Nota da autora: Passei uns dias me recuperando e atrasei nas atualizações... Mas vou tentar recuperar o tempo perdido. Creio que dará certo terminar o capítulo 32 esta semana e atualizar no próximo domingo.

Pedi para a Gaby (Twitter ohmagabs) fazer uma fanart da cena inicial deste capítulo e enviei no Telegram. É um agradecimento por acompanhem por 30 capítulos e pelos 1500 comentários :) Muito obrigada!

Obrigada pelos comentários no capítulo 30 e espero que gostem deste aqui. Se gostarem, deixem um comentário para incentivar a escrita do 32, por favor :)


UM CAMINHO PARA DOIS

CAPÍTULO 31

Mostre-me o caminho

Festividades de Ano Novo – Templo Higurashi

Assim como outros lugares naquela época, o Templo Higurashi havia se preparado para receber os visitantes para as festividades da passagem de ano. Balões de papel de seda e luzes coloridas estavam em todos os cantos, as placas com desejos, chaveiros com uma bola de cristal falso e pequenos amuletos de pano também estavam à venda em pequenas barracas.

Enquanto a senhora Higurashi, Kagome e Inuyasha cuidavam das vendas e ajudavam os visitantes daquele ano, o sacerdote, o vovô Higurashi, jogava uma importante partida de go com o amigo, Bokuseno, como sempre faziam quando um visitava o outro.

— É a sua vez. – o avô Higurashi avisou ao distraído adversário.

Ao vê-lo sem reação de novo, ele resolveu espertamente mexer nas peças como se o outro tivesse jogado e tivesse permissão de fazer uma jogada.

A mão, porém, parou no ar um segundo antes do objetivo porque outra a segurou.

— O que pensa que está fazendo? – Bokuseno perguntou.

— E o que você está fazendo? Eu te chamei duas vezes! – o outro rebateu.

Bokuseno resmungou alguma coisa e moveu uma peça, voltando a olhar para uma determinada direção. O outro seguiu o olhar e viu a jovem namorada de Sesshoumaru de mãos unidas na altura do queixo olhando para a árvore sagrada, extremamente elegante num kimono florido em tom roxo.

— Será que ela quer pregar algum pedido? – o avô Higurashi perguntou-se – Vai ser difícil de subir com aquela roupa.

— Hm... – o outro voltou a atenção para o jogo. Rin tinha tido semanas ruins depois de voltar para a capital da última viagem que fizera à família. Prova disso é que Sesshoumaru parecia passar muito mais tempo no apartamento dela no centro da cidade e mal aparecia em casa.

Pelo menos isso não afetava a faculdade dele e nem outros compromissos que ele teria como futuro chefe de família, como por exemplo...

— Eles estão bem, né?

O pensamento de Bokuseno foi interrompido e ele ergueu os olhos para encontrar o do amigo.

— Seu neto e aquela menina, quero dizer.

— Oh, eles... – ele olhou para a direção de Rin e viu o neto se aproximar dela, tomar-lhe a mão, aproximar o rosto para falar algo no ouvido dela. Era quase sempre daquele jeito, algo que nunca tinha esperado. Depois de uma adolescência rebelde por conta das obrigações que carregava no nome e o que teria que fazer, era tão estranho vê-lo como jovem adulto tão preocupado e devotado a uma jovem que era totalmente o oposto dele.

De onde estava não podia ver, mas provavelmente Rin havia ficado naquele tom vermelho no rosto que sempre aparecia quando o neto sentava ao lado dela na biblioteca quando iam jogar go.

Pelo menos ela parecia menos nervosa que nas últimas semanas, aparentemente graças a Sesshoumaru.

— Ele parece com Toga, né?

A observação chamou a atenção de Bokuseno. Por vezes ele se perguntou como Sesshoumaru poderia ser parecido com o pai quando Toga era tão amável e sempre de bom humor... Sesshoumaru, por outro lado, nem conseguiu se manter na turma de kendo da faculdade de tão violento que era ainda nos primeiros meses do curso que foi obrigado a se inscrever.

— Parece como?

— Ele parece bem devotado a essa moça. Dá pra ver de longe.

— Hmm. – o outro resmungou de novo e voltou a atenção de novo para o tabuleiro de go – Ah, isso sim.

Toga também era devotado à esposa. Ele nunca tinha conhecido alguém tão devotado à esposa quanto o filho foi. Ele lembrava como se tivesse sido há apenas alguns dias quando os dois chegaram em casa para anunciar que iriam casar.

— E Kagome me contou que eles vão viajar pra Nagoya.

— Apenas Rin-chan vai agora. – Bokuseno moveu outra peça – Sesshoumaru chegou a avisar que iria junto, mas ela pediu para não ir. Agora vamos aguentar o mau humor dele por dias até o retorno dela.

As mãos se moviam coordenadamente. Um fazia uma jogada e o outro imediatamente já estava tentando fazer progressos.

— É sempre assim. É só elas ficarem longe uns dias longe que parecem perdidos. – comentou o avô de Kagome.

