Nota da autora: Nem tenho cara para pedir desculpas. Os últimos meses foram muito corridos e não tive como reler a antiga história para reescrever. Mas este capítulo segue o que aconteceu no original. Espero que gostem!
Preciso de um favor... gostaria de saber quais cenas deveriam ser desenhadas... vai para versão final da história com todas as ilustrações. Neste capítulo, por exemplo, eu não consegui escolher uma cena. Se puderem, digam nos comentários!
Obrigada a quem está comentando! Aaahhhh! Mil vezes obrigada!
Comentem sobre o que acharam deste capítulo! Vai me incentivar a escrever mais!
UM CAMINHO PARA DOIS
CAPÍTULO 39
Um caminho para um tempo diferente
— Quando você ia me contar, Rin? – Sesshoumaru perguntou.
A primeira coisa que Rin fez foi olhar para o papel que ele segurava com a mão direita, deixando as respostas para depois. O estômago voltou a embrulhar. Como era estúpida. Aquela mania idiota de esquecer as coisas em outros lugares tinha causado aquela confusão. O que Sesshoumaru ia pensar dela agora? O que ia dizer? Será que ele ia...?
Apoiou-se num móvel próximo ao espelho e olhava-o assustada, sentindo os joelhos trêmulos. Não encontrava nem mesmo a voz para falar.
E sabia que ficaria em pânico e praticamente muda até que...
— Eu... Eu... Naquele dia que eu passei mal e fui pro hospital. Eu ia...
— Esse tempo todo? Você me disse que estava doente! – Sesshoumaru falou num tom mais duro que o normal e a deixava mais nervosa – Era por causa disso que ficou sem dormir direito e passava mal na rua? Esperou todo esse tempo para me contar?
Entre os dois, ele era sempre o mais paciente, sempre dando tempo e espaço para tudo o que ela precisava, mesmo quando nunca queria.
Mas ali Sesshoumaru descobria que existia um limite para tudo – inclusive para as ações de Rin.
— Sess... – ela começou num tom suave, meio ofendido – Eu... Eu ia contar depois do jantar... Eu pedi pra gente conversar...
— E descobriu como? Passou mal mesmo ou descobriu antes? É isso que quero saber. Eu não acredito que fazia esse tipo de exame como check-up.
Uma batida na porta soou, mas os dois ignoraram quem estivesse ali querendo falar, optando por não tirar os olhos um dos outros.
Há muitos meses, quando Rin não sentia-se bem ao conversar com ele, tinha aquela mania de envolver a cintura com um braço como se quisesse se proteger se alguma coisa ou quisesse sentir-se mais confortável. Quase instintivamente, ela voltou a fazer aquilo, dando um suspiro cansado e sem tirar os olhos dele.
— Eu estava passando mal de verdade naquele dia porque não sabia que estava grávida. Fui pro hospital e fiz os exames sozinha. Foi quando eu descobri. – ela começou num tom extremamente baixo e triste, falando num japonês formal e sem sotaque – Não contei antes porque você estava ocupado trabalhando e eu só pensei no que tinha que ser feito pra não ser incomodado. Queria contar para decidirmos sobre como as coisas vão ficar entre nós dois.
Quando ela terminou de falar, novamente alguém bateu na porta.
— E aquela viagem pra Nagoya? Você contou para o seu pai antes e por isso ele falou para voltar?
Rin ficou calada, olhando-o assustada e protegendo-se ainda mais com o braço na cintura.
— Responda, Rin, por favor.
— O que está acontecendo? – Kaede falou, o rosto sério. A porta estava aberta, mas ela não havia colocado o pé no cômodo, mantendo-se ainda no corredor.
— Estamos conversando. – Sesshoumaru olhou por cima do ombro com um olhar de aviso que pouco alarmou a madrinha.
Sem ligar para a forma como havia sido tratada, ela desviou o olhar para a garota trêmula e que não parecia estar bem.
— Creio que está na hora de Rin voltar para a casa dela. – Kaede avisou num tom sério.
Sesshoumaru virou novamente o rosto por cima do ombro ainda mais irritado. A mulher estava com o semblante respeitável de sempre, com um quimono azul marinho elegante e mãos na frente do corpo. O tapa olho de um antigo acidente da infância era da mesma cor da roupa.
— Não se intrometa.
Com alguns segundos de silêncio, ela falou:
— Você está bem, Rin? Quer conversar mesmo com ele?
Nesse momento, Rin levou a mão à boca e saiu correndo do quarto para ir direto ao toalete do corredor. Lá, jogou o conteúdo do estômago, sentindo as lágrimas escorrerem com os olhos fechados.
A mão gentil de alguém tocou as costas dela, deslizando suavemente de cima para baixo, numa tentativa de dar um pouco de conforto para aquela situação.
Quando parou de vomitar, olhou por cima do ombro e viu Jaken preocupado com ela.
— Melhorou? – ele começou num tom gentil – Eu levo você para casa.
