EPISÓDIO 11

A mansão Kido parecia ter voltado aos tempos do sr. Mitsumasa.

Todos os quartos estavam ocupados e as pessoas conversavam nos corredores e nos jardins, carregando bolsas e malas de rodinha, descendo do ônibus vindo do Santuário para o evento da noite. Saori contratara alguns empregados temporários, que se esforçavam para levar cada um para seu quarto e preparar as refeições e lanches.

Eles chegaram cedo para aproveitar o dia em Tóquio. Shunrei levou Mu, Shaka, Orfeu, Eurídice, Shun e June para conhecerem a vizinhança, passando a manhã na rua comercial próxima. Depois de se reunir com o Conselho de Administração da Fundação, Shion, Saori, Camus e Dohko se instalaram ao lado da fonte, ajustando alguns entendimentos. Ikki e Esmeralda tinham compromisso no centro da cidade e voltaram pouco antes do almoço.

Aiolia, Marin, Milo e Shaina exploraram os terrenos, instalando-se por fim na biblioteca, onde entabularam uma conversa animada sobre como seria e quem estaria no evento e as apostas para o campeonato mundial.

Antes do almoço, a assessoria de imprensa da Fundação veio instruir os participantes sobre como lidar com os diversos públicos que estariam presentes. Eles teriam suporte na hora, o que seria fundamental pois, apesar da experiência, aparentemente nenhum deles lidara com algo desse tamanho.

- Que tipo de evento é esse, afinal? – June perguntou durante a refeição da tarde. – No início, eram apenas algumas pessoas, mas agora parece que virou desfile de modelo.

- Só há poucos dias tivemos a real dimensão. – Dohko comentou, passando uma travessa de carne para ela. – É um evento onde os principais patrocinadores apresentarão suas equipes.

- A Fundação entendeu que ao menos os nossos lutadores mais conhecidos deverão estar presentes hoje. – Camus completou, ouvindo a conversa do outro lado da mesa. – Das nove entidades, conhecemos apenas três. Pelo que descobrimos, são as que têm condições de disputar conosco em nível internacional.

Shunrei escutava em silêncio. Dohko viera falar com ela assim que descera do ônibus, confirmando a presença de Julian e Sorento, deixando-a livre para ficar na mansão. Ela se recusara. Não deixaria Shiryu sozinho. Ao lembrar dele, seu estômago embrulhou. Ainda não contara a conversa com os mestres. Ele sabia que os Solo estariam lá, mas não sobre o atentado. Ficou olhando para seu prato de sushi, revendo a decisão de não tocar no assunto naquele momento em que ele precisaria estar focado em seus deveres como Cavaleiro.

- Que tal se subirmos para não tumultuar a saída? – ele surgiu ao seu lado, falando baixo. – Você não comeu nada? Está se sentindo bem?

- Ainda com o café no estômago. – ela sorriu brevemente, aceitando estar no primeiro grupo que iria se aprontar. Viu Marin e Aiolia, Dohko e Shaina, Shun e June, Shion, Mu, Shaka e Orfeu e Eurídice fazendo o mesmo.

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Às 18 horas, várias limusines formaram um comboio até o centro de convenções, na área central de Tóquio. Todos em trajes de gala.

Tiveram o cuidado em encontrar sherwani (1) para os indianos. O de Shion com casaco e alto relevo dourado, um chunni (2) roxo com bordados dourados e calças e sapatilhas roxas. Para Mu um branco todo bordado com brocados perolados. Shaka ergueu as sobrancelhas para o seu vermelho com intrincados bordados em dourado por toda a extensão do casaco e calças e sapatilhas vermelhas.

Dohko e Shiryu com seus ternos de gola mandarim (3). O de Shiryu branco com um dragão vermelho em toda a lateral direita e o de Dohko preto com os punhos com desenhos de tigres dourados.

Para os japoneses, quimonos em cortes modernos. Shun recebeu um preto com punhos e gola com bordados vermelhos de cenas de batalhas. O de Seiya preto amarrado com cinto creme, finas fitas creme atando o tecido nos antebraços e um bordado de Pégaso no ombro esquerdo. Ikki escolhera um azul escuro com punhos, cinto de seda e gola azuis claros, de corte mais ajustado ao corpo que os outros.