— Ele fica calado, quieto, mas qualquer coisa que alguém vá falar com ele só falta agredir. Lembra quando os Asano ainda vinham aqui? Ele fica briguento como mais ou menos nessa época.

— Ela o mantém calmo. Essa é a verdade.

Bokuseno olhou para o casal. Agora Sesshoumaru curvava o rosto para falar algo novamente no ouvido de Rin.

— Lembra quando Kagome-chan viajou pra China naquele intercâmbio de duas semanas e você me disse que Inuyasha vinha aqui algumas vezes e ficava olhando pra aquela árvore?

— Oh, isso mesmo. Eu nunca entendi o que ele fazia ali o tempo todo. Parecia um cachorro esperando pelo dono.

— Sesshoumaru fica assim também. Teve uma vez que ela viajou pra ver o pai e ele ia à noite pro jardim e ficava olhando pra lua sem fazer nada por vários minutos. Só olhando. Eu nunca achei que ele tivesse tempo pra isso.

O outro bufou e soltou o comentário antes de mover a peça que o tornaria vencedor daquela partida:

— Esses garotos da sua família...

— Ah, você ganhou! – o outro protestou surpreso.

— Fica aí espionando o seu neto namorando a menina, não ia ser diferente, ué.

Enquanto isso, Rin observava o alto da árvore sagrada mais uma vez desde que chegou naquela tarde acompanhada de Sesshoumaru.

Há alguns meses, tivera coragem de subir para pregar um pedido em um dos galhos. Até o momento, as coisas estavam se encaminhando bem para o objetivo escolhido, apenas deixando algumas dúvidas sobre demais escolhas a fazer pelo caminho.

Mas não tinha mais coragem de subir para pregar outro pedido – não porque ainda recordava-se das palavras de Miroku na época. O motivo era um kimono bonito e justo demais que a impedia de pisar nos degraus da escada de madeira que auxiliava os visitantes naquela tradição.

Deu um suspiro pesado e olhou para o lado ao sentir alguém se aproximar. E era Sesshoumaru com uma camisa típica preta e hakama marrom que ressaltava no tom da pele.

— Subiu para colocar outro desejo? – ele quis saber ao estar a uma distância suficiente para ela ouvir.

Rin deu um sorriso e balançou a cabeça para os lados.

— Só queria pensar nos meus pedidos de Ano Novo. Desculpe, era pra ser rápido e acabei demorando.

O rapaz estendeu a mão educadamente para ela, um gesto que tornou-se natural quando estavam juntos.

— É só por isso que está afastada de todo mundo? Seus amigos que me pediram para procurá-la. Acham que eu a deixei chateada.

Dando uma risada, ela aceitou a mão estendida e começou a andar com ele de volta para onde havia mesas com comida e cadeiras para a celebração, olhando maravilhada os detalhes da decoração.

— Aqui fica mesmo muito bonito com esses balões e luzes. Em Nagoya também é tão bonito quanto aqui.

O casal andou sem pressa entre as cadeiras e bancos de madeira até se aproximarem de uma das barracas de venda de amuletos. Inuyasha, com a mesma roupa de Sesshoumaru, tomava conta dos itens com aparentemente má vontade, de braços cruzados e cara amarrada.

— Oi, Inuyasha. – Rin o saudou com um sorriso tímido – É você mesmo que está atendendo aqui?

— Só até Kagome voltar com a minha comida. – ele resmungou e tirou algo de dentro de uma das longas mangas para jogar de qualquer jeito para ela agarrar no ar – Toma, Kagome já separou um presente pra você.

Depois disso, ele voltou a fechar a cara e olhar desinteressado para o lado.

Rin abriu a mão e viu um amuleto em rosa e dourado bem costurado. Era o que ela tinha que usar para fazer os pedidos para o Ano Novo.

— Err... – o sorriso tímido ficou sem graça. Provavelmente ele estava com fome e por isso respondia daquela maneira.

— Vamos, Rin. – o braço de Sesshoumaru contornou a cintura dela e a afastou da barraca para outra direção – Ele não está para conversas.

Rin suprimiu a vontade de rir para não ofendê-lo. Sesshoumaru também tinha dias que não queria conversar e apenas ela conseguia se aproximar dele. Realmente era coisa de família.

— O que foi? – ele quis saber.

— Ah... – ela tentou rapidamente disfarçar, balançando o amuleto na frente dele – Eu estava pensando que meu omikuji do ano passado previu que eu teria uma benção especial este ano.

Ao contrário do que esperava, Sesshoumaru nada comentou sobre o caso dele. Continuava sério, olhando para um ponto à frente enquanto a guiava pelo caminho.

— E qual foi a sua previsão?

Foi apenas nesse momento que ele parecia em dúvida, franzindo a testa como se tentasse lembrar de algo.

— Eu não tirei ano passado.

Era agora a vez dela de franzir a testa. Como ele não poderia ter tirado?

