Nota da autora: Demorei, mas cheguei. Eu não estive bem mentalmente nas últimas semanas, mas agora estou de volta :)

Espero que gostem deste capítulo. Se eu conseguir aproveitar bem o feriado, em breve sairá o próximo. Teremos uma pessoa de volta à história... vocês conseguem adivinhar quem é?

Obrigada a todos que comentaram. Mandei umas 2 histórias extras nessa ausência para quem comentou. Também organizei um grupo no Telegram, mas estou ainda vendo a questão de onde publicar... Alguém tem alguma sugestão de plataforma?

Vou mandar uma historinha extra de uma parte especial daqui para quem comentar no capítulo... :*

Boa leitura!


UM CAMINHO PARA DOIS

Capítulo 24

Por um caminho bem definido – parte 2

Rin suspirou pesadamente quando percebeu que estava com um problema.

Do alto da árvore mais importante do Templo Higurashi, ela olhou mais uma vez para o chão, depois para os galhos enfeitados com papel branco dobrado gohen. Aquilo indicava que aquela árvore era um himorogi, um local sagrado em que se acredita que os deuses possam descer à Terra por ela.

Estava ali por causa de um importante costume: o de pregar um pedido num pedaço de papel no galho da árvore mais alta de um templo.

Bem, o papel já estava preso num ponto junto a tantos outros e tudo o que precisava fazer era confiar que ele ficaria ali, desfazendo-se com o tempo ou ser queimado pelo sacerdote, para que o desejo se realizasse.

A descida seria fácil se ela não tivesse ficado com medo ao olhar para baixo, por algum estranho motivo que nem ela mesmo não entendia. Talvez fosse relacionado ao acidente que tivera, mas sentia perigo só de tentar colocar o pé na escada de madeira, com tábuas antigas pregadas no tronco.

Rin não ignorava aquele tipo de alerta: era a intuição alertando e não iria se arriscar para ter outro acidente.

Lembrou-se também das palavras de Miroku no café: "cair" e "quebrar a cabeça". Na ocasião, achou que havia exagero por parte dele, mas agora via que ele definitivamente tinha razão.

Resolveu esperar por alguém, qualquer um que pudesse ajudá-la a descer dali. Não fazia muito tempo que aguardava e sabia que não sairia dali imediatamente, pois todos estavam ocupados com a organização do festival no Templo Higurashi.

Olhou para baixo. Quem visse a árvore de longe não notaria a presença dela, sentada no galho da árvore e agarrada ao tronco como se fosse uma tábua de salvação, com as tiras de papel gohen balançarem quando o vento soprava. Entretanto, aquele que parasse exatamente embaixo da copa para aproveitar a sombra e olhasse para cima poderia vê-la facilmente.

Repentinamente (e quase fazendo-a cair de susto do galho), Miroku e Inuyasha passaram correndo por perto. Pareciam desesperados e fugindo de alguém.

Não teve tempo de gritar pedindo ajuda: os dois entraram no hokora que servia de pequeno depósito perto dali.

Segundos depois, Rin prendeu a respiração ao ver Sesshoumarupassar, olhando para os lados como se procurasse por uma certa dupla.

Nem precisou gritar para chamar a atenção. Ele simplesmente parou perto da árvore e olhou para cima, como se tivesse sido atraído pela presença dela.

Os olhares se encontraram e Rin imediatamente sentiu uma onda de alívio passar pelo corpo inteiro, enquanto ele franzia a testa para a estranha situação em que ela se encontrava.

— O que faz aí em cima, minha Rin?

— Eu... eu...

Sesshoumaru ficou em silêncio, olhando-a com uma sobrancelha erguida, até perguntar:

— Não sabe descer? – foi a pergunta dele.

Nervosa, ela confirmou com outro movimento de cabeça.

Sesshoumaru olhou para os lados. Miroku e Inuyasha provavelmente haviam se escondido dentro da casa principal da família Higurashi. Nem mesmo o avô de Kagome, atual sacerdote do Templo, atrevia-se a entrar no hokora sujo e empoeirado, com diversos objetos xintoístas sagrados.

Olhou então para Rin. Ela estava com tanto medo que havia perdido a fala. Parecia uma gata assustada esperando ser salva pelo dono ou por um bombeiro.

— Quer ajuda? – ele perguntou com tranquilidade com as mãos nos bolsos da calça.

Rin novamente moveu a cabeça num "sim" e estendeu a mão num silencioso pedido de socorro para ele.

Sesshoumaru subiu os primeiros degraus da escada de madeira e sentiu o terceiro ceder sob o pé. Era tão antigo que poderia ter acontecido um acidente se Rin, pequena e leve, pisasse nele.

— Foi bom não ter descido sozinha. – ele avisou quando finalmente a alcançou e segurou a mão dela – Poderia ter se machucado. Venha.

Depois de sentir o chão sob os pés, ela agarrou-se a ele como se fosse um salva-vidas, ainda trêmula com a situação. O rosto estava enterrado no peito dele.

— Desculpe, eu fiquei assustada quando olhei pra escada. – ela explicou – Lembrei do que Miroku-sama falou naquele dia sobre quebrar a cabeça e morrer.

