Nota da autora: Eu tinha avisado que atualizaria no dia 11, mas acabei tendo uns contratempos para terminar o capítulo. O próximo sai por volta do dia 22 ou 23.
Que bom que vocês estão se divertindo nessa fase final da história! Mas ainda há uma parte importante para ser resolvida antes de encerrar de vez a história... o que vocês acham que é? Alguém imagina o que será? Vai aparecer já no próximo capítulo.
Tenho um outtake para mandar para quem comentou no capítulo passado... Vou fazer isso esta semana :)
Obrigada pelas mensagens desejando melhoras :) Espero que vocês também estejam se cuidando.
Agradeço aos comentários de ShivaAurora, HelloBraga, Conny-chan94, Dica-chan, Isa Raissa e 05csomoragnes11. Beijos pra vocês no coração!
Espero que gostem do capítulo e que possam comentar!
UM CAMINHO PARA DOIS
CAPÍTULO 45
Pessoas que abrem caminhos
Sesshoumaru abriu os olhos lentamente, notando os tons mais claros da noite passando para dia. Com o sono leve que sempre teve, tinha recebido o alerta de recebimento de uma mensagem, sem se incomodar com o envio em um horário tão inoportuno – já sabia de quem era.
O braço estendeu e pegou o celular em cima da mesinha ao lado da cama, o rosto continuou sem expressar emoção ao ver a mensagem do irmão mais novo. Ele avisava que estavam a caminho da estação e perguntava, a pedido de Kaede, se precisava de alguma coisa de casa que pudessem levar.
A resposta veio apenas com um simples não – e depois sem mais réplicas. Inuyasha sabia que não precisava fazer mais perguntas.
Aproveitou para ver as outras mensagens e franziu a testa para outras que havia recebido quando já estava dormindo – uma de Miroku e Sango avisando que chegariam apenas dois dias antes do casamento porque ainda não haviam conseguido autorização do trabalho.
Voltou a atenção então para a mulher dormindo tranquilamente na mesma cama. Rin estava tão tranquila, parecia não ter nenhuma outra preocupação no mundo depois da tensão que havia passado nas últimas semanas.
O dedo deslizou de leve pelo rosto enquanto a observava e foi o suficiente para que ela despertasse, piscando confusa ao perceber que ainda estava amanhecendo.
— O que foi...? – ela perguntou com sono.
— Hora de acordar e de se alimentar.
Rin franziu a testa, sabendo que ainda era muito cedo para ela, e cobriu-se com o lençol até à altura da cabeça para ignorá-lo.
Sesshoumaru não se aborreceu. Era a reação que ela sempre tinha quando ainda não queria se levantar.
— Bem... – ele sentou-se então na cama, preparando-se para levantar-se – Vou treinar então com o seu irmão.
Não houve resposta, mas viu-a mudar de lado por debaixo do lençol.
Talvez seja melhor que ela continue dormindo, ele concluiu ao levantar-se de vez e começar a arrumar-se. Seria um dia todo de compromissos. Rin tinha o direito de descansar mais algumas horas.
Algum momento depois, já com roupa de treinamento, ele aproximou-se novamente da cama. O lençol já não a cobria mais e ela estava deitada de costas, um dos braços esticados para o lado como se quisesse alcançá-lo.
— Estarei no jardim. – ele sussurrou no ouvido dela.
Sem reação novamente. Ele insistiu:
— Depois conversamos sobre uma situação dos seus amigos.
Viu-a concordar com a cabeça e ouviu-a suspirar profundamente, agarrando a almofada dele para enterrar o nariz nela.
A única coisa que ele fez foi ajeitar o lençol, cobrindo-a até o ombro, depois saiu do quarto fechando a porta com cuidado.
No corredor, viu Hakudoushi, também usando roupa de treinamento, já aguardando por ele perto da escada, descendo em silêncio juntos.
Algumas horas depois, Rin descia as escadas ainda se espreguiçando e com vontade de voltar para a cama quente. Nem na antiga cama tinha dormido tão bem. O pai tinha feito uma ótima compra e precisava agradecer ainda.
