Nota da autora: Fiquei doente em maio, então tudo atrasou, infelizmente :( Organizei um calendário para a postagem dos últimos capítulos e acho que termino a história agora em junho (finalmente hahahah).

Espero que gostem desse capítulo. Aproveitei a ideia do original, mas alguns personagens são diferentes aqui. Comentem sobre o que acharam :) Vou escrever um outtake para enviar a quem comentou.

Falando em comentários, obrigada a Dica-chan, Jo-Anga, Barbara Rettoree, Isa Raissa, 05csomoragnes, HelloBraga e ShivaAurora, além dos comentaristas anônimos :) Para quem tem conta aqui, eu mandei um outtake do final do dia do Sesshoumaru na casa da família da Rin. Espero que tenham gostado! Caso não tenham recebido, avisem que eu mando de novo!

Divirtam-se!


UM CAMINHO PARA DOIS

CAPÍTULO 44

No caminho das passarelas

Rin, sentada em seiza, continuava de costas para Hakudoushi enquanto aguardava pelo retorno de Sesshoumaru. Ele, também sentado, enfaixava o braço e observava de soslaio a figura da irmã.

Os dois viram quando Jakotsu chegou e interceptou o visitante para falar alguma coisa, o que provavelmente atrasaria a chegada dos remédios.

Na sala parcialmente destruída, era possível ouvir apenas os furiganas movimentando-se com o vento soprado naquela manhã, o silêncio ainda incômodo com o que havia acontecido.

— Jakotsu deve tá reclamando de novo daquele casaco. – Hakudoushi decidiu ser o primeiro a falar – Vai acabar pegando escondido pra queimar todinho.

— Hunf. – ela zombou daquela ideia.

— Vai ficar o dia todo com ele hoje, vai ouvir bastante reclamação então. – ele continuou.

Novamente ficaram em silêncio até ela ter que massagear o estômago e respirar fundo como se pudesse controlar o enjoo. Tudo por conta do nervosismo que sentiu depois de encontrar Sesshoumaru e o irmão brigando.

— Os velhos já sabem?

Demorou alguns segundos para Rin entender que ele falava sobre os pais terem conhecimento sobre o estado dela.

— Não é da sua conta. – ela respondeu com rispidez.

— Baixinha mal-educada.

— Burro.

— Pintora de rodapé.

— Palhaço. – ela rebateu com altivez e tentou levantar-se.

Ao ficar em pé, porém, sentiu a cabeça ficar leve e tudo girar, e só não caiu porque Hakudoushi já a tinha segurado e a fazia novamente sentar-se no chão com uma delicadeza que ele só tinha com ela.

— Ele falou que é pra esperar aqui, sua teimosa!

Corando, ela voltou a soltar um hunf impaciente e virou o rosto para o outro lado. Ela não era teimosa. Só não queria ficar ali discutindo com o irmão quando tinha muita coisa para resolver no dia: as roupas de cada cerimônia, onde seria a cerimônia, convidados, quem iria arrumar o quê na casa de Botan e Momiji...

Casamentos eram cansativos quando realizados em cima da hora, como era agora o caso.

No jardim, Sesshoumaru apenas observava Jakotsu tirar um caderninho de notas do bolso.

— Hoje também tenho que tirar as suas medidas. – olhou-o de soslaio – Estou pensando aqui em enfeitar com alguns animais mortos na sua roupa, já que você odeia tanto eles.

Quanta insolência, Sesshoumaru pensou. Ele já tinha notado pelos comentários e histórias contadas por Rin que o etilista não gostava nem um pouco quando ela usava algo que não era da marca registrada dele.

Mas também percebeu o quanto ele estava animado com a festa e nervoso para que tudo desse certo em tão pouco tempo.

— Jakotsu. – Sesshoumaru falou suavemente, quebrando, de certa maneira, a agressividade para com o outro – Veio tomar café conosco? Hakudoushi e eu acabamos o treinamento agora e ainda vamos comer alguma coisa.

Ainda sem jeito, o estilista demorou um pouco para achar uma resposta no mesmo tom:

— Se vocês ainda vão comer alguma coisa, vão demorar pra se arrumar. Acho que vou logo na frente com Rin.

— Rin vai tomar uma medicação primeiro e vai descansar por pelo menos meia hora. – Sesshoumaru continuou no mesmo tom – E você vai aguardar, certo? Não vai querer ver sua prima passando mal e atrasando o seu trabalho... certo?

Jakotsu deu um suspiro pesado e guardou o caderninho, puxando a manga da camisa social para ver o horário.

— Bem, a gente pode passar então pra parte do seu vestuário. Por acaso você já tem alguma coisa que não tenha pedaço de animal morto ou eu posso escolher algumas peças pro anúncio de amanhã? Sua família vai trazer alguma roupa tradicional?

Ele quer ter o controle total, Sesshoumaru pensou.

— Claro que pode fazer isso, primo Jakotsu. – ele continuou no tom compreensivo que poderia deixar qualquer um desconfiado – Agora com licença, preciso pegar algumas coisas para Rin.

