Nota da autora: Desculpem o atraso. Minha vida ficou uma loucura nas últimas semanas. Mas vou tentar atualizar logo no domingo de novo, dependendo dos comentários de vocês, hahahaha. Estou fazendo o possível para terminar o quanto antes. Creio que faltam uns 5 ou 6 capítulos (na minha cabeça). Ah, para quem leu o original, pode ter certeza que não vou mudar o final :) Estou bem feliz, creio que a história ficou do jeito que eu quero.
Obrigada a quem está comentando: Hellobraga, Thais, Isabelle, Li'LuH, Ayame, Dica-chan, Autumnbane, Haruna Uchiha, Jusamurai, ShivaAurora, Jamili Ribeiro e Kuchiki Rin!
Para quem esta no grupo do Telegram, temos uma imagem fofinha da formatura desses dois. Quem tiver interesse de participar, mande uma mensagem :)
Espero que gostem do capítulo e que possam comentar :) No fim de semana teremos uma surpresa.
Observação: O shūshoku katsudo é um período específico para jovens japoneses participarem de eventos e entrevistas de empregos em empresas assim que se formam (em março de cada ano). Pelo que o meu sensei explicou, imagine que eles se formam num dia, comemoram a formatura, e dois ou três dias depois já estão participando desses eventos e fazendo entrevistas de emprego. Sesshoumaru e Rin vão ter que passar por essa fase (o capítulo tem algumas menções a isso).
UM CAMINHO PARA DOIS
CAPÍTULO 32
Nossos caminhos e os dos outros
Tokyo – uma semana antes da formatura
Na frente do computador, Rin ainda estava com o yukata de dormir ao acompanhar a transmissão ao vivo de uma luta do campeonato nacional de kendô. Era a penúltima etapa e o irmão estava participando.
Ao vê-lo se apresentar e ficar de frente ao adversário para cumprimentá-lo, automaticamente as mãos uniram em oração e os olhos fecharam por alguns segundos.
Não houve dificuldade para Hakudoushi. Em instantes, ele aplicou um golpe e o juiz gritou ippon, fazendo-o celebrar erguendo a espada de madeira.
Um largo sorriso apareceu no rosto dela.
— Que bom que deu tudo certo. – ela fechou os olhos novamente e apoiou o queixo nas mãos unidas – Que bom.
Ao reabri-los, dirigiu-se até a mesinha de cabeceira e tirou o celular da gaveta para mandar uma mensagem ao irmão.
Ao olhar a tela, porém, franziu a testa. Havia recebido várias mensagens e ligações de Sango, Miroku e de Kagome.
— O que será que aconteceu?
Decidiu mandar primeiro a mensagem a Hakudoushi antes de ligar para um dos três amigos:
Hashi, parabéns! Estou tão feliz pela vitória!
Assim que clicou em enviar, o telefone tocou e ficou tensa.
Era Kagome ligando. Definitivamente havia acontecido alguma coisa.
— Kagome-chan?
Minutos depois, ela gritou um "O QUÊ?!" que ecoou no quarto.
Tokyo – Hospital Universitário
Na sala de espera do Hospital Universitário, Rin, Kagome e Inuyasha aguardavam duas coisas – a chegada de Miroku e Sango, atrasados por conta do trânsito, e notícias de Kagura, já em trabalho de parto há várias horas.
Kagome e Inuyasha foram os primeiros a chegar. Rin pegou um metrô e um táxi, tendo que parar no meio do caminho para comprar uma lata enfeitada de biscoitos doces e um pequeno urso para não chegar de mãos vazias. Kagome tinha um balão amarrado num braço da cadeira e segurava em cima das pernas um embrulho que parecia ser roupa.
Enquanto as duas estavam com as mãos unidas em oração, Inuyasha tinha os braços cruzados e olhava para o teto com um ar meio desfalecido.
— Fome... – resmungou.
As mulheres nada falaram. Estavam mais preocupadas com o que estava acontecendo em outra sala.
— Fomeee... – ele continuou resmungando.
— Inuyasha... – Kagome deu um sorriso forçadamente gentil e educado – Você não quer ver alguma máquina automática e comprar umas besteirinhas? Eu também queria comer alguma coisa.
O rapaz a olhou de soslaio, depois deu um suspiro e levantou-se, jogando o casaco por cima do ombro.
— Quer alguma coisa também, Rin?
— Ah, não... – ela balançou as mãos na frente do corpo totalmente sem jeito – Não precisa comprar nada pra mim.
— Ah, é... esqueci que você só come mato.
— INUYASHA! – Kagome bateu a mão na perna em sinal de irritação.
— Tá bom, tá bom... – ele afastou-se dando tchau sem olhar para trás.
Um momento de silêncio se fez entre as duas até ser quebrado por uma risada de Kagome.
— Desculpe, Rin-chan... – Kagome começou, tentando parar de rir – Ele costuma fazer esses comentários sem a menor noção.
— Tudo bem, eu não ligo. – ela tentou fazer com o que o sorriso não saísse tão forçado – Meu irmão falaria umas coisas assim só para me provocar e me fazer rir.
— Ah, você tem um irmão, né? Eu lembro quando nos contou sobre ele na cafeteria... Ele e os seus pais virão para a formatura?
Rin evitou sorrir e baixou o rosto para evitar que a outra visse a expressão.