Mas sentia-se, de certa forma, arrependida por ter dormido muito. O dia seria tão cheio e esperava que tudo desse certo com tantas cerimônias.
— Deve ser por isso que as pessoas estão deixando de casar... – ela murmurou num tom de reflexão. Naturalmente sabia que havia mais motivos para o baixo índice no Japão, mas já achava aquele primeiro momento de formalidade muito cansativo.
Viu os pais já ocupados arrumando a sala – a mãe separando o conjunto de chá de porcelana chinesa que estava na família há gerações para limpar e o pai e a governanta separando e definindo os lugares para receber os convidados. Estavam tão concentrados que nem perceberam a aproximação dela.
— Bom dia. – ela falou com um sorriso – Desculpem por aparecer só agora.
— Oh... – a mãe murmurou um pouco surpresa, pegando uma xícara para tirar a poeira – Na verdade, achamos que ia ficar dormindo até o horário da cerimônia.
— Eu tinha acordado cedo e voltei a dormir. – ela beijou o rosto da mãe e depois o do pai – Jakotsu já chegou?
— Ainda não. E nem fale o nome dele para ele não chegar tão cedo. – o pai avisou com os braços cruzados, fazendo um sinal positivo para a governanta que o ajudava para avisar que as almofadas estavam bem alinhadas – Se bem que eu soube que ele não vai exagerar desta vez.
— Hmm... – a filha parecia ainda desconfiada – Ele sempre diz que não vai exagerar.
A barriga roncou alto e abraçou-se na altura da cintura, corando ao notar que chamou a atenção dos três.
— Vou comer um pouco! – ela saiu correndo como uma criancinha alegre em direção à sala onde faziam as refeições.
Ao entrar, viu o irmão e Sesshoumaru de costas para ela, já vestidos com roupas quimonos formais. A entrada fez com que olhassem por cima do ombro e ela viu os rostos dos dois com curativos aqui e ali.
— Não acredito! – ela aproximou-se de Sesshoumaru e tocou de leve o machucado perto do supercílio – O que vocês fizeram agora?
— A gente tava treinando. – Hakudoushi começou a mover o ombro girando o braço, falando para Sesshoumaru – 'Cê falou que tinha avisado pra ela.
— Sim. – ele confirmou – Quando ela estava dormindo.
Hakudoushi revirou os olhos. Era lógico que Rin não saberia do treinamento se estava dormindo como uma pedra.
— Avisou o quê? – Rin largou o rosto de Sesshoumaru e decidiu não discutir sobre os machucados advindos desses treinamentos às vésperas do casamento, até porque parecia fazer parte da rotina desses lutadores.
— Sobre ir treinar com o seu irmão. – ele explicou, sentando-se em seiza e gesticulando para que ela sentasse no lugar ao lado, o que ela não fez de imediato – E sobre conversar a respeito da vida dos seus amigos.
Nisso, Rin arregalou os olhos.
— Sango-chan e Miroku-sama? O que houve?
— Eles ainda não conseguiram autorização do trabalho e chegarão depois.
— Ohh... – ela murmurou e franziu a testa preocupada – Espero que eles consigam. Kagome-chan vem, né?
Viu-o confirmar com a cabeça e sentiu-se tranquila, passando a mão pela testa para tirar o suor imaginário e deixando escapar um "ufa" de alívio. Queria que todos os amigos que a ajudaram em Tokyo viessem e conhecessem a cidade.
Depois sentou-se ao lado dele e de frente para o irmão, já animada com mais uma refeição. Esticou o braço e cortou a omelete japonesa com legumes em três partes, colocando no prato dois terços e deixando apenas um para o irmão e Sesshoumaru dividirem.
Os dois trocaram um olhar silencioso, depois observaram a jovem servir-se com tudo o que tinha direito.