— Eu não participei de nada ano passado. Quis ficar em casa. – ele esclareceu ao perceber o choque que ela tentava disfarçar – E estou aqui hoje porque você ficou na cidade. Eu teria ou ido com você para Nagoya ou ficaria em casa de novo.

No caminho onde estavam, ela viu que estavam perto de uma grande mesa cheia de osechi e bolinhos de arroz mochi, onde estavam Kagome, Sango e Miroku conversando alegremente enquanto ela preparava o osechi de Inuyasha.

Nesse momento, ele aproximou o rosto para falar mais discretamente ao ouvido dela:

— Reservei a pousada onde estivemos da última vez. Consegui em cima da hora.

Parando de repente, ela entendeu segundos depois o significado e corou, dando um sorriso tímido.

— Achei que passaríamos a noite aqui. – ela comentou – Kagome-chan me perguntou duas vezes se seria um quarto só para um porque não sabia se você ficaria também.

— Eles têm quartos para todos, mas o pessoal vai dormir depois das cinco da manhã. E eu sei que nesse horário você já está no oitavo sono.

— Eu aguentaria sim muitas horas acordada. – ela bufou.

Sesshoumaru mais uma vez aproximou o rosto da orelha dela.

— Então não prefere passar essas horas acordadas comigo lá nessa primeira noite do ano?

Rin segurou um riso nervoso de timidez e olhou para os lados, notando Bokuseno e o avô de Kagome sentados à uma mesa com um tabuleiro de go e os amigos acenando para que eles se aproximassem.

— E o meu trem?

— Prometo que não vai perder.

— Você sempre se planeja com antecedência pra tudo, né? – ela comentou ao voltar a caminhar ao lado dele. Acenou educadamente ao grupo para indicar que os dois estavam indo ao encontro deles – Será que eles vão ficar chateados se sairmos mais cedo?

— Claro que não, minha Rin. Eles já sabem que você precisa viajar.


No quarto da pousada onde havia se hospedado meses antes, Sesshoumaru estava ocupado em impedir que uma das mãos de Rin, a que tinha machucado anteriormente, fechasse com força formando um punho, como costumava fazer quando estava muito tensa. Não quando ele estava por cima e dentro dela tão bem acomodado, entrando e saindo enquanto ouvia os gemidos dela romperem o silêncio do quarto e da propriedade.

Ahhh... – ela reclamou de novo.

— Shh... – ele sussurrou ao ouvido dela e Rin virou o rosto para o lado, apenas para ter os lábios capturados por ele novamente.

Rin moveu a cabeça de olhos fechados, concordando com qualquer coisa que ele tivesse avisado. Ele sempre falava mais quando estavam daquela maneira, bem ao contrário do que usualmente acontecia – no dia a dia, Rin era mais comunicativa, mais sorridente, mais falante, mais extrovertida. Mas naqueles momentos à sós com ele... Nada.

— Boa garota. – ele sussurrou ao ouvido dela e Rin sentiu o estremecimento aumentar – Agora pode relaxar a mão.

Rin desfez o punho e a mão foi imediatamente arranhar as costas dele, choramingando de novo ao sentir uma investida mais forte num ponto muito específico.

Desta vez foi ele quem gemeu como se não esperasse aquele movimento. Era extremamente agradável quando era arranhado daquele jeito sem querer.

Sentou-se na cama e a trouxe junto, fazendo-a acomodar-se sentada no colo dele.

— Sua posição favorita. – ele sentiu as mãos dela usarem os ombros dele como suporte para movimentar-se.

— Eu gosto de qualquer uma com você... – ela sussurrou timidamente entre beijos que iam da orelha dele até a boca.

— Gosta, é, minha Rin? – ele sussurrou de volta.

Rin deu uma confirmação vaga de cabeça, sentindo novamente pequenos tremores típicos de quando estava prestes a gozar e Sesshoumaru permitiu-se dar um sorriso malicioso e deitou-se na cama, segurando-a pela cintura.

A garota congelou por alguns segundos e fechou os olhos. Ele já havia tentando aquela posição mais de uma vez e ela sempre pedia para mudar porque achava desconfortável ficar por cima daquela maneira. Mas era a primeira vez que ele a segurava com as duas mãos e aparentemente não ia deixar que ela fizesse tudo sozinha.

Um pouco mais confiante e naturalmente ofegante, começou a mover-se com um ritmo deliciosamente comandado por ele. A mão de vez em quando subia para tocar um seio, mas ela só precisava gemer o nome dele numa reclamação e imediatamente ele voltava a segurá-la.

Olhou para o rosto dele e notou o quanto ele estava fascinado observando o ponto onde os corpos se uniam.

Fechou os olhos e continuou movendo-se com o apoio dele. A mão esquerda ficou por cima da dele na cintura, enquanto a outra decidiu encontrar suporte espalmada no peito dele.

— Eu sabia que ia gostar. – ele ofegou enquanto se concentrava na tarefa.

— Não dá pra beijar assim... – ela reclamou meio timidamente.