Passou altivo por Jakotsu, que olhou por cima do ombro, agora desconfiado com aquela atitude.

— Nesse mato tem cachorro. – murmurou.

No dojo, Rin e Hakudoushi haviam voltado a sentar sem se falarem, até ele quebrar o silêncio:

— Vai continuar estudando pelo menos?

A princípio a pergunta não fez sentido, até ela entender que ele parecia estar preocupado com a situação.

— Claro que vou continuar. – ela falou num tom ríspido para indicar a obviedade do fato – Fui pra lá pra isso.

— Perguntei porque vai ser difícil.

— Até parece que tá preocupado mesmo.

Depois de um momento calado, ele comentou:

— Mamãe também ainda tava estudando quando ficou grávida de você.

Olhando por cima do ombro, ela piscou, sem saber o que realmente dizer. Era sempre difícil ouvir Hakudoushi falar de coisas sobre os pais quando estavam vivos. Mesmo quando ela ainda ia ao cemitério com ele, os dois sempre ficavam calados.

— É? – perguntou timidamente, tentando, pela primeira vez, imaginar a mulher que só tinha visto por fotos grávida e como uma estudante universitária.

Levou alguns segundos dele enfaixando o braço até confirmar levemente com a cabeça e falar:

— Lembro até do dia que você nasceu e ela pediu pra te segurar lá no hospital. Eu lembro de ela ter pedido pra não te derrubar no chão.

Rin parou de olhar por cima do ombro e pressionou os punhos nas pernas, franzindo a testa.

— Você nunca falou dessas coisas antes.

Hakudoushi deu de ombros.

— Você nunca perguntou antes. – ele falou tranquilamente.

— Você não quis mais falar comigo, então não tinha como perguntar mesmo. – falou com uma ponta de ressentimento na voz, olhando para a frente. Queria que Sesshoumaru voltasse logo. Ele não estava mais no jardim, o que a fez crer que ele já estava providenciando os remédios e voltaria logo.

Outra vez silêncio se fez, mas desta vez quem decidiu romper foi ela:

— Você nunca me apoiou em nada. – Rin começou – Sempre fica com raiva de tudo o que decido. Foi assim na época que eu tava com Aki, quando decidi voltar a estudar e mudar de cidade... Nada é bom. Você nunca tá feliz com nada do que eu faço.

— É claro que fico feliz. – ele rebateu logo.

— Ficando sem falar comigo? Me ignorando quando ligo? Eu fiquei mal quando você parou de falar comigo. Foi como perder...

A mão foi a boca para impedir que as palavras continuassem saindo. Não queria falar que tinha sido como perder alguém.

Do lado de fora, Sesshoumaru, ainda com o quimono de luta, tinha em mãos um copo com água e os remédios de Rin. Aguardava pacientemente a conversa terminar enquanto observava o jardim e Jakotsu andando de um lado a outro enquanto falava ao telefone.

Suspirou e voltou a prestar atenção na conversa. Agora os irmãos voltaram a falar dos pais.

— Eles iam ficar preocupados com você ficar sem emprego sendo sustentada pelo marido. – ele falou num tom preocupado – Longe da família. Em outra cidade.

— Eles nem estão mais aqui, Hashi. – ela falou o nome carinhoso pela primeira vez em meses – Não dá pra saber o que eles pensariam. Talvez eles fossem brigar com você por não ter ido pra minha formatura ou ter ficado esse tempo todo sem falar comigo. Ou brigassem comigo por ficar grávida. Ou ficassem felizes porque vão ter um neto agora.

— Ou neta. – ele complementou depois de um momento de silêncio.

Sem jeito, ela olhou para as mãos fechadas em punho nas pernas. Ainda não havia parado para pensar naquele detalhe e Sesshoumaru também não havia mencionado nada. Será que seria um menino? Menina? Meninos e meninas?

— Eu não queria que a gente ficasse assim. – ela confessou por fim num tom triste depois de algum tempo – Eu queria que você estivesse no meu casamento.

Como o silêncio prevaleceu, Sesshoumaru franziu a testa e aproximou o rosto da porta, tomando cuidado para não ser descoberto pelos dois. Viu então Rin com a mão direita na boca e os olhos fechados com lágrimas escorrendo, e Hakudoushi abraçando-a por trás, com o rosto no cabelo dela.

Voltou a esconder-se e a olhar para algum ponto à frente, como o jardim, as trilhas de pedra, as flores, o pequeno lago.

Por quanto tempo mais teria que aguardar? Eles já estavam atrasados e não queria que...

— Rin! – escutou Hakudoushi falar.

No outro segundo, ele estava na sala apenas para ver Rin nos braços do irmão passando mal com o cheiro dele e ele sem entender o que estava acontecendo.

— Ei, por que demorou...? – Hakudoushi perguntou enquanto esfregava as costas dela.

Sesshoumaru ajoelhou-se e ofereceu água e o remédio, o que ela aceitou de bom grado antes de pular nele e voltar a grudar o nariz na base do pescoço dele.

