que você iria jantar hoje. É melhor tomar um banho quente antes.

Em poucos minutos, eles chegaram aos portões da propriedade. Na frente, a meros passos do acesso ao pátio, Rin desceu do carro sem esperar que ele abrisse a porta, saltando entre as pedras do calçamento do jardim para chegar ao alpendre.

Ficou, porém, num estado ainda pior, se fosse ainda possível dizer. O longo cabelo negro estava completamente grudado na pele e, ao chegar à área coberta, viu grossas gotas da chuva escorrerem pela franja e atrapalharem a visão. Chateada, abraçou-se como se aquilo pudesse de alguma forma protegê-la do frio.

Olhou timidamente para Sesshoumaru, elegante e altivo com o um casaco e o guarda-chuva. Ainda estava sério, os lábios formando uma linha fina com o maxilar travado enquanto analisava o perfil dela. Ela sabia o que estava fazendo quando desceu do carro sem esperar por ele, não?

A porta abriu e Jaken fez um gesto efusivo para a entrada deles no genkan.

— Bem-vindos, Sesshoumaru-sama. Senhorita Nozomu. – ele os saudou.

O rapaz não deu retorno e nem cumprimentou. De fato, ele apenas jogou o guarda-chuva fechado em um canto, tirou rapidamente os sapatos e pendurou o casaco de qualquer jeito antes de passar por Jaken como se ele nem estivesse no caminho para ir em direção da biblioteca do avô. Rin ficou tão abismada com o tratamento que nem conseguiu terminar uma rápida reverência para cumprimentar o outro.

— Ah, está tudo bem. – ele gesticulou um "deixa para lá" ao notar a reação preocupada dela – Quer que eu leve sua roupa para lavar e secar?

— Hmm... obrigada. – ela tinha as mãos unidas na frente do corpo – Tem algumas coisa que eu possa vestir?

— Eu levo para você. Vá tomar logo banho ou vai pegar uma gripe. Pode usar o banheiro do quarto dele. – ele a repreendeu paternalmente.

— Sim, senhor! – ela deu um sorriso, talvez o primeiro desde os incidentes ocorridos pela manhã.

Devagar, subiu as escadas até se ver em frente à porta do quarto vazio de Sesshoumaru. Tomaria banho, jantaria, provavelmente os dois discutiriam e então ela voltaria para o apartamento para ficar com mais raiva de toda a situação, principalmente com as atitudes dela e com a família dele.

Por que havia decidido se envolver com alguém se ainda nada estava definido...?

— Você vai ficar aí até quando? – Jaken falou atrás dela e a fez sufocar um grito de susto – Já devia estar debaixo do chuveiro.

Com a mão segurando o coração acelerado, ela olhou por cima do ombro e o viu com um yukata, toalhas limpas e um secador meticulosamente organizado num monte nos braços.

— Tome. – ele estendeu para ela.

— Ah, obrigada, Jaken-sama. – ela recuperou o sorriso ao aceitar tudo. Ele foi tão discreto para se aproximar que...

— Vá já tomar banho! – ele a repreendeu de novo ao apontar para a direção do banheiro como se ambos estivessem dentro do quarto.

— Tá bom, tá bom!

Viu Jaken ir embora e deu um sorriso, voltando-se para a porta com um suspiro.

Entrou no quarto e passou direto ao banheiro. Lá, tirou cada peça sentindo um estremecimento. Se demorasse mais um pouco com a roupa já secando com o calor do próprio corpo, iria passar mal, e o que menos queria era ficar doente no período de encerramento de alguns seminários.

Tudo teria que ser lavado, inclusive as peças íntimas, atestou com um suspiro cansado enquanto terminava de arrumar a pilha de roupas molhadas.

No outro segundo, estava na banheira com a ducha sentindo a água quente lavar e levar embora toda a tensão do dia. Não queria pensar em nada. Não queria pensar no estágio, em Sara, no professor que a fizera perder um fim de semana e que continuaria naquele cargo prejudicando mais colegas de curso. Queria apenas pensar nela mesma e em como aquilo fazia bem ao corpo, desde o topo da cabeça até os pés.

Lavou o cabelo com o shampoo que tinha ali e o corpo com um sabonete que lembrava bastante o cheiro do que ela normalmente costumava comprar. Ele inclusive sabia qual era no dia do incidente com a foto com Kohaku.

Depois do banho, ela deslizou os dedos da mão esquerda pelas madeixas enquanto usava o secador com a direita, pensando no quanto tudo havia mudado desde a época das férias.

E tudo parecia tão bem com ele num dia só para desmoronar no outro.

— Ai... – murmurou ao sentir o cordão dela engatando na hora de usar o pente.

Ao tocar no pingente de crisântemo, lembrou-se do comentário mordaz de Sara. O cenho franziu enquanto observava os detalhes da joia. Não apenas ela, mas também o avô havia feito um comentário, não? E, pensando agora, claramente era para provocar Sesshoumaru.

Tinha que deixar claro para todos que, independente de a quem pertencia antes, agora era um presente de Sesshoumaru para ela.