— Ah... Eles acharam melhor não... Meu pai ainda está se recuperando de um acidente.
— Ah! Eu soube! Acho que foi Inuyasha quem me contou. – o dedo indicador tocou o queixo para completar a expressão pensativa – Que pena, Rin-chan...
— Mas eu vou viajar pra Nagoya e passar alguns dias lá. Já avisaram que teremos uma grande festa. Vou ficar uma semana lá.
— Eu adorei a roupa que o seu primo mandou. – Kagome tinha uma expressão sonhadora – Sinto vontade de usar todos os dias na faculdade. Agradeça por mim quando encontrá-lo, por favor.
— Eu falo sim, pode ter certeza. Ele gosta muito de saber o que acham das criações dele. – a outra forçou um sorriso. Sango havia dito algo parecido antes de começar a aparecer na faculdade quase todos os dias com o mesmo modelo. Diziam até que havia ganhado uma enquete contra Rin por alguns pontos a mais.
— Sesshoumaru vai com você nessa viagem?
— Ah, ele não decidiu ainda... Disse que ele e Bokuseno-sama iam conversar sobre algumas coisas. Ele vai para a semana de shūshoku katsudo em alguns lugares e vai me ajudar a organizar a minha semana aqui quando eu voltar. Queria encontrar logo um emprego pra me manter aqui.
— Entendo... – Kagome a fitou seriamente. Sendo parte daquele círculo, a garota sabia muito bem do que se tratava. Provavelmente conversariam sobre as condições para ele sair de casa depois de formado.
— Mas estamos organizando a ida dele. Mal posso esperar pra ele conhecer meu pai. Acho que ele ficaria surpreso. Papai ia notar logo a diferença entre nós. Eu falo muito e ele é sempre tão silencioso, né?
Kagome deu uma risada e olhou a direção tomada por Inuyasha, comentando então:
— Nem parecem irmãos, né?
Diante da expressão confusa da amiga, ela completou depressa:
— Sesshoumaru não é de falar muito, quero dizer. Bem diferente de Inuyasha.
Os lábios de Rin curvaram novamente num sorriso. Os dois nem pareciam ter sido criados juntos.
— Sesshoumaru me contou que vocês planejam morar juntos. – ela resolveu comentar.
— Ah, foi? – Kagome corou numa evidente surpresa – Ah, são planos ainda muito no começo... Precisamos ajeitar mais algumas coisas, mas pensamos em fazer isso ainda este ano. O problema é achar um apartamento pra dois. Foi difícil encontrar uma coisa legal só pra mim.
— Renovei o contrato do meu há alguns dias. Mais seis meses, por enquanto. Fiquei com medo de perder e procurar mais lugares horríveis. Fiquei traumatizada daquela vez.
— Eu me lembro... – Kagome ficou pensativa por alguns segundos, murmurando um longo "hmm" antes de continuar – É bem difícil mesmo por aqui, principalmente no centro da cidade. Aquele seu antigo apartamento era bom, mas o local era afastado.
Ficaram as duas em silêncio de novo. Rin não tinha boas lembranças do local, o primeiro onde ficara assim que chegou à cidade.
— Vocês não pensam em fazer o mesmo? – Kagome perguntou curiosamente. Intimamente, era algo que há tempos queria perguntar. Ela percebia o quanto Sesshoumaru e Rin eram extremamente ligados mesmo com pouco tempo de relacionamento.
— Fazer o quê? – Rin piscou sem entender.
— Arrumar um lugar só pra vocês...? – ela falou num tom hesitante por não saber se deveria tocar naquele assunto.
A pergunta a pegou tão desprevenida que só conseguiu piscar sem encontrar uma resposta, confirmando a hesitação da amiga. Rin nunca havia pensado em morar com Sesshoumaru, ainda mais na situação em que ele se encontrava.
— Desculpa, eu não quis...
— Hm... Nós nunca pensamos nisso. É que eu não arranjei trabalho ainda e só vou tomar algumas decisões depois de tentar entrar no mestrado. Por enquanto, vou morar sozinha.
— Ah, entendi.
Ficaram as duas em silêncio de novo por alguns instantes até Kagome voltar a falar:
— Estou lembrando aqui que Sesshoumaru brigava todo dia com a família e depois passou para a fase do tratamento silencioso. Não falava com ninguém e vivia sozinho e Bokuseno-sama e os outros simplesmente corresponderam. Até Inuyasha. Devia ser bem estranho morar com várias pessoas e não ter contato com ninguém.
Rin apenas deu um sorriso tímido. As pessoas ainda tinham uma visão equivocada do namorado.
— Ele fala bastante comigo.
— Eu acho que ele conversa apenas com você ainda, mas notei que ele fala um pouco mais com Bokuseno-sama agora. – a mão de Kagome levou graciosamente a mão à boca, balançando a outra para Rin – Acho que você serviu de ponte entre os dois.
— "Ponte"... – a outra repetiu num sussurro vago. Era verdade que ela e o avô tinham uma boa relação desde que passaram a jogar go na biblioteca, mas ela não via mais nada além daquilo. Talvez os dois realmente tivessem passado a discutir menos na frente dela.
Neste momento, Sango e Miroku chegaram esbaforidos trazendo várias sacolas com presentes para o bebê e com comida.