Segundos depois, ela abria os olhos cheios de aflição para encontrar os calmos dele – ela não queria estar daquele jeito quando tinham tanta coisa a fazer e ele sabia disso.

— Sua irmã está passando mal com o seu cheiro. – Sesshoumaru explicou ao levantar-se com Rin nos braços, notando a forma como o outro arregalava os olhos e levantava o braço para cheirar-se – Vou levá-la para descansar um pouco antes de sair para ver as roupas.

Antes de ir, porém, olhou por cima do ombro.

— Vai nos acompanhar com o seu primo?

O outro preferiu não responder.

— Entendo. – Sesshoumaru desencontrou o olhar e saiu do dojo carregando Rin. Hakudoushi apenas observou os dois se afastarem mais e mais e sumirem de vista andando pelo jardim.

Foi só então, naquele silêncio, que olhou ao redor e arregalou os olhos para a destruição do local.

— Como é que eu vou dar aula aqui?


Nakashima Ayame saiu do elevador pisando altivamente no corredor que levava à sala onde trabalhava, os saltos anunciando a presença da secretária pelo contato com o piso limpo da empresa de Nozomu Jakotsu – chefe dela. Cabelo ruivo preso num rabo de cavalo, olhos verdes, com blusa dourada cheia de brilho e com gola V profunda, calça social negra, saltos de 30 centímetros, ela tentava parecer o mais elegante possível e não passar mais um dia de raiva depois de ter uma viagem programada para Paris cancelada em cima da hora.

Quando o chefe dela ficava nervoso, ela ficava irritada.

E logo ele estaria ali com a tal prima que casaria em breve – motivo que a fazia trabalhar dobrado há dois dias.

— Bom dia, Ayame-chan. – alguém a cumprimentou.

— O que tem de bom? – ela murmurou tão baixo que não dava para a outra pessoa entender.

— Falou alguma coisa?

— Bom dia pra você também. – ela deu um sorriso falso e apressou o passo até entrar na sala onde trabalhava.

Deslizou as portas para o lado, entrou, fechou-as atrás de si e deu um suspiro cansado. Depois sentou-se na cadeira mais confortável que o chefe havia comprado para ela como um mimo pelo cancelamento da viagem.

Silêncio.

Tranquilidade.

Paz.

Não tinha tido essas três palavras recentemente. O que mais queria no momento era poder se concentrar nos detalhes da seleção das roupas, mas estava sendo bem difícil com um chefe indeciso sobre os modelos. A sugestão de fazer com que a noiva viesse ao ateliê e escolhesse o que iria usar havia partido dela.

Mas no fundo não queria que ninguém aparecesse. Queria ficar no silêncio, meditando, imaginando-se comendo croissants amanteigados deliciosos à beira do rio Sena e...

— AYAMEEEEE-CHAN! – uma voz a fez arregalar os olhos de susto ao interromper o momento – CHEGUEEEEI!

Se antes as palavras eram de sentido positivo, agora na mente dela passavam outras:

Guerra.

Discórdia.

Violência.

Jakotsu abriu as portas do escritório todo sorridente, com algumas pessoas que Ayame ainda não conhecia atrás dele.

Bom diaaaa, Ayame-chan! – ele aproximou-se dela quase dançando, sentando-se na ponta da mesa de trabalho, notando a forma como ela amparava a testa como se estivesse com dor de cabeça – Você preparou...

A secretária entregou uma pasta nas mãos dele sem sequer erguer o rosto para olhá-lo.

— E o...

Outra pasta foi entregue a Jakotsu.

— Aquela...

Cinco outras pastas de arquivo pararam na mão dele.

— Ai, ai, você é a melhor mesmo. Ah! – ele abraçou os arquivos e depois apontou para as pessoas que o acompanhavam – Quero apresentar minha prima Rin. É ela quem vai casar. E aquele é...

Enquanto Jakotsu apresentava Sesshoumaru e Hakudoushi, os olhos verdes fixaram no casaco que a noiva tinha.

— Isso é um Inukimi de verdade? – ela perguntou com os olhos arregalados, saindo de trás da mesa para aproximar-se de Rin e tocar no casaco.

— "Inukimi"? – Rin repetiu meio confusa.

— É uma marca antiga da era Taisho. – ela explicou, acariciando o pelo branco extremamente macio – Há só uns dois ou três casacos desses no mundo agora. Eu mesma só conheço pelas imagens dos meus livros de História da Moda.

— Oh... – Rin franziu a testa – Não sabia. Estou adorando usar.

Ayame parecia ainda fascinada com a peça e quase ignorou as tossidas extremamente irritantes que Jakotsu tinha quando queria chamar a atenção.

— Ayame, eu...

— Está em cima da sua mesa. – ela dispensou o próprio chefe com um gesto e continuou admirando Rin e o casaco – Você fica linda com ele. É de muito bom gosto. Posso experimentar também?

Rin corou timidamente e Sesshoumaru soltou um hunf quase vitorioso.