— Jaken-sama... – ela choramingou com a voz embargada – Ele...
— Vamos, vamos... – ele a ajudou a levantar-se e a levou para a pia para lavar o rosto.
Minutos depois, ela reaparecia no corredor um pouco mais apresentável, com rosto lavado e menos pálida, tendo Jaken ainda ao lado, esfregando as costas num consolo enquanto andava.
— E-Eu preciso falar com o Sesshoumaru...
— Sesshoumaru-sama vai ficar aqui. – ele a interrompeu suavemente, ajudando-a a descer as escadas e direcionando-a ao genkan. Lá, ele mesmo colocou o casaco dela e vestiu-a – Coloque o seu casaco. Está bem frio hoje.
Rin triste e mecanicamente aceitou o gesto. O estômago continuava revirando e tinha medo de passar mal na frente daquele homem com quem tinha gritado num acesso momentos antes.
— Eu falei que era pra se cuidar. Vocês jovens nunca me ouvem. – ele resmungou ao terminar de abotoar o casaco dela – Fique aqui um instante. Vou pegar a sua mochila.
Tonta e abalada, Rin sentiu as forças faltarem por um segundo e quase desmaiou, mas foi habilidosamente amparada pelo pequenino homem.
— Não desmaie, por favor. – ele suplicou.
No quarto, Sesshoumaru ainda encarava Kaede.
— A casa não é sua quando o seu avô não está aqui, Sesshoumaru. Rin vai voltar para a casa agora e você vai repensar no que estava fazendo com essa menina para deixá-la daquele jeito.
-Eu não fiz nada com Rin. Estávamos conversando.
— Seu avô me ligou preocupado. Vim ver o que tinha acontecido e deu para ouvir cada palavra do outro lado da porta. Entro aqui e vejo essa menina apavorada. É claro que não estavam apenas conversando amigavelmente.
Deu um suspiro profundo e virou-se para sair do quarto.
— Jaken levará Rin para casa.
Sesshoumaru deu dois passos para tentar se sobrepor com um pouco mais de orgulho.
— Isso é o quê? Castigo? Quantos anos você acha que eu tenho agora?
— Eu já vi cenas como essas acontecerem várias vezes, Sesshoumaru, várias: duas pessoas brigam, falam coisas horríveis, o pior acontece. Você não viu que Rin não tinha condições de conversar da maneira que queria? Ela estava tremendo.
O rapaz estreitou os olhos. Aparentemente ela não tinha ouvido a parte que ele perguntava sobre o exame de gravidez. Para uma família muito ligada a tradições, considerava o desconhecimento dela um alívio.
Mas em algum momento a família saberia. A dela também. E não demoraria muito.
Talvez ele também não percebesse, mas Kaede estava preocupada e sutilmente referia-se ao fato de eles decidirem terminar a relação naquela discussão.
— Pode chamar do que quiser, mas não vai sair atrás dela.
Depois daquela sentença, os dois ouviram o barulho de um carro dando partida e os portões da propriedade abrindo. Ele deu passos apressados até alcançar as portas da sacada, abrindo-a para ver o carro com Rin indo embora.
— Boa noite, Sesshoumaru. – Kaede falou atrás dele, fechando a porta. Ele sequer olhou para trás.
Dia seguinte...
Kaede curvou-se na frente do forno para verificar mais uma vez se o peixe com legumes que preparava para o café da manhã estava bem grelhado. O arroz, alga marinha e misô já estavam prontos. E em poucos minutos, aquilo estaria perfeito com o acréscimo de um pouco de cebola.
— Hmm... – voltou a ficar com as costas retas e murmurou em voz alta, expressando os pensamentos – Se Inuyasha não comer, sobra mais, né?
Ao virar-se, arregalou os olhos ao deparar-se com Sesshoumaru na cozinha mais uma vez naquele ano, ainda com a roupa de treino matinal, suado, os olhos ligeiramente vermelhos e com olheiras que indicavam que havia passado a noite toda acordado. Muito provavelmente havia saído para treinar mais cedo que o normal para aliviar a raiva.
— O que está fazendo aqui? – ela quis saber.
Sesshoumaru permaneceu inexpressivo. Sequer piscou ou respondeu porque tinha certeza de que ela sabia o que o levava a ir até a cozinha tão cedo e antes da casa toda despertar.
— Eu preciso falar com Rin. – ele foi direto e sem sutilezas, como era o usual.
— Ora, ora, mas o que há de tão importante assim para falar com ela? Ontem parecia com medo de falar com você. – ela perguntou curiosamente ao tirar uma cebola do bolso do avental e começar a tirar a casca.
Aquilo o deixou calado. Era óbvio que ainda não podia dizer que Rin havia engravidado ou Kaede teria um ataque ali no meio da cozinha. Sem contar que segurava uma faca. Se ela desmaiasse e caísse em cima dela, seria uma situação muito desagradável, na opinião dele, e ia ser mais um atraso para poder ser liberado para sair e ver Rin.