— Desculpem o atraso, a Kagura pediu pra passar no apartamento dela e pegar algumas coisas. – Sango fez pelo menos duas reverências, mortalmente envergonhada por deixar as duas esperando tanto – E Miroku dirige tão devagar, acho que se eu tivesse vindo andando chegaria mais rápido.
— Talvez alguém não estivesse tão ocupada em ficar vestindo toda hora a roupa da formatura feita por um certo estilista, talvez a gente tivesse...
Nessa hora, Sango deu uma cotovelada nas costelas dele e o deixou sem ar.
— Desculpem, meninas... – ela abriu uma sacola – Trouxe obentô porque não sei quando vamos embora...
Nesse momento, Inuyasha voltou para a sala com vários sanduíches comprados em máquinas. Ao ver as sacolas de comida, atirou no colo de cada um os pacotes industrializados e cheio de conservantes, reclamando:
— Vão comer tudinho isso sem dar um pio!
— Eu não vou comer isso! – Sango ergueu os pacote na ponta dos dedos com nojo até de tocar – Nem a Kirara come isso e olha que ela vive comendo lagartixas!
Antes que alguém do grupo fizesse outro comentário engraçado, uma enfermeira aproximou-se e fez uma rápida reverência antes de finalmente falar:
— Vocês já podem entrar.
Em cinco minutos, eles estavam amontoados no quarto de Kagura, que segurava um bebê – um menino visivelmente saudável, corado e sonolento.
Exausta, ela ainda deu um sorriso franco antes de acenar para o grupo para que se aproximasse.
— Como você está? – Sango perguntou ao tirar os fios de cabelo da vista de Kagura.
— Quero dormir por dez dias... – ela murmurou extremamente cansada e deu um suspiro, olhando para os rostos de cada um – Obrigada por virem me ver.
— Como íamos perder a chance de conhecer essa coisinha linda? – Kagome deslizou a ponta dos dedos nas bochechas.
— Quem quer ser o primeiro a segurar? – Kagura perguntou, oferecendo o menino.
— Eu, o padrinho! – Miroku exclamou e todo mundo arregalou os olhos, incluindo a mãe da criança.
— Tchi. – Inuyasha zombou.
— Desde quando isso? – Sango perguntou, cruzando os braços.
— Quero treinar para os meus futuros nenéns. – ele segurou o menino delicadamente nos braços e ignorou Sango engasgando e ficando vermelha de raiva/vergonha – Olá, rapazinho!
— Trouxemos alguns presentes... Meu e de Sesshoumaru. – Rin esticou os braços para Kagura – Parabéns pelo bebê.
— Ah, obrigada... – ela aceitou primeiro as lembranças de Rin, acomodando os demais presentes dos outros amigos nos espaços vazios nas laterais da cama à medida que os recebia – Ué, cadê ele?
— Vamos nos ver só mais tarde. – Rin explicou – Eu pedi pra ele resolver uma coisa do contrato do meu apartamento e ele precisou ir à prefeitura. Vou ficar mais dois anos aqui se eu consegui passar no mestrado.
— Oh... Eu não sabia que ia ficar por aqui ainda. – a outra deu um sorriso cansado e suspirou – Eu estou tão por fora das coisas, não deu pra acompanhar nada com essa gravidez. Não consegui mais ler nada do Gossip Cop desde que tranquei a faculdade. Sabe-se lá o que esse povo fofoqueiro anda aprontando.
— Isso não está circulando por lá. – Miroku embalava o sono da criança nos braços – Gossip Cop só está agora cuidando de expor a verdade e verificar fatos para combater fake news. Estamos tentando construir a imagem de pessoas sérias e responsáveis agora que estamos nos formando. Vocês têm ideia da quantidade de mentira que esse povo inventa pra chamar a atenção na internet, hein?
Kagura deu uma gargalhada.
— Por favor, eu sou uma pessoa séria! – Miroku asseverou, depois olhou para o menino – Né, neném? Não é mesmo que o seu padrinho é uma pessoa muuuuito séria?
— E qual de vocês três vai ser a próxima? – Kagura perguntou para as mulheres presentes.
Kagome, Sango e Rin arregalaram os olhos.
— Eu quis dizer segurar o bebê. – ela explicou, balançando a cabeça em desalento, ignorando as gargalhadas de Inuyasha – Alguém tire das mãos de Houshi ou ele vai ficar babando o dia todo em cima do meu filho.
As três suspiraram aliviadas.
— Hmm... – Rin timidamente começou – Posso?
Miroku deu um sorriso gentil e entregou o recém-nascido nos braços de Rin, notando os quatro amigos estavam atrás dela observando-a.
— Ele é tão pequenininho! – Rin estava fascinada com o ser que tinha acabado de chegar ali.
O bebê virou o rosto vermelho para o lado, olhos fechados por não ter se acostumado ainda ao ambiente. Queria dormir mais ainda. Um bracinho dele esticou com os dedinhos esticados e ela entendeu que deveria cumprimentá-lo.
— Bem-vindo ao mundo, menininho... Espero que goste bastante daqui. – ela falou com um sorriso.
Dia da Formatura – início da primavera
A formatura na Universidade de Tokyo seguia o padrão das demais instituições japonesas – poucos parentes ou absolutamente nenhum, nada de palco para receber diplomas individualmente, mulheres com kimono colorido sem obi e um hakama, com ramalhetes de flores típicas da primavera em mãos, e homens de terno e gravata. Cada grupo tinha uma sala reservada e uma pessoa era responsável por pegar os diplomas e entregar aos colegas.