— A-Ayame! – o chefe indignou-se, evidentemente irritado pela preferência dos demais sobre aquela peça – Você não tem que trabalhar?

— Como eu não viajei pra Paris, então... não. Tenho bastante tempo livre. – ela respondeu com um tom desinteressado – Dê uma voltinha, Rin-chan, eu quero ver os detalhes.

Hakudoushi piscou ligeiramente surpreso com a audácia de falar daquela maneira com o primo e Sesshoumaru soltou o segundo hunf em tempo recorde.

— Ah, eu sabia que você vindo até aqui seria excelente. – a secretária uniu as mãos graciosamente – Porque agora eu já sei qual roupa você vai usar na cerimônia de amanhã!

Depois passou um braço por cima dos ombros dela e a afastou dos três acompanhantes.

— Vamos conversar, Rin-chan... Temos muito o que conversar hoje...

Petrificado, o dono da empresa viu a prima e Ayame se afastarem como se fossem melhores amigas há anos e irem embora para a sala principal de criação, e depois Hakudoushi e Sesshoumaru segui-las.

— Jakko me disse que você já trabalhou como modelo aqui. – Ayame comentou ao chegarem a uma entrada com duas portas e parar para pegar as chaves no bolso da calça social.

— Sim... Foi numa época diferente. – Rin respondeu, dando um sorriso meio triste – Eu estava com outra pessoa.

Ao notar que havia tocado em um assunto delicado, Ayame resolveu continuar o assunto.

— Bem, mudamos algumas coisas. – ela abriu as duas portas ao mesmo tempo – Hoje você ficará aqui comigo hoje e com um monte de homem bonitão. Ah, aí estão eles.

Várias pessoas pararam os afazeres apenas para observar Sesshoumaru e Hakudoushi aproximando-se lentamente.

— Hmm... – Jakotsu murmurou atrás delas num tom pensativo, assustando Rin por aparecer tão repentinamente – Será que esses dois fariam um ensaio sensual com algumas peças minhas?

— Ensaio? – ela exclamou em cinquenta tons de vermelho no rosto – Claro que não!

Depois ficou em dúvida. Talvez quisesse um ensaio sim, mas só para ela. Sesshoumaru jamais faria um para que outras pessoas vissem. Pelo menos ela não deixaria.

— O que foi? – ouviu-o perguntar num tom suave.

— N-Nada. – ela tratou de disfarçar. Nem havia percebido que eles já estavam ali esperando para o início das provações.

— Já tava pensando num ensaio, né, sua danadinha? – o primo cutucou um lado do rosto corado de Rin.

— Bem, vamos começar porque eu não tenho o dia todo. – Ayame segurou uma das portas e fez um gesto para todos entrarem – Rin-chan, por favor.

— Obrigada... – ela passou depressa e sentou-se timidamente em um sofá enorme para descanso, tirando alguns minutos para observar onde estava agora.

Há tempos que não vinha ali. Lembrava-se vagamente de ter alguns móveis, mas a sala de provação parecia ter passado por uma reforma completa, provavelmente depois da separação de Jakotsu. Até os móveis eram diferentes, com retratos em preto e branco de amigos e parentes do primo nas paredes, sem uma única lembrança do ex-companheiro.

Rin estava tão concentrada observando os detalhes que não vi uma pequena confusão acontecendo na entrada:

Você vai acompanhar Rin-chan? – Ayame perguntou a Sesshoumaru, que apenas ficou em silêncio para atestar a obviedade da situação e deu as costas para entrar na sala.

— Qual é o problema? – Hakudoushi quis saber quando ficaram sozinhos.

— Hmm... – ela colocou o dedo indicador no queixo para ajudá-la a escolher as palavras – É que dizem que dá azar o noivo ver as roupas da noiva antes da cerimônia.

Hakudoushi franziu a testa por um momento, movimentando os olhos de um canto a outro como se aquilo o ajudasse a lembrar alguma coisa.

— Eu nunca ouvi falar disso. – finalmente concluiu.

Ayame deu de ombros na hora de responder:

— É uma superstição. Acho que muita gente não acredita mais nisso.

Quando ela virou-se para entrar, ele a parou segurando-a pelo braço.

— Mas acontece alguma coisa com o noivo, né? – ele quis saber meio ansioso – Não quero que nada aconteça com a minha irmã.

Ayame o fitou por um momento, piscando suavemente enquanto o analisava, percebendo segundos depois que ele falava sério.

Resolveu ignorá-lo e o deixou confuso na entrada, ouvindo-o murmurar ué.

Dentro, Ayame estava em pé no meio do enorme salão.

— Bem, Rin-chan... – ela tirou o celular do bolso e começou a olhar as anotações – Amanhã teremos o anúncio oficial do casamento e Jakotsu escolheu cinco modelos diferentes para usar ao longo do dia.

Cinco? – ela arregalou os olhos.

— Por que ela precisa de tudo isso? – Hakudoushi pareceu genuinamente confuso.