— Vamos conversar com todo mundo à mesa do café. Vá trocar de roupa. – ela começou a cortar a cebola em cima de uma tábua de madeira em cima da mesa usada para preparar a comida.
Sesshoumaru deu as costas para retirar-se da cozinha, mas parou à porta para lançar um último olhar para a idosa por cima do ombro.
— Eu sei que quer me intimidar, mas não vai conseguir. – ela falou sem virar o rosto, sentindo o olhar dele às costas.
— Hunf. – ele resmungou.
Jaken entrava pela porta no momento em que Sesshoumaru saía, e foi inevitável que o jovem amo simplesmente empurrasse o homem contra a parede com extrema violência para que saísse do caminho.
Algum tempo depois, ele descia as escadas completamente arrumado, fechando as abotoaduras dos punhos da camisa social e ajeitando a gola. Queria deixar as coisas resolvidas com Rin o quanto antes para voltar a dormir um pouco, coisa que não fez e o deixava mais irritado ainda.
Rin estava grávida.
Estava grávida dele.
Como ele poderia dormir sabendo que ia ser pai e com tantas coisas para resolver agora?
Ao chegar à sala onde faziam as refeições, viu o avô já em pé. Com a confusão da noite anterior, sequer viu-o chegar de viagem.
— Ah, bom dia. – ele o saudou com um sorriso divertido, indicando que já sabia da situação – Que milagre vê-lo desacompanhado por aqui hoje, num sábado tão bonito.
Sesshoumaru apenas o encarou sem expressão, sentando-se elegante e orgulhosamente do lado oposto ao avô à mesa.
— Achei que Rin-chan fosse passar o fim de semana conosco. – o outro continuou para o desprazer de quem o ouvia – É nossa noite de jogar go.
Novamente não houve comentário. O silêncio de Sesshoumaru já dizia muito e deixava claro que aquele era o pior dia e momento para conversar.
— Kaede me falou que você não pode sair de casa.
Houve uma reação: o neto ergueu de leve uma sobrancelha.
— Não sei o que você fez, mas eu falo com ela. – disse Bokuseno – Não se preocupe, garoto.
Sesshoumaru estreitou de leve o olhar diante da palavra, mas não mudou o resto da expressão. Continuava olhando o prato vazio à frente, aguardando a madrinha e Jaken terminar de colocar a mesa.
Assim que Kaede se aproximou novamente com uma cheirosa terrina de peixe grelhado com legumes, Bokuseno virou-se na posição de respeitável chefe da família Taisho e começou:
— Kaede, eu...
A mulher apenas o olhou de canto com desprezo e ele precisou calar-se, assustado, e no outro segundo estava chorando encolhido como uma criancinha.
Depois que afastou-se, Sesshoumaru apenas resmungou apenas um hunf. Aparentemente ainda não poderia sair de casa para ver a namorada. Até o avô tinha medo de enfrentar a madrinha, enquanto que ele encontrava-se em uma posição de respeitar as ordens dela e não enfrentá-la por ser prima mais próxima da falecida mãe.
Depois notou os olhos intensos do avô em cima dele.
— Você quer falar mais alguma coisa, velho?
— Eu não quero falar nada. Você é quem está de castigo aqui.
Castigo. Mais uma vez essa palavra abominável. Sesshoumaru não era mais criança. Aquelas regras antiquadas de família não deveriam ser aplicadas. Era só mais um motivo para ele jamais querer ser o chefe daquela família e ir embora o mais rápido possível daquela casa.
Bokuseno enfiou as mãos dentro das mangas do yukata e murmurou um hmmm para chamar a atenção do neto, começando a falar:
— Você me faz lembrar de um velho conhecido meu...
Os olhos dourados de Sesshoumaru pararam de fitar o prato vazio para encontrar os do avô, que continuou a história mesmo sem saber se o outro estava interessado:
— Ele se desentendeu com a namorada... Sobre o quê, mesmo? – fez uma pausa como se tentasse se recordar de um passado muito distante, com a expressão suavizando lentamente – Ah, foi porque ela engravidou e eles nem eram ainda casados. Eram estudantes e nenhum trabalhava, nem tinham saído de casa.
Ficou por mais alguns minutos com aquela expressão, como se tentasse lembrar os detalhes.
— Ela era linda... uma das primas da imperatriz. E eles não deveriam ficar juntos. Já havia um casamento arranjado pra ele com uma prima. Os dois eram tão parecidos que pensavam que fossem irmãos. Mas então...
Houve outro momento de silêncio e ele baixou o rosto.
— Ele se apaixonou por essa menina da família da imperatriz e desfez tudo o que já estava combinado. E depois ela engravidou, o que seria também uma notícia horrível no nosso meio.
O olhar do neto estava agora fixo em um ponto da mesa, pensativo e atento.
— E o que ele fez? – quis saber.