Em uma das salas estavam Rin, Sango e Miroku aguardando pacientemente Sesshoumaru retornar com as pastas dos diplomas enquanto conversavam com Inuyasha e Kagome.
Com um kimono florido e hakama roxo e segurando um buquê, Rin tentava conter a perna de balançar por conta do nervosismo. Ao lado dela, a amiga também não se sentia diferente:
— Papai não para de me ligar. – Sango começou a rir de nervosismo – E de manhã eu estava tão nervosa que errei várias vezes meu nome enquanto treinava minha assinatura.
— Eu tenho medo do papel pegar fogo por causa de alguma maldição. – Miroku acrescentou ao receio – Meu pai me deu uma caneta-tinteiro com o meu nome. Tô com medo de usar. Acho que ele botou sake no lugar da tinta pra me deixar desesperado na hora de manchar o diploma.
— Tchi. – Inuyasha se limitou a gracejar.
— Sesshoumaru deve chegar logo. – Kagome tirava fotos de momentos espontâneos dos que estavam se formando – Ele deve estar verificando algum documento duas vezes pra ver se não tem erro.
Segundos depois de Kagome terminar de falar, Sesshoumaru apareceu na porta com as pastas roxas na mão direita.
— Deu tudo certo? – Rin perguntou.
— Não aconteceu nada com nossos documentos, não é? – Sango estava quase para estregar as unhas cedendo à tentação de roê-las.
Miroku estava quase verde de nervosismo.
Em lugar de responder, ele silenciosamente entregou a pasta com o nome de Rin, depois a de Sango. Miroku esticou a mão para receber a dele, mas Sesshoumaru só jogou a pasta no ar para o outro pegar.
Nervosa, Rin abriu a pasta e deixou um sorriso aparecer. Estava tudo certo. O nome era o dela. As notas estavam todas certas. Todos os carimbos estavam nos lugares certos. Um pequeno cartão de parabéns assinado pelo diretor da faculdade também estava lá.
— Ahhh... – ela fechou os olhos e abraçou a pasta com carinho – Finalmente acabou.
Ao abrir os olhos, Sesshoumaru estava na frente dela para entregar uma caneta sem dizer uma palavra.
Rin confirmou com a cabeça e assinou o documento de entrega e o diploma.
— Está formada agora, minha Rin. – ele falou ao ouvido dela.
— Você também. – ela deu um sorriso – Ah, sua gravata está torta!
Largando os documentos, ela novamente tirou o tempo necessário para ajeitar a peça até ficar satisfeita.
— Como o seu avô não consegue arrumar direito uma gravata? – ela murmurou – E se você saísse com ela desse jeito na foto?
— Creio que ele estava ocupado falando de você hoje cedo e não prestou atenção no que fazia. – ele não se incomodou com o comentário e parecia gostar de observar as mãos dela ajeitando a peça – Ele quer saber se você vai dormir em casa depois do jantar. Vai pedir à Kaede para preparar o café da manhã.
— É porque quer jogar comigo e provocar você. – ela sussurrou de volta e tentou suprimir o sorriso enquanto terminava a tarefa e sentia o rosto ficar um pouco ruborizado – Eu posso sim passar a noite lá.
— Creio que não terá tempo para jogar hoje, mas creio que amanhã será possível, se ele não estiver de ressaca.
Havia uma serenidade que ela conseguia ver nos olhos dele apenas quando estavam juntos. Os olhos dourados pareciam tranquilos e recordava-se bem de quando se conhecerem, quando Sesshoumaru parecia irritado o tempo todo com todo mundo.
Ainda fica um pouco, pensou. Mas não quando estamos juntos...
— Perfeito. – ele completou num sussurro.
— Vou ter que me trocar em casa e arrumar minha mochila com algumas coisas. – ela sorriu timidamente, terminando de endireitar a gravata.
— Eu espero.
Um barulho de flash chamou a atenção e os dois olharam na direção de Miroku, este com um celular em mãos:
— Vocês estão concorrendo ao posto de casal mais bonito do último ano no Gossip Cop. Sangozinha e eu estamos na parada também.
Rin franziu a testa e estreitou os olhos para reclamar:
— Você não disse que não faziam mais essas coisas?
— Hunf. – Sesshoumaru zombou e pegou os documentos de Rin e Sango antes de sair da sala. Precisava entregar os documentos na coordenação e voltar o quanto antes para o apartamento de Rin para que ela se arrumasse para o jantar.
— Ahhh! Não, espera, leva meus documentos também! – Miroku correu atrás dele.
Dentro da sala, Kagome e os demais olhavam felizes e sorridentes para a porta.
— Algumas coisas nunca mudam... – Sango começou – Ele fazia isso quando não conseguia terminar a prova no tempo certo e corria atrás do professor pra entregar!
Os celulares de quase todos sinalizaram o recebimento de mensagens. Inuyasha abriu o anexo e soltou um "keh!" e Kagome, curiosa, quis ver o que era.
— Ah, que lindos... – ela deu um sorriso e mostrou a tela para o grupo – Olha, Rin-chan!
A amiga corou ao ver a foto dela ajeitando a gravata de Sesshoumaru, tirada momentos antes por Miroku, e diversos comentários elogiando os dois.