Com um suspiro, parou o que fazia por alguns segundos para tirar a peça para que não arrebentasse enquanto cuidava do cabelo, penteando com cuidado antes de amarrá-lo num coque bagunçado no alto da cabeça.

O yukata arrumado para ela também era branco, com estampa vermelha nas longas mangas e grafismos geométricos de flores. Pelo tamanho, era outro empréstimo do guarda-roupa de Sesshoumaru.

Uma batida na porta do quarto chamou a atenção dela.

— Sim? – ela falou sem abrir a porta.

Ahem. O jantar será servido em breve. – respondeu Jaken do corredor.

— Já vou descer. Obrigada. – ela falou de volta.

Minutos depois, ela abria a porta de dava de cara com Jaken de braços cruzados na frente no corredor, sufocando novamente um grito de susto.

— Tomou banho quente? - ele estreitou os olhos.

— S-Sim.

— Secou o cabelo?

Rin confirmou com a cabeça.

Jaken continuava olhando desconfiado e ela engoliu em seco.

— Vou levar uma manta para você daqui a pouco. Não pode ficar gripada. Não pode. – ele se afastou balançando a cabeça e resmungando alguma coisa sobre a chuva forte da tarde de outono, que estava começando a ficar mais frio e que ela tinha que cuidar bem da saúde.

Rin balançou a cabeça. Ele lembrava um pouco o pai, sempre preocupado em oferecer um pouco de conforto aos outros.

Desceu as escadas e encontrou Sesshoumaru, sem o blazer do paletó, sentado curvado no sofá com os cotovelos apoiados nos joelhos, o queixo descansando nas mãos entrelaçadas. Estava extremamente sério, como usual.

As duas perguntas que assombraram a mente no carro voltaram:

Nós vamos terminar?

Nós vamos dar um tempo?

O olhar dele cresceu ao vê-la com outra roupa dele. Era o mesmo de sexta à noite, quando abriu a porta do quarto para ela.

Depois, ele virou o rosto para o lado.

— Pedi que preparassem algo sem carne. – falou ao levantar-se e seguir em direção à mesa do jantar.

Faminta e sentindo o cheiro de comida, ela o seguiu. Conseguia sentir o estômago mais animado ao ver os pratos: sopa de wakame e açafrão, udon com vegetais, salada de rúcula e morango e gioza com legumes.

Sentaram-se em lados opostos. Ela entendia o motivo. Iriam discutir e Sesshoumaru gostava de conversar frente a frente. Estavam sozinhos ali assim como na noite anterior, com Kaede e os demais longe.

E logo que sentou-se, sentiu o olhar dele fixo no pescoço dela.

— Onde está seu pingente? – ele quis saber.

A mão foi imediatamente à garganta e arregalou de leve os olhos. Só então deu-se conta de que havia esquecido no banheiro.

— Ah... Tirei na hora de secar o cabelo.

Por mais alguns minutos, pareceu que ele avaliava se aquilo era mesmo verdade. Era, porém, muito difícil de ler as expressões quando Sesshoumaru estava irritado ou com raiva. Normalmente, apenas quando estava com Rin, as linhas do rosto suavizavam e os dois conseguiam se comunicar apenas lendo o rosto um do outro.

— As pessoas não entenderam até agora que o pingente é meu. Seu avô comentou na semana passada sobre ser da sua mãe, hoje foi a vez dela falar a mesma coisa. Eu não gosto disso.

— Poderia ter dito isso na hora aos dois. Eu não tiro a sua razão.

Rin encontrou o olhar dele por breves segundos.

— É seu, afinal de contas. Pode fazer o que quiser com ele, mesmo se um dia nos separarmos.

A garota sentiu algo estremecer por dentro. Por educação, manteve a expressão calma.

Ah, então é isso...

Viu-o pegar o par de hashi e olhá-la diretamente. Era como se estivesse aguardando que ela fizesse o mesmo.

Logo agora que eu comecei a gostar de novo de alguém..., pensou com tristeza ao imitar o gesto, ela evitou encontrar o olhar dele por alguns segundos.

— Boa refeição. – falaram ao mesmo tempo.

Começaram o jantar em silêncio, ouvindo apenas o talher tocando as tigelas e os pratos de cerâmica. Rin parecia maravilhada com o estômago ser forrado por aquela refeição tão bem feita, talvez com um sabor mais evidente por conta da fome.

— Você não almoçou hoje. – ele observou – E também não foi resolver as pendências do estágio.

Rin franziu o cenho. Naturalmente que ele havia ido procurá-la.

— Não havia necessidade de mentir sobre o que ia fazer. – ele mantinha os olhos concentrados na refeição – Fui ao seu apartamento na hora do almoço e você não estava.

Pelo olhar aborrecido que ela lançou, era óbvio que queria mostrar que estava certa:

— Eu queria ficar sozinha.

— Você pode fazer o que quiser depois que discutirmos essa situação.

— Como eu disse, podia ter usado esse tempo para conversar com ela. Não precisava perder seu tempo indo me procurar.

— Sara não tem nada a ver com o que tenho a tratar. Eu a trouxe aqui para conversarmos sobre nós.