— Ai, hoje tem bastante coisa... Arroz... – ela separou uma porção maior, deixando a tigela quase como uma montanha com deslizamento de grãos pelas bordas – Um pouco de misô... – encheu duas tigelas – Ah, tem abóbora hoje, nhan... nhan...
Novamente Sesshoumaru e Hakudoushi trocaram olhares silenciosos, evitando comentários sobre o motivo de Rin estar faminta.
— Boa refeição! – ela falou segurando o hashi com as mãos unidas, separando-os para comer o arroz, o misô, a abóbora, a omelete.
Pelo menos ela parecia mais tranquila com tudo o que estava acontecendo e não estava passando mal, Sesshoumaru refletiu, percebendo que Hakudoushi tinha o mesmo pensamento.
Por um momento, ninguém falou nada por estarem concentrados na refeição, até que Sesshoumaru decidiu quebrar o silêncio com um comentário.
— O seu primo está demorando.
Rin e Hakudoushi pararam de comer e balançaram a cabeça para os lados numa forte negativa.
— Aconteceu alguma coisa com Jakotsu? – ele perguntou com o olhar levemente estreitado ao sentir algo estranho. O nome pronunciado fez com que eles balançassem a cabeça ainda mais forte, como se ele estivesse falando algo proibido.
Segundos depois, era possível ouvir uma voz alegre ecoando pela casa toda e deixando os irmãos um pouco frustrados.
— BOOOOOM DIAAAAA!
— Não era pra falar o nome dele. – Hakudoushi murmurou.
— Parece que tem um sexto sentido e chega logo depois. – Rin completou a explicação.
— Ou talvez porque eu já esteja atrasado mesmo. – o estilista apareceu na entrada da sala puxando um cabideiro de rodinhas com várias peças protegidas – Ugh, pelo visto já andaram se atracando de novo. Não façam isso de forma alguma quando estiverem usando uma roupa minha porque quero todas perfeitas depois do uso.
— Pra que tudo isso aí? – Hakudoushi perguntou – A Rin já não trouxe tudo?
Jakotsu pegou um cabide com a roupa toda envelopada em plástico cinzento, com o nome da marca destacado em enormes letras douradas, colocou-a na frente do corpo para deslizar a mão lentamente numa apresentação:
— Trouxe as roupas de vocês dois e as do ~I-Nu-Ya-Sha~. Ele vai ficar perfeito. – ele uniu as mãos perto do rosto e usou um tom apaixonado nas últimas frases.
Hakudoushi e Rin cuspiram a sopa misô.
— Por que fez a roupa dele também?
— Foi o meu trato com o...
Deu um grito quando alguém arremessou misô quente na cara dele, saindo correndo para limpar o rosto e verificar se não tinha alguma queimadura de segundo grau.
Os irmãos olharam para Sesshoumaru, o único que tinha uma tigela de sopa vazia e permanecia calmo e paciente como se não tivesse acontecido nada.
— Sess, o que você aprontou? – Rin perguntou baixinho com um grão de arroz grudado na boca.
— Tem comida na sua boca. – Sesshoumaru voltou-se apenas para beijá-la e fazer esquecer o que o outro ia deixar escapar.
Quando afastou o rosto, viu o dela corado e ouviu uma tossida de Hakudoushi.
— Evitem se agarrar na minha frente, por favor. Ainda é cedo.
Rin ficou mais vermelha e Sesshoumaru estreitou o olhar, virando-se novamente para Rin para dar um ruidoso beijo estalado nela apenas e irritar o futuro cunhado.
Às onze e meia da manhã, dois táxis pararam na frente da casa da família Nozomu. De um desceram Bokuseno, Inuyasha e Kagome. Do outro desceram Kaede, segurando um enorme cesto de comida, doces e flores, e Jaken, com vários presentes empilhados nos braços.
— Cuidado com isso, Jaken, ou eu mando você de volta para Tokyo para comprar tudo de novo se algum deles cair e quebrar.
— Já sei, já sei! – ele reclamou, andando habilmente sem olhar o rumo por conta da montanha de presentes.