— Vou votar no Miroku e na Sango. – Inuyasha deu um sorriso malandro enquanto digitava alguma coisa.
— Inuyashaaa... – Kagome puxou a orelha dele.
Sesshoumaru levou Rin por alguns minutos para o jardim das magnólias para tirar uma última foto dela no local. Lá, ela viu as árvores de flores brancas e roxas, além das árvores de cerejeiras, soltarem pétalas que eram carregadas a outros lugares pelo vento, deixando a paisagem mais florida.
— É a primeira vez que vejo tudo assim. – ela parecia maravilhada, abrindo os braços para rodar com as flores e os diplomas em mãos – É tão bonito.
— Nós começamos a vir aqui quase no final do verão, já não estava mais assim nessa época. – ele falou enquanto simplesmente observava várias pétalas, principalmente das cerejeiras, voarem pelos cabelos da namorada.
Rin corou e segurou com força a pasta do diploma e o buquê.
— Fique aí parada. – ele pediu.
Rin o viu tirar do bolso da calça o celular e apontar para ela. Percebeu então que, obviamente, ele não deixaria passar a oportunidade de ter mais uma foto daquele momento.
Ajeitou as costas e os ombros, a pasta na mão esquerda para mostrar o nome e o buquê na direita. Atrás, as árvores de cerejeira completaram o cenário.
— Perfeita. – ele falou num tom suficientemente alto para que ela ouvisse e desse um sorriso, sentindo o rosto levemente corado.
— Essa você pode usar no seu celular. – ela falou ao lembrar-se das outras fotos em que aparecia parcialmente sem roupa e que ele usava com frequência como tela inicial no aparelho.
Um vento mais forte passou por ela e esvoaçou o longo cabelo negro, fechando os olhos por alguns segundos.
Ao reabri-los, viu Sesshoumaru na frente dela, curvando o rosto para beijá-la.
— Hmm... – ela gemeu, fechando os olhos para aquele instante.
Os lábios se separaram e ele aproveitou o parcial atordoamento em que ela se encontrava para falar ao ouvido:
— Vamos passar a noite na minha cama.
Rin arregalou os olhos, depois suavizou o rosto e sorriu:
— Que bom que dá tempo de trocar de roupa antes do jantar. Vou usar uma coisa especial.
— Outra coisa especial? Quando você vai entender que meu objetivo nessas horas é que não use nada?
Ficou na ponta dos pés para falar ao ouvido dele, usando o ombro dele como suporte para o queixo e envolvendo-o pela altura da cintura com os braços, sem largar as coisas:
— Obrigada por me acompanhar até aqui. Teve um momento da minha vida que eu não sabia se conseguiria ter um dia assim.
Sesshoumaru virou o rosto de forma a encontrar os olhos levemente marejados dela.
— Vamos. – ele falou suavemente.
Naturalmente que ela entendeu o que ele queria dizer. Ele a levaria para casa, poderia se trocar e depois se dirigiriam à casa dele para o jantar de formatura preparado por Bokuseno.
— Sim. – ela enfatizou com um aceno de cabeça.
A garota de longo vestido de renda preto com detalhes bordados, alças curtas, decote em "U" e cabelo castanho preso por um delicado prendedor era alvo de parabéns de todos os convidados presentes na mansão Taisho. À mesa, ela conversava e respondia perguntas sobre o curso que ela pretendia fazer pelos próximos dois anos e sobre a semana de shūshoku katsudo, momento quando os jovens japoneses recém-formados precisam enviar currículos e participar das entrevistas de seleção de emprego em março de cada ano.
— Você conhece toda essa gente mesmo ou só são amigos do seu avô? – ela perguntou ao rapaz ao lado. Havia pelo menos mais umas vinte pessoas ali, além dos conhecidos rostos de Kaede e de um mal-humorado Inuyasha. Kagome não estava presente, desculpando-se por não ficar para ajudar Kagura e o bebê em casa.
De relance, ela viu que Inuyasha parecia mais incomodado com o avô falando alto e com o horário, observando o ponteiro do relógio no braço o tempo todo. Era como se não quisesse mais estar ali sem a namorada.
— Pelo menos aquelas pessoas não vieram hoje... – Rin comentou num sussurro a Sesshoumaru – E acho que seu irmão também já está cansado e quer se retirar.
— Hunf. – foi o comentário que ele se limitou a fazer.
Rin tentou prestar atenção aos que os convidavam falavam. Alguns mencionavam o nome de Sesshoumaru aqui e ali, mas apenas para falar sobre onde ele poderia trabalhar.
— Eles não vão falar com você? Por que eles precisam falar com o seu avô? – ela sussurrou meio preocupada, evidentemente sem entender o motivo de outras pessoas escolherem o que Sesshoumaru tinha que fazer. Ele era maior de idade e sabia tomar as próprias decisões.
— Ele é o chefe da família. – ele falou simplesmente – Ele vai escolher.
— Hmmm... – ela murmurou ainda preocupada – Mas você vai pelo menos poder escolher? Não faz o menor sentido você ter que seguir algumas coisas só porque seu avô ou o seu pai quiseram assim.
— O fato de ele escolher não significa que eu vá aceitar. – foi a simples resposta dele.
— Oh... – ela murmurou antes de tomar um gole de vinho – Não sei se teria essa chance de aceitar ou não. Estou preocupada em conseguir um emprego e me manter aqui.
