Nota da autora: Serve meu pedido de desculpas pelo atraso nas atualizações por causa do trabalho? Felizmente este semestre está acabando e logo estarei de férias.

Obrigada a quem está acompanhando por aqui. Espero que gostem também do presentinho que vou mandar pelo grupo no Telegram.


UM CAMINHO PARA DOIS

CAPÍTULO 33

Separando os caminhos

Os dois se encararam na saída da plataforma por longos e silenciosos segundos. Uma parecia apreensiva, o outro parecia indiferente, com as mãos nos bolsos da calça ainda com os olhos fixos na irmã mais nova.

Rin abriu a boca e o som demorou para sair num "ha" engasgado. Fazia tanto tempo que não via o irmão que ela até duvidou que estivesse mesmo ali.

Mas ele estava realmente lá, bem na frente dela esperando qualquer movimento.

— Ha-Hashi... Eu... – ela gaguejou.

Novamente, sem reação.

O celular em mão tocou uma melodia suave, despertando-a do transe que se encontrava no momento. Era uma mensagem de Sesshoumaru, e ela rapidamente olhou o conteúdo.

Você chegou bem?

Guardou o celular sem responder e voltou a olhar para o rosto do irmão, decidindo dar um sorriso amigável como se tivesse encontrado apenas um velho conhecido.

— Você vai viajar pra algum lugar pra competir ou veio buscar algum amigo?

O outro passou a mão no cabelo antes de virar de costas e olhar por cima do ombro:

— O Velho pediu pra vir aqui te buscar e levar pra casa.

Rin corou de leve e desviou o olhar. Então ele só veio porque o pai mandou...

— Vamos. – ele falou.

Pegando a mala pela alça para deslizar pelo porcelanato, ela correu para andar ao lado de Hakudoushi.

Andaram ouvindo apenas o som das rodinhas da mala deslizando pelo piso até chegarem ao estacionamento e ela colocar a pequena mala no banco de trás e se acomodar no banco ao lado do motorista.

O caminho até a casa foi com Rin pensando no que exatamente comentar. Não sabia exatamente como se comportar diante de alguém que aparentemente não queria ouvi-la.

— Vi sua última luta. Foi emocionante assistir, sabia? Você foi tão elegante e rápido... Eu pisquei e você já tinha derrubado o outro!

Houve um suspiro cansado por parte dele, como se estivesse impaciente e não quisesse estar ali com ela.

Notando a reação, Rin deu um sorriso fraco e calou-se, olhando interessada para algum ponto invisível da saia lápis.

Quebrando o silêncio, o celular tocou e ela rapidamente o procurou na bolsa, remexendo o conteúdo por longos e repetidos toques até encontrar o aparelho e ver o nome e o rosto de Sesshoumaru.

— Oi... – ela sussurrou ao atender.

Você não me respondeu se está bem.

— Hmm... – ela olhou de soslaio o irmão que dirigia sem esboçar qualquer reação, começando a falar em japonês padrão – Estou voltando pra casa com meu irmão.

A linha ficou muda e somente segundos depois ele reagiu:

Oh?

— Daqui a pouco eu ligo.

Rin quase conseguiu vê-lo pressionando os lábios numa fina linha para evitar fazer comentários que a deixasse mais tensa.

Ligue quando puder, então.

— Obrigada. – ela sussurrou num tom gentil – Eu ligo sim.

Até.

Dando um suspiro, ela guardou o aparelho e olhou para a frente.

Ele não fala nada do nosso dialeto pra conversar com você? – foi a pergunta de Hakudoushi.

— Ah... – Rin forçou um sorriso – Ele só entende tudo o que falo.

— Hmm. – ele se limitou a comentar.

— Mas não tem problema. Ele diz que adora quando falo com o meu sotaque. Até aprendeu algumas palavras. – ela corou de leve ao ter coragem de compartilhar uma coisa tão íntima do relacionamento com Sesshoumaru.

O silêncio voltou a prevalecer até o carro parar na vaga da família no quarteirão da residência dos Nozomu.

Depois de sair do carro com mala e tudo, eles andaram um ao lado do outro até a entrada da sala para serem recebidos pelo senhor e pela senhora Nozomu, o pai com o apoiador em mãos, batendo-o no chão de madeira renovada como se fosse um cetro de um rei mais autoritário.

— Ah, a mais nova advogada da família. – ele a saudou.

Rin entrou primeiro e abraçou os dois, com o rosto colando no lado do pai e da mãe, ficando entre eles de olhos fechados.

— Eu consegui mesmo.

— Você acreditava que não ia? – ele sussurrou com carinho – Espero que esteja pronta pras festas que seus primos prepararam.

— Eu estou com medo de quantas roupas Jakotsu vai me obrigar a vestir.

— "Medo"? Como assim? Eu nem comecei.

Tão logo Rin ouviu a voz do primo, ela paralisou e olhou por cima do ombro do pai. O primo estava encostado de braços cruzados contra a parede perto da escada.

Chegueeeei. E tem roupa agora pra todas as festas que planejamos por aqui. – ele foi logo avisando limpando uma sujeira invisível do terno azul claro. Estava também maquiado e com um grande laço prendendo o longo cabelo negro.

— Quantas? – ela estreitou os olhos.

— Hoje temos duas. Amanhã teremos três.

Tchi! – ela fez um biquinho ao perceber que não poderia escapar dele.