Ayame tossiu de leve e continuou olhando as anotações no celular:

— De acordo com o seu primo, amanhã vocês vão recepcionar os pais do noivo pela manhã, então já tem uma roupa aí. Depois ela vai trocar para tomar chá com eles. Depois tem o almoço em família e você vai trocar de novo de roupa. À tarde Rin vai ter que se preparar com outro modelo para uma cerimônia do chá organizada pelo pai do noivo. – ela deixou de olhar a tela do celular para encarar os três que a ouviam – Aparentemente você precisa tomar bastante chá amanhã.

— Eu também? – Hakudoushi quis saber genuinamente curioso, mas sendo devidamente ignorado.

Rin ficou boquiaberta e olhou para Sesshoumaru em busca de alguma explicação.

— Kaede pediu porque vai nos entregar alguns presentes nessa cerimônia. – ele tentou tranquilizá-la.

— Tomara que não seja outro animal morto. – Jakotsu resmungou.

— Falou alguma coisa, chefinho? – Ayame quis saber e ele se encolheu com medo, comportamento notado por Sesshoumaru. Então a secretária era quem mandava no chefe. Era uma informação importante demais para deixar passar.

— Oh, eu adoro o chá que Kaede-sama prepara. E a comida também. – ele ouviu Rin concordar mais entusiasmada, tirando-o por um momento daqueles pensamentos. Não parecia mais tão preocupada com tantas roupas para tantos momentos. Se teria comida, então ela ficaria bastante satisfeita.

— Bem, depois disso haverá um jantar no Kowabun.

Sesshoumaru notou que os irmãos arregalaram enormemente os olhos.

Recomendação minha. O dono é um ex-namorado meu. – uma nova voz masculina soou no ambiente – Considerem como meu presente de casamento não precisarem esperar dois meses por uma mesa.

Passos foram ouvidos aproximando-se lentamente do grupo ali reunido. Era um homem saindo da sacada e entrando no ambiente trajando uma roupa de cavaleiro com botões dourados – alto, cabelos negro e longo preso num rabo-de-cavalo, olhos de um azul escuro quase roxo e lábios pintados de vermelho.

— Oh... – Jakotsu parecia ainda mais animado com a presença do outro – Este é meu novo sócio, Mugen no Byakuya. Ele entrou no lugar do falecido.

Silêncio se fez.

— Ele está falando do ex-companheiro que não pode ser citado aqui. – Ayame explicou num tom compreensivo quando percebeu que não haviam entendido, ouvindo um aaahhh suave por parte dos primos.

Byakuya passou por trás de Rin e deslizou o dedo delicadamente no elegante casaco.

— Finalmente estou conhecendo os responsáveis pelo cancelamento da nossa viagem à Semana de Moda de Paris. – ele tocou com a ponta dos dedos o queixo de Rin, tão suave que ela nem tinha notado, piscando para ela – E por fazer Jakotsu trabalhar há dois dias sem parar.

— Ahh... Muito prazer. – Rin deu um enorme sorriso – Obrigada por conseguir uma mesa no Kowabun. Eu sempre quis comer lá.

— Vocês vão adorar o lugar. – ele sentou-se no sofá e cruzou as pernas – E ouvi o que falaram sobre o número de trajes para amanhã. Pensamos primeiro em quatro, mas Jakotsu e eu detestamos números pares, então aumentamos para cinco. É um número de sorte.

— Hunf. – Sesshoumaru zombou e afastou-se para observar os quadros em preto e branco para distrair-se, visto que o dia seria longo. No momento que havia entrado na sala, olhos encontraram um que chamou imediata atenção e agora tinha chance de ver de perto.

Era um quadro de Rin com uma roupa que já a havia visto usar quando estudavam juntos, sentada nos degraus das escadas de alguma empresa com os joelhos abraçados e olhando para a câmera. Ela tinha um sorriso tímido, mas os olhos pareciam não encontrá-lo.

— Rin trabalhou por algum tempo aqui como minha modelo. – Jakotsu explicou atrás dele – Esse é da época que ela cuidava de Aki no hospital. Acho que nem estudava mais, então dei uma vaga aqui pra ela se distrair um pouco. A situação ficou pior e ela nem veio mais depois.

Era possível notar que a maquiagem tentava disfarçar as olheiras e a preocupação, mas ainda assim ele conseguia notar o tom de melancolia que não combinava de forma alguma com ela.

— A ideia de mudar de cidade também foi minha. – ele continuou falando com certo orgulho das próprias atitudes – Ela precisava mudar de ares, sair daqui e conhecer gente nova. Nem imaginávamos que ela ia...

Apesar de ouvir atentamente, Sesshoumaru teve que desviar a atenção para outra coisa que estava acontecendo: pelo canto dos olhos, ele viu quando Ayame e Byakuya guiaram Rin e Hakudoushi para outra porta, onde a noiva provaria as roupas, e imediatamente fez menção de segui-los.

— Ei, vai pa onde? – Jakotsu perguntou num forte sotaque, interceptando-o.

— Vou acompanhar Rin. – Sesshoumaru finalmente falou.