Sesshoumaru aproximou a boca da orelha dela para falar:
— Talvez eu faça mesmo isso para mantê-la aqui comigo.
Rin esqueceu-se do comentário que estava na ponta da língua ao sentir os dedos de Sesshoumaru deslizarem pela perna direita e corou de leve. A mão delicadamente ficou por cima, acompanhando assim o movimento que ele fazia por baixo da mesa.
— Não precisamos ficar muito tempo depois da sobremesa e do chá. – ele sussurrou.
A mão subiu mais ainda na perna e ela sentiu um rápido estremecimento.
— Seu avô vai querer beber vinho depois. – comentou com um sorriso tímido.
A risada alta de Bokuseno atraiu a atenção. Ele já estava bebendo vinho e relativamente mais animado com algumas conversas.
— Esse vinho que você trouxe da sua região faz com que ele fique sonolento mais rápido. Ele nem vai querer passar a noite jogando go ou conversando durante a madrugada como das outras vezes.
Rin meneou a cabeça como se desaprovasse aquela atitude, silenciosamente dizendo que ambos deveriam permanecer ali até o último convidado, principalmente ele: aquela comemoração era pela formatura de Sesshoumaru, afinal.
— Vamos pelo menos dizer boa noite. – ela avisou com altivez, estendendo a mão para pegar o copo de vinho novamente – É sério. Essa celebração é pra você.
Sesshoumaru ergueu uma sobrancelha, ainda deslizando a mão nas pernas dela.
O irmão mais novo soltou mais um típico keh e deixou os talheres ao lado do prato principal.
— O Velho tá bebendo. Vou nessa. – Inuyasha limpou a boca com um lenço branco e bordado e recebeu um olhar estreitado de Kaede – O que foi agora, baba?
Com a cabeça, ela apontou para o casal recém-formado e Inuyasha coçou a cabeça:
— Ah, parabéns e talz. Vou nessa. – ele levantou-se e acenou para os três antes de se retirar.
Um momento de silêncio passou e então Sesshoumaru fez menção de se levantar com Rin.
— Oh, já vai também? – Kaede estava surpresa, olhando ora para ele, ora para ela.
— É que demoramos muito para receber nossos documentos. Também demos uma última volta na faculdade. – Rin explicou por ele – Será que Bokuseno-sama vai ficar chateado se...?
A pergunta morreu porque Kaede não precisava que ela completasse para saber sobre o que tratava. Olhou para o patriarca da família ainda em conversa com amigos, um grupo que definitivamente não combinava com aquele casal tão jovem e com pensamentos tão diferentes dos que conversavam ali.
— Eu falo com ele que vocês já se retiraram. Ele só vai perceber de manhã, afinal.
No corredor que levava ao quarto de Sesshoumaru, era possível ouvir ainda a conversa e as risadas dos convidados e de Bokuseno no andar inferior. Provavelmente continuariam até alta parte da madrugada daquela maneira – e os dois não usariam esse tempo para ficar com aquelas pessoas.
Parados na frente da porta do quarto dele, Rin ficava na ponta dos pés para beijar a orelha dele. Por mais que Sesshoumaru mantivesse a usual expressão séria, ela sabia o quanto ele gostava daquilo.
Com a porta aberta, ele deu passagem apenas para que Rin passasse na frente e ele, por trás, pudesse pegar a presilha do cabelo dela.
— Ah! Não, Sesshoumaru! – ela reclamou e ficou na ponta dos pés para tentar pegar o caríssimo presente do primo – Devolve!
Rin pulou três vezes tentando pegar a presilha e sentiu-se agarrada no ar e cair em seiza na cama. Foi o tempo que ela usou para puxá-lo pela gravata, permitindo que ficasse por cima ao deitar-se.
As bocas se encontraram brevemente, apenas para Sesshoumaru decidir explorar o queixo e depois o pescoço ao mesmo tempo que sentia as mãos quentes dela abrirem os botões da camisa dele e deslizá-las pelas costas.
Para ajudá-la, ele mesmo tirou a parte de cima, jogando-a para o lado. Depois, era a vez dele de deslizar as alças do vestido preto.
— Espera... – ela levantou-se e ficou com um joelho apoiado na cama e um pé no chão, terminando de deslizar as alças e deixando a roupa aos pés da cama. Ficou apenas com a peça de baixo e seios e ventre expostos ao olhar dele.
Imediatamente Sesshoumaru a puxou para os braços.
— Tão bonita quanto na primeira vez. – os lábios dele deslizaram pelo seio e subiu até a base entre o pescoço e o ombro.
— Sess... – ela segurou o rosto dele contra os seios.
A língua deslizou para o outro seio e ela gemeu de novo.
— Eu quero ficar por cima hoje... – ela deslizou as mãos pelo cabelo dele e choramingou/murmurou, um tom entre os dois que ele conhecia bem. Sabia também que a namorada gostava de falar daquele jeito quando queria que fizesse todas as vontades dela.
— Quer, é? – os dentes deslizaram e cravaram na pele do ombro.
Ele pensou que tinha sido de leve, mas a resposta de Rin para aquilo foi outra:
— AI! – ela o empurrou – Não faz isso!
O resposta dele foi uma expressão cínica e indiferente, como se não tivesse feito nada.