Os dois trocaram olhares e ela foi a primeira a desviar para se concentrar na refeição.

— Eu não imaginava que iria me procurar. – ela murmurou com o hashi já na ponta dos lábios segurando firmemente uma porção de arroz.

— Eu sempre fiz isso, caso não tenha percebido. – ele continuava a refeição com calma, mas sentia-se o oposto disso interiormente – Você fala muito dessa situação injusta imposta por minha família, mas você age da mesma forma. Não é justo ficar dias sem falar comigo. Foi assim no dia que descobriu sobre Sara, foi assim naquela outra seleção do estágio.

— Quando decidimos ficar juntos, nós não falamos sobre ela porque achei que esse assunto já tinha sido resolvido. – ela olhava de soslaio para um canto da sala com o cenho franzido, a voz saindo mais dura.

— Conversamos sobre muita coisa quando decidimos ficar juntos, sobretudo para não termos interferências nos estudos nesse último semestre. Parece que esquecemos sobre a regra básica de confiar um no outro.

— É claro que confio em você. Mas não gosto de pensar que um dia possa ser obrigado a terminar comigo pra ficar com ela.

— Eu nunca faria isso. – ele garantiu com firmeza.

Os dois continuaram se encarando até Jaken aparecer pigarreando entre eles com o que parecia ser um cobertor amarelo com detalhes em dourado nas mãos, posicionando-se à ponta da mesa como se fosse um juiz.

— Com licença. Eu trouxe uma manta para a senhorita Nozomu.

— Você pode me chamar de Rin-chan. – ela o corrigiu logo e aceitou o agrado.

Jaken ficou estranhamento rígido e mudo, olhando de soslaio para Sesshoumaru, que o encarava estranhamente irritado.

Ahem. Aproveitem o jantar.

O baixinho afastou-se de fininho sob um olhar curioso de Rin, que depois deu de ombros e jogou a manta por cima dos ombros. Sentia-se certamente mais aquecida e confortável.

Ficaram novamente em silêncio até que ele notou que ela havia parado de comer e olhava fixamente o prato.

— Achei que estivesse com fome. – ele apontou.

Rin ergueu os olhos por alguns segundos.

— Você vai ter mesmo que perder a casa se não casar com ela? Eu não queria que você fosse o prejudicado nessa história toda. – ela falou num sussurro triste.

— Não existe Sara ou outra pessoa entre nós, Rin. Apenas temos nossos próprios problemas.

A expressão no rosto dela não mudou com aquela declaração. Ainda parecia preocupada com alguma coisa, a testa franzida quase formando uma marca permanente na região.

— Ninguém vai me impedir de fazer as próprias escolhas. – ele voltou a garantir – Esse acordo para mim nunca existiu. Se eu tiver que sair da casa ou perder o direito à qualquer coisa por causa do meu nome, isso é o de menos.

Ao ouvir aquilo, ela ergueu a vista para encontrar o olhar sério dele, sentindo o coração mais leve.

Ele não quer terminar.

Nós não vamos dar um tempo.

Um punho fechado foi ao coração como um sinal de alívio.

— Minha preocupação no momento é organizar a vida depois da formatura. – ele continuou – Faltam poucos meses para isso. Você pretende continuar aqui na capital? Voltar para Nagoya? Continuar comigo?

Com as perguntas, ela franziu a testa. Parecia agora que ele não tinha certeza sobre as intenções dela.

— É claro que gostaria de continuar com você. Continuar com o que temos. – ela começou – Penso todos os dias no que vai acontecer depois da formatura. Não pense que não me preocupo com isso.

— Você parece não ter tanta certeza do que vai fazer depois de se formar, mesmo sabendo que eu quero continuar com você. Vai arranjar um emprego aqui? Arranjar um emprego na sua cidade e viajar toda semana de lá para cá? Você quer que eu faça isso também?

Rin deu um suspiro inaudível para ele. Ela tentava disfarçar o cansaço que aquela conversa trazia da melhor forma possível:

— Se eu não tiver nada certo em Tokyo, eu pensei em aceitar trabalhar pra a minha família em Nagoya até conseguir algo aqui. – ela fechou os olhos enquanto falava – Ir e voltar toda a semana.

— Você estaria disposta a continuar com sua vida aqui na capital?

— Eu faria o que fosse melhor pra nós dois. – ela confirmou.

— Eu sei que nada disso estava no que pensamos para nós mesmos, mas você estaria disposta a mudar alguns planos?

Rin ficou pensativa.

— E os seus? – ela quis saber. A voz saiu como um sussurro.

Sesshoumaru concentrou o olhar dele no dela:

— Caso não tenha percebido, eu alterei todos os meus planos depois que decidimos ficar juntos.

A fala sincera daquela noite fez com que os olhos dela marejarem. Ela definitivamente tinha sido injusta com ele e não havia notado o quanto algumas ações eram ruins e o afetavam.

Nem notou quando ele levantou-se para ficar quase da mesma altura que ela sentada, os joelhos dobrados sem precisar tocar o chão.

— Por que vai chorar agora? – ele quis saber, o tom de voz controlado, a mão a centímetros do rosto dela, como se temesse tocá-la.