Uma das mãos na cintura subiu lentamente pelo torso, seio, ombro, pescoço e segurou o rosto para fazê-la curvar-se sobre ele e poder beijá-la, como se quisesse provar alguma coisa.

— Viu? – ele sussurrou ao soltá-la – Tranquilo.

A resposta dela foi outro gemido antes de espontaneamente curvar-se de novo para beijá-lo e mover-se sem qualquer auxílio.

— Sentado... – ela pediu de novo – Por favor...

Naturalmente que ele a obedeceu, levantando as costas e acomodando-a sentada nele. As mãos subiram pelas costas dela até uma alcançar a nuca e a outra o rosto para se beijarem.

Era definitivamente uma das posições favoritas de Sesshoumaru também.


A banheira de bambu era grande e confortável o bastante para Sesshoumaru acomodado com Rin nos braços, assistindo ao vapor subir lentamente enquanto ouvia os suspiros dela.

— É a primeira vez que fico tão tarde acordada no Ano Novo. – ela comentou com um sorriso – E aqui é mesmo tão bom.

Um pouco de água morna caiu no ombro dela, propositalmente jogado pelo Sesshoumaru. Ela viu as gotas escorrerem pela pele e voltarem para a água, ouvindo a voz dele:

— Você tem certeza que não quer que eu vá?

O sorriso morreu e ela franziu a testa, dando um suspiro cansado.

— Tenho. Hashi provavelmente estará lá e precisamos conversar. Vai ser bem desgastante como das outras vezes.

Sesshoumaru remexeu-se para acomodá-la melhor nos braços. Agora, a cada vez que tentava falar sobre o irmão, ela ficava extremamente desconfortável. A relação de admiração que tinha por ele no começo mudou completamente em pouco tempo.

— E vai acertar também a vinda deles para a formatura?

— Sim. – ela confirmou com um movimento de cabeça – E provavelmente terei uma festa em Nagoya também. Acho que vai ser divertido. Ah, e você vai também, né?

A mão dele parou o movimento por alguns segundos, numa hesitação que ele desconhecia o motivo. Não havia problema em ir, já que algum dia precisaria conhecer o irmão e os pais de Rin, mas parecia que alguma coisa dizia que não daria certo fazer aquela viagem.

Obviamente, ele optou por tranquilizá-la:

— Claro. Uma viagem de trem para Nagoya. Por que não?


Nagoya – primeiro dia do ano.

Ao descer com uma mala pequena na estação central de Nagoya, Rin olhou para os lados ansiosa. Tinha ainda a pequena esperança de que o irmão poderia estar ali desde que mandara as mensagens como fazia diariamente há algumas semanas.

Mas nada. A estação estava cheia de recém-chegados da capital e outras cidades do trajeto Kantou-Aichi, mas ela sentiu-se estranhamente solitária na multidão.

Tomou um tempo e puxou o celular da bolsa de mão. Era uma tentativa para ver se havia recebido uma mensagem de Hakudoushi, mas a dela ainda estava sem resposta:

Hashi, vou pra Nagoya no dia 1o. Vou ficar alguns dias em casa. Podemos conversar?

Deu um suspiro pesado e puxou a alça da mala para deslizá-la pela plataforma.

Ao chegar na saída, ela ouviu uma vez conhecida que a fez parar:

— Ah, finalmente. Pensei que o trem ia atrasar como todo mundo na capital. – Jakotsu falou.

Parou e viu o primo que estava encostado no carro de braços cruzados. Tinha um longo casaco afivelado de lã e era possível ver apenas a gola alta do pulôver lilás.

— Ja... Jakko! – um sorriso iluminou o rosto – Você que veio me buscar ou veio ver outra pessoa?

— Você, minha prima. – o outro tirou parte do cabelo que caía pela testa e jogou dramaticamente para os lados, dado depois um suspiro cansado antes de explicar – Hakudoushi não está há alguns dias aqui. Foi pra Shizuoka participar da etapa nacional.

— Ah... – ela ficou cabisbaixa, tentando ainda entender. Talvez tivesse sido bom que ele tivesse aquele campeonato.

Pelo menos ele não está sozinho...

— É melhor assim, sabia? – ele cruzou os braços e a olhou com seriedade – Ele tá um porre nos últimos dias. Ninguém aguentar conversar com ele.

Rin ergueu o rosto. Não era bom o irmão ficar isolado daquele jeito... Será que pelo menos ele estava falando com os pais?

Para mudar de assunto, ela resolveu perguntar:

— Ah... Hmm... Por que tá aqui nesse frio? Lá dentro tá mais quentinho.

— Eu ficaria horas aí dentro vendo as pessoas chegarem da capital nos trajes mais cafonérrimos possíveis deste universo, por isso eu não entrei. Ó aquela ali com cílios led, por exemplo.

Rin deu um sorriso sem graça ao ver uma garota quase com a idade dela passar com cílios piscando em tom de lilás e rosa como se fosse um pisca-pisca. Ele balançou a cabeça e pegou a mala pequena e a colocou no banco traseiro. Depois entraram no veículo, colocaram o cinto e...