— Não, não vai. – o outro balançou a cabeça extremamente sério – Aqui em Aichi não podemos deixar o futuro marido ver as roupas da noiva antes do casamento.

— Jakotsu, você sabe que isso nem existe, mas não vou discutir a respeito disso agora por falta de tempo. Agora com licença, preciso ver Rin.

Novamente ele tentou passar pelo estilista, mas Jakotsu mantinha a pose autoritária, com as mãos apoiadas nos quadris.

— Você não vai. – ele avisou.

Sesshoumaru ergueu uma sobrancelha em desafio.

— Não vou?

— Não. – Jakotsu reafirmou.

Os lábios de Sesshoumaru pressionaram numa fina linha por alguns segundos, como se estudasse o que precisava ser falado, depois voltou a assumir uma expressão calma e controlada ao anunciar:

— Sabia que Rin vai casar com alguém de uma família nobre de Kanto e que ela deveria usar roupas escolhidas pelo chefe da família?

Por um momento, Jakotsu abriu a boca, confuso, até que entendeu o que aquilo significava, arregalando os olhos logo em seguida:

— Você não ousaria. – ele falou num tom de ameaça.

Sesshoumaru apenas ergueu mais ainda a sobrancelha e Jakotsu recuou assustado, colocando a mão no coração. Sim, ele ousaria sim e muito.

— Rin precisa estar perfeita. É o casamento dela.

— Como se este Sesshoumaru não soubesse disso. – ele falou num tom desprovido de emoção.

— Então você entende que pode ficar uma hora longe dela, né? Vocês ficam grudados lá em Tokyo e não pode ficar um instantinho separados? Ora, francamente.

— Ontem passamos meia hora separados e você a fez experimentar vinte modelos diferentes e deixou sua prima cansada e estressada para escolher depois só uma roupa, Jakotsu.

— Rin é uma Nozomu e ela sabe o que significa usar a marca com o nosso nome. Ainda mais que ela vai perder em breve pra ter o seu.

Ah, então era isso, os cantos dos lábios de Sesshoumaru subiram de leve.

— Rin sempre foi e ainda é referência em moda na Universidade por causa de você. Sua marca. Nunca repetiu uma peça.

— Não é muito difícil ser uma referência em moda numa cidade cheia de pessoas que usam cílios LED. – Jakotsu ironizou.

— Eu proponho um acordo.

O outro ficou desconfiado.

— Que tipo de acordo? – perguntou – O último com meu ex me deixou traumatizado. Tive que mudar até de salão.

Cansado daquela conversa, Sesshoumaru começou em um tom formal, extremamente profissional, como se estivesse cuidando de uma causa judicial:

— Você vai selecionar o mínimo possível de roupas para as cerimônias e para o casamento.

Jakotsu arregalou os olhos em evidente choque.

— Impossível. Você tá me sugerindo fazer minha prima repetir uma roupa.

— Rin não precisa de tudo isso. – Sesshoumaru tentou ser razoável – Nem de levar toda aquela bagagem quando volta para a capital.

— E ela vai andar sem roupa em Tokyo? – ele franziu tanto a testa que parecia transfigurado.

— Hunf. Que ideia absurda. – Sesshoumaru zombou.

— A resposta é não. – o estilista cruzou os braços autoritariamente – Com pouca roupa, ela vai acabar usando aquelas com estampas de animais e provocar uma catástrofe ambiental. Sabe quantas onças são mortas pra fazer uma saia horrorosa de oncinha?

— Não é muito diferente do que faz produzindo peças que você só deixa usar uma vez.

Jakotsu recuou de novo e colocou a mão no peito mais uma vez em sinal de indignação:

— Como se atreve?

— Ah, eu me atrevo muito. – ele enfatizou com seriedade – Você não vai querer me ter como inimigo, primo Jakotsu.

— E ainda quer fazer acordos comigo? Você é muito engraçado mesmo.

— Você tem sorte de eu estar de bom humor hoje. – Sesshoumaru falou tão sério que o estilista franziu de novo a testa para tentar encontrar o humor que o outro alegava ter no momento – Tente ser razoável e selecione o menor número de peças possível, ou eu deixo todas as malas na estação quando voltarmos para Tokyo.

— Rin não reclamou até agora.

— Você sabe que ela é extremamente educada e não gosta de conflitos. Agora, Jakotsu, aqui vem minha parte do nosso acordo.

— Não quero saber. Não concordo. – ele cruzou os braços e empinou o nariz.

— É um segredo de família.

Jakotsu ficou em silêncio, já começando a ceder.

— Muito bem. – Sesshoumaru deu as costas – Vou contar então para Hakudoushi.

Pera. – Jakotsu o segurou pelo braço – O que vai contar pra ele?

— Não posso contar para você se vou contar para ele.

— Mas eu quero saber.

— Então decida-se.

Jakotsu ficou com uma expressão de dúvida muito semelhante à que Rin sempre tinha quando precisava tomar alguma decisão importante.

— Posso acrescentar algumas coisas no acordo?

Sesshoumaru ficou em silêncio, o que significava que o outro precisava prosseguir.