Houshi miserável, ele fechou os olhos em irritação para imaginar melhor como seria a sensação de torcer o pescoço do outro rapaz.

— Deu pra notar. – ele ergueu o rosto dela para tranquilizá-la – Conseguiu pregar o seu pedido?

— Como você sabe disso? – ela franziu a testa – Eu só falei pra Kagome-chan e pra senhora Higurashi.

Sesshoumaru ergueu uma sobrancelha e ela deu um suspiro. Era evidente que ele sabia o que ela estava fazendo ali.

— Eu consegui sim. – ela deu o primeiro sorriso passado o susto, depois franziu a testa – Por que estava correndo atrás de Miroku e do seu irmão?

— Você os viu? – ele perguntou extremamente sério.

— Bem rápido. Eles estavam indo na direção do hokora.

O canto esquerdo do lábio subiu tão discretamente que ele não percebeu.

— Vamos para o jardim. – ele deslizou a mão pelas costas dela para guiá-la – Conversar um pouco.

Mal ela percebeu quando Sesshoumaru continuou a guiá-la até os dois passarem perto do hokora e ele colocar um pedaço de madeira na porta para trancar ou impedir que uma pessoa saísse.

— Você ainda não respondeu. – ela observou.

Depois de algum tempo, ele respondeu:

— Eles criaram um novo Gossip Cop. Chamam de Sengoku Jidai Times agora para as pessoas acharem mais "acadêmico".

— Ah, Miroku-sama. – Rin fechou os olhos como se fizesse uma oração.

— Eles estão com fotos nossas. Muitas. Inclusive algumas tiradas na frente do seu prédio quando eu a deixei em casa esta semana.

— Mas isso aconteceu durante a semana toda.

Sesshoumaru ergueu uma sobrancelha e Rin franziu a testa em preocupação.

— Eu nunca vou entender esse fascínio pela vida alheia que vocês sentem por aqui. – ela deu um suspiro cansado e encostou-se mais ainda nele – Por isso eles devem ter se escondido no hokora.

De repente, ela parou e estreitou os olhos para ele.

— Sess... – ela balançou a cabeça e fez menção de voltar para onde o amigo e o irmão mais novo dele estavam escondidos.

— Eles podem ficar aí por algum tempo. – ele não moveu um dedo para voltar e tirar o pedaço de madeira que os prendia lá – Se você quiser, pode abrir a porta. Daí eles ficam mais à vontade para tirar fotos suas e espalhar por aí de novo.

Rin, antes com uma expressão irritada, suavizou as feições e voltou a encostar-se nele, segurando-o pelo braço.

— Está tudo bem. Eu sei que eles vão dar um jeito de sair de lá.

De repente, os dois ouviram o barulho de vidro ou de cerâmica quebrando e um grito estrangulado, e Rin encolheu os ombros.

— Vamos, vamos. – ele insistiu, afastando-a daquele local.

Ao chegarem à área pública do templo, eles viram Kagome correndo de um lado a outro com o irmão mais novo, os dois e mais outros ajudantes obedecendo às ordens da senhora Higurashi para deixar tudo pronto no tempo certo para a abertura das festividades, enquanto Bokuseno e o avô de Kagome jogavam go sem qualquer interesse no que acontecia ao redor.

— Ah, Nozomu-san... – a senhora Higurashi a saudou – Conseguiu pregar o pedido?

— Sim. – ela timidamente colocou as mechas do cabelo atrás das orelhas – Só passei por um apuro na hora de descer.

— Oh, eu havia esquecido de dizer para tomar cuidado com a escada. – ela deu um sorriso sem graça.

— Sesshoumaru me ajudou a descer. – ela olhou orgulhosa para o rapaz ao lado.

— Que bom. – o sorriso sem graça suavizou, mas depois assumiu uma expressão preocupada, olhando para os céus – Estou preocupada agora com esse aviso de chuva. Foi a semana toda assim. Espero que as pessoas apareçam.

Depois ela começou a olhar para os lados.

— Onde está Inuyasha?

— Boa pergunta, mamãe... – Kagome parou por um instante de pendurar as chouchin, as lanternas de papel de seda, para franzir a testa na direção para onde Inuyasha correu em companhia de Miroku – Eles já deveria ter voltado. Eu vou lá atrás dele.

— Ah... ele... eu... – Rin nervosamente levou a mãos ao coração, evidentemente se sentindo culpada por ter deixado Sesshoumaru colocar a trava na porta do hokora – Quer dizer... Eles...

— Aposto que eles estão com preguiça! – Kagome saiu pisando duro à procura do outro – Inuyasha sempre inventa uma desculpa pra não trabalhar nos dias de festival!

— Ah... Eu posso ajudar, se quiserem. – Rin tentou mais uma vez oferecer a ajuda negada outras duas vezes.

— Rin, vamos conhecer a outra parte do Templo. – Sesshoumaru a convidou para tirar a culpa da consciência dela, ganhando um olhar estreitado e irritado da namorada.

— Ah, sim! – a senhora Higurashi uniu as palmas das mãos num pedido educado – Vocês podem comer algo da mesa que está preparada perto das escadarias. Kagura e Sango devem estar por lá.