— Eu não ia chorar, eu só... – as lágrimas não haviam caído, mas assim mesmo Rin limpou o canto dos olhos com a manga do yukata. – Não sabia que havia mudado os seus planos por minha causa.

Forçou um sorriso que pouco o tranquilizou. Ele parecia ainda alarmado com a reação dela.

— Já passou. – ela o assegurou, fungando de leve – Está tudo bem agora.

Sesshoumaru continuou na mesma posição, entendendo apenas naquele momento o que havia passado com ela.

Segurando o olhar firmemente no dela, ele perguntou:

— Você confia em mim?

Por um segundo, Rin ficou sem entender. A cabeça inclinou ligeiramente para o lado para observar as feições dele.

— Sobre a parte de alterar os planos e fazer o possível para a tudo ficar bem para nós dois aqui na capital... Você confia em mim?

Deixando de lado a comida e os modos à mesa, ela ergueu as mãos para abraçá-lo naquela posição, sentindo a manta escorregar pelo corpo com o movimento súbito.

— É claro que confio. – a voz dela saiu abafada contra o pescoço dele.

Sesshoumaru retornou o abraço e fechou os olhos, abrindo-os novamente, segundos depois, após lembrar que havia ainda uma pessoa que poderia interferir e que suspeitava que fizesse alguma coisa em breve: o irmão dela.

No entanto, resolveu deixar aquilo de lado e aproveitar aquele momento. Rin estava com ele e disposta a mudar os planos que tinha quando decidiu ir para a capital por apenas um ano. Ele faria o possível para que tudo desse certo entre eles.

Ficaram daquele jeito por vários minutos até ouvirem um ahem de Jaken, forçando-os a se afastarem.

— Eu trouxe a sobremesa. – ele avisou.

Um saleiro voou na cara dele por ter interrompido aquele momento.


Depois do jantar, os dois se retiraram – Sesshoumaru foi para o quarto dele e Rin, acreditando que iria voltar para cidade por conta das aulas no dia seguinte, dirigiu-se ao outro andar para terminar de se arrumar.

No toalete do corredor, ela passou longos segundos olhando-se no espelho, inquieta com a própria aparência. Franzia o cenho como se estivesse intrigada com alguma coisa.

Enxugou o rosto, girou o rosto para um lado e depois para o outro. Estava um pouco corado, mas ela não se sentia febril. Seria agora uma marca permanente nela?

Para confirmar, passou a mão na testa, mas nada sentiu. Torcia para que não fosse algo relacionado com a chuva. Quando voltasse para casa, procuraria medir a temperatura e tomar cuidado com uma possível gripe.

Pelo menos as coisas ficaram bem, ela pensou ao ajeitar uma mecha teimosa do cabelo atrás da orelha.

Ao voltar para o quarto, esperando encontrar as roupas limpas e secas trazidas pelo sempre eficiente Jaken, sufocou um grito ao ver Sesshoumaru em pé no meio do quarto. O rosto estava parcialmente escondido pela luz fraca do quarto.

— Vocês da capital gostam de assustar todo mundo. – ela murmurou com os olhos arregalados, a mão no coração para controlar as batidas.

— Gostamos? – ele murmurou tentando carregar a voz com dúvida verdadeira, mas ela sabia que havia uma fina ironia ali.

— Eu já vou terminar de me arrumar. Vou ver com Jaken se minhas roupas secaram. – ela esfregou os próprios braços com força – Você me leva pra casa ou eu chamo um táxi?

Houve uma pausa significativa entre os dois. Sesshoumaru a observava com cuidado, perguntando-se se havia alguma coisa mais importante programada na faculdade para ela fazer. Tinha outros planos agora.

Por fim, decidiu perguntar:

— Você tem aula com aquele professor?

— Só à tarde. – ela deu um sorriso, alongando os braços para cima – É a última desse seminário. Finalmente me livrarei dele.

— Sem precisar causar um atropelamento. – ele comentou.

— Se eu não passar, provavelmente terei que contratar alguém da máfia pra fazer um serviço. – ela falou com um ar superior.

— Hunf. – ele zombou da ideia.

Depois, ergueu a mão elegantemente, mostrando o cordão com o pingente de crisântemo.

— Achei no banheiro.

— Ah, eu já ia esquecendo de novo. – ela deu um sorriso sem graça e foi até ele.

Por um momento, ele observou as feições dela. Rin, confusa, inclinou a cabeça para o lado e franziu levemente a testa.

— Bem, preciso colocar seu presente de novo.

Dito isto, Sesshoumaru afastou-se, desfazendo o nó da gravata à medida que se aproximava da cama para sentar na beirada. Ergueu a cabeça e ajeitou os ombros e a coluna.

Depois estendeu a mão para ela.

— Venha, Rin.

Confusa, ela piscou e andou lentamente até o mesmo ponto onde Sesshoumaru estava, notando, a poucos passos dele, uma expressão ainda mais serena no rosto dele.

Ao ficarem frente a frente, foi puxada para sentar-se bem acomodada entre as pernas dele, de costas. Não havia, no entanto, nada de sexual na pose. Era apenas para que ele pudesse colocar novamente o presente que havia dado de aniversário para ela.