— Vamos logo, menina, vamos. – ele a arrastou para o quarto e deixou os pais trocarem um olhar significativo na sala.

— Parece que deu tudo certo na estação, não? – ele falou ao deixá-la no centro do quarto para tirar o casaco que ela mal teve tempo de deixar no genkan – Nenhuma briga com ele?

Ao entender de quem Jakotsu falava a respeito, ela deu um sorriso meio triste.

— Eu fiquei surpresa... Mas ele nem falou muito comigo. Só perguntou se meu namorado me entende quando falo dialeto.

— Que pergunta idiota. – ele tirou do bolso uma fita métrica e mediu o comprimento da cintura até quase metade da perna – Seu namorado deve ser até fluente.

— Ele entende bastante, sim. Diz que aprendeu comigo. – ela deu um sorriso tímido – O que está fazendo? Não estava tudo pronto?

— Os últimos ajustes de um vestido para usar no último jantar. – ele respondeu enquanto tirava um lápis e um caderninho do bolso, anotando alguma coisa antes de guardar novamente – Uma obra-prima em tecido de seda.

— Eu gosto das suas roupas de seda. – ela comentou distraidamente – O que eu vou usar hoje?

O primo foi direto ao guarda-roupa, deslizou as portas para os lados e tirou de lá um vestido de lantejoulas preto e vermelho sem alças.

— Isso é pro jantar de hoje?

— "Isso" – ele gesticulou como se apresentasse uma obra de arte – É um das peças mais bonitas já criadas no Japão, minha prima. As suas colegas na capital vão sentir os cílios led derretendo na cara com raiva por não terem a mesma elegância. Vamos, vista logo.

Poucos minutos depois, ela estava na frente do espelho com ele.

— Está mais magra. – ele falou num tom meio de reclamação – Não tem comida em Tokyo?

— Claro que tem. – ela franziu a testa e sentiu uma leve irritação pelo comentário que insinuava que a outra cidade carecia de itens básicos para os habitantes, começando a desabotoar a blusa social que usava – Mas as últimas disciplinas foram muito difíceis. O artigo final do curso e o estágio também.

— Claro, claro...

Rin tirou a blusa e começou a procurar o zíper da saia quando percebeu o olhar fixo e a testa franzida do primo.

— EU NÃO ACREDITO, RIN! – ele esbravejou.

Sem entender o que havia acontecido, ela franziu a testa.

— O seu ombro! – ele largou o vestido no chão e andou até ela pisando duro, afastando o cabelo para deixar à mostra a marca da mordida recente de Sesshoumaru – O que foi isso?

— Ah... – ela corou absurdamente e tentou esconder com o cabelo. A pomada que usava tinha um efeito muito lento na cicatrização e a região ainda estava num tom rosado – Eu... eu... bati...

— Ah, por favor, né? – ele olhou irritado e tirou a mecha que encobria a área – Pensa que me engana? Ele é um cachorro pra te morder? Como vai usar um vestido sem alça com essa marca aí?

Rin ficou calada enquanto observava Jakotsu suspirar pesadamente ao analisar a marca deixada pelos dentes de Sesshoumaru. Por fim, ele marchou até a penteadeira, vasculhou alguns itens e encontrou o que queria: um pequeno pote de corretivo cremoso.

— Vou esconder isso ou o Hakudoushi vai enlouquecer de vez. – ele avisou enquanto experimentava a maquiagem na pele do ombro – Vou ter que mudar também a roupa do último dia porque não tem alças também.

— Oh... – ela franziu a testa. Então era por isso que ele tinha ficado com raiva – Desculpe...

Um minuto de silêncio passou até Jakotsu começar a rir depois de terminar de passar o corretivo cremoso no ombro.

— Pelo visto, nem preciso perguntar se está tudo bem entre vocês. Parece que está sendo bem tratada até demais.

— Jakko! – ela corou ao exclamar.

— E quando ele vem aqui? – ele entregou o vestido para que ela o vestisse – Vão continuar juntos e ele nem vem nos visitar?

— Ah... – ela deu um sorriso e vestiu rapidamente a peça por cima da saia, deslizando-a segundos depois – Estamos nos organizando pra isso. Talvez na próxima viagem. Quero visitar o papai pelo menos uma vez por mês.

— E o irmão dele? – Jakotsu perguntou com um sorriso.

Rin franziu a testa e inclinou a cabeça para tentar entender a pergunta.

— Irmão de quem? Do Sesshoumaru?

— Sim. – ele uniu as mãos e aproximou do rosto com uma expressão sonhadora – O I-Nu-Ya-Sha~... Tããão bonito... Ai, ai.

Apenas segundos depois foi que ela, deixando de lado a perplexidade da situação, começou a rir do primo que queria muito conhecer Inuyasha.


Na casa de um membro da família Nozomu em outro distrito, ocorria uma festa muito diferente do que a que teve na casa da família Taisho, sem convidados contidos ou mais reservados. Rin, os primos, os pais e os tios conversavam, riam, comiam e bebiam em comemoração.

Era o último dia de festas em comemoração pela formatura, desta vez na casa das primas gêmeas, e o modelo escolhido por Jakotsu era um elegante vestido amarelo de cauda, com alça em um ombro só com uma meia-lua de enfeite, um pouco abaixo do joelho e com uma faixa cor de vinho para delinear a cintura.