— Eu conto depois da novidade.

— Não, Jakotsu. – Sesshoumaru balançou lentamente a cabeça para os lados – Não é assim que funciona comigo.

O outro pisou forte no chão com impaciência e sentindo-se derrotado.

— Diga logo o que quer.

Depois de alguns segundos, Jakotsu respondeu:

— Quero fazer a roupa do seu irmão nesse casamento.

— Meu irmão?

— Sim. – Jakotsu cruzou os braços, preparando-se para falar pausadamente – O I-Nu-Ya-Sha. Ele tá vindo, né?

Sesshoumaru estreitou o olhar, pensativo. Achava que estava relacionado a algum contrato exclusivo de roupas, mas...

— Muito bem. – ele falou com um canto do lábio levantado para não demonstrar demais a satisfação que sentia – Feito.

... Aquilo era bom demais.

— Maravilha! – o outro bateu palmas vitoriosamente – Bem, o que você vai contar?

— Do que vocês estão falando? – Hakudoushi apareceu repentinamente no canto onde os dois conversavam.

— EU VOU FAZER A ROUPA DO INUYASHA! – Jakotsu falou de uma vez, assustado com a intrusão num momento tão crucial.

— De quem? – ele perguntou.

— Do meu irmão. – Sesshoumaru completou numa explicação e com uma paciência quase infinita.

— Cê tem um irmão? – Hakudoushi parecia curioso – Coitado. Tô falando dele, claro.

— Sai daqui, Hakudoushi, sai! – Jakotsu, já impaciente, tentou empurrá-lo para longe, mas o primo não moveu nem um centímetro.

— Só vim avisar que a Rin tá te esperando pra ver como ficou a primeira roupa... – ele falou com uma calma, olhando por cima do ombro – Vai acabar quebrando o braço se tentar me empurrar.

— Nós já estamos indo. – Sesshoumaru avisou.

Hmmmmmmmmm. – Hakudoushi estava desconfiado, depois movimentou-se sem avisar Jakotsu e o ouviu o primo cair e praguejar, afastando-se.

Momentos depois, ele levantou-se e tirou a poeira da roupa, cruzando os braços.

— Bem... – ele começou – Qual é o segredo de família?

Segundos se arrastaram até Sesshoumaru começar a revelação num tom calmo e pausado:

— Jakotsu, você será o primeiro na família Nozomu a oficialmente saber do nosso segredo: sua prima está grávida.

O estilista franziu a testa, arregalou os olhos em choque e levou a mão dramaticamente ao coração.

Recuperando a pose, ele tentou encontrar a voz:

— Mentira sua. – ele não poderia ser o primeiro a saber. Era simplesmente impossível – Não falaram pro Hashi?

Sesshoumaru não negou e nem confirmou, o que deixou Jakotsu numa posição ainda pior. Se era oficialmente o primeiro, desconfiariam imediatamente dele se alguém parabenizasse o casal antes do aviso oficial.

E parecia que Sesshoumaru sabia exatamente em qual posição Jakotsu se encontrava.

— Considere-se um felizardo, primo Jakotsu. – ele falou numa fina ironia – Não contamos nada a Hakudoushi ou aos pais de Rin ainda.

Num suspiro de resignação, Jakotsu ergueu o rosto com dignidade e começou:

— Quanto tempo?

— Dois meses.

— Oh. – ele pareceu preocupado, franzindo a testa – Perigoso mesmo revelar agora. Geralmente esperam três meses.

— Você entende agora minhas razões para ficar perto de Rin e meu pedido para não deixá-la nervosa por causa dessa roupa?

O outro confirmou com a cabeça lentamente.

— Muito bem. – Sesshoumaru virou-se para voltar para perto de Rin.

Deu apenas dois passos antes de ouvi-lo novamente:

— Quero fazer a roupa do bebê. De todos eles, na verdade.

Sesshoumaru olhou por cima do ombro.

— "Todos"?

— De todos os filhos que tiverem. – ele tirou o famoso caderninho do bolso e uma caneta, começando a anotar algumas coisas – Vão usar roupas de qualidade desde o primeiro dia de vida. Nada que seja feito com trabalho escravo ou com animais mortos.

Sesshoumaru deixou de olhar por cima do ombro para soltar um hunf:

— Faça como quiser.

E deixou Jakotsu sozinho, anotando tudo o que precisava para a fazer a roupa da próxima geração.


Algum tempo depois do jantar, Sesshoumaru terminava de dar o nó no roupão de dormir enquanto observava algumas coisas do quarto de Rin. Livros, fotografias emolduradas dela com a família, a mesa de estudo, os diários empilhados em ordem cronológica...

E, claro, a nova cama – uma cortesia dos pais de Rin. O senhor Nozomu providenciou uma cama maior para o quarto da filha para que o casal desocupasse o de hóspedes e para que Rin e o futuro membro da família tivessem um pouco mais de conforto para aquela e para as próximas visitas.

E era ali que ela tinha dormido até decidir morar em outra cidade.