Cuidadosa e lentamente, Sesshoumaru prendeu a corrente com o pingente de crisântemo no pescoço dela. Rin, distraída, pegou a joia entre o polegar e o indicador para ver os detalhes da flor enquanto prestava atenção nas possíveis reações. Ela parecia indiferente e distraída, como um animal que não sabe que está sendo observado por predador. Não parecia ter a mínima ideia do que ele estava decidido a fazer.

— Só para confirmar, eu vou ficar com isso se a gente um dia terminar. – ela falou num tom meio sério, meio de brincadeira. Estava ainda irritada com os comentários dos outros sobre o pingente.

— Hunf. – ele se limitou a dizer.

Lentamente, começou a deslizar o nariz pelo maxilar dela, subindo até a orelha e fazer o trajeto de descida trilhando beijos do ouvido ao queixo. A ponta dos dedos subiam e desciam ao longo dos braços numa das carícias que ela mais gostava.

Sem aparentemente perceber o que acontecia, Rin afastou um pouco o rosto para o lado, os olhos procurando os dele.

— Desculpe por hoje. – ela sussurrou num tom de culpa – Eu estava com raiva. Não deveria ter te tratado daquele jeito.

Sesshoumaru estreitou de leve os olhos por ter sido interrompido. De novo, ela não tinha notado o que ele fazia.

— Gostaria apenas que parasse de tentar se afastar de mim. Isso me desagrada. Eu nunca me afastei e tenho sido o mais sincero possível desde o começo.

— Já disse que não gosto de pensar que você poderia me deixar por causa desse acordo.

— Então não pense. – ele disse num tom um pouco imparcial. Estava mais interessado em planejar em outras coisas – De fato, você poderia parar de mencionar isso, já que eu afirmei outras tantas vezes que não vou me separar de você por causa desse acordo.

— Pra você é fácil falar. Vou ter que trabalhar com ela agora. – ela franziu a testa e voltou a se concentrar no pingente em mãos – Tenho que me preparar pra ouvir as bobagens dela... Foi bom que hoje dividimos os horários e quase não vamos nos encontrar, a não ser para...

Enquanto ela falava quase sem pausar, reclamando claramente da divisão das tarefas e o que cada uma teria que fazer durante o estágio, Sesshoumaru abria a gaveta da mesa ao lado da cama e tirava um pacote de preservativos, deixando-o à mostra. Tirou também a gravata e a colocou de qualquer jeito em cima da mesinha.

Depois estalou o pescoço e voltou a atenção para a mulher que estava com ele, ainda falando sobre alguma coisa do estágio.

—... Mas eu vou falar que ela pode...

Para silenciá-la daquela conversa extremamente desgastante, os dedos voltaram a tocar o queixo para virá-lo delicadamente para um beijo.

— Sess... – ela nem apresentou resistência ao mudar de posição e poder retribuir da melhor forma possível.

Sesshoumaru a puxou para mais perto de si, deslizando a mão pelas costas dela. Estava sem nada por baixo do yukata. Bom sinal.

Hmm... – ela gemeu.

Mais outro bom sinal.

Depois a mão dele desfez o nó mal feito da faixa lilás do yukata. Ela continuou o beijo sem se dar conta que ia começar a ficar sem roupa.

Sesshoumaru afastou o rosto por um segundo e encontrou a testa na dela até os olhos de Rin abrirem.

— Você quer realmente dar um soco em mim? – ele perguntou suavemente, como quando haviam se beijado pela primeira vez.

Confusa, ela olhou para mão que ela havia machucado meses atrás e que estava fechada e pronta para aparentemente atacar alguém de novo.

— Relaxe. – ele tocou no punho, olhando firmemente nos olhos, e o forçou a abrir, massageando a palma e os dedos – Relaxe a mão, vamos.

Rin abrir a boca para justificar que não havia percebido o que estava fazendo, mas ele tomou novamente os lábios dela em outro beijo, desta vez mais intenso, deslizando a roupa pelos ombros dela até caírem pelas costas. Levou mais alguns segundos para ela afastar o rosto e perceber que estava nua da cintura para cima.

— Ahhh! – o olhar dela se restringiu a dois riscos verticais de tão surpresa que estava. Os seios estavam bem na frente de Sesshoumaru e um deles foi logo tomado pela boca e acariciado com a língua.

— Hmmm... – desta vez, era ele quem indicava a apreciação.

— Sess... Ahhh... Eu... – ela gemeu de novo ao sentir os dedos dele tocando o outro seio. Ele já havia percebido o quanto ela adorava quando dava atenção a eles.

Era a terceira vez que ele fazia questão de mostrar o quanto ele os apreciava.

— E-e-e-eu não tenho nada especial. – ela reclamou ligeiramente nervosa – Eu tinha separado uma roupa pra essa hora... Só pra você tirar... eu acho que ela era bem bonita... lilás e rosa e... também gosto de... ahh... de... de... cores q-quentes...