Nada estava calmo e silencioso. Jakotsu ria de qualquer comentário maldoso sobre os estilistas concorrentes de Tokyo; Momiji e Botan falavam sobre os homens de Tokyo; algumas crianças pediam para Hakudoushi ensinar os golpes mais simples contra adversários do mesmo tamanho.

— Eu acho que vou levar umas três garrafas dessas pra Tokyo. – Rin disse à mesa para o pai enquanto observavam os outros comemorando a formatura. Ela, a estrela da festa, sabia que tinha parentes ali sem nem saber o que estavam realmente celebrando.

— Para aquele avô do seu namorado? – ele perguntou enquanto tomava um gole de vinho rosé – Não sabia que tinha mais gente no Japão que gostasse disso além das pessoas da nossa região e as de Furano.

Rin confirmou com a cabeça e completou:

— Ele gosta muito também.

—Você parece estar bem inserida no meio dessa gente agora. Tem um bom relacionamento com eles e ninguém a destrata por ser de outra região.

Sentindo o rosto ficar vermelho, ela tentou disfarçar a timidez. Ela era realmente bem tratada pela família de Sesshoumaru desde o primeiro momento que os visitou em casa.

— Os seus planos continuam os mesmos? – ele quis saber depois de outro gole.

— Sim. – ela deu um sorriso.

— Continuo sentindo sua falta todos os dias. E o seu irmão continua bem temperamental.

Rin encostou a cabeça no ombro dele, aproveitando para observar os traços do rosto do pai que a adotou quando bebê depois de um desastre nacional. Ele tinha a vista boa, mas os olhos estavam obviamente menores e com mais rugas. Às vezes ele parecia mais cansado, mas talvez por conta do acidente e de ter que ficar sem poder fazer as atividades que mais gostava, como passear por outros distritos dirigindo o próprio carro.

Era estranho ver a reação dos amigos da escola e da faculdade ao conhecerem um homem tão idoso como pai de uma jovem. As pessoas demoravam para entender o que havia acontecido. Ela demorava para lembrar quem ele realmente era.

— Prometo visitar com mais frequência. – ela fechou os olhos – Pelo menos uma vez ao mês.

Depois de tomar mais um gole de vinho, o senhor Nozomu perguntou:

— Você tem um plano B também, né?

— Sim. – ela ficou mais séria – Sesshoumaru está me ajudando no shūshoku katsudo. Vou para as entrevistas semana que vem.

— Que caminho mais estranho decidiu fazer. É mais fácil ter uma carreira aqui na região do que ficar longe da família e começar tudo por lá por causa de uma pessoa.

Rin sabia que aquela era a forma do pai dizer para ela pensar bem naquela escolha de ficar longe da própria família porque ele ficaria preocupado depois.

— Não é só por causa de uma pessoa. – ela fez um biquinho infantil e franziu a testa – Eu gosto de lá. Se eu não gostasse, Sesshoumaru e eu tentaríamos encontrar outro caminho. Acho que até viria morar aqui, se fosse o caso.

— Bem, o apartamento será por minha conta pelos próximos meses, pelo menos até você conseguir um emprego e se estabilizar. Quero vê-la estudando também. Nada de depender desse rapaz.

Não importa como Hashi e os outros pensem, ele sempre será meu pai, ela tocou o rosto dele com carinho enquanto observava as linhas de expressão. Ele estava muito mais preocupado agora.

— Claro.

Ambos tomaram em sincronia um gole de vinho e ouviram outra gargalhada de Jakotsu.

— Obrigada por fazer Hashi voltar a ter contato comigo. – ela sussurrou.

O senhor Nozomu franziu a testa e deixou os olhos ainda menores, se fosse possível. Perguntou-se como ela ainda não havia percebido um detalhe:

— Você sabe que ele tem medo de perdê-la também estando tão longe, né? – falou de repente.

Rin arregalou de leve os olhos.

A morte dos pais.

— Ele pode vir a ser o mais forte espadachim do Japão em breve, mas ainda tem medo de não poder estar por perto pra proteger você caso aconteça alguma coisa mais grave. – ele continuou.

Como poderia ter esquecido uma coisa tão óbvia? Era claro que o irmão associava a partida dela ao mesmo que havia acontecido com os pais. Havia sido há tantos anos e num momento em que ela ainda não se recordava de coisas da infância, mas o irmão sempre lembrou-se de tudo.

— Nada de ruim vai acontecer comigo. – ela prometeu com mais seriedade.

— Se o seu namorado não puder protegê-la, ele vai mesmo trazê-la de volta.

Rin olhou de soslaio na direção onde o irmão estava com os primos menores. Parecia ainda um pouco preocupado com alguma coisa e evitava olhar para ela.

Deu sorriso ao voltar a encontrar os olhos do pai:

— Hashi sempre diz que eu sou parecida com nossa mãe.

O homem ficou imóvel por um momento, sem mais o sorriso compreensível de antes. Fitou-a por longos segundos pensando na resposta mais adequada.

— Pai?

Depois, ele deixou o copo de vinho em cima da mesa para que a mão livre fosse ao rosto dela para acariciá-lo, deslizando lentamente o polegar pelo contorno da maçã. Tinha uma expressão tão nostálgica, como se estivesse vendo outra pessoa ali com ele.

— No que está pensando? – ela tocou a mão dele e tentou segurar o calor ali.

— No quanto você cresceu. Você era muito pequena e a gente a segurava na palma da mão. Agora já decide como quer viver e onde morar.

— Só Hashi parece que não entende isso. – ela franziu a testa numa visível preocupação – O senhor conversou com ele?