— MAS O QUE É ISSO?! – ele gritou ao ver uma mulher saindo da estação usando uma bataclava cravejada de lantejoulas cobrindo toda a cara e botas de pelúcia rosa – QUE MONSTRUOSIDADE É ESSA NA NOSSA REGIÃO? É PIOR QUE OS CÍLIOS LED!

— Para com isso, Jakko, o pessoal vai te ouvir... – Rin sussurrou puxando a manga da camisa dele, prevendo passar vergonha ali mesmo.

— Eu vou passar com o carro por cima dela!

— Para com isso, Jakotsu!

— NÃO, RIN, NÃO ME SEGURA!


Na cozinha da casa da família Nozomu, o pai estava sentado na cadeira de posição do chefe da família à grande mesa provisória, colocada ali especialmente para ele, enquanto os demais tentavam se adaptar a sentar em cadeiras e não em seiza, visto que ele ainda estava em recuperação.

Entre uma conversa e outra, falaram sobre a formatura e Rin lembrou-se de voltar para Tokyo com algumas garrafas de vinho.

— Pena que não vou conseguir subir as montanhas com você, desta vez. – ele falou enquanto bebia tranquilamente o chá – Mas você pode ir sozinha agora com aquele seu passe.

— Jakko pode ir comigo. – Rin agarrou-se ao braço do primo.

— Podemos passar lá depois que você provar as novas roupas que estão no seu guarda-roupa. – ele a olhou de soslaio – Inclusive as suas roupas da formatura.

— "Roupas"? Quantas são? – ela arregalou os olhos.

— Tem a roupa pré-cerimônia, cerimônia e a da festa. – ele franziu a testa – Não lembra como foi na vez das gêmeas?

Por conta das várias situações que havia passado nos últimos meses, Rin nem ao menos deu-se conta de que haveria um momento diferente do outro. Sesshoumaru havia comentado vagamente sobre passar o dia na casa dele antes de irem para a cerimônia principal e depois voltarem para um jantar organizado por Bokuseno.

— Ah, e vocês já decidiram se vão? – ela uniu a ponta dos dedos indicadores – Será que o médico não vai liberar?

— Ainda é cedo dizer, já que ele não quer descansar quando deveria. – a mãe levantou-se para recolher em uma bandeja prateada o bule e as xícaras de cerâmica num gesto extremamente elegante que revelava anos de aprendizagem da cerimônia do chá japonesa – Um dia desses queria tirar neve da calçada.

— Eu estava preocupado com você se machucando ao sair de casa. – ele deu a explicação num tom tão galante que foi impossível para Rin e Jakotsu não sorrirem – Que tipo de pessoa eu seria se isso acontecesse?

— Ora... – ela afastou-se para levar embora a bandeja e disfarçou para não verem o rosto vermelho.

— E como está Hashi? – Rin perguntou de repente.

Tanto Jakotsu quanto o pai se entreolharam.

— Está tudo bem com ele. Vai para mais uma etapa das nacionais com o time. Está treinando bastante. – o pai respondeu.

Rin encolheu os ombros e abraçou-se. Tinha a expressão triste e preocupada ao mesmo tempo.

— Hashi sempre treina bastante quando está com raiva.

— Ele precisava entrar numa terapia pra controlar o temperamento. Bem, mas se ele não estiver aqui, podemos fazer a festa com todo mundo da família pra falar mal dele. Todo mundo. – Jakotsu jogou o cabelo para trás num gesto altivo e levantou-se – Vamos ver a suas novas roupas, Rin.

— Ah... – ela olhou hesitante para o pai – Eu já vou. Quero só perguntar um negócio para o papai.

Jakotsu franziu a testa e o senhor Nozomu o dispensou apenas com o olhar.

— Hmm... Okay então... – ele saiu discretamente, fazendo um gesto para Rin indicando que estaria no quarto dela.

Algum segundos se passaram até ela hesitantemente encontrar o pai.

— Hmm... pai... Eu... Eu queria contar uma coisa. É sobre um problema que tenho.

— Você não está grávida, né?

Rin revirou os olhos para o próprio pai e franziu a testa em irritação.

— Claro que não, papai. Sesshoumaru e eu nos cuidamos direitinho.

Um silêncio incômodo se fez quando ela percebeu o que tinha falado e ficou vermelha, com o rosto voltado para o chão, enquanto o pai lançava o olhar mais sério que tinha sobre ela.

Sentando-se, ele deu um suspiro cansado.

— Bem, e qual é o problema?

— Hmmm... eu acho que vi uma coisa que não deveria na Universidade.

— Que tipo de coisa? Suborno? Ameaça?

— Eu descobri o caso de um professor com uma colega minha. Eles estavam juntos num caminho meio deserto que só eu tomo pra ir e voltar da Universidade. Mas eu continuei trabalhando e estudando como se não soubesse de nada. Sess também pediu pra não contar pra ninguém.