Sesshoumaru apenas observava aquele falatório de soslaio. No outro segundo, ela começou a comentar sobre coisas que ele não entendia em dialeto de Nagoya, cada vez mais evidente.

Começou a beijar o pescoço, ombro e voltou a beijar um seio. Rin continuou falando alguma coisa sobre o yukata que havia usado no outro dia e que agora era dela, mas ele entendia apenas algumas palavras aqui e ali em outra língua.

— Rin... – ele parou os lábios na garganta dela – Eu não estou entendendo nada do que está falando.

— Ah... eu... eu... eu quis dizer quer... – e desandou a falar em dialeto.

O rapaz permitiu-se dar um pequeno sorriso enquanto beijava e sentia aquele cheiro que combinava tão bem, apenas para afastar o rosto e encontrar o olhar confuso dela.

–Eu não estou entendendo o que está falando. – ele deu ênfase a cada palavra para que ela entendesse que não precisava ficar nervosa.

Rin arregalou os olhos ao entender o que fazia e depois cobriu o rosto com as mãos, jogando-se de costas na cama.

— Ugghhhh... Eu não acredito que você tá rindo de mim!

Sesshoumaru a puxou novamente para o colo dele, forçando-a a descobrir o rosto. Era uma bobagem ela ficar sem jeito por causa de uma questão cultural, ainda mais agora quando já entendia mais aquele dialeto depois de alguns meses de convivência.

Sem poder cobrir o rosto, ela abriu os olhos e encontrou serenidade nos dele.

Segurando o rosto dele, ela o beijou com a mesma intensidade que havia sido nos últimos dias. Deslizou a língua da forma como sabia que ele gostava e sentiu os dedos dele deslizando pelo cabelo apenas para desfazer o coque no alto da cabeça. As madeixas caíram por cima dos ombros e deslizaram pelas costas e ele adorou a sensação de tê-las entre os dedos.

Pararam o beijo apenas para que Sesshoumaru ficasse em pé na frente dela e terminasse de desabotoar os punhos da camisa. Era a personificação da calma – um joelho de apoio na cama e sem tirar os olhos do perfil seminu de Rin, abrindo as abotoaduras e depois o colete.

Sentando-se na cama, ela olhou para os lados.

— O que foi? – ele perguntou ao tirar o colete e jogá-lo para um canto qualquer do lado esquerdo dele.

— Hm... Não sei bem o que fazer... Eu tenho que ajudar a tirar a sua roupa...? – ela perguntou num sussurro tímido.

— Você não parecia tão tímida nas outras duas vezes. – ele estreitou os olhos, inclinando o rosto para analisar o dela. Rin não estava daquele jeito antes e precisava mudar depressa aquilo.

Sentou-se na beirada da cama para sentá-la novamente em cima das pernas, com costas dela contra o peito dele.

Ao acomodá-la bem em cima do volume e não conseguir conter intimamente a satisfação de ouvi-la ofegar, ele notou o quanto ela estava sensível ainda. O toque dele tinha um efeito imediato nela.

— Você não tem mesmo ideia do que fazemos um ao outro, não? – ele falou contra a orelha dela, os lábios e a língua procurando um ponto específico que ele sabia que era uma zona erógena. Havia descoberto por um acaso em uma sessão de beijos e guardado para si aquele segredo, obviamente pensando em aproveitar para aquela ocasião.

— O que... o que... eu... ah... – ela já estava ofegante e trêmula nos braços dele, o olhar sem brilho fixo em um ponto do quarto. Havia perdido a linha do pensamento.

De costas para ele, forçou mais uma vez os lábios se encontrarem virando o rosto para encontrar o dele.

Sentiu a mão dele ir de novo para a intimidade e não conseguiu conter um grito. Já estava sensível demais. A reação dela tinha sido mais forte que nas vezes anteriores e Sesshoumaru sabia que era o responsável.

— Vamos recuperar o fim de semana que nos foi roubado, minha Rin? – ele a estimulava com os dedos e a outra mão acariciava a parte interna da coxa e abria mais a perna dela, dando beijos na nuca e nos ombros – Acho que merecemos, não?

A garota ofegou, olhos fechados como se quisesse se concentrar.

— Você não respondeu ainda. – ele beijou o pescoço dela, depois o ombro e colou os lábios na orelha – Você quer?

Rin moveu a cabeça num sim e ele fechou os olhos como se internamente agradecesse aos deuses pela resposta positiva.

Não demorou muito e ela, por conta das carícias anteriores, gozou nos braços dele. Sesshoumaru aproveitou aquele estado letárgico para arrancar de vez o yukata que ainda atrapalhava o contato total entre os corpos, jogando a roupa para o lado qualquer enquanto lambia a ponta dos dedos que acabaram de tocá-la.

Foi quando a reação dela mudou. Antes um pouco nervosa, ela sentou-se de frente pra ele, acomodando-se entre as pernas dele, beijando-o com a mesma intensidade que sempre compartilhavam. As mãos foram para dentro da camisa social, acariciavam a nuca e as costas largas, sentindo cada músculo ficar tenso com os toques.