— VOCÊ ME MORDEU, SESSHOUMARU! VIROU CACHORRO, É? – ela falou entredentes e o empurrou para soltar-se, correndo seminua para o closet.
Havia apenas lâmpadas de luz amarela perto do espelho e ela acendeu duas para observar melhor o que ele havia feito no local que estava ardendo.
Uma região vermelha indicava o local da mordida, evidenciado ainda mais na pele delicada.
— Nããão... – ela reclamou. Era evidente que ficaria roxo e precisaria passar um remédio.
Abriu as gavetas da cômoda próxima até encontrar uma toalhinha limpa, passando no local. Como ele não sabia que aquilo poderia doer?
Ao olhar-se no espelho, viu Sesshoumaru atrás dela com parte do rosto encoberto pelas sombras, mesmo com a luz amarela. Os olhos estavam quase negros de desejo.
Sem dizer uma única palavra, ele tirou a toalha da região e beijou o local e subiu os lábios pelo pescoço, arrancando instantaneamente um suspiro dela. As mãos foram para o quadril, deslizando a calcinha pelas curvas até caírem aos pés de Rin. Os dedos quase imediatamente desceram para encontrar a intimidade, os dois gemendo ao mesmo tempo.
— Já está pronta pra mim. – ele sussurrou ao ouvido enquanto a outra mão acariciava um dos seios.
— Você me mordeu... – ela reclamou fracamente e virou o rosto para procurar os lábios dele – Já falei pra não...
Parou de falar quando ele a beijou com toda vontade possível, arrancando mais suspiros que reclamações. Em minutos, nem lembrava mais o motivo de ter ficado irritada.
— Vem... – ele a virou e forçou a dar passos para trás até as costas encontrarem a parede mais próxima em frente ao espelho.
Erguendo o joelho esquerdo na altura da cintura e murmurou um shhh ao ouvir um gemido de reclamação, movendo o outro para melhor encaixar-se entre as pernas dela.
Rin suspirou e ofereceu o pescoço para mais beijos e mordidas, ao mesmo tempo que tentava se acostumar à nova posição e às investidas dele. Os dedos apertaram com força os ombros que serviam de apoio.
— Você não vai cair. – ele avisou sem parar as investidas ao notar o que fazia ela para segurar-se.
Rin concordou e abriu os olhos, notando parte do rosto vermelho pelo reflexo no espelho. Era a primeira vez naquela posição e que deixava de ver o rosto dele para admirar as costas e o cabelo prateado balançando a cada movimento.
Ao notar onde estava o foco dela, ele tratou de chamar a atenção:
— Está gostando de se ver assim, minha Rin? – ele perguntou entre um beijo e outro nela: no canto da boca, no maxilar, na têmpora.
Como sempre, ela não conseguia falar. Apenas confirmou com a cabeça e observou as próprias feições e os músculos das costas dele se contraírem enquanto Sesshoumaru a segurava firme e investia contra o centro úmido e quente dela.
Pela visão periférica, viu a mão apoiada no ombro dele fechar num punho e imediatamente a tirou para abrir a palma beijar o pulso, sentindo-a estremecer quando começou a deslizar os dentes e sugar o ponto mais sensível.
— Amor... – ela, mais segura e à vontade naquela posição, deu mais um suspiro e segurou o rosto dele com as duas mãos para beijá-lo.
No quarto, Sesshoumaru terminava de vestir o yukata de dormir depois de um banho quente e demorado. Rin, com outro yukata do armário dele, estava já sentada na cama passando uma pomada cicatrizante no local da mordida.
Quando percebeu que estava sendo observada, virou o rosto para o lado num hunf irritado e tentou ignorá-lo. Já ele, após dar o segundo nó no yukata, sentou-se na beirada da cama e tocou na mão dela para puxá-la para ficar entre as pernas dele.
Depois, pegou a pomada e começou a esfregar delicadamente no local. Ele achou que havia sido algo leve, mas a pele dela era tão delicada que poderia facilmente deixar uma marca.
— Desculpe. – ele disse por fim.
— Ah, agora você se desculpa? – ela franziu a testa irritada – Eu já falei que não é pra fazer isso.
A resposta foi um beijo próximo ao local machucado, notando a rapidez como o rosto ficou rosado e um pequeno sorriso. Ele sempre ia deixá-la daquele jeito, não importava o quanto fossem íntimos.
Rin mudou de posição, sentando-se de forma a ficar quase de frente para ele.
— Hoje foi um dos dias mais felizes que já tive. Nunca imaginei que me teria um ano como esse e me formaria ao seu lado. É muito diferente do caminho que escolhi antes.
Sesshoumaru segurou-a com firmeza para levantar-se com ela nos braços e deitá-la gentilmente no centro da cama, subindo para deitar-se ao lado dela.
— Você não vai falar nada? – ela franziu a testa – Acabei de falar uma coisa sincera, achei que ia comentar alguma coisa.
Novamente ele ficou em silêncio e cobriu-a com o mesmo lençol, apoiando a cabeça num cotovelo para observá-la.