— Sesshoumaru... – o avô o chamou sem tirar os olhos do tabuleiro como se temessem que as peças fugissem com a menor distração – Você já levou Rin-chan para conhecer os parques de Saitama?

O rapaz demorou para responder e fez o avô virar o rosto para olhá-lo:

— O que foi?

— Nada. – o rapaz respondeu, colocando a mão nas costas de Rin – Vamos comer algo e passear antes de o festival começar.

— Isso. Você vai gostar de Saitama, Rin-chan. – ele encontrou o olhar confuso da garota – Minha falecida esposa era de lá. Um local muito agradável.

— Vamos, Rin. – Sesshoumaru a fez dar as costas ao grupo, colocando a mão de leve nas costas dela, tudo sob um olhar atento de Bokuseno.

Depois ele voltou o rosto para o agora sorridente companheiro de jogo, notando que algumas peças faltavam e que havia perdido o jogo, gemendo uma reclamação.

Em outra parte do templo, uma grande mesa retangular, com um banco de madeira, estava preparada com comida e bebida, incluindo suco, frutas, pães e doces. Sentadas à ela estavam Sango e Kagura, esta comendo as coisas em uma rapidez impressionante.

Sango havia ido também e, assim como Rin, foi impedida de trabalhar por ser visitante naquele dia.

Rin e Sesshoumaru se aproximaram e ela colocou a mão gentilmente no ombro da amiga, notando, quando ela virou o rosto para ver quem era, o quanto Sango estava desconcertada com a forma como a grávida estava devorando as coisas.

— Ah, Rin-chan... Conseguiu pregar o pedido?

A outra franziu a testa e perguntou:

— Você também sabia o que eu ia fazer?

— Bem... – Sango coçou comicamente um lado do rosto – Você não disfarçou o seu interesse quando contei sobre isso há alguns dias...

Rin deu um suspiro cansado e sentou-se em uma parte do banco, o mesmo fazendo Sesshoumaru.

— Sim, só tive um problema pra descer, mas Sesshoumaru me ajudou.

— Ah, foi? – Sango piscou – Que bom que ele estava perto. Se fosse Miroku, ele me deixaria lá até eu me jogar nos braços dele pra ele se fingir de herói.

Rin deu uma risada sem graça e depois voltou os olhos para Kagura, que ainda devorava o que estivesse pela frente com a ajuda de Sango. A garota arrumava eficientemente os pratinhos com comida e os colocava na frente da grávida.

— Há quanto tempo estão fazendo isso? – Sesshoumaru quis saber.

— Ela estava rondando a mesa como um animal. – Sango indicou Kagura com um movimento de cabeça e continuou – A senhora Higurashi deixou que ela ficasse aqui ou ia ficar atrapalhando todo mundo lá na arrumação.

— Não ia, não. – Kagura parou momentaneamente de tomar um gole da sopa de miso para rebater.

— Ia sim.

— Não, não, não. – ela continuou negando quase infantilmente e voltou a tomar a sopa direto da tigela, intercalando com uma porção de arroz entre um gole e outro.

Sango deu um suspiro cansado e resolveu voltar a atenção ao casal que agora se servia de um pouco de comida:

— O que vão fazer até o horário da abertura?

— Sesshoumaru disse que vai me levar até Saitama. – Rin preparava uma tigela de arroz, uma de miso e outra com uma porção de teriyaki e as posicionou na frente de Sesshoumaru, começando a preparar algumas coisas sem carne para ela comer – Sugestão do avô dele. Voltamos depois.

— Ah, que legal. Eu acho Saitama muito bonito. – Sango deu um sorriso e continuou servindo Kagura – Nós havíamos pensado em levar você lá antes de irmos a Yokohama, Rin-chan.

Ao longe, os quatro ouviram o avô de Kagome gritar em desespero e Kagome reclamar para todo mundo ouvir:

INUYASHA, VOCÊ QUEBROU NOSSOS VASOS SAGRADOS NO HOKORA?

Rin olhou timidamente para Sesshoumaru, que se limitou a proferir um "hunf" de vingança.


Rin passeava de mãos dadas com Sesshoumaru pelas ruas históricas de Saitama, cidade a quase 30 quilômetros de Tokyo. A prefeitura preservava as fachadas dos prédios em estilo Edo para atrair mais turistas, assim como comerciantes mantinham lojas, restaurantes e cafeterias no estilo Kurazukuri na rua de mesmo nome.

Depois de visitar as tradicionais lojas de doces da rua Kurzukuri e ver a torre Toki no Kane, os dois andaram pelo parque Isanuma até encontrarem uma área menos movimentada de frente para o lago para poderem sentar e conversar melhor.

— Em Nagoya também temos uma área bonita como essa. – ela comentou com a cabeça apoiada no ombro dele – Eu costumava brincar toda semana com Hashi. Foi lá que ele conheceu o primeiro treinador dele.

Sesshoumaru apenas ouvia a namorada comentar sobre a cidade natal e como o irmão e ela costumavam se divertir até se tornarem adolescentes. Apesar da mania das comparações que ela sempre fazia, ele sempre se interessou pela forma como Rin contava aqueles detalhes da vida e a família dela.

— Ia ser legal se um dia você fosse lá. – ela comentou timidamente, abraçando as pernas – Foi uma sugestão do meu pai.