Ouviu-o sussurrar algo em apreciação e começou a abrir os botões da camisa social sem parar o beijo, forçando-o a largá-la por alguns segundos para que ela mesma afastasse o tecido e deslizasse as mangas pelos braços, os dedos deslizando pelos contornos bem definidos do bíceps e ajudando a tirar a camiseta interna.

Ele gostou muito. Ela ainda mais.

Nem sentiu quando foi deitada no centro da cama, desta vez completamente nua. Tinha os cabelos espalhados pelo lençol e o coração acelerado em antecipação. Com o olhar fixo no teto do quarto, escutou o barulho da fivela do cinto e do zíper.

Rin observava tudo com curiosa atenção, o rosto virado agora para o lado dele – com Sesshoumaru já sem roupa, a tirar um preservativo da embalagem para cobrir o membro exposto.

— Quer ajuda? – ela perguntou num sussurro meio tímido.

Viu-a sentar-se na cama em seiza e aguardar que ele terminasse de se proteger para apoiar um joelho no colchão e aproximar o rosto para beijá-la.

— Você não vai me tocar como das outras vezes, Rin.

Contrariando o que ele havia falado, ela tocou no membro dele como havia feito por cima da roupa em outras duas ocasiões – sentindo-o estremecer por um ou dois segundos.

— Rin...

Parou o movimento dela. Não queria que ela fizesse ou tudo acabaria rápido demais – e ela havia falado, dias antes, que não queria que fosse daquele jeito.

— Sess... – ela envolveu os braços no pescoço dele, procurando beijá-lo onde a boca pudesse alcançar: torso, pescoço, o maxilar dele.

Habilmente, ele a deitou na cama e em instantes ela se viu embaixo dele, com Sesshoumaru se equilibrando para observá-la por cima.

— Confortável assim?

— Hmm... – ela sentiu o calor subir na face – Você pensou de outra forma?

Os olhos dele analisavam cada detalhe do rosto dela, mas havia um brilho levemente divertido e sereno neles, apesar de ele continuar mantendo a expressão séria. Sentia-a ainda tensa.

— Pensei em várias. – ele confirmou, instalando-se confortavelmente entre as pernas dela e subindo a perna esquerda na cintura dele, acariciando a parte externa da coxa. Sentiu um leve tremor nela, mas que parecia mais de antecipação do que de medo – Mas assim é bom para sua primeira vez.

Rin deixou escapar um gemido. Um suspiro veio assim que ele começou a beijá-la no pescoço e subiu até a orelha dela:

— Relaxe.

Sem dizer mais nada, ele começou a mover o membro entre os lábios íntimos, sem penetrá-la, apenas deslizando suavemente para simular que ela sentiria muito em breve sentiria.

Rin estremeceu e gemeu o nome dele. Já estava tão pronta, mas ele queria que ela tivesse mais um orgasmo, como ele conseguira nas noites anteriores. Com um enorme controle, ele apenas deslizava membro duro observando a forma como ela tapava a própria boca com a palma da mão para conter o volume dos gemidos de prazer que insistiam em escapar dela.

Não havia, porém, necessidade para aquilo: ele próprio tirou a mão dela e a segurou contra a cama, ignorando o protesto dela no leito. Ele estava estimulando e simulando o que aconteceria em breve.

— Não precisa se conter. – ele falou próximo ao ouvido, observando a reação no rosto dela. Olhos fechados, os lábios levemente entreabertos, o nome dele sussurrado escapando dos lábios dela.

Quando ela teve outro orgasmo, o segundo da noite, ele aproveitou o momento para penetrá-la e ignorou um grito engasgado dela pela intrusão. Havia sido rápido, quase cirúrgico, porque não havia outro jeito de evitar o breve desconforto que ela sentiria naquele momento.

Respirou profundamente por um segundo e começou a mover-se, soltando a mão dela para acariciar a perna direita e colocá-la na cintura dele.

— Já vai passar. – ele prometeu.

Rin confirmou com a cabeça e recebeu um beijo na lateral do rosto ao virar o rosto para o lado.

Ao notar que a mão direita dela novamente se fechava num punho, ele a fez abrir e a segurou pelo pulso, ignorando que ela usou a esquerda para tapar a boca.

Tirou as mechas de cabelo que não permitiam que visse direito o rosto corado e baixou a cabeça para murmurar uma palavra no ouvido dela antes de beijar a têmpora.

— O quê...? – ela tentou se concentrar.

Sesshoumaru repetiu e ela estremeceu de prazer ao entender que ele pronunciava "doce" no dialeto de Aichi, deixando escapar um suspiro apaixonado enquanto ele se movia mais rápido dentro dela.

Rin conseguiu soltar o pulso e os braços o envolveram, tentando segurá-lo com força como se temesse que escapasse, as mãos tentando alcançar o que podiam das costas torneadas e suadas.

Sem dizer mais nada, ele parou os movimentos sob um protesto dela e mudou de posição – sentou-se na cama e a puxou para sentar-se em cima dele, conduzindo o membro novamente para o interior dela.

— Assim dá para sentir mais. – ele explicou ao deslizar um dedo no lábio inferior dela – Muito mais.