— E você está me contando isso mesmo com esse conselho dele por que...?

— Eu não sei se vou me meter em algum processo administrativo. Queria saber se conhece alguém que entenda desse tipo de problema e que talvez possa me defender se acontecer de eu ser chamada pra testemunhar. Eu não quero me envolver nisso.

O pai cruzou os braços e, depois de alguns segundos de olhos fechados para pensar, deu um longo suspiro.

— Um primo seu é dessa área. Vou falar com ele.

— Hmm... e em Tokyo? – ela perguntou timidamente.

— As pessoas daqui podem dar conta dos problemas de lá.

— Eu sei... só achei que a distância...

O pai deu outro suspiro antes de bater com o apoio no piso.

— Vou falar com ele primeiro. Se for o caso, talvez ele conheça alguém na capital.

Rin deu o mais largo sorriso possível.

— Vá ver logo as roupas com o seu primo. Descanse um pouco também. Vamos ao templo depois das seis. – ele a aconselhou – Suas primas também vão.

— Okay. – ela levantou-se e aproximou-se para dar um beijo no rosto dele – Obrigada.


Tokyo – uma semana depois

O trem Aichi-Kantou-Tokyo parou na plataforma de costume e pontualmente no horário. Rin, assim como os últimos passageiros, preparou-se para desembarcar na estação final da linha com a mala grande preparada pelo primo e a pequena que havia levado. O maior problema não era ter que deslizá-la pelos corredores do vagão ou pela plataforma até chegar a saída e pegar o táxi, mas sim descer sozinha com ela pela porta.

Suando com aquele esforço, ela desceu primeiro e tentou deitar a mala para puxar pela alça, tomando cuidado para não quebrar nenhuma roda. O problema era mais o peso e, pequena, sabia que não daria conta sem ter um dano.

Os problemas cessaram quando uma mão branca apareceu por detrás e pegou a mala pela alça para deixá-la em pé.

— Eu sabia que isso ia acontecer. – Sesshoumaru comentou – Seu primo não conhece a palavras limites.

— Ah... – ela arregalou os olhos em surpresa – Sess!

— Estava na cidade. Não custou esperar um pouco por você. – ele tomou a mão dela e a outra puxou a mala pela alça, o som das quatro rodas indicando suavemente que não havia quebrado quando ela tentou puxar do trem.

— Obrigada. – ela encostou o rosto no braço nele, a mão acariciando a região enquanto agradecia com um sorriso largo – Eu não sabia que viria muita roupa de novo.

— Isso tudo é para quantas formaturas? – ele perguntou num tom sério, mas ela sabia que, por trás das palavras, estava um senso de humor que apenas ela conseguia reconhecer.

— Eu trouxe para Sango-chan e Kagome-chan também. Trouxe vinho também para o seu avô. – deu um suspiro cansado – Quero tomar um banho bem quentinho e dormir muito.

— A temperatura baixou bastante hoje. – ele soltou a mão dela apenas para envolvê-la com o braço pela cintura enquanto arrastava a mala – Avisaram que ficaria muito ruim pelos próximos dias. Frio extremo. Espero que tenha trazido mais casacos.

Depois de guardar a mala e entrarem no veículo com Sesshoumaru à direção, Rin começou a contar sobre os dias em Nagoya, evitando falar sobre o irmão.

E só significava que...

— Você não falou com o seu irmão? – ele a interrompeu no meio de uma história estranha envolvendo Jakotsu com roupas e cílios led.

Rin baixou o rosto e olhou para os pés, abraçando-se.

— Ele viajou pra Shizuoka. Tá participando de uma competição.

— Uma das etapas do campeonato de kendô. Eu ouvi falar.

Pelo canto dos olhos, ele a fitou abraçar-se como se quisesse se proteger. Era outro hábito que ele nunca mais a tinha visto fazer desde que começou a terapia na capital.

— Acho que é bom mesmo dar um tempo. – ela começou num tom triste – Eu devo parecer uma dessas ex-namoradas neuróticas e não a irmã dele.

Ficaram os dois em silêncio por um momento até que ele resolveu falar:

— Inuyasha e eu fomos a Saitama visitar o túmulo dos nossos pais ontem.

— Oh... – ela murmurou – Você não comentou sobre essa viagem.

— Geralmente vou sozinho, mas desta vez encontrei Inuyasha por lá. Ele está fazendo arranjos para morar com Kagome e estava conversando com nosso pai.

— Inuyasha vai embora da sua casa? – ela perguntou muito impressionada.

— Ele não decidiu ainda.

O carro entrou na movimentada rua que dava acesso ao prédio de Rin, parando na frente numa vaga destinada a moradores.

— Bem... Se ele for embora, a casa ficará com quem? – ela perguntou num tom mais delicado, sabendo o quão estressante era aquele assunto para ele. A casa onde cresceu. Onde os pais moraram. O lugar onde todos os chefes de família deveriam morar.

— Eu não sei. Isso quem decide agora é meu avô.