— Agora eu entendi por que a gente veio separado. – Inuyasha murmurou ao avô ao pegar as malas com a ajuda de Kagome.
— Foi assim também no casamento dos seus pais. – ele explicou baixinho porque não queria que ela ouvisse – Foi terrível, achei que a sua mãe ia cancelar o casamento.
— Acho que a Rin-chan deve estar menos nervosa que ela... – Kagome sussurrou.
— Bem, deixa eu pagar aqui... – Inuyasha afastou-se já tirando a carteira do bolso do casaco.
— Ah, eu vou com você! – Kagome correu atrás dele.
Bokuseno aproveitou e entrou primeiro, abrindo caminho para os demais pelo jardim bem cuidado do senhor Nozomu e tomando alguns minutos para admirar o local.
Atrás dele, minutos depois, estavam Kaede e Jaken. Ao vê-los, declarou:
— Esse jardim é o mais bonito e bem cuidado que eu já vi na vida.
Silêncio se fez.
— Eu cuido do jardim de lá de casa e você não acha bonito? – Kaede perguntou um pouco ofendida.
Inuyasha e Kagome reaproximaram-se do grupo trazendo uma caixa de presente que havia ficado para trás.
— Vocês esqueceram isso aqui lá no carro. – ele colocou o item no alto da pilha que Jaken tinha em mãos, dando um assovio ao notar os detalhes do jardim – Bonito jardim.
— Eu não falei? – Bokuseno falou.
— Falou o quê? – o rapaz perguntou.
— Ele não falou nada. – Kaede não parecia de bom humor.
— Não é mais bonito que o de lá de casa, Inuyasha?
— Vamos, vamos logo, deixem de conversa. – Kaede passou na frente do chefe da família Taisho e subiu os degraus da entrada.
— Eu não acredito que eles realmente vão casar. – Inuyasha comentou, colocando os braços atrás da cabeça numa pose preguiçosa.
— Mas eu já sabia disso! – Kagome uniu as mãos e tinha os olhos brilhando de alegria ao falar com um ar sonhador – Isso é típico de Sesshoumaru-sama! Pode não demonstrar, mas ele realmente se importa com quem gosta! Acho que deve ter sido tão romântico! Aposto que ele se ajoelhou e mostrou um anel bonito e fez Rin chorar com o pedido!
Os quatro tentaram imaginar Sesshoumaru um pouco mais romântico, mas só conseguiam pensar em cenas com ele no habitual silêncio e rosto sem emoção e Rin entendendo tudo e ela mesma fazendo o pedido.
— É verdade! – Kagome cruzou os braços – Você podia ser romântico que nem o seu irmão, Inuyasha.
— Keh! – ele exclamou e olhou para uma direção onde conseguia ver homens carregando ripas de madeira de um lado a outro – O que é aquilo?
— Parece que estão reformando alguma parte. – Kagome comentou.
— Deve ser por conta do casamento – Bokuseno observou.
— Hmmm... – Inuyasha parecia desconfiado, mas depois deu de ombros, acompanhando o grupo.
— Bokuseno, toque a campainha. – Kaede ordenou com o rosto atrás das flores.
Em silêncio, ele obedeceu e, minutos depois, a porta abriu e Sesshoumaru apareceu na entrada.
— O que foi isso no seu rosto? – o avô perguntou ao ver os dois curativos.
Sem dizer nada, o neto abriu caminho para que o avô, Kaede e Jaken passassem com os presentes. Na hora do irmão passar, ele bateu a porta na cara de Inuyasha.
— Oi! – ele bateu na porta com o punho uma vez. Na segunda, a porta abriu e ele caiu para dentro do genkan.
— O que foi, Inuyasha? – ele perguntou num tom irônico – Procurando alguma coisa aí no chão?
Inuyasha rangeu os dentes como se fosse um cachorro.
— Inuyasha, pare de se jogar no chão que nem criança e nos ajude com os presentes! – Kaede ordenou. Parecia extremamente preocupada com os preparativos em cima da hora. Era o tipo de coisa que pessoas da geração dela não aceitava tão facilmente – tudo deveria ser organizado com seriedade com meses de antecedência, não daquele jeito.