Sesshoumaru deitou-se na grama e colocou o braço em cima da testa como que para proteger os olhos da claridade, perguntando depois:

— Vocês conversaram, foi?

— Sim. Uma longa conversa.

Rin pausou por um momento, travando o queixo para dar um ar mais sério ao que ia falar e que tinha reservado para um momento como aquele:

— Eu não vou mais voltar pra Nagoya. – ela falou decidida.

Sesshoumaru sentou-se imediatamente na grama. Os olhos estavam ligeiramente alarmados.

— Eu falei sobre isso com o meu pai. – ela tinha as mãos fechadas em punho nas pernas, a posição em seiza – Liguei durante a semana e pedi pra ficar aqui por um tempo depois da formatura. Vou tentar o mestrado e trabalhar por aqui. Pedi pra ele me ajudar por mais alguns meses até conseguir um trabalho.

Sesshoumaru nem conseguia piscar por alguns segundos, apenas observando a figura trêmula dela. Era uma grande mudança nos planos que ela tinha organizado anteriormente.

— E o que ele disse? – ele quis saber.

— Ah, foi ideia dele na verdade. Mas também falou que eu podia voltar pra tentar algo na Universidade de Nagoya e trabalhar pra nossa família.

— Parece que tentou convencê-la a voltar para casa. – ele observou.

— Hmm... bem... ele tentou mesmo. – ela baixou o rosto para olhá-lo timidamente – Mas eu falei que queria continuar aqui por causa de você.

— Rin. – ele fechou os olhos como se rezasse e balançou a cabeça, quase da mesma forma que ela havia feito anteriormente.

— Papai falou que eu não tinha plano algum e que se era pra ficar só por causa do nosso relacionamento, era melhor voltar pra casa e trabalhar e estudar por lá e só voltar aos fins de semana pra Tokyo...

— Ele tem razão sobre isso, Rin. – ele tentou argumentar – Não ia fazer o menor sentido você continuar aqui sem fazer nada só por minha causa.

— Por isso ele deu a sugestão de pelo menos tentar o mestrado e trabalhar ao mesmo tempo. Pelo menos vou ter um objetivo e continuar os estudos. Ele falou muito sobre as mulheres não terem tanto essa oportunidade no Japão por conta do atual governo e que todas as Nozomu sempre trabalharam e nunca dependeram dos maridos ou ficaram em casa só por causa dos filhos... – ela colocou a mão delicadamente ao lado da boca para sussurrar num segredo – Ah, ele ficou meia hora falando mal do governo.

— Hunf. – ele se limitou a proferir.

Rin deu uma risada sem graça diante daquela reação e continuou:

— Disse que não me criou pra ser uma simples mulher em um relacionamento com alguém da família imperial. Ele prometeu me ajudar por pelo menos dois meses até me estabilizar... mas avisou que se eu estiver com dificuldades aqui, ele manda Hashi me buscar imediatamente.

— Você não vai ter dificuldade alguma aqui, Rin. – ele prometeu – Mesmo que eu tenha que sair de casa por causa daquele acordo entre famílias, nós não vamos passar por isso.

— Mas você ficaria sem a sua casa. Continuaria a ser injusto com você.

— Eu prefiro perder meu direito aos bens do que cumprir esse acordo. Ter que fazer uma coisa que não quero seria muito mais injusto.

— Hmm... Eu acho que você tem razão nisso. – e também significaria que eles teriam que se afastar, caso ele tivesse que casar com Asano Sara para obedecer ao patriarca – Eu não entendo como sua família simplesmente não deixa isso pra lá. Isso é tão antiquado.

Sesshoumaru voltou a deitar-se na grama, colocando um braço embaixo da cabeça para ficar mais confortável. Preferiu não fazer comentários a respeito daquilo. Aquele problema quase foi motivo para que Rin se afastasse dele de novo.

— Papai também lembrou que eu tenho uma casa. Ele pediu pra decidir até o final do curso a respeito dela... se eu vou morar com ela no fim do curso ou alugar por mais um tempo e tornar minha residência fixa.

Um instante de silêncio se fez. Ele a observava pelo canto dos olhos. Ela parecia confortável com a decisão, por mais que soubesse que em breve chegaria o momento de viver sem apoio financeiro familiar. O pai a estava treinando para conseguir as próprias coisas sozinha.

— E o seu irmão? – ele perguntou.

Rin franziu a testa, a cabeça inclinando ligeiramente para o lado como se quisesse analisar algo por outro ângulo.

— Eu não falei com ele ainda. Por quê?

— Ele não tinha que saber sobre isso também?

— Papai também perguntou a mesma coisa. – ela franziu mais a testa confusa – Vocês dois acham que Hashi pode reclamar?

Sesshoumaru apenas ergueu uma sobrancelha e Rin fez o mesmo. Era um desafio que ela estava propondo.

Limpando a garganta numa preparação ao que queria discutir, ele começou:

— Eu não conheço o seu irmão direito. Apenas falei com ele aquela vez por telefone. Mas acredito que o seu pai e eu compartilhamos da mesma visão de que haverá uma reação inesperada por parte dele.