A mão deixou de afagá-la para voltar a pegar o copo de vinho.

— Não se preocupe com ele. Cuide dos seus planos agora. Você está segura deles, certo?

— Sim. – ela deu um sorriso e voltou a deitar o rosto no ombro do senhor Nozomu – Estou sim.


No jardim da casa da família Nozomu, já tarde da noite depois de retornar do outro distrito, Hakudoushi estava sentado na grama enquanto lia as mensagens e e-mails no celular com o olhar indiferente.

Algo apareceu na visão periférica e ele voltou o rosto para o lado da pessoa que se aproximou. A irmã estava com aquele vestido longo e extremamente elegante, do jeito que Jakotsu sempre deixava todas as mulheres da família, um pouco distante como se tivesse receio de se aproximar.

Quando as coisas entre eles havia ficado daquela maneira? E por culpa de quem?

— Hashi... – Rin falou num tom suave – Podemos conversar um pouco?

— Se for a respeito da sua mudança pra capital, o Velho já conversou comigo e me explicou que vai bancar você por lá. – o rosto estava voltado para o celular em mãos, mas os olhos ficaram focados na irmã.

Rin franziu a testa e tentou disfarçar um suspiro desanimado mantendo um sorriso. Ele continuava irritado com a decisão e era possível perceber pela forma como ele interpretava como seria a vida na capital: vivendo num apartamento e despesas pagas pelo pai, um político aposentado.

— É só por algum tempo. Eu vou procurar um emprego e estudar também.

Hakudoushi nada comentou e voltou a olhar para o celular. Ela, magoada com a atitude, deixou escapar o suspiro cansado que não queria que ele ouvisse.

— Eu não entendo por que você não aceita minhas escolhas... – ela falou num tom triste – Achei que ia ficar feliz com minha formatura.

— O combinado era você voltar depois de formada. – ele voltou a encará-la pelo canto dos olhos lilases – Não ficar na capital por causa de um namorado que não aceita que você volte pra casa.

O sorriso desapareceu e Rin sentiu o queixo travar, pressionando os lábios para formar uma linha fina. Aquela era uma acusação que não iria aceitar:

— Eu não vou ficar por causa dele. – a voz estava carregada de uma frieza que ela não conhecia – Vou ficar por mim. Eu quero continuar por lá. Mesmo que eu voltasse pra cá, ele iria aceitar minha decisão e continuaríamos juntos de um jeito ou outro.

Deu as costas para encerrar a conversa e voltar para dentro da casa. Não havia dado certo o plano que tinha de conversar com o irmão. Ele realmente entendia e não queria aceitar a decisão dela.

— Aki nunca aceitaria que deixasse de lado nossa família pra ficar lá. – Hakudoushi soltou assim que ela deu o segundo passo.

Arregalando os olhos, Rin estancou.

Segundos depois, ela virou-se para encará-lo. Ergueu o rosto, o queixo travado, olhar e voz firmes e sem receio:

— Uma pena pra você que ele nem está mais aqui pra dizer que jamais deixaria de me apoiar em qualquer decisão minha.

Virou-se novamente e, pisando um pouco mais duro a ponto de perder a elegância, ela voltou para casa antes que ele pudesse fazer qualquer outro comentário.

Naquela noite, Rin dormiu com raiva.


Nozomu Jakotsu parou o carro na vaga em frente à casa do patriarca da família cantarolando uma canção qualquer. Era quase horário de almoço e ele aproveitaria para levar Rin à estação.

Vaidoso, ele rapidamente olhou-se no espelho interno e ajeitou a franja que insistia em cair nos olhos.

Saiu do veículo, abriu a porta de passageiro e pegou dos cabides com capas protetoras de roupas. Eram duas novas peças para a prima usar quando fosse eventualmente trabalhar ou quando começassem as aulas do mestrado. Era claro o objetivo de deixá-la com um visual perfeito para que todas as mulheres da capital sentissem mais inveja de Rin, se fosse possível.

Ao entrar na casa, falou no tom habitual e que era quase uma marca registrada:

RIN-CHAAAAN... CHEGUEEEI!

Na sala de estar, normalmente usada naquele horário, ele deparou-se com uma fria e silenciosa cena em família – Hakudoushi e Rin em lados opostos à mesa, o senhor Nozomu sentado na cadeira de chefe, a esposa sentada em uma cadeira ao lado de Rin.

— O que aconteceu...? – ele perguntou num sussurro cuidadoso, colocado os vestidos em cima de uma cadeira.

— NADA. – os irmãos falaram ao mesmo tempo.

Aquilo só fez atiçar a curiosidade de Jakotsu, que sentou-se ao lado do primo e puxou para si um prato e começou a servir-se:

— Oh, eu ADORO banana frita! – ele comeu um ou dois pedaços – Posso comer tudo?

Silêncio.

Adooooro tortinha de kabocha da vovó. – ele pegou um pedaço que quase transbordou pela tigela de cerâmica.

Mais silêncio.

— Posso tomar todo o misô? – ele tentou de novo.

— Você pode se servir de tudo, Jakotsu. – o senhor Nozomu falou – Só olhe o horário por causa do trem de Rin.

— Oh, claro que não vamos atrasar. Não se preocupe. – ele respondeu educadamente – Podemos organizar esse esquema mais vezes, já que Rin-chan virá nos visitar com frequência agora.