Depois de passarem pelo genkan, todos ficaram na sala de visita devidamente decorada e arrumada para a ocasião – o anúncio do noivado e união entre as famílias, além da assinatura dos primeiros papéis.
— Rin já está descendo. – Sesshoumaru avisou – Vou avisar aos pais dela.
Sem esperar por qualquer comentário, ele afastou-se e deixou o grupo sozinho por alguns minutos observando o ambiente.
— Ah! – Kaede exclamou de repente por trás da cesta que ainda segurava.
— O que foi agora? – Inuyasha assustou-se também.
— Esquecemos de trazer o livro da nossa família. E agora?
Os quatro ficaram em silêncio incômodo.
— Eles realmente precisam saber sobre nove décadas de História do Japão? – Inuyasha franziu a testa.
— Acredito que a família de Rin já conhece bastante nossa origem pelos livros da escola, Kaede. – Bokuseno arriscou.
— Mas sempre foi tradição apresentar. Eu lembro que Toga...
— Meu filho dormiu nessa hora. Minha nora dormiu nessa hora. Eu dormi nessa hora. – Bokuseno explicou.
Kaede quase largou a cesta no chão com a revelação, exclamando:
— Eu sabia que você estava dormindo!
Algo, ou melhor dizendo, alguém chamou a atenção de todos e interrompeu aquela discussão ao aparecer no alto da escada.
— Ah! – Rin exclamou ao descer lentamente os degraus– Vocês chegaram!
— Rin-chan! – Kagome acenou para a amiga.
De vestido verde oliva sem mangas na altura do joelho, com um cinto dourado marcando a cintura, ela estava calma e sorridente e com o habitual leve rubor marcando o rosto.
Kagome foi direto a ela, sem se importar em quebrar um pouco do protocolo dessas ocasiões, e a abraçou.
— Estou tão feliz por você, Rin-chan. – ela falou com os olhos fechados – Chegou no seu último ano de curso só pra conhecer Sesshoumaru e ficarem juntos.
A frase fez com que algo despertasse em Rin. Sentiu os olhos marejarem, mas rapidamente os limpou para que os outros não ficassem incomodados com qualquer lágrima de alegria que escorresse.
— Obrigada, Kagome-chan. – ela sussurrou.
— Quero saber tudinho. – a outra falou num tom conspiratório – Inuyasha até agora não acredita.
— O que essas duas estão conversando tanto olhando pra cá? – Inuyasha perguntou com desconfiança.
Rin deixou Kagome e foi até os outros que deveriam ser recebidos de outra maneira. Ela seria família agora.
O primeiro a aproximar-se foi Inuyasha, que tratou logo de falar:
— Meus pêsames, quer dizer... Parabéns pelo casamento, blá, blá, blá. – elesussurrou no ouvido dela, notando o esforço dela para não rir – Eu nunca sei o que falar nessas horas, foi mal.
— Tudo bem, Inuyasha. – ela o assegurou – Obrigada por vir.
— Só vim por causa da comida. Ah, e porque gosto de você. É mais legal que o Sesshoumaru.
— Eu sei que você gosta muito do seu irmão, Inuyasha.
— Keh! – ele empinou o nariz.
Rin continuou tentando controlar o riso e passou por ele para aproximar-se de Bokuseno, que, sério, segurou as mãos dela nas dele.
— O senhor não precisa se fingir de sério. – ela falou numa brincadeira.
— Minha pequena jogadora de go... – ele sussurrou olhando fixamente o rosto dela – Agora vamos poder jogar todos os dias tomando um vinho escolhido por você.
— Desculpe não ter feito muito isso nas últimas semanas. Tivemos alguns contratempos... – ela o olhou timidamente ao se explicar – Vai ficar um pouco difícil agora que vamos nos mudar, mas prometo que passo pelo menos um dia na semana jogando.