— Você poderia arranjar o seu próprio espaço. – ela sugeriu mais diretamente daquela vez. Em outras ocasiões ela já havia feito uma sugestão mais disfarçada. Ele poderia ir embora e conseguir a própria casa, deixando para trás algo que representava tantas tradições passadas.

Sesshoumaru apenas tocou na mão dela e beijou a ponta dos dedos.

— Vou ajudar com a mala e deixá-la descansar. Amanhã podemos conversar mais.


A paisagem da cidade para o distrito onde Sesshoumaru morava mudava significativamente de prédios altos e pessoas multiculturais para algo mais classe média alta e familiar a partir de determinado ponto do trajeto. A mais de um quilômetro da saída da capital e já em outro distrito, ele via menos prédios residenciais e mais casas de família com dois e três andares tomarem conta da via.

Pensava que talvez fosse bom alugar uma casa e não um apartamento quando tivesse que sair da propriedade depois de concluir o curso. Depois de algumas noites dormindo no apartamento de Rin, ele sabia que não era uma boa alternativa. Uma casa pequena para ele e...

O telefone tocou e interrompeu o pensamento que ele vinha tendo nos últimos meses. Sabia que precisava ignorar, mas a tela tinha uma foto sorrindo de Rin. Ela estava ligando e quando isso acontecia, era realmente urgente.

Colocou no viva voz antes que tocasse pela quarta vez.

— Sim?

Sess... – ela parecia angustiada – Você tá na cidade ainda?

— Aconteceu alguma coisa? – por precaução, ele começou a diminuir a velocidade ao notar a proximidade de um acostamento.

O que é essa "advertência de coabitação" da prefeitura? Eu acabei de receber uma.

O carro freou e deu o retorno depressa para voltar para o centro da cidade.


Sesshoumaru leu pela terceira vez o documento que Rin havia recebido. Apenas duas páginas com resoluções, parágrafos, artigos, o nome dela, o pedido para se apresentar na prefeitura com o "companheiro" com quem morava para registrá-lo.

Apenas depois que ela se acalmou e conseguia falar sem ser no dialeto, eles sentaram na cama para conversar.

— Eles acham que você mora aqui também. – ela estava em seiza em cima das cobertas e parecia mais calma simplesmente por vê-lo ali – Eu vou pagar multa? Vão pedir pra pagar outra chave? Quem falou isso pro proprietário?

— Algum vizinho deve ter denunciado. – ele arriscou sem tirar os olhos do papel. Era claramente denúncia de alguém que achava que ele morador do prédio.

— Ah, claro. – ela cruzou os braços em irritação – Típico daqui. Ninguém cuida da própria vida e fica espionando a menina que veio de Nagoya.

O rapaz colocou a carta de advertência em cima da mesinha de cabeceira mais próxima e depois puxou-a para os braços. A mão direita começou a deslizar pelas costas dela e a fez fechar os olhos.

— Isso é um mal-entendido, Rin. Você precisa explicar ao proprietário que eu apenas passo a noite aqui porque você é exigente.

— "Exigente"? – ela franziu mais ainda a testa sem entender.

— Quero dizer que você me quer o tempo todo aqui, por isso devem ter achado que moramos juntos, contaram ao proprietário e ele precisou avisar à prefeitura.

— Oh. – ela ficou vermelha – Eu gosto de você comigo. Mas não sabia que poderia acontecer isso. Não quero fazer nada ilegal.

O rapaz ergueu uma sobrancelha.

— Amanhã cedo podemos resolver isso juntos com o proprietário. Não é problema algum eu passar algumas noites aqui, assim como você também dorme na minha casa. Não tinha nem que ficar justificando isso.

Rin deu um suspiro triste e cansado. Não queria problemas daquela. Queria fazer tudo direitinho e considerava aquele papel era uma verdadeira afronta.

— Bem, já que estou aqui... – ele levantou-se da cama para rapidamente tirar as abotoaduras dos punhos e desfazer o nó da gravata – Podemos tomar um banho juntos e jantar.

— Dormir comigo também? – ela perguntou timidamente.

— Achei que estava incluído nesse comentário que acabei de dizer. – ele franziu a testa enquanto abria os botões da camisa social.

— Não. – ela cruzou os braços teimosamente como se o gesto pudesse provar o quanto estava irritada, surtindo, porém, pouco efeito – Só pode dormir uma vez por semana aqui agora.

Balançando as cabeça para ignorar a atitude, ele colocou um joelho na cama curvou-se sobre ela, forçando-a a deitar-se e a descruzar os braços.

— Aposto que foi aquela moça do primeiro andar que fica de olho em você toda vez que vem aqui. – ela resmungou adoravelmente num biquinho, virando o rosto para o lado – Será que tem um canal de fofocas nesse prédio? É inacreditável o que os moradores dessa cidade fazem. Só querem saber da vida dos outros! Agora eu não posso ter um namorado? E por que você não fala nada?

A cada pergunta, ele erguia mais e mais a sobrancelha.