Pareceu que Bokuseno notou apenas naquele momento que o neto o ouvia. Limpou a garganta e procurou as palavras, continuando a história:
— Hm... bem, foi um pouco complicado. Ele não gostava das regras da família, nem de outras imposições. Mas as regras existem para nos ajudar a escolher o caminho mais adequado, lidar com o que vem pela frente, sabe? E ele era muito inteligente e gostava tanto dela... Então decidiu conversar com a família do imperador e pedir autorização para casar com a princesa, depois terminou os estudos, como a família exigia, e começou a trabalhar para sustentar a mulher e o filho pequeno, até virar o chefe da família e ter outro filho... Eles tiveram dois meninos.
Ficaram em silêncio só por alguns segundos, talvez até um minuto ou mais, que Bokuseno quebrou para continuar:
— Você é tão parecido com ele, Sesshoumaru. – Bokuseno inclinou a cabeça para o lado e falava com saudade – Tão quieto, tão calmo, tão apaixonado...
Inuyasha apareceu bocejando, ainda com roupa de dormir, e sentou-se do lado direito ao irmão.
— Bom dia... Ugh, cebola. – ele fez uma careta ao ver a terrina de legumes com fatias finamente cortadas do que mais detestava.
— Não vai encontrar Kagome-chan hoje, Inuyasha? – Bokuseno ajustou um lenço limpo por cima das pernas – Você só fica assim de pijama quando vai passar o dia todo aqui.
— Ah, só mais tarde agora. – ele coçou o ouvido com a ponta do dedo mindinho – Não tô proibido mesmo de sair de casa.
Uma dor rápida e pontual o atingiu na perna direita como se alguém o cutucasse com a ponta de um garfo. Olhou com ódio para o irmão, ainda de rosto impassível.
— Inuyasha... – Bokuseno o repreendeu – Foi só um desentendimento entre ele e Rin-chan. Você já teve vários com Kagome. Vários.
— Keh! – o outro empinou o nariz para não se dar por vencido.
O avô aproximou o rosto para sussurrar algo ao mais novo.
— Você sabia que eles brigaram porque ele não conseguia controlar esse ciúme quando jogávamos go à noite?
— Éééé? – ele arregalou os olhos.
— É, olha a cara dele, tá derretendo de ciúme.
Inuyasha olhou para o irmão que não mostrou nenhuma emoção no rosto.
— Mas ele sempre teve essa cara.
— Eu estou ouvindo. – Sesshoumaru avisou para que não continuassem falando como se ele não estivesse ali também.
Nesse momento, Kaede e Jaken retornaram e colocaram as últimas coisas à mesa, para depois ela puxar uma cadeira e sentar-se, autoritária e elegantemente começando a servir-se depois que o pequeno homem retirou-se para a cozinha.
— Boa refeição a todos. – ela anunciou.
Os três pegaram o hashi ao mesmo tempo e começaram a pegar o que estivesse ao alcance, exceto por Inuyasha que passava longe da terrina com legumes por causa da cebola.
— É tão esquisito ver o Sesshoumaru tomando café conosco. Acho que é a primeira vez em anos. – Inuyasha murmurou comendo o arroz.
— Ele já fez isso várias vezes nos últimos meses. – o avô o defendeu – Com Rin-chan aqui, claro.
— Por isso não vale. – o mais novo comentou – Eles vivem grudados.
— Ele precisa aprender um pouco de civilidade. – Kaede comentou.
— Estou aqui ainda. – Sesshoumaru replicou num tom mais irritado com a forma como estava sendo tratado.
— É inaceitável como você se comporta algumas vezes. – ela continuou – Destratando com aquela menina como se fosse uma pessoa qualquer.
— Eu não estava destratando Rin. – ele declarou mais assertivamente.
— Você é sempre tão calado que, quando começa a discutir com alguém, a gente já pensa que é agressão.
Sesshoumaru limpou a boca com um lenço, colocou-o em cima da mesa e levantou-se. Ele não precisava ouvir aquele tipo de coisa. Já era um adulto, podia tomar as próprias decisões e sair de casa. Iria arranjar um lugar para morar imediatamente naquele mesmo dia para não ter que ouvir mais coisas daquele nível, principalmente de alguém por quem tinha alta consideração.
— Se sair sem terminar de comer, não vai ter autorização para ver a garota. – ouviu Kaede falar.
O rapaz parou e olhou por cima do ombro para a outra em desafio.
Depois calmamente voltou à mesa, sentando-se com altivez para terminar a refeição sob os olhares de todos.
— Todos vão ter que comer tudo para que ele possa sair. – ela avisou.
Levou alguns segundos para Inuyasha processar o que ela falou. No momento em que entendeu no que implicava aquela declaração, arregalou os olhos e abriu a boca para protestar.
— Tem que comer tudo. – ela o interrompeu antes.
— Mas tem cebola!
— Você vai comer sim. Ou Sesshoumaru continuará sem ver Rin.
Inuyasha olhou para a cara impassível do irmão e cruzou os braços, murmurando um "keh".