Um brilho de astúcia passou tão rápido pelos olhos dele que ela sequer teve tempo para notar. Depois teve que se afastar e cumprimentar Kaede e Jaken.
— Jaken-sama... – Rin falou com o outro através das caixas de presentes – Precisa de ajuda?
— Aheeem... – ele começou com o habitual pigarro para começar o tom mais empertigado – Não precisa, este Jaken deve continuar com a tarefa de manter todos os presentes em segurança até a hora do casamento.
— Hmm... – ela ainda estava receosa.
— Mas este Jaken deve acrescentar que está feliz com a união de Rin-chan e Sesshoumaru-sama. – a voz ficou dramaticamente embargada e dava pra ouvir o homenzinho fungando ruidosamente.
— Obrigada, Jaken-sama. – ela deu um sorriso que ele não viu – Depois que guardar tudo isso aí, quero abraçar você.
— Oh... – ele murmurou num tom preocupado – Eu também gostaria, mas não sei a que horas vão me deixar guardar isso aqui.
— Rin... – Kaede aproximou-se e falou com o rosto parcialmente escondido por trás da cesta, interrompendo a conversa com Jaken – Parabéns.
— Obrigada por vir, Kaede-sama. – ela comentou falando com a mulher quase da mesma maneira que falava com Jaken minutos antes – Precisa de ajuda? Posso pegar a cesta?
A resposta nem tinha vindo quando, em segundos, outra pessoa já tirava a cesta e colocava no chão.
— Ohh... – ela soltou uma exclamação de alívio ao ver que era o afilhado de volta – Obrigada, Sesshoumaru.
— Vocês não gostariam de subir primeiro com as malas para trocar de roupa antes do anúncio? – Rin sugeriu já fazendo menção de querer subir – Eu levo vocês lá.
— Ah... - Inuyasha massageou um dos ombros e girou o braço esquerdo – Ótima ideia, eu fiquei quebrado nessa viagem. Como você aguentou fazer isso durant...
Antes de terminasse de completar, ele foi puxado pelo colarinho da camisa social para longe do grupo, fazendo (quase) todos os presentes arregalarem os olhos. O único que sabia o que estava acontecendo e o que deveria acontecer em breve era Sesshoumaru.
— I-Nu-Ya-Sha~... – Jakotsu fez-se presente enquanto arrastava Inuyasha até as escadas – Eu estava ansioso pra te conhecer!
— EEEEEIIIIIII! – ele gritou ao ver-se cada vez mais longe dos familiares.
— Ah! – Kagome apontou para o jovem – Você é o primo estilista de Rin-chan!
Jakotsu parou por um segundo, curvou-se dramaticamente para cumprimentar a todos como se ele fosse um ator de teatro e os outros estivessem na plateia, e voltou a arrastar Inuyasha pela gola da camisa.
— Eu quero um autógrafo! – ela falou mais animada, seguindo-os.
— Eeeeeeii, Kagome!
— Pare de fazer escândalo, Inuyasha, estamos na casa dos outros! – ela o repreendeu ao subir os degraus atrás deles.
Rin deu um sorriso sem graça e voltou novamente a atenção aos visitantes, apontando para as escadas.
— Vamos? Sesshoumaru e eu levamos vocês.
Em minutos, o grupo se movimentou com alguns pertences e subiu as escadas, deixando a sala quase vazia.
— Oiiiii... – Jaken, ainda segurando a montanha de presentes, murmurou baixinho para ninguém ouvir – Quem vai me ajudar...?
Pouco tempo depois, Bokuseno, acompanhado de Jaken e Kaede, sentou-se em seiza na frente de uma mesa. Do outro lado estavam o senhor Nozomu, acompanhado da esposa e de Hakudoushi. Inuyasha estava um pouco mais afastado, com um kimono em tons vermelhos e brancos, de braços cruzados e irritado, com Jakotsu tirando várias e várias fotos com o celular naquela posição e mostrando para Kagome para aprovação.
-Eu acho que poderia ser ter mais uma de perfil... – ela sussurrou e o outro concordou.