Hakudoushi bateu o hashi e a tigela de arroz com força à mesa e levantou-se.

— Já estou servido.

Antes que pudesse realmente afastar-se, o pai o alertou:

— Fique, Hakudoushi.

O outro parou e olhou por cima do ombro.

— Já estou servido.

— E eu estou ordenando que continue à mesa e termine de comer.

Jakotsu tomava o misô com os olhos em alerta.

— Hakudoushi não entende o que o senhor fala porque é burro, papai. – Rin começou mantendo o rosto indiferente – Por isso que a gente precisa repetir as coisas.

O primo escondeu a risada por trás da tigela de misoshiro e só ficou realmente sério quando viu a senhora Nozomu lançando olhares para que ele ficasse de fora da briga.

— Repita o que disse, pirralha. – o outro falou extremamente sério.

— Burro. – ela repetiu sem rodeios.

O senhor Nozomu bateu fortemente no piso com o apoiador que usava desde o acidente:

— Parem com isso vocês dois. – ele ordenou e viu os filhos de criação apontarem o dedo acusadoramente na cara um do outro em lados opostos da mesa.

Ele quem começou!

Ela quem começou!

— Não me interessa quem começou. Não quero esse tipo de comportamento à mesa. – ele falou com firmeza.

Hakudoushi e Rin encararam-se entre uma porção e outra de comi levada à boca pelo hashi numa silenciosa comunicação de que não iriam parar a briga tão cedo.

— Hmm... que delícia esse udon... – Jakotsu estava, evidentemente, divertindo-se ainda no meio daquela briga.


A estação central de Tokyo tinha quase todas as plataformas lotadas, como sempre.

Mãos nos bolsos do casaco longo, cabeça voltada para o lado de onde chegava o trem e com ar sério, Sesshoumaru evitava olhar os outros presentes na plataforma à espera do trem de Aichi. Estavam ali as pessoas de sempre que o faziam lembrar-se dos motivos de estar ali – pessoas que tinham alguém querido morando longe e precisavam fazer aquele trajeto com frequência.

Minutos depois, ele ouviu o barulho do comboio e aguardou a parada e abertura das portas para o desembarque dos passageiros. O pequeno perfil da namorada logo apareceria e ele teria que eventualmente ajudar a carregar as malas com roupas que o primo a obrigava a levar para a capital.

Em segundos ele viu quem queria: uma figura muito pequena tentando descer do vagão com uma mala grande. A frustração em não conseguir o feito parecia tão grande que Rin largou no chão com raiva e deu um leve chute.

Aproximou-se e pegou a mala com destreza com apenas a mão direita, como se não pesasse nada.

— O seu primo mandou roupa para usar em todas as entrevistas? – ele quis saber.

Não houve resposta. Ela simplesmente estreitou de leve o olhar e ele franziu a testa. Já havia passado por aquilo antes – olhares estreitados, testa franzida, sem resposta para perguntas simples. Era como no começo da história deles.

— Vamos. – ela simplesmente falou.

Geralmente quem dizia aquilo era ele. Mas Rin parecia tão irritada que resolveu não fazer nenhuma observação. Puxou a alça da mala e começou a deslizá-la pela plataforma seguindo os passos de Rin.

Ao chegar no estacionamento, ela entrou no carro sem dizer nenhuma palavra e ele, apesar de achar extremamente agressivo por parte dela, não ficou irritado. Tinha uma pequena ideia do que havia acontecido e estava curioso e intrigado com aquela reação.

Entrou no carro e a viu olhando com raiva para o celular.

— Direto para o seu apartamento ou quer passar a noite na minha casa? – ele perguntou suavemente ao dar a partida.

Rin baixou o aparelho e fixou o olhar endurecido à frente.

— Meu apartamento. – falou simplesmente sem nem ao menos dizer por favor.

Sesshoumaru ficou por alguns segundo observando em silêncio. Ela, notando que ainda estavam parados, olhou irritada. Um era a calma em pessoa, outra era um vulcão prestes a explodir.

Durante o caminho até o apartamento, por duas vezes ela recebeu mensagens e respondeu irritada, cruzando os braços e soltando um "hunf" de raiva depois de mandar os textos.

Ao chegarem ao apartamento, ele a acompanhou a porta e deixou a mala no corredor.

— Bem, creio que devo ir. – ele avisou.

Sentiu a mão dela segurar o braço e impedi-lo de ir embora.

— Vai pra onde? – ela franziu o cenho.

Erguendo uma sobrancelha, ele a encarou com a maior seriedade possível e ela o soltou ao notar o que fazia.

— Você parece muito irritada. Vou deixá-la descansar.

Rin estreitou o olhar, deixando o semblante ainda mais irritado. Ele, porém, continuou indiferente.

— Eu quero que você fique comigo. – ela falou num tom mandão cruzando novamente os braços – A noite toda.

— Não parece que quer mesmo isso. – ele falou com calma.

— Mas eu quero. – ela fechou os olhos e ergueu o rosto com altivez – Vamos jantar, tomar banho e dormir juntos.

— Então você precisa falar comigo. Não comentei nada sobre essa atitude porque você parece irritada comigo também.

— Mas eu não estou. – ela novamente fechou os olhos e mudou o tom de voz para soar menos agressiva – Vou ficar se não dormir comigo.

Sesshoumaru tirou o blazer e o sapato no genkan.