Rin apenas confirmou com a cabeça. Sentia-se confortável o bastante para apoiar as mãos nos ombros dele e aproximar o rosto para beijá-lo, voltando a mover-se com um auxílio dele: as mãos de Sesshoumaru a seguravam na cintura e a ajudavam a subir e descer no membro dele.

Deixou escapar um gemido quando ele a posição de tal forma que os seios estavam ao pronto alcance dele. Não demorou para que novamente ele tomasse na boca um dos bicos.

— Eu adoro os seus seios. – ele confessou ao soltar o bico de um e deslizar os lábios para provar o outro.

— Eu também adoro quando você faz isso... – ela murmurou pela primeira vez enquanto se concentrava em sentir o que ele fazia com os seios sem deixar de penetrá-la.

— Finalmente está falando... – ele deslizou a língua no mamilo para umedecê-lo – Agora sei quando você deixa de ser tagarela.

A resposta dela foi segurar o rosto dele e fazer os lábios soltarem o seio dela. Encontraram os olhos, um dourado sereno contra um caloroso castanho, e ela o beijou lembrando da promessa de ficarem juntos mesmo depois da formatura, enquanto ele silenciosamente a ensinava como deveria mover-se até os dois gozarem pela primeira vez daquele jeito.


Algum tempo depois, logo após voltarem do toalete e do banheiro, estavam um ao lado do outro na cama, ainda acordados. Ele, de costas, um braço apoiando a cabeça, ela de bruços e com rosto deitado de lado na almofada, com metade dele visível, um sorriso preguiçoso nos lábios quando ele tirou a franja que insistia em esconder os olhos dela.

Ao contrário do que pensava, Rin não havia sangrado muito. Apenas teve um leve corrimento, tão pequeno que não a incomodou. Voltou a vestir a roupa de Sesshoumaru e, ao voltar do toalete, ele já estava deitado naquela posição. Ela, cansada, sorridente e silenciosa, subiu na cama e deitou-se também.

— Vai mesmo acordar muito cedo? – ela falou com voz de sono, o que comprovava que ela apenas teimava em não dormir.

— Sempre acordo. – ele sussurrou – Não tenho costume de dormir muito.

— Mas é bom e faz bem pra saúde. – ela insistiu – O que você fica fazendo?

O rapaz deslizou a ponta do dedo pelo queixo dela, silenciosamente dizendo no que pensava quando ficava sem sono.

Rin deu um sorriso, parte dos lábios escondida pelo lençol. Parecia que ela tinha lido o pensamento dele e gostado da resposta.

— Vai aprender a dormir bastante comigo.

— Vou? – ele quis saber, o dedo subindo do queixo até a ponta visível do nariz dela – Será mais de uma vez, então?

Viu-a arregalar de leve os olhos e ficar levemente corada, até que a expressão suavizou e deixou aparecer um sorriso.

— Tem que aprender a descansar ou não vai aguentar conversar comigo por horas.

— Hunf.

Os olhos dela estavam finalmente cedendo quando ela murmurou só para ele ouvir:

— Boa noite, amor...

Viu-a apagar para o mundo em questão de segundos e cobriu-a até os ombros com o lençol antes de ele mesmo também fazer questão de dormir.

De madrugada, Rin sentiu beijos nas costas e ouviu a voz dele.

— Desculpe... Você estava falando de mim enquanto dormia. – ele trilhou beijos do meio da coluna até os ombros e nuca, afastando o cabelo dela para um lado – Você... tão linda... Não consigo...

— Sess... – ela esfregava o olho enquanto tentava se virar, mas ele a deixou deitada de lado na cama, escutando a embalagem de preservativo ser rasgada.

— Tão linda... – ele sussurrou – Não consigo me controlar.

— O que foi...? – ela virou o rosto para o lado apenas para sentir os lábios dele roçando nos dela, a mão dele descendo nas pernas e os dedos entrando na intimidade.

— Tire o yukata... – ele pediu, a mão já contornando a cintura para desfazer o nó.

Sentando-se na cama, já totalmente desperta, Rin ficou de costas para ele e deixou a peça deslizar pelos ombros.

Imediatamente sentiu os beijos de Sesshoumaru na nuca, nos ombros, no pescoço. Instintivamente, a boca procurou a dele, virando o rosto para trás até ser deitada novamente.

Ofegou e parou o beijo, os olhos em alerta ao sentir o membro dele às costas.

–Relaxe... – ele sussurrou no ouvido dela –Você vai gostar assim também.

Enquanto o outro braço servia de apoio para a cabeça dela, os lábios dele roçavam na nuca e a outra mão saía do centro dela para poder segurá-la na cintura, preparando-a para mais uma vez penetrá-la, sem conseguir evitar o gemido que escapou ao mesmo tempo que o dela.

–Mova-se comigo... – ele guiava o corpo dela de encontro ao dele.

Foi mais um momento deles à noite. E ele fez questão de mostrar o quanto ela poderia gostar também daquela posição, deixando que gritasse o nome dele mais de uma vez.

Ao final, os dois voltaram a ficar nos braços um do outro, sentindo o calor do momento naquele forte abraço antes de adormecerem.