Os dois pararam quando notaram os vários olhares na direção deles, com Jakotsu tendo que guardar o aparelho.
No meio da mesa, sentavam lado a lado Sesshoumaru e Rin, servindo como uma ponte entre as duas famílias. Ela discretamente tocava os dedos dele, já ansiosa pelo que ia acontecer em minutos.
Bokuseno pigarreou e começou o anúncio:
— Meu neto expressou desejos de casar-se com sua filha. – ele começou em um tom mais solene – Ela perderá o nome Nozomu e passará a ter o nome da nossa família.
O pai de Rin assentiu com a cabeça e começou:
— Nós também aprovamos essa união, mesmo sendo tão em cima da hora.
— Oh... – Bokuseno murmurou – É mesmo bastante incomum planejar um casamento em tão pouco tempo, mas entendo que seja mais por do nosso retorno. Meu neto tem um cargo administrativo no governo precisa retornar ao trabalho na capital. Rin-chan... quer dizer, a sua filha tem um curto período de férias antes de voltar para a faculdade.
Rin remexeu-se discretamente, apertando de leve os dedos de Sesshoumaru e trocando um rápido olhar com ele. Era óbvio que a explicação boa que encobria um fato muito importante.
Mas um assentir de cabeça de Sesshoumaru fez com ficasse mais tranquila, voltando a prestar atenção ao que era dito.
— Já tomamos algumas providências. – o senhor Nozomu voltou a falar – Esses dois vão casar em cinco dias.
Bokuseno concordou e limpou a garganta.
— Ao contrário do que normalmente acontece, em nossa família, é tradição que a nova esposa more por um ano em nossa casa. – ele começou e Rin arregalou os olhos e notou a testa franzida de Sesshoumaru. Aparentemente nem ele sabia – Creio que será melhor, já que Rin ainda está estudando.
Nisso, Inuyasha arregalou os olhos e levantou-se para perguntar, ignorando Jakotsu tirando fotos dele mais uma vez:
— Sesshoumaru não vai sair de casa?
— Ainda não, Inuyasha. – Kaede respondeu pelo avô – O casal mora com a família do noivo por um ano.
— Vocês nunca me contaram essa tradição. Achei que ele ficaria um ano na casa da Rin e que a gente não veria a fuça dele por um ano.
— Você podia morar aqui em Nagoya e trabalhar comigo. – Jakotsu ofereceu, tirando discretamente um celular para tirar uma foto dele naquela pose – Você é um modelo natural, vai fazer muito sucesso nas passarelas.
— Keh! – ele resmungou.
Sesshoumaru e Hakudoushi fecharam os olhos em impaciência. Rin sentiu suor escorrendo pela lateral do rosto.
— Inuyasha, senta! – Kagome puxou com força a barra do kimono e ele foi forçado a sentar-se novamente.
Bokuseno pigarreou para que todos voltassem à conversa interrompida por Inuyasha.
— Como dito, eles vão morar conosco por um ano. Mas Sesshoumaru não vai herdar a casa. – Bokuseno explicou ao senhor Nozomu – O falecido pai dele, meu filho Toga, disse que, se não seguisse uma determinada tradição, ficaria sem a residência da família Taisho que está conosco há gerações.
— Oh. – o outro murmurou e olhou de relance para a filha. Apesar de ela não ter contado, já suspeitava sobre o que se tratava em uma família mais nobre.
— Mas temos um presente de casamento para eles. Kaede? – Bokuseno anunciou, virando-se parcialmente para ela e estendendo a mão.
A madrinha tirou de dentro da manga do kimono formal um papel dobrado em três partes, entregando a Bokuseno, que depois passou para o senhor Nozomu.
— O que é isso? – Rin sussurrou tomada pela curiosidade, esticando o pescoço para ler o conteúdo que o pai tinha em mãos.
— Parece uma escritura de casa. – Sesshoumaru sussurrou para ela sem precisar mover-se para ler o que estava escrito.