— Quer que eu fique aqui a noite toda, minha Rin? – ele perguntou num tom absurdamente calmo que não correspondia ao brilho que ele tinha no olhar enquanto afrouxava o nó da gravata.

Corando de leve, ela deu alguns passos para trás e ergueu o rosto com coragem.

— Sim. Eu quero. – ela disse determinada.

Depois pegou-o pela mão e levou-o em direção ao único quarto do apartamento, parando em frente às portas e deslizando-as para os lados de uma vez.

Ao virar-se novamente, não parecia mais que estivesse com raiva, mas sim mais do que decidida mantê-lo ali por toda a noite. Sem dizer mais nada, puxou o rosto para beijá-lo com força e conduzi-lo à cama deixando-o sentado na beira para poder sentar-se no colo dele, firmando um joelho do lado direito da perna e outro entre as coxas dele.

Tentando recuperar um pouco do domínio, ele ocupou-se em beijá-la nos lugares que ela mais gostava do pescoço, perguntando entre um beijo e outro:

— Quer mais disso?

A Rin dele confirmou com a cabeça e ele tratou de mover a mão pela pele macia das costas, arrancando mais um suspiro quando alcançou o fecho do sutiã para abri-lo por baixo da blusa azul. As mãos dela abriam os botões da camisa social e tentavam levantar a camisa branca que ele sempre usava por baixo.

Por alguns segundos, ela afastou-se e o encarou com olhos preocupados. Era uma pequena hesitação, mas que sumiu tão logo apareceu para beijá-lo novamente e fazer menção de deitá-lo.

— Você quer ficar por cima hoje, minha Rin?

A resposta dela foi tirar a própria blusa e deslizar a saia pelo corpo, preparando-se para tirar a última peça de lingerie.

A mão dele, porém, a parou:

— Essa parte é minha. – ele avisou, obrigando-a a sentar-se entre as pernas, de costas para ele, para descer a calcinha até a ponta dos pés e jogar a peça para um canto aleatório do quarto.

Ouviu um gemido de prazer dela quando deslizou dois dedos na intimidade, deixando-a ofegante.

— Sess... – ela virou o rosto para tentar beijar a base do pescoço dele, escondendo inutilmente o rubor.

— Esqueça. – ele falou contra a orelha dela – Esqueça o que a deixa preocupada. Pense só em nós dois.

Sem ver que tipo de expressão ela tinha, Sesshoumaru a viu mover a cabeça num "sim", beijando-a até deitá-la na cama.

— Ah, eu queria... eu não... a gente... – ela gaguejou, sentando-se depressa em seiza completamente nua na cama. Ela não queria ficar por baixo daquela vez e estava visivelmente preocupada em não conseguir o que queria.

— Calma. – ele sabia o que ela queria dizer sem nem ao menos completar uma frase, como era de costume entre os dois naqueles momentos.

Levantou-se e tirou a camisa, notando como o rosto da namorada ficou levemente corado. Ela sempre ficava daquele jeito desde a primeira vez que o viu sem roupa e ele faria o possível para continuar provocando aquela reação.

Parando o que fazia por um momento, ele esticou a mão para pegar um preservativo de dentro da gaveta da mesinha de cabeceira que considerava mais estratégica para aquela ação.

— Preparada, minha Rin? – Sesshoumaru estendeu a mão depois de colocar o preservativo sob um olhar atento dela.

Prontamente ela aceitou a mão estendida e a apertou como se selasse uma união, sensualmente procurando a boca para beijá-lo e deixar de lado as preocupações.

Afastando o rosto, ele sentou-se na cama e a levantou como se fosse uma pena para sentar-se em cima das pernas, com as costas voltadas para ele. Sabia que ela gostava daquela posição.

Sabia de todas as posições e o que gostava que fizesse com o corpo dela.

— Vou entender como um sim. – ele a posicionou em cima do membro duro e deslizou a mão na parte interna da coxa e acariciou um joelho para afastá-lo do outro, quase provocando um grito de prazer nela – Abra bem essas pernas maravilhosas, minha Rin. Não esqueça de me dizer se está gostando.

Rin tapou a boca para não deixar escapar um gemido mais alto, sentindo os dedos dele a impedirem.

— Você tem que dizer se está gostando. – ele reforçou com mais investidas, segurando firme a cintura dela agora com as duas mãos – Daqui a pouco vamos tomar banho, não é?

Sesshoumaru a viu confirmar com a cabeça.

— Você quer mais disso durante nosso banho, minha Rin?

Mais uma vez, ela só teve forças para mover a cabeça num sim rápida enquanto sentia as mãos dele passearem pelo corpo e tocarem um dos seios. Ele adorava fazer aquilo quando sabia que ela não conseguia pronunciar uma única palavra naqueles momentos.

— Eu senti falta do seu corpo todos esses dias dormindo comigo. – ele falou contra a orelha dela, beijando aqui e ali – Todos.

Rin começou a mover-se mais rápido sem precisar do auxílio das mãos dele na cintura, ele ocupado em beijar os ombros e as costas dela.

— Você também, Rin?

Novamente ela só teve condições de confirmar com um movimento de cabeça.

— Vou mostrar então o quanto senti sua falta nos últimos dias. – ele investiu com mais força contra o centro dela, controlando o movimento com calma e satisfação ao ouvir cada gemido dela.

Alguns momentos depois, ele teve que abraçá-la quando a sentiu estremecer de prazer, continuando os movimentos até ele mesmo sentir os estremecimentos do orgasmo e enterrar o rosto nos cabelos dela.