— Inesperada de que forma? – ela quis saber, ainda mais confusa.

— Ele não vai gostar dessa decisão sobre você querer ficar mais um tempo aqui.

— E por que ele não iria gostar? É minha decisão.

— Rin... – ele tentou ser o mais direto possível – O seu irmão não queria nem que você mudasse para cá, pelo que conta. Acha mesmo que ele vai aceitar essa decisão? Estamos falando de família aqui.

— Mas isso foi antes. – ela tentou defender o irmão num tom suave de voz, dando um sorriso confiante – Hashi está muito mudado. Ficou muito tranquilo quando falei sobre você.

Sesshoumaru a fitou por um momento. Não existia um ditado sobre aquilo?

Estendeu a mão para pegar o rosto dela e aproximá-lo do dele e beijá-la.

Algo como quanto mais confiança...

Rin afastou o rosto e deu um sorriso para ele.

... Maior a decepção?

Observou o sorriso dela, resultado de uma mudança de planos. Se desse certo, ela ficaria mais tempo na cidade, mesmo os dois tendo que enfrentar a própria família. Ele, o avô que controlava a herança e outros bens; ela, o irmão.

Hakudoushi vai querer impedi-la de continuar aqui comigo, vai querer atingi-la de alguma maneira e eu tenho que estar preparado.

De repente, um pingo forte de chuva caiu no rosto dele. Outro atingiu Rin na testa quando ela olhou para cima.

— Ah... Nem tinha visto as nuvens chegando.

A grossa chuva começou a cair e acertá-los com força. Sesshoumaru rapidamente se levantou para tirar o blazer para jogar em cima dela e levantá-la.

— Vamos.

Encontraram abrigo em um coreto do parque, onde também outras pessoas, principalmente mães com filhos, buscaram proteção.

— Ahh... chuva de novo. Podia dar uma trégua no fim de semana. – ela lamentou depois de quase meia hora ali, olhando impaciente e com uma carranca para os céus.

Sesshoumaru observava o cabelo molhado, a forma como ela franzia a testa em irritação, a pele do braço e do pescoço arrepiados, parcialmente visíveis com o casaco dele jogado por cima dos ombros. Ela também tentava se proteger abraçando-se da melhor forma possível na cintura, mas não conseguia evitar os estremecimentos provocados pelo frio. Os dois teriam que trocar de roupa logo ou ficariam doentes.

— Não vamos conseguir voltar a Tokyo para trocar de roupa e retornar ao Templo Higurashi. – ele declarou.

— Ahhhh... será que Kagome-chan não teria alguma roupa por lá? Eu não quero perder a abertura. – ela reclamou com um beicinho, abraçando-se mais forte.

Sesshoumaru olhou indiferente para os céus por alguns minutos, apenas ouvindo a chuva cair e bater com força o telhado do abrigo que arranjaram.

Depois de mais um momento de silêncio, ele começou:

— Há uma pousada em um distrito perto daqui. Eu costumava ficar lá com minha família quando Inuyasha e eu éramos crianças. Há águas termais também lá. Era um dos lugares favoritos da minha mãe.

Rin olhou curiosamente, piscando suavemente, sentindo a água gelada escorrer entre os fios molhados do cabelo grudado na testa. Era tão raro Sesshoumaru falar sobre a infância ou sobre a família... Mesmo aquela relação conturbada com o avô ainda não havia sido bem explicada por ele.

— Você quer passar a noite lá? – ele perguntou, encontrando o olhar dela.

Os dois se encararam, completamente alheios ao barulho da chuva e ao estado em que se encontravam – roupas e cabelos molhados, um pouco de frio, sapatos enlameados.

Entendo por fim o que ele queria dizer com aquele convite, ela deu um sorriso e confirmou com a cabeça.


A pousada era típica propriedade tradicional japonesa para família passar o fim de semana, com jardim, quartos com banheiro, mini cozinha. Os hóspedes poderiam usufruir de todo o conforto do ambiente por quantos dias quisessem.

— Vejo que a chuva os alcançou. Não vão conseguir mesmo voltar para cidade agora e chegar a tempo para o festival mais tarde.

— Seria possível lavagem e secagem das roupas? – Rin perguntou timidamente.

— Há uma cesta no corredor. Se deixarem lá, pegarei em vinte minutos para lavar. Podem usar o yukata que deixamos aos hóspedes.

— Pode incluir o jantar também? – Sesshoumaru pediu ao tirar a mão das costas de Rin para entregar o documento de identidade tanto dele quanto dela.

— Ah, Sesshoumaru-sama, né? Eu estava tentando lembrar o seu nome. Como está o seu avô?

— Bem. – ele respondeu sem emoção. Aparentemente ele ainda era lembrado pelo dono da pousada, mesmo passado anos desde a última vez que estivera ali.

Ao lado dele, Rin não parava de tocá-lo. Ele também não deixava de tocar qualquer parte do corpo dela: a mão, o ombro, a parte de trás das costas para guiá-la até o quarto depois de pegarem a chave.

Alguns minutos depois, eles já estavam na frente do quarto. Rin o abraçava por trás, enrolando os braços na cintura dele, e ficava na ponta dos pés para beijá-lo na orelha e tentar morder o lóbulo.