— Eles têm procurado um lugar para morar há algum tempo sem muito sucesso. Vamos reformar uma antiga propriedade da família Taisho para eles. – Bokuseno anunciou.
O pai de Rin leu rapidamente o documento e concordou com a cabeça, passando o documento para a filha também ler, depois trocou um rápido olhar com Sesshoumaru. Pela expressão no rosto que só ela conseguia traduzir, ele também não sabia daquilo e estava um pouco irritado.
Teria que conversar com ele para ver o que achava da situação. Se ele não quisesse aceitar nada daquilo, teriam que passar mais tempo procurando e ela estava cansada de procurar casas e apartamentos decentes na capital com mais de 12 metros quadrados.
— Bem, acredito que esteja tudo certo. Já podemos fazer esses dois assinarem os documentos da Prefeitura. – o senhor Nozomu recebeu das mãos da esposa um envelope branco timbrado e com um selo da prefeitura, abriu-o e apresentou o conteúdo ao casal: eram papéis que legalizavam a união no civil.
Rin segurou o papel com a mão direita trêmula, sentindo os dedos de Sesshoumaru tocando os da mão esquerda.
Trocou um rápido olhar e deu um sorriso ao vê-lo tranquilo. Tudo havia terminado bem, como ele mesmo havia dito quando pediu para confiar nele.
Depois daquilo, poderiam ter a união no religioso. No caso deles, estava sendo preparada uma cerimônia para as duas religiões: uma budista, por conta da família Nozomu, e outra xintoísta, por conta da família Taisho.
— O meu nome já mudou aqui... – ela sussurrou para ele com um sorriso.
Sesshoumaru assinou os papéis e deu um leve aceno de cabeça, apertando os dedos dela na palma da mão para reassegurá-la.
— Bem... – o senhor Nozomu tomou de volta os papéis e colocou-os no envelope para lacrá-lo – Meu neto que trabalha na prefeitura vai tomar as devidas providências até amanhã. Podemos agora passar para a próxima parte.
— É o almoço, né? – Rin perguntou com o rosto corado, recebendo um sinal afirmativo de cabeça dos pais – Ai, ótimo, eu já estou faminta.
Sesshoumaru levantou-se e estendeu a mão para ajudá-la a levantar-se, gesto que havia repetido tantas vezes antes e que agora tinha um significado mais especial.
— Obrigada, Sess. – sussurrou ela.
Juntos e de mãos dadas, eles acompanharam os outros que começaram a levantar-se para a área onde haveria um almoço, o segundo momento entre as famílias. Ainda haveria uma cerimônia de chá organizada por Kaede e um jantar para a família toda em um dos melhores restaurantes de Nagoya.
Inuyasha viu Rin encostar o rosto no braço de Sesshoumaru, o mesmo que havia quebrado há alguns anos, depois franziu a testa.
— O que foi, Inuyasha? – Kagome perguntou, levantando-se ao mesmo tempo que Jakotsu.
— É, Inu-kun, o que foi? – ele também ficou intrigado.
— Eu achava que ele ia mudar de casa. – ele resmungou – Nunca ouvi falar disso dos noivos continuarem morando na nossa casa, ainda mais que ele decidiu não ficar com ela. Por que será que tem isso agora?
O estilista, conhecendo bem os motivos por trás daquilo, pensou depressa em uma resposta:
— Acho que você nunca deve ter ouvido falar porque nunca perguntou, Inu-kun.
Inuyasha continuava intrigado, mas resolveu aceitar aquela simples explicação, dando de ombros e levantando-se.
Os três começaram a seguir o grupo, até que Inuyasha voltou a ficar intrigado com alguma coisa e parou de andar.
— O que foi, Inuyasha?
— Quer dizer que Kagome e eu vamos morar um ano ainda com eles? – ele perguntou.
Kagome arregalou os olhos, assustada com a pergunta, e Jakotsu tirou o conhecido caderninho da manga do kimono social para perguntar:
— Vocês vão casar quando? Vai ser mesmo em Tokyo?