Dando um suspiro que costumava soltar apenas quando estava com ela, Sesshoumaru ficou por alguns inerte, respirando fundo.

Abriu os olhos e sentiu Rin relaxar nos braços dele, puxando mais o rosto dele contra o dela para um rápido beijo.

— Vou preparar nosso banho e o jantar, tá? – ela sussurrou com um sorriso calmo e gentil – Você gosta de misô com kabocha?

Desta vez, foi ele quem teve forças apenas para mover a cabeça, mesmo sem lembrar se gostava mesmo de misô apenas com abóbora e sem carne, afrouxando o abraço para que ela pudesse levantar-se e pegar a camisa dele para vestir rápido, saindo do quarto para preparar a banheira com água quente.


Ainda de madrugada, Sesshoumaru estava novamente acordado por conta de um carro em alta velocidade que passou tão próximo do prédio, pensando, ao despertar, que algo tivesse acontecido ali no quarto. Andou pelo apartamento, olhou o céu da cidade e o prédio da antiga faculdade pela porta de vidro da varanda, acomodou-se ao lado de uma adormecida Rin para tentar pegar no sono.

Observando melhor, notou o quanto Rin parecia mais tranquila. Nem parecia a pessoa irritada dentro do carro de horas antes. Não havia planejado dormir ali naquela noite, mas, mesmo sem ela dizer o que havia acontecido, sabia que precisava dele e tratou de acalmar as inseguranças o máximo possível. Fizeram sexo. Tomaram banho. Jantaram algo que ela preparou. Vestiram a roupa de dormir – ela ficou com a camisa social que ele usou no dia, já ele preferiu usar o yukata que agora fazia parte do guarda-roupa dela.

Tirou a franja que cobria a testa e colocou o cabelo atrás da orelha. Viu o nariz dela remexer e o cenho franzir, voltando a ficar inconscientemente irritada sob o risco de ser acordada antes da hora.

Os olhos dourados pousaram no aparelho que estava em cima da mesa de cabeceira. A resposta para o que havia acontecido estava lá e suspeitou que não conseguia dormir direito por conta da curiosidade em saber sobre o que e com quem ela estava discutindo naquela troca de mensagens quando ambos ainda estavam dentro do carro.

A mão estendeu para pegar o aparelho, paralisando por meros três segundos antes de decidir o que ia fazer. Era errado mexer nas coisas alheias. Era errado ler sem permissão. Era errado invadir a privacidade dos outros. Mas ele queria tanto saber porque tinha certeza que era a curiosidade que o impedia de tentar dormir mais serenamente.

Rin, sempre despreocupada, ainda não havia colocado uma senha. Ele simplesmente desbloqueou o aparelho e foi a um determinado aplicativo de mensagens para saber o que havia acontecido.

Nenhuma mensagem nova, o que significava que ela não havia continuado a discussão com o primeiro nome ali – o do irmão.

Sesshoumaru abriu a conversa e leu um pequeno trecho:

R: Até parece que você tem como me impedir (emoji revirando os olhos)

H: Vai perceber que nessa cidade não vão te dar o devido valor

R: Você parece um velho (emoji revirando os olhos)

H: Pirralha

Sesshoumaru deslizou o dedo de leve várias vezes para continuar a leitura. Acusações e mais acusações. Hakudoushi falando que ela deveria voltar para Nagoya e respeitar o nome da família. Rin falando que era ele quem não a respeitava e a impedia de querer continuar estudando. Os xingamentos entre os irmãos continuaram por mais algum tempo até o final:

R: Burro

H: Baixinha

R: Besta

H: Anã

R: Feio

H: Não me chama de feio, pintora de rodapé

R: Bobão. Babaca. Burro

Contato bloqueado

Contato desbloqueado

R: Feio

Contato bloqueado.

Um pequeno sorriso floreou os lábios dele e os olhos pousaram sobre o rosto de Rin, de novo tranquila e sem a testa franzida.

Bem feito, Hakudoushi.

Estava extremamente orgulhoso por ela, não havia outra palavra que pudesse explicar o que estava sentindo enquanto lia aquele final de conversa entre os irmãos. Ela percebeu o que estava acontecendo e o que Hakudoushi fazia.

Bloqueou a tela do aparelho e deixou-o exatamente na mesma posição que ela havia deixado antes de adormecer, voltando a atenção para a mulher adormecida ao lado dele.

A mão esquerda deslizou o cabelo para o lado e descobriu a região do pescoço que ele mais gostava de beijar, colando os lábios no ponto entre a base do pescoço e da nuca.

— Rin. – ele sussurrou.

Hmm... – ela gemeu num protesto e franziu o cenho em irritação.

Os lábios foram do ponto anterior para o ombro exposto. Beijou e deslizou de leve os dentes no local:

— Acorde. – ele falou num tom que mais parecia uma ordem.

Nãããooo... – ela reclamou de novo.

A mão deslizou por dentro da camisa que ela usava e que por enquanto ainda pertencia a ele. Massageou um dos seios até sentir os mamilos ficarem rígidos por baixo do tecido e ouviu mais um gemido.

— O que foi...? – ela finalmente abriu os olhos e, ainda com sono, esfregou um deles delicadamente com um punho.

Ignorando a pergunta, ele começou a abrir os botões da camisa social e deixou os seios ao alcance da própria boca.

— Hmm... – ela entendeu o que acontecia e deslizou a mãos pelos cabelos dele.