— O que achou do meu quarto? – ouviu-a perguntar.

Pelo canto dos olhos, viu-a sair do banheiro do quarto com o rosto lavado e hidratado e ficar em pé atrás dele, deslizando os dedos entre os fios do cabelo negro. Estava já com roupa de dormir e parecia pronta para descansar mais de dez horas, se não tivessem que acordar muito cedo.

— A dona é mais interessante no quarto todo. – ele viu o rosto ficar mais corado, virando-se para aproximar-se mais e mais como se estivesse perseguindo uma presa e encurralando-a até a cama – É bem grande e agradável. Trouxe muitos namorados aqui, Nozomu Rin?

— Ah... – ela arregalou os olhos e, num piscar de olhos, estava deitada com as mãos dele apoiadas em cada lado do rosto – N-Não...

Os rostos ficaram próximos e ele notou a forma como ela parecia um pouco irritada.

— Eu nunca fiz essa pergunta quando fui ao seu quarto pela primeira vez. – ela resmungou.

— Só porque você não quis saber, não significa que este Sesshoumaru não deixaria de perguntar. – ele inclinou o rosto para analisar o dela – Seu quarto parece o de uma princesa também.

— De novo você com essa história de princesa. – ela deixou a irritação de lado para sorrir – Foi aqui nessa cama que conversamos daquela vez por telefone. Você me fez querer voltar logo pra Tokyo. Lembra disso?

A resposta dele foi aproximar mais o rosto para tomar os lábios dela num beijo, mas teve que parar ao ouvir uma tossida de leve de uma terceira pessoa ali.

Os dois olharam para a porta e Rin arregalou os olhos quando viu o irmão parada com os braços cruzados apoiado no batente da porta, evidentemente divertindo-se por interrompê-los naquela posição – Sesshoumaru por cima da irmã e os dois quase se beijando.

— Eu bati e ninguém respondeu. – ele se defendeu.

Sesshoumaru levantou-se, andou calmamente até a porta, a ponto de fazer Hakudoushi endireitar o corpo e dar dois passos para fora, fechando a porta na cara dele.

— Sess! – ela reclamou.

— Ele estava atrapalhando que nem daquela vez por telefone.

No outro segundo, a porta abria com um Hakudoushi lívido entrando novamente no quarto.

— Eu só vim aqui fazer uma pergunta!

Sesshoumaru olhou por cima do ombro e Rin rapidamente sentou-se em seiza. Mesmo tendo passado a tarde todas juntos, ainda sentia-se estranha com o irmão ali simplesmente conversando depois de tanto tempo sem trocarem palavras mais amigáveis.

Mas talvez as coisas melhorassem a partir dali. Pelo menos esperava que sim.

— Precisamos de uma logística aqui. – ele começou, deslizando os dedos pelo cabelo claro – Vamos ajeitar os quartos de hóspedes pra sua família chegar amanhã, mas teremos mais pessoas chegando da capital, né?

— Sim. – Sesshoumaru confirmou.

— Quantos quartos?

— Apenas mais um para os amigos de Rin. Um casal.

— São nossos amigos. – ela corrigiu com um sorriso – Meus e de Sesshoumaru.

Os dois olharam para ela que retribuiu com um sorriso ainda maior.

— Que horas a sua família chega?

— No trem das onze horas.

— Bem, vamos providenciar os quartos antes disso. – Hakudoushi deu as costas para sair do quarto, parando no corredor – Não vão fazer barulho ou os velhos vão ficar incomodados.

E fechou a porta, deixando Rin petrificada e vermelha de vergonha.

Só mudou de posição quando sentiu Sesshoumaru sentar ao lado dela e colocar uma mecha de cabelo teimosa atrás da orelha, deixando o rosto dela visível para ele.

— Qualquer coisa, deixamos meu irmão e Houshi dormindo do lado de fora para as suas amigas dividirem um quarto sozinhas. – ele tentou tranquilizá-la.

— Claro que não. – ela franziu a testa em irritação – Aqui tem quarto pra eles também.

— Podíamos dizer que não tem e colocar Inuyasha para dormir na casa do cachorro. – ele a fez deitar na cama e a cobriu até os ombros.

— Não temos mais cachorro. – ela continuou com a testa franzida – Não vamos deixar ninguém de fora do nosso casamento.

O dedo indicador deslizou pelo lábio inferior dela.

— "Nosso casamento"... – ele repetiu e a viu confirmar com a cabeça. Não era mais estranho ouvir os pronomes possessivos quando se tratava de construir os planos com ela.

Nosso. – ela enfatizou – Com todo mundo junto.

Também cobrindo-se, ele acomodou-se e abraçou-a de forma que ela pudesse dormir confortável e conseguisse deslizar o nariz no peito dele, esticando o braço para tocar o interruptor próximo à cama e desligar as luzes.

— Boa noite, minha Rin.

— Boa noite, Sess... – ela falou já numa voz sonolenta – Obrigada por tudo hoje.

Em silêncio, ele deslizou uma das mãos pelas costas inferiores até senti-la adormecer profundamente.