— Temos que deixar nossa roupa ali. – ela murmurou timidamente ao encostar o rosto de lado nas costas dele.

— Eu mesmo tiro a sua roupa.

— Ahhh... – ela esfregou envergonhada o rosto com força nas costas dele – Eu não acredito que não estou usando nada especial de novo.

Ao entrarem, Rin teve poucos segundos para apreciar o quarto que escolheram: uma única cama grande, uma mesa com duas cadeiras e uma poltrona de canto eram destaques no espaço, com um jardim privado com banheira do lado de fora. No outro segundo, ele insistiu em tirar todas as peças de roupa molhada, assim como ela queria fazer com ele, a começar pela camisa.

Depois, ele jogava a roupa no cesto do corredor e empurrava para o outro lado do corredor, com o pé, fechando de vez a porta.

Poucos minutos depois, os dois já estavam tomando banho juntos. Ela tentava alcançar o topo da cabeça dele para espumar o shampoo, rindo da própria altura enquanto ele se mantinha sereno e com o olhar fixo no rosto dela.

— Você pode...? – ela apontou para a torneira de água quente sem completar a frase.

Sesshoumaru apenas jogou o braço direito para trás para abrir a torneira, deixando a água tirar o sabão do cabelo de ambos. Viu Rin fechar os olhos e se comportar como se fosse o primeiro banho quente que já tivesse tomado na vida.

— Se não estivesse tão corrido, poderia usar o onsen daqui. – ele sugeriu enquanto afastava a franja molhada para ver melhor o rosto dela, ganhando um sorriso de Rin ao dar a sugestão – Ou vir aqui mais vezes, se preferir.

— Hmm... bem, eu vou ficar mais um tempo em Tokyo, acredito que dá pra planejar melhor outra visita. – ela comentou enquanto sentia a mão dele acariciando a lateral do rosto do jeito que ela gostava: o polegar roçando a maçã do rosto e os demais dedos tocando um ponto sensível atrás da orelha.

Quando os dois aproximaram os rostos para um beijo, a água continuou a cair em cima deles, até ele decidir desligar o chuveiro e encostar Rin na parede. Ela sentiu o frio da lajota, mas não reclamou.

— Sess... – ela gemeu ao sentir a mão esquerda segurá-la na cintura enquanto a direita começava a explorar a intimidade dela.

— O quê...? – ele a ignorou por um momento para se concentrar naquela tarefa em específico.

Rin arqueou as costas contra a lajota gelada da parede enquanto sentia dois dedos de Sesshoumaru entrando e saindo dela. Tentou manter os olhos abertos, mas a verdade era que a sensação que ele provocava a fazia estremecer a tal ponto que ela mal conseguia se conter nas preliminares. Ela tentou se concentrar os olhos no bíceps torneado dele e levou as mãos ao rosto dele para puxá-lo para um beijo.

Não demorou muito para uma das pequenas mãos descer e começar a acariciar o membro dele e se impedida pela mão que a segurava antes na cintura. Ele encostou os lábios na orelha dela para beijar e mordiscar tudo ali, até sentir o primeiro clímax daquela tarde, murmurando o quanto ele queria que ela continuasse ali daquele jeito nos braços dele.

— Na cama... – ele murmurou – Vamos para a cama.

Algum momento depois, quando já tinham tomado banho quente e se enxugado de alguma forma, ele colocava um preservativo e a ajudava a ficar sentada em cima das pernas dele, de costas, ele ensinando habilmente como mover-se enquanto a penetrava e a beijava em pontos aleatórios das costas. Ouviu cada gemido dela murmurando o quanto ela era perfeita daquele jeito e que a queria mais e mais vezes.

Ao mudar de posição, deitando-se por cima dela na espaçosa cama de casal, ele fez questão de repetir o quanto ele queria que ela continuasse ali com ele e as garantias de que daria tudo certo para continuar em Tokyo.


— Fiquei preocupada com o contrato do meu apartamento agora. – Rin sussurrou com os olhos fixos em um ponto do quarto.

Deitada parcialmente em cima de Sesshoumaru, sentindo a mão dele descer lentamente por cima do yukata nas costas, ela desenhava com a ponta dos dedos contornos imaginários de flores e animais no tecido que cobria o peito dele.

— Vai até quando?

Ela enterrou o rosto contra o peito dele.

— Até a semana da formatura.

A mão dele parou de mover, depois suavemente foi ao rosto dela para erguê-lo delicadamente pelo queixo:

— Você ia embora daqui na mesma semana da colação?

— Eu não pensei em ficar muito tempo na época que aluguei. – ela retrucou com a testa franzida em evidente aborrecimento – Agora tenho que tentar mudar o contrato ou achar outro lugar pra ficar. Tenho medo agora de encontrar algo do tamanho de um cativeiro ou que tenha a janela do banheiro voltada para a cozinha.

Tchi. – ele voltou a deixar com um braço apoiando a nuca, olhos fechados para começar a falar com certo orgulho – Tokyo tem lugares bons para alugar por algum tempo até você se estabilizar. Eu procuro com você.

— Você vai se irritar. É demorado e cansativo porque é muito difícil encontrar lugares decentes aqui. Miroku foi comigo uma vez e ficou reclamando muito. Lembra como foi esse dia?