— Pelo menos podemos trabalhar juntos. Ou quase. Você praticamente já tem um emprego trabalhando pro governo. Eu ainda vou correr atrás, mas é natural isso, quer dizer, quase todo mundo precisa fazer. Eu nem precisaria também. Mas meu pai odiaria se eu ficasse sem fazer nada em casa, ele acha que todo mundo precisa contribuir pra sociedade. Também queria voltar algumas vezes lá na faculdade, pelo menos pra lembrar o que já passamos por lá. Exceto aquela sala onde eu quebrei minha mão. Acredita que nunca mais passei na frente desse lugar? Ah, será que ainda podemos pegar alguns livros da biblioteca enquanto não estou no Mestrado? Queria estudar um pouco pra prova.
Sesshoumaru continuou inexpressivo diante de tantas perguntas e informações. Esticou o braço e desligou a lâmpada de cabeceira, deixando o quarto às escuras, mal iluminado pela luz externa que atravessava a fina cortina de renda da enorme janela.
Depois deitou-se de lado, puxando-a para um abraço. Rin simplesmente fechou os olhos e deu um sorriso.
— Obrigada por estar comigo... – ela murmurou.
A resposta dele foi um leve beijo no cabelo dela, acomodando melhor a cabeça embaixo do queixo.
— Boa noite... – ela murmurou segundos antes de mergulhar num sono tranquilo.
— Boa noite, minha Rin.
Três dias depois – Estação central de Tokyo
A cena estava tornando-se comum para Sesshoumaru: novamente estava ao lado de Rin na plataforma da estação central da capital aguardando pelo trem que levava a Aichi.
— Que frio... – ela deixou de lado a alça da pequena mala de viagem, único item que levaria, e esfregou as mãos enluvadas como se pudesse sentir-se mais aquecida – Espero que em Nagoya esteja mais quentinho.
Sesshoumaru nada comentou. Tampouco parecia sentir frio da mesma forma que ela.
Sentiu o corpo dela encostar no dele e os braços circularem na altura da cintura. Rin aparentemente queria mais contato para sentir calor e, para fazer uma vontade tão simples, deslizou a mão esquerda pelas costas dela e os dedos da direita encontraram lugar entre os fios de cabelo, deslizando entre as mechas.
— Eu acho que já vi esses dois por aqui... – ela sussurrou e chamou a atenção dele.
Sesshoumaru olhou para o lado e viu novamente marido e mulher com um carrinho de bebê aguardando pelo mesmo trem.
— Eles sempre se separam aqui também.
— Oh. – ela murmurou – Então devem fazer isso com frequência.
— Já os vi pelo menos três vezes pegando esse trem.
Os dois ficaram em silêncio enquanto observavam atentamente o outro casal – o homem brincando com os bracinhos do bebê no colo da mulher como se estivesse já estivesse prestes a embarcar.
— Está vindo. – Sesshoumaru anunciou e ela percebeu, então, que ele tinha o rosto virado para o outro lado.
O trem parou lentamente e abriu as portas automáticas para a entrada de passageiros. Um controlador saiu e postou-se na entrada para verificar cada bilhete de passagem dos viajantes que estavam em fila.
— Espero que dê tudo certo no shūshoku katsudo. – ela ficou na ponta dos pés de novo para beijá-lo rápido nos lábios, os dois andando enquanto acompanhavam o fluxo da fila para a entrada de pessoas no vagão.
— Vou organizar o seu também. – ele prometeu – Não perca o seu celular. Quero que ligue todos os dias.
Rin bufou infantilmente.
— Eu não vou perder. – falou um pouco irritada.
— Deixe ligado. Da outra vez, ficou mais de doze horas sem bateria e você não percebeu. Os seus amigos estavam me ligando para saber onde você estava.
— Hunf. – ela zombou com um biquinho infantil – Eles são seus amigos também.
Sesshoumaru ainda segurava a mão dela quando a viu entregar a passagem impressa para ser lida no sistema do controlador, em poucos segundos recebendo a autorização para entrar no vagão.
Antes de entrar, ela voltou-se para ele para mais um rápido beijo:
— Eu volto logo.
— Eu sei. – ele comentou, soltando por fim as mãos unidas – Boa viagem.
Virando-se para acenar mais uma vez naquela despedida, ela pegou a pequena mala para subir as escadinhas de acesso ao vagão e entrou.
Sesshoumaru ficou mais alguns minutos na plataforma, observando a multidão entrar, os controlares fazerem a última chamada para os atrasados, principalmente turistas, e finalmente as portas fecharem e o trem partir.
Depois, ele colocou as mãos nos bolsos do casaco e deu as costas, indo embora dali.
Estação central de Nagoya
Rin desceu do vagão segurando a alça da pequena mala na mão esquerda e o celular na direita, afastando-se da multidão para ficar no meio da plataforma, com pouca movimentação, e enviar uma mensagem para Sesshoumaru:
Cheguei e não perdi meu celular.
Passou o antebraço para enxugar a testa e tirou o casaco de tweed, dobrando para segurá-lo no antebraço. Sentia naquela hora estava mais calor do que dentro do trem.
— Bem, agora vamos ver em qual direção fica o ponto de táxi... – falava para si mesma enquanto lia as placas de direção com as indicações.
Descobriu o que queria, levantou a alça da pequena mala e começou a deslizá-la em direção à saída principal. Havia um ponto de táxi do outro lado da rua ao sair da estação e tudo que ela precisava era...
Arregalou os olhos e paralisou ao encontrar um rosto muito conhecido esperando pela chegada dela.
Hakudoushi estava na plataforma com os olhos lilases fixos nela, assim como Rin tinha os dela nele.