— Oh. – ele começou – Eu não sabia sobre essa mulher. Creio que você também não percebeu que há um rapaz deste andar que sempre abre uma fresta na porta para espiar toda vez que estamos juntos no corredor. Talvez faça isso também quando você está sozinha aqui.

Rin arregalou os olhos.

— Hmm... Eu não tinha percebido isso.

— Bem, já que não quer que eu fique aqui... – ele voltou a ficar em pé e a colocar fechar os botões da camisa.

Rapidamente ela o puxou de volta para a cama.

— Hmm... Espera... acho que pode ser umas duas vezes por semana se não tiver nenhum vizinho fofoqueiro olhando. – ela começou timidamente e o viu deitar-se, ficando sem seiza na cama.

— Você não tem que se preocupar com isso agora. – ele explicou no tom mais calmo que sempre usava quando ela ficava nervosa – Fale com o proprietário e explique o que aconteceu. Ele não entrou em contato com você antes?

Rin balançou a cabeça com toda a certeza que carregava e ele ergueu uma sobrancelha.

— Tem certeza, minha Rin? Ele por acaso não tentou ligar para você nos últimos dias?

O silêncio dela deu a resposta e ele fechou os olhos, abrindo apenas para vê-la teimosamente cruzar os braços em sinal de protesto.

— Por que simplesmente ele não veio aqui perguntar? Eu não atendo ligações de números desconhecidos. E nem falamos esse tipo de coisa importante por telefone!

— Ele provavelmente veio quando você estava viajando. – ele a puxou para os braços dele, sentindo-a relaxar enquanto suspirava pesadamente.

Alguns segundos depois em confortável silêncio, ela tentou parecer mais tranquila e confiante ao perguntar:

— Vai dar tudo certo, né?

— Claro que sim. – ele a puxou pelo braço para deitá-la por cima – Qualquer coisa, eu tiro as coisas de Inuyasha da casa, você pega o quarto dele e se registra como moradora no nosso distrito.

— Isso não parece bom. – ela ergueu o rosto para mostrar o desagrado pela testa franzida.

— Parece uma boa solução para mim – ele ergueu uma sobrancelha – Provavelmente o quarto dele vai ficar desocupado, oras.


Na metade da manhã do dia seguinte, o proprietário do apartamento, um senhor entre cinquenta e sessenta anos, estava com Rin e Sesshoumaru conversando a respeito da situação da moradia, os três reunidos no corredor que ligava a cozinha ao genkan.

— Sinto muito. – Rin se curvou no pedido de desculpas na frente do proprietário – Não sou boa com celulares. Eles se escondem de mim.

— Ela demora também para me atender. – Sesshoumaru, de braços cruzados e numa pose extremamente intimidadora, intercedeu pela namorada.

— Mas eu deixei várias mensagens.

— Eu fico dias sem olhar nada. – ela confessou timidamente.

— Difícil desu. – o homem a repreendeu e depois olhou para o rapaz dois palmos mais alto – E você mora onde, mesmo?

Como sabia que haveria aquele tipo de pergunta, Sesshoumaru tirou a carteirinha de residente do bolso do blazer, explicando ao mostrá-la:

— Distrito da família Taisho. Eu só passo algumas noites aqui com ela.

O nome fez com que o proprietário sequer tocasse no documento. Obviamente aquilo não passou despercebido para Rin, que já entendia a respeito da influência daquele nome de família.

— Bem, estou indo, ne? Está tudo explicado, ne?

O homem afastou-se para acessar o genkan e Rin o seguiu, abrindo a porta enquanto ele terminava de colocar o casaco e ajeitar o cachecol.

Na entrada, Rin curvou-se mais uma vez para uma rápida reverência.

— Desculpe mais uma vez. – ela disse num tom meio envergonhado e triste.

O homem balançou a mão direita na frente do corpo para sinalizar um "tudo bem", dando um pequeno sorriso:

— Eu ligo para falar sobre a renovação do contrato pelo período que pediu. É para atender, viu? – ele avisou.

Antes de dar as costas, Rin o parou com uma pergunta arriscada, temendo receber uma resposta desagradável:

— Er... Como o senhor ficou sabendo sobre meu namorado? Ele só veio algumas noites aqui.

— Oh. – foi a resposta dele.

Olhando para trás por cima do ombro, o proprietário se aproximou do rosto dela para fazer a confissão:

— O seu vizinho ali do corredor que denunciou. Disse que Taisho-sama estava morando aqui e achou estranho porque ninguém avisou.

Diante da revelação, Rin arregalou os olhos e o homem foi embora, dando "adeus" com a mão.

Ainda tentando se recuperar, ela fechou a porta e, ao virar-se, deu de cara com Sesshoumaru olhando seriamente para ela.

— Eu não sabia. – ela tentou se explicar sobre o vizinho – Nós nunca falamos um "oi".

— Acho que tenho que passar mais noites aqui com você para ele entender que não deve espioná-la pelos corredores.

— Hmm... Parece que agora sim vou ter problemas com o proprietário.