Sesshoumaru ficou em silêncio por alguns segundos, tirando novamente o cabelo que insistia em cobrir os olhos dela, até responder:

— Eu me lembro o que aconteceu na frente do seu antigo prédio nesse dia.

Rin sentiu o rosto ficar corado e deu um sorriso tímido ao fitá-lo. Ela lembrava bem daquele beijo. Lembrava de como ele tinha sido infinitamente surpreendente e mexido com ela a ponto de deixá-la sem dormir uma noite inteira só por causa daqueles poucos minutos juntos.

Mas naquele olhar os dois concordaram que, se tivessem tentado algo imediatamente depois daquele momento, nada daria certo se Rin não tentasse se recuperar primeiro.

— Eu não estava bem naquela época.

— Eu sei.

Talvez tenha sido melhor assim para os dois: Rin passou um tempo longe e cuidando de si mesma, ele tentando resolver como alguém como ela poderia entrar e se manter na vida dele.

Um pouco sonolento, ele pegou o duvet para cobri-los, perguntando:

— Quer descansar um pouco antes do jantar?

Rin deu um sorriso e confirmou com a cabeça.

— Vão entregar nossas roupas em mais ou menos uma hora. – ela avisou.

— Bom. – ele deslizou a mão suavemente no monte de edredom que cobria a curva da cintura, descendo as costas – Eu vou acordá-la quando começar a falar de comida.

— Tchau. – ela virou o rosto para o lado, irritada, e se escondeu embaixo do edredom de penas como se estivesse entrando num casulo.

Sesshoumaru deslizou a mão pelo pequeno monte onde Rin estava escondida até ela, segundos depois, abrir uma brecha para que ele entrasse ali também.


Mais tarde:

O templo Higurashi estava preparado para receber os visitantes: pequenas barracas estavam armadas para os compradores de lembranças; instrumentos e fogos estavam prontos para as comemorações à noite; os jardins e árvores estavam enfeitados. E numa dessas árvores reservadas para que as pessoas pregassem os pedidos para serem queimados depois, um rapaz observava o galho mais alto, sentindo o vento passar pelos cabelos longos e balançar parte do papel que tinha preso em uma das mãos.

O rapaz olhou para cima mais uma vez, observando como a iluminação do templo passava pela copa e alcançava rosto a ponto de fazê-lo fechar os olhos por um momento. Deu um suspiro profundo antes de reabri-los para olhar para os lados, certificando-se de que estava realmente sozinho. Quando teve certeza de que ninguém o observava, pulou agilmente alguns galhos até chegar ao que observara antes.

A mão parou segundos antes de pregar o papel, apenas para abri-lo e ler mais uma vez o que escrevera. Depois, tomando cuidado para não cair, esticou um braço e pregou o pedido.

A descida foi tão hábil quanto a subida. Nem precisaria usar as escadas, até porque não estavam em boas condições de uso.

No último galho, percebeu a presença de Inuyasha e Miroku passando perto da árvore.

Sesshoumaru deu um sorriso maligno enquanto os observava, ainda escondido por entre as folhas.

— Ei, Miroku... – Inuyasha começou – Ele também não tá aqui...

— Eu falei que era pra suspeitar se a informação viesse do avô de Kagome... Era por aqui mesmo ou perto das barraquinhas de comida?

— "Ele" quem? – Sesshoumaru apareceu subitamente atrás dele, fazendo-os gritar de susto.

Tanto Miroku quanto Inuyasha demoraram a virar o rosto para que o rapaz não visse o terror estampado no rosto de cada um.

— N-N-Nós... Er... Ah... – Miroku gaguejou.

— Es-Estão t-te chamando no... t-templo! – Inuyasha recuou.

— É? – Sesshoumaru estava calmo, como sempre, recebendo um sinal confirmativo deles – Quem?

O avô de Kagome. – eles responderam ao mesmo.

— Oh...? – ele parecia indiferente, inclinando o rosto ligeiramente para o lado como se quisesse estudá-los – E o que ele quer? Ele precisa da minha ajuda e não a de vocês?

— Ele quer conversar com você a respeito dos pedidos do festival. Sabe do que se trata? – Inuyasha perguntou.

Sesshoumaru arqueou as sobrancelhas.

— Ele vai queimar os papéis daqui a pouco.

Miroku e Inuyasha trocaram olhares.

— Mas não fizemos ainda nossos pedidos. – Miroku ficou preocupado.

Os dois viram o mais velho aproximar-se da árvore sagrada e passar a mão pelo tronco, lançando um olhar de soslaio a eles.

— Precisam se apressar, então.

Um minuto de silêncio se seguiu. Sesshoumaru evitou sorrir malignamente ao ver o desespero estampado nos rostos do irmão e de Miroku na hora de procurar por papel e caneta nos bolsos.

Aparentemente ignorando a presença de Sesshoumaru ali, Miroku e Inuyasha agora brigavam para decidirem quem subiria primeiro para irem até o galho mais alto e pregarem os pedidos.

Depois de uma pequena confusão em cima de um dos galhos, Sesshoumaru sorriu, imensamente satisfeito ao ver que a "vingança" estava prestes a concretizar. Mais alguns segundos e...