— Você quer mesmo que seu irmão continue o dia todo em casa, Inuyasha? – Bokuseno interveio – Quer vê-lo toda hora agora? Todos os dias no café da manhã? Quer realmente isso?
Inuyasha piscou, pensou, olhou para o lado do irmão, coçou a cabeça. Pegou o hashi e começou a catar algumas cebolas um canto, levantando alguns pedaços na ponta para corajosamente comê-los com evidente asco.
— Acho que eu deveria deixar vocês de castigo mais vezes. – Kaede murmurou enquanto sorvia um pouco de chá verde.
Todos comeram em silêncio, mas agora com os olhares concentrados em Inuyasha, que disfarçadamente colocava as cebolas num canto do prato.
— Tem que comer tudinho. – Kaede voltou a lembrar.
Inuyasha pegou todo o monte de cebolas temperadas com o hashi, olhando para a ponta como se algo alguma coisa intragável.
Kaede deu um suspiro cansado e fechou os olhos, balançando a cabeça. Nisso, não viu Sesshoumaru pegar determinado a mão de Inuyasha e empurrar o hashi com cebola e tudo na goela do irmão, que engasgou e parecia sufocar.
Ao abrir os olhos, viu Inuyasha quase desmaiado à mesa e Sesshoumaru levantando-se para limpar a boca com o lenço e deixar a sala. Os pratos dele e do irmão estavam completamente limpos.
— Ah, bem... – ela deu um sorriso discreto, falando na esperança que o afilhado pudesse ouvir ainda – Vá em segurança.
— Você foi bem dura com ele, Kaede-baba. – Bokuseno reclamou quando ficaram praticamente sozinhos, ignorando o drama de Inuyasha.
Novamente ela olhou para ele de canto e ele se encolheu na cadeira.
Por mais de uma hora, Sesshoumaru aguardou na frente do prédio de Rin, tocou a campainha, ligou e aguardou que ela atendesse o celular.
Nada.
Não era uma novidade que ficasse com o celular descarregado. Mas agora a situação era outra e ela precisava aprender a andar com um.
Cansado e sentindo-se pela primeira vez sonolento, ele decidiu agir: esperou alguém entrar para poder passar pelo portão e subir. Se ela não queria conversar por bem, iria conversar por mal.
Na frente da porta, não teve respostas depois de bater insistentemente.
Um movimento por atrás captou a atenção e ele virou o rosto para olhar por cima do ombro. Viu ninguém menos que o vizinho fofoqueiro de Rin fazendo exatamente a maior especialidade que tinha: xeretar o que acontecia no corredor. Ele estava apenas com o cabelo, testa e olhos por trás da fresta da porta e estremeceu quando notou os olhos de Sesshoumaru estreitarem malignamente.
Atrapalhado, tentou fechar a porta antes que o outro enfiasse o braço pela fresta e o agarrasse pela camisa para puxá-lo para o corredor.
— Sei que costuma vigiar bastante minha namorada dessa porta... – Sesshoumaru estreitou ainda mais os olhos e deixou evidente a ironia na voz – Qual foi o horário que ela saiu?
Assustado, o outro piscou.
— Responda. – ele falou num tom suave e ameaçador ao mesmo tempo.
— Ela... e-e-ela pediu ajuda ontem pra carregar uma mochila com a alça arrebentada e chamar um táxi!
— E o que mais? – Sesshoumaru estalou os dedos em mais uma ameaça.
— Eu só ajudei até aí, eu juro!
O rapaz olhou para a porta do apartamento de Rin. Então ela voltou para casa e apenas para pegar as coisas e passar a noite em outro lugar.
Soltou a camisa do estranho vizinho e caminho na direção do elevador como se nada tivesse acontecido. Será que ela tinha voltado para Nagoya sem falar com ele?
Era melhor passar na estação central e verificar o horário dos trens e comprar uma passagem. Talvez ela não estivesse atendendo as chamadas por estar com a família. Era a melhor e a pior explicação que poderia ter. Não ia se importar de ir sem mala – quando chegasse, procuraria comprar o básico.
Estava decidido a não terminar aquele dia sem ver Rin.
Meses ajudando a continuar a terapia e ela resolve se fechar da mesma forma de meses antes, quando haviam se conhecido. Aquilo era injusto demais com ele.
Deu uma freada brusca ao perceber que o sinal tinha fechado antes de conseguir passar. Apoiou o braço na janela, estreitando os olhos enquanto pensava na situação e observava as "paredes" humanas atravessando a faixa de pedestres de uma rua qualquer da capital.
Rin não poderia ter ido embora para Nagoya. Ela não faria isso. Não com ele.
O sinal abriu e ele continuou a dirigir.
Será que estava em algum hospital? Na casa de Sango? Há tempos as duas não se falavam por causa da correria do dia a dia, mas talvez valesse a pena passar para ver se Rin estava...