Um suspiro escapou da boca quando sentiu os dentes dele morderem um dos bicos e deslizarem pelo ventre, mordendo ali e acolá. Reclamou tanto das outras vezes que ele não deveria morder ou deixar marcas e lá estava ela permitindo que ele beijasse, mordiscasse e sugasse diversas partes do corpo.

Sesshoumaru apoiou-se nos braços e ficou por cima dela, com o cabelo caindo pelos lados do rosto como uma cortina prateada antes baixar o rosto para beijá-la.

— Sess... – ela suspirou novamente o nome do jeito que ele gostava.

— Toque-me. – ordenou mais uma vez num tom quase inédito entre os dois.

Desta vez, quem sorriu foi ela. Se no início da noite ele havia obedecido e feito todas as vontades da namorada, estava na vez de Rin oferecer ou fazer o que ele queria. Empurrou-o de leve para que saísse de cima dela e o fez deitar-se confortavelmente entre as almofadas, deslizando a pequena mão pelo peitoral para afastar o tecido do yukata.

Sesshoumaru colocou um braço para apoiar a cabeça e fechou os olhos, respirando fundo ao sentir a mesma mão do peito descer pelo corpo e começar a tocá-lo.

Forçou a garganta a ficar travada para não soltar um gemido. Queria apenas sentir a mão dela e os beijos que Rin distribuía no pescoço e maxilar, carinhosamente mordendo em alguns lugares.

Soltando pelo nariz e boca o ar preso no peito, ele esticou a mão e abriu uma gaveta estratégica da mesinha de cabeceira, tirando um preservativo para entregar para ela, ainda ocupada em dar prazer a ele ao deslizar a delicada mão pelo membro duro.

— Coloque em mim.

Parando o que fazia por alguns segundos o que fazia, ela também deixou escapar um suspiro apaixonado enquanto tinha em mãos a tarefa de abrir a embalagem de preservativo e proteger o membro.

Mal terminou o que fazia e foi puxada para o colo dele, sentando-se de forma que os seios ficavam ao alcance dos lábios para que pudesse sugar e morder.

— Amor... – Rin procurou a boca para beijá-lo e ele negou a vontade dela, atacando um seio e segurando-a pela cintura para que ela começasse a mover-se no membro dele.

A noite toda foi daquele jeito: apesar de ambos receberem prazer naquele momento, era óbvio que a prioridade era ele em oposição ao que foi dada para ela horas antes.

Sabia que Rin era dele e não havia nada que o impediria de mantê-la na cidade.

Sem mais sombra alguma de dúvida.


Sesshoumaru terminava de colocar as abotoaduras na camisa social amarrotada enquanto observava o corpo nu de Rin, ainda adormecida depois de todas as atividades da madrugada. Estava cheia de marcas de mordidas e da pressão dos dedos dele em alguns lugares, como nas pernas e na cintura. Os seios que ele tanto gostava tinham vários pontos vermelhos, resultado das mordidas e dos momentos que quis sugar a pele propositalmente.

Foi com muita relutância que ele precisou levantar mais cedo para se preparar para sair. Como não tinha planejado passar a noite no apartamento, precisava voltar para casa e arrumar-se para mais uma entrevista importante.

Olhou-a mais uma vez. Sabia que Rin também precisava arrumar-se com alguma peça assinada pelo primo estilista para o início das entrevistas do shushōku katsudo. Provavelmente já tinha uma roupa escolhida para cada ocasião.

Tudo daria certo para ela conseguir um emprego e ficar estável na capital e com ele, pensou enquanto jogava a gravata no colarinho e dava um nó quase mecanicamente.

Sentou-se na beirada da cama e deslizou a mão por uma perna para acordá-la, apenas para receber, segundos depois, um gemido sonolento como resposta.

— Rin, acorde. – ele falou suavemente.

Desta vez não demorou muito para que ela acordasse, mesmo sonolenta, e sentasse na cama, colocando a mão na boca para esconder um bocejo atrás dos dedos.

— Bom dia. – ele falou e levantou-se da cama, pegando o blazer para vestir – Preciso voltar para casa.

— Okay... – ela sussurrou ainda sonolenta.

Sesshoumaru observou com atenção a forma como ela corou ao ver em que estado como os seios, ombros, braços e pernas haviam ficado depois do que havia acontecido de madrugada. Isso era apenas o que ela podia ver, porque mal sabia que as costas e o pescoço também tinham sinais da atenção que ele deu às partes por várias vezes.

Rin simplesmente pegou o lençol e enrolou no torso, levantando-se para ficar na ponta dos pés na frente de Sesshoumaru e dar um rápido beijo.

Ao afastar o rosto, ele notou que o olhar e o sorriso nunca pareceram tão tranquilos quanto naquele momento desde que a conhecera. Sempre havia uma dúvida ou uma preocupação desde que havia decidido mudar para a capital e construir uma vida ali, mas todas as sombras pareciam ter desaparecido agora.

— Você precisa se arrumar logo. – falou suavemente.

— Hunf. – ela empinou o nariz e enrolou mais ainda o lençol no corpo – Eu nunca me atraso.

Antes de sair do quarto, ela olhou novamente para ele, piscou várias vezes e aproximou-se depressa para ajeitar a gravata torta.

Deu um sorriso completamente despreocupado e seguro, depois correu para o banheiro daquele mesmo jeito e o deixou sozinho no quarto.