Crack!

Viu Inuyasha e Miroku ficarem brancos e trocarem olhares.

— Ei, Sesshoumaru! – Inuyasha berrou – Ajuda aqui, rápido!

O irmão mais velho limitou-se a arquear as sobrancelhas.

— Ei, você fez alguma coisa aqui? – Miroku arriscou, evitando mexer um dedo para não cair, pois, se o fizesse, Inuyasha ficaria bem em cima dele na queda.

— Hunf.

Sesshoumaru sorriu malignamente e deu um forte soco no tronco, virando-se para ir embora no momento em que escutou o grito conjunto do irmão e do amigo quando os dois caíram no chão.


A hora dos fogos sempre chamava a atenção dos moradores próximos e de turistas. A maioria preferia ficar sentada ou no gramado ou na parte calçada do chão do templo para olharem os céus enquanto faziam mais pedidos. Nos próximos cinco dias, essas pessoas voltariam ao lugar para ver a apresentação de danças, teatro de bonecos bunraku, comprar lembranças e fazer pedidos aos deuses.

Afastados da multidão, Sesshoumaru e Rin estavam no teto do hokora do templo Higurashi, os dois apreciando de uma vista melhor a explosão dos fogos. Rin subira com insistência e ajuda do rapaz, ainda estava um pouco zangada depois de descobrir o que havia acontecido com Inuyasha e Miroku. Cedeu apenas quando ele prometeu, não muito convincente, que pediria desculpas aos dois.

Logo depois, o namorado a carregou nos braços e pulou, ficando no meio do telhado e sentados um ao lado do outro.

— É muito bonito... – Rin estava maravilhada – É mais bonito que em Nagoya...

Sentiu o nariz de Sesshoumaru passar pelo pescoço e encolheu-se por causa do arrepio que aquilo provocou.

— Pare. Faz cócegas! – disse ela.

Sesshoumaru moveu a sobrancelha no habitual arquear.

— E ainda estou brava com você... – ela continuou – Não acreditei nessa história de pedir desculpas a Inuyasha e Miroku-sama.

— Não? – o rapaz continuava tranquilamente deslizando a ponta do nariz no pescoço dela.

— Não... – ela tentou se concentrar, mas tinha uma fraqueza toda vez que ele fazia aquilo.

Rin sentiu o braço dele deslizando na cintura para aproximá-la mais e a língua dele passando pelo pescoço dela, fazendo-a fechar os olhos e suspirar. Ele realmente sabia como deixá-la desconcertada e desconcentrada.

— Quer dizer que não acredita no que este Sesshoumaru diz, minha Rin? – ele perguntou no ouvido dela.

Rin não respondeu por não conseguir formular um único pensamento coerente.

— Você... Você não vai pedir desculpas a eles... – suspirou de novo – Tenho certeza...

Prendeu a respiração quando uma das mãos dele acariciou-lhe no ventre, virando o rosto para sorrir.

— E que bom que me conhece tão bem... – continuou sussurrando no ouvido dela – Eu preferia jogá-los do alto do Tokyo Plaza a ter que pedir desculpas aos dois idiotas.

— Sess... – ela começou num tom amigo e compreensivo – Não devia ter feito aquilo... Eles poderiam ter se machucado feio.

Sesshoumaru tirou uma mecha da lateral do rosto dela e escondeu-a atrás da orelha, fazendo-a sorrir timidamente.

— Quer dizer que vai ficar pelo menos mais dois anos aqui. – ele afirmou.

— Sim. – ela deu um sorriso – Mais dois anos e muito mais tardes como a de hoje com você.

Sesshoumaru deixou escapar um "hunf" num tom de triunfo, fazendo-a entender, apenas naquele momento, o que ela havia dito.

— Ai, eu não acredito que falei isso! – ela cobriu o rosto com as mãos, constrangida com o que havia insinuado.

Alguns segundos depois, Sesshoumaru teve que tirar as mãos que cobriam o rosto envergonhado, lembrando-se de algo semelhante que ocorreu na primeira noite juntos. Erguendo a face dela pelo queixo, eles fecharam os olhos e se beijaram no momento em que o fogo mais forte explodiu numa cascata de luzes.

Quando se afastaram, Rin piscou e deu um sorriso:

— Eu não vi esse explodindo... – murmurou.

Sesshoumaru pressionou a testa na dela:

— Você não precisa ficar desse jeito. Se você quiser, podemos fazer quando quiser.

A garota baixou o rosto e deu um suspiro, encostando a cabeça no ombro dele.

Ficaram em silêncio, apreciando mais luzes nos céus por longos minutos.

Rin então voltou o rosto para ele com uma expressão confusa:

— Ainda não entendi uma coisa... O que estava fazendo naquela árvore de pedidos?

Sesshoumaru franziu o cenho, encarando-a indiferentemente e ela deu um suspiro antes de comentar:

— Cheguei a pensar aqui comigo que subiu pra pregar um pedido e não pra fazer aqueles dois se machucarem...

Sesshoumaru encarou-a por alguns momentos e depois olhou para o céu cheio de luzes:

— Não seja tola. – disse, colocando o braço no ombro dela e puxando-a para perto dele.