O sinal fechou de novo e ele fez uma carranca ao ver a multidão passar pela frente do carro. Olhou para o lado e ficou pensativo, olhando com curiosidade um casal apaixonado em frente a um prédio.
Tinha sido em frente a um prédio como aquele que tudo começou entre eles.
O carro voltou a andar um segundo depois que o sinal ficara verde, parando novamente de forma brusca porque o motorista teve uma ideia de onde alguém estaria.
Ignorando as buzinas de protesto de outros carros, ele procurou um retorno e dirigiu até um determinado bairro afastado da Universidade.
Sesshoumaru ficou alguns minutos parado na frente do prédio, o rosto levantado para observar a janela do andar onde Rin morava. Havia sido há meses, mas ele ainda lembrava de todos os detalhes daquela noite – a bolsa no carro, a decisão de ir atrás dela, a surpresa daqueles olhos, a forma como ela respondeu ao beijo...
Foi ali que tudo começou.
Havia uma luz acesa e ele tinha certeza de quem estava isolada ali para não falar com ninguém.
Aproveitou um momento oportuno de entrar no momento em que alguém saía do prédio e subiu até o andar desejado.
Aproximou-se da porta e preparou-se para bater. Já tinha em mente tudo o que iria falar. Rin poderia reclamar à vontade, mas ele não sairia dali sem ela.
A mão parou centímetros antes de tocar na porta de madeira, quando abriu-se e uma mulher de quimono apareceu. Tinha a pele mais clara que a maioria das japonesas, parecia relativamente jovem, talvez da mesma idade dele, olhos castanhos e sérios e longos cabelos negros.
As sobrancelhas dele arquearam, olhando rapidamente o número na batente da porta. Pensou por um momento que estivesse errado, mas tinha quase certeza de que era ali mesmo.
— Desculpe. – Sesshoumaru abaixou a mão fechada em punho – Acredito que errei o andar.
Com a pose elegante, ela manteve as mãos em frente ao corpo e deu um sorriso antes de falar:
— Ela está na cozinha. – a mulher indicou com a cabeça o corredor e a sala para sinalizar a direção de onde alguém estava – Não estava se sentindo bem hoje.
O olhar de Sesshoumaru passou do dela para dentro do apartamento, como se pudesse ver onde e como Rin estava naquele exato momento.
A mulher deu passagem e ele entrou, parando no genkan para tirar o calçado e olhar para a sala. Os móveis eram os mesmos da época que Rin morava. A exceção eram as plantas, agora reduzidas a tocos murchos e folhas caídas. Ninguém havia cuidado delas e ele sabia o quanto Rin gostava de cuidar de tudo quando ainda era recém-chegada e tinha apenas a companhia delas.
— Estava cuidando dela. – ela começou com um pequeno sorriso no rosto sério – Ela ficou um pouco deprimida... E passando mal por causa dos enjoos. Mas está bem agora. Está tomando um chá na cozinha.
— E você é...? – parou e esperou que ela dissesse o nome.
— Meu nome é Kikyo. Eu moro neste prédio. – ela indicou novamente a direção da cozinha com a cabeça – Vá conversar com ela.
Sesshoumaru arqueou uma sobrancelha antes de decidir ir à direção indicada.
Ao chegar à entrada da cozinha, viu Rin em pé na pia, de costas para ele, colocando mais água quente em uma xícara amarela com detalhes de flores diversas. Usava uma blusa branca com mangas transparentes e saia longa branca com flores de outono vermelhas.
Pareceu que percebeu a aproximação dele, pois virou o rosto, assustada. O semblante depois ficou inexpressivo.
Ao perceber quem era, voltou a ocupar-se de preparar o chá, abaixando a cabeça e mantendo a mesma expressão enquanto separava em um lenço de papel o excesso de ervas para jogar fora.
— Se veio aqui pra discutir, você pode voltar pra sua casa. – ela falou num tom suave e sem emoção – Podemos conversar outro dia. Não me sinto bem hoje.
Ficaram em silêncio – ela de costas e ele em pé, olhando para ela.
— Poderia ter me avisado que estava aqui. Fiquei esperando na frente do seu prédio de novo. Se eu não a conhecesse bem, ia pensar que você me gosta de fazer isso comigo.
Rin deixou o chá de lado e virou-se, cruzando os braços em frente ao corpo. O rosto tinha indícios de cansaço e estava inchado como se tivesse chorado muito.
— Eu não consegui dormir lá por causa do barulho, então vim dormir aqui. Entendi só agora por que você odeia passar a noite lá.
— Pelo menos conseguiu dormir porque eu passei a noite inteira acordado. – ele falou tom quase de acusação.
Rin desviou o olhar para um ponto no chão.
Os dois ficaram em silêncio, cada um medindo as palavras ou esperando que alguém falasse primeiro sobre a situação.
E quem tomou a iniciativa foi ele:
— Nós não precisaríamos passar por isso se você tivesse me contado antes. – ele falou sério – Todo esse tempo ajudei você de todas as formas, Rin. Terapia, conversas, morar juntos, tudo isso eu tentei assegurar no nosso relacionamento e mesmo assim você escondeu o que estava acontecendo.
— Eu não escondi nada. – ela o interrompeu suavemente para fazer a correção – Estava esperando a confirmação dos exames. Não queria chegar sem esse resultado e só com achismo pra deixar você todo preocupado. Eu sei que tá trabalhando muito e quer sair o quanto antes daquela casa.
— Eu falei que ia resolver essa situação.
Rin colocou de novo a mão protetoramente na altura da cintura, silenciosamente indicando que a situação agora era outra, e o gesto não passou desapercebido por ele, que fixou os olhos no ventre dela.
— Você está sempre resolvendo as coisas por nós, sempre tomando a iniciativa por tudo e eu queria fazer algo por nós também. Mas não queria que as coisas mudassem tanto assim... – ela falou num tom desolado e triste e o fez tirar o olhar de uma parte do corpo para encontrar o dela – Agora eu não paro de pensar se vou conseguir terminar meus estudos, se preciso largar tudo e... se vamos mesmo morar juntos num lugar que aceite crianças... Ou se você vai querer continuar comigo. Porque eu queria muito continuar com você.
Como Rin sempre cumpria aquele papel de falar no relacionamento, ele simplesmente deixou que ela falasse tudo o que a preocupava antes de soltar um profundo suspiro – algo que ele só fazia na frente dela.
— Eram essas as dúvidas? – ele perguntou.
Rin franziu a testa e confirmou com a cabeça, desviando o olhar para outro ponto enquanto esperava a vez dele de falar.
— Ótimo. – ele pegou de súbito a mão dela e começou a andar em direção à sala, arrastando-a como se fosse uma folha de papel de tão leve que era.
— Espera, aonde a gente vai? – ela chamou a atenção dele para que os dois parassem de andar.
Sesshoumaru apenas virou o rosto parcialmente para olhá-la por cima do ombro:
— Vamos dormir na minha casa. – respondeu simplesmente – Estou há mais de 24 horas acordado.
— Mas a gente precisa...
No outro segundo, ela viu-se envolvida num forte abraço, tendo que ficar na ponta dos pés para conseguir sustentar o rosto no ombro dele.
— Vamos para minha casa dormir primeiro e discutir sobre o que fazer depois. – ele reafirmou num tom que para ela soou pela primeira vez cansado.
— Mas...
O rosto dele virou de lado para falar algo próximo à orelha dela, e segundos depois ela escondeu o rosto na base do pescoço dele, abraçando-o com força.
— Desculpe, Sess... – ela murmurou quase chorando – Me desculpe...
Continuaram daquela maneira por alguns minutos até ele perceber o que ela estava fazendo:
— Você está me cheirando de novo, Rin.
Parando o que fazia, ela ergueu o rosto corado para falar timidamente:
— É que o seu cheiro é tão bom... Eu não fico enjoada com ele. – e voltou imediatamente a deslizar o nariz no pescoço dele.
— Parece que vamos ter que ficar assim com frequência, então.
Suspirando profundamente, ela concordou com a cabeça e o abraçou forte pela cintura. Era bom ficar daquele jeito. Tinha planejado ficar daquele jeito com ele na hora que contasse sobre a gravidez.
— Vamos. – ele pediu de novo, desfazendo o abraço para segurar a mão direita, procurado o caminho para a sala.
— Hmm... Sess... Por que a gente não passa a noite aqui? – ela sugeriu num tom gentil e suave, fazendo questão de enlaçar os dedos da mão com os dele – É bem tranquilo agora, consegui dormir bem a noite toda aqui.
Sesshoumaru inclinou o rosto para fitá-la com atenção.
— Tenho uma roupa de dormir sua aqui. Passei a noite com ela por causa do seu cheirinho. – ela uniu a ponta dos dedos indicadores ao acrescentar aquele fato timidamente.
— Achei que tivesse medo de dormir aqui. – ele observou.
— Ah... – ela deu um sorriso tímido – Coloquei aquele amuleto que Kagome-chan me deu na entrada da casa e não senti mais medo.
Sesshoumaru avaliou por um momento a situação olhando ao redor. Ele já tinha passado a noite uma vez ali e tinha uma boa recordação daquele sofá. Pensando melhor, também era um bom lugar para duas pessoas morarem, melhor ainda se soubesse que o proprietário aceitava casal com criança.
— Você está com fome? Eu preparo alguma coisa pra você. – ela falou num tom quase urgente para deixá-lo confortável para que aceitasse ficar ali.
— Você disse que não estava se sentindo bem. – ele apontou para relembrá-la a primeira coisa que ela havia dito quando ele entrou na cozinha.
— Não estou com muita fome. Posso ficar só olhando você comer.
Segundos depois, o estômago dela roncou e Rin corou mais ainda, abraçando-se antes de comentar:
— Desculpe... eu tomei um chá que me dá fome.
— Foi aquela sua vizinha que fez? – ele perguntou.
Rin ainda estava se abraçando e franziu a testa:
— Como?
— A mulher que estava aqui. – ele respondeu – Não era a sua vizinha?
Depois de alguns segundos de silêncio, ela piscou e deu um sorriso tímido:
— Não tinha ninguém aqui, Sess. – ela moveu-se, indicando que voltaria à cozinha – Vou preparar comida pra nós dois, tá?
Antes que ela voltasse para a cozinha, ele voltou a puxá-la para os braços:
— Não quer comer alguma coisa no seu restaurante favorito hoje e dormir na minha casa? Gosto da minha cama com você.
— Mas a gente...
— Vamos. – ele a puxou de novo em direção ao genkan antes que ela pudesse contestar, como se fosse uma boneca extremamente leve.
— Calma, Sess, eu tenho que pegar minhas coisas!
Ao chegarem em casa, os dois pararam no genkan para tirar os sapatos e viram Kaede na sala e notaram as luzes já apagadas. Ela tinha em mãos uma caixa de madeira de lei roxa e envernizada e virou o rosto para vê-los com evidente surpresa.
— Ah... – Kaede tinha um sorriso e olhou Rin – Seja bem-vinda de volta.
— Boa noite, Kaede-sama. – Rin cumprimentou-a curvando-se numa reverência rápida, evitando mostrar daquela maneira o rosto corado – Desculpe por ontem.
— Rin vai dormir hoje aqui. – Sesshoumaru avisou ao terminar de tirar o casaco e pendurá-lo em um cabide que era apenas para as coisas dele – Onde está o Velho?
Kaede deslizou a mão na caixa com carinho sem tirar o olhar do afilhado, respondendo:
— Está dormindo.
— Preciso conversar com vocês dois amanhã. – ele avisou ao sair do genkan, tomando novamente a mão de Rin e tomar a direção das escadas.
— Tudo bem. – ela concordou – Amanhã cedo conversamos.
— Até amanhã, Kaede-sama. – Rin falou por Sesshoumaru, que já estava cansado demais para comentar qualquer outra coisa. Ele parecia apressado em querer subir para o quarto e dormir o quanto antes.
— Boa noite para vocês dois. – a outra deu um pequeno sorriso e observou o casal se afastar. Viu-o com um braço em torno da cintura dela e ela também tentava contornar o corpo dele com o dela, subindo juntos as escadas para irem ao quarto.
Kaede baixou o rosto e suspirou ao voltar a arrumar a sala. Em cima da mesa de centro, havia mais dois álbuns de fotografias. Pousou a caixa de madeira, vazia, abriu-a, pegou os álbuns e alinho-os ao batê-los levemente na mesinha da sala, colocando-os na caixa. Depois fechou-a e levou-a para a prateleira reservada apenas para guardar aquelas lembranças de família.
Ao tomar a direção que levava à biblioteca, topou com Bokuseno observando escondido o casal subir as escadas como se estivesse ligeiramente emocionado.
— Parecia... – ele começou num tom suave, ainda escondendo o rosto e parte do rosto como se não quisesse ser visto bisbilhotando – Parecia meu filho subindo as escadas com Izayoi.
Kaede olhou para direção que o casal subiu e um canto dos lábios subiu, concordando:
— É mesmo igualzinho ao pai.
O pequeno sorriso desapareceu ao voltar a olhar Bokuseno. Parecia que ele estava relembrando alguma cena do passado olhando fixamente a escada já vazia, piscando suavemente como se estivesse vendo duas pessoas invisíveis subindo as escadas.
— Eu guardei os álbuns. Você quer ver de novo? – ela perguntou.
A pergunta fez com que desviasse o olhar da escada e fosse ao chão, pensativo.
— Sim... – ele falou baixinho – Sim, por favor.
E virou-se para voltar à biblioteca, caminhando a passos lentos e deixando Kaede sozinha no corredor.
No quarto, os dois já estavam com as roupas de dormir e em uma posição muito confortável nos braços um do outro.
— Eu preciso de mais tempo assim. – ele murmurou ao fechar os olhos, deslizando a mão por entre os cabelos dela. Parecia que estava nos últimos instantes de resistência antes de ser derrotado pelo sono, coisa que nunca havia acontecido até onde lembrava-se.
Rin nada comentou, mas teve uma reação – um suspiro pesado que a fez depois mudar a posição do rosto, deixando de pressioná-lo contra o peito dele para erguê-lo e encará-lo.
— Algum problema, Rin? – Sesshoumaru perguntou ao perceber que ela queria dizer alguma coisa.
Mudando de posição, ela ficou em seiza na cama, rosto voltado para o lençol, testa franzida em preocupação.
— Rin...?
Depois de alguns segundos de silêncio, ela finalmente o encarou:
— Eu queria muito voltar para Nagoya pra conversar com meu pai... – ela sussurrou num tom quase melancólico – Preciso mesmo voltar...