Os demais de smoking e as mulheres de vestidos longos e jóias alugadas nas melhores joalherias da capital japonesa. A partilha provocara um princípio de tumulto no escritório da mansão, com Eiri e Esmeralda disputando o mesmo colar prateado com safiras. Saori decidiu a contenda dando o colar para Eurídice e então elas se comportaram. As abotoaduras foram outro momento de atrito pois Orfeu e Milo queriam as douradas com rubis. Começaram a discutir em grego como se estivessem no mercado Monastiraki (4). Só houve acordo quando encontraram um par de asas prateadas com arabescos em ouro e Orfeu logo mudou sua escolha.

- Você deveria usar apenas esses ternos. Está lindo. – Shunrei falou baixinho, a cabeça no ombro do noivo. – Não vou te deixar sozinho de jeito nenhum. – ele soltou uma risada abafada, entrelaçando seus dedos com os dela, olhando a paisagem mudar rapidamente pela janela do carro.

- E quem disse que eu vou ficar longe de você hoje? – ele respirou fundo. – Não precisa ficar nervosa. Vamos nos sair bem.

- O senhor já esteve em eventos como esse? – Eurídice perguntou. Ela e Orfeu eram o outro casal na limusine.

- Não desse tamanho, mas já estive, sim. – Shiryu sentiu três pares de olhos fixos nele. – É quando as patrocinadoras começam as campanhas publicitárias. Haverá fotógrafos e talvez tenhamos que dar alguma declaração, mas em geral quem fala são os representantes das empresas. Seiya, Saori, Marin e Aiolia foram os primeiros a ir por isso. E quem vai chegar por último serão o Grande Mestre e os mestres Camus e Dohko. Isso na chegada. Depois que entrarmos, é um evento comercial. Se houver convidados, vão pedir para posarmos para fotos, autógrafos, essas coisas.

Orfeu assentiu.

- Lembro do assessor de imprensa da Fundação nos orientando sobre sermos simpáticos e não conversarmos por muito tempo. – Shiryu balançou a cabeça.

- O importante é não deixar o nervosismo tomar conta. – olhou dentro dos olhos dos dois recém-investidos integrantes da equipe. – Tratar a todos com respeito e não querer responder a tudo prontamente. Pensem antes de fazer qualquer coisa. Se tiverem dúvidas ou problemas, não hesitem em nos chamar.

- Chegamos. – Shunrei anunciou ao ver a movimentação perto do centro de convenções. – E parece que não é um evento pequeno. Tem banners de várias empresas, da Federação Internacional, da Fundação. Muitos fotógrafos e um tapete vermelho. – ela se debruçou na janela, querendo ver onde iriam descer. - Estou me sentindo no Oscar. – brincou para quebrar um pouco o nervosismo dos dois jovens.

- Vocês vão primeiro? – Eurídice falou depressa, meio perguntando, meio pedindo.

- Claro. – Shiryu respondeu, apertando a mão de Shunrei. – Lembra do que combinamos, Orfeu? Nós saímos, damos a volta e as buscamos na outra porta.

Assim que abriram a porta do carro, os flashes piscaram incessantes e os chamados e pedidos para Shiryu se virar se misturaram. Ele deu espaço para Orfeu sair e cumprimentou os fotógrafos com uma leve reverência e alguns acenos antes de ir até a outra porta e estender a mão gelada para a gelada de Shunrei. Ela saiu corajosamente, equilibrando-se nos saltos.

- Você é a mulher mais linda do mundo. – Shiryu sussurrou em seu ouvido, fazendo-a sorrir e corar. – Está tudo bem? – os olhos verdes se conectaram com os azuis e ela confirmou, percebendo a chuva de flashes sobre eles. – Vamos. – segurou firme a mão dela e a guiou por entre fotógrafos e fãs que seguravam cartazes, camisetas e celulares gravando e fotografando tudo.

Eles não chegaram sozinhos. Outros convidados caminhavam com eles pelo tapete vermelho. Orfeu e Eurídice pareciam estar conseguindo lidar com a situação. Cuidavam para não se distanciar muito e atender com o máximo de delicadeza os pedidos para poses e autógrafos. O jovem casal ficara conhecido nos dois últimos campeonatos categoria até 20 anos por terem ganhado invictos.

Em alguns pontos, eles eram instruídos a parar para as fotos com as logomarcas dos patrocinadores atrás. Nesses momentos, pediam para juntar vários atletas e Shunrei recuava, vendo que muitos eram queridos e conhecidos da plateia. Ela se esforçava em memorizar nomes e rostos, admirada como Shiryu e os outros atletas mais experientes sabiam exatamente o que fazer. Às vezes, alguns lutadores o cumprimentavam e ele fazia questão de apresentá-la. Várias vezes, se juntava com os companheiros do Santuário para fotos. Outras vezes, ele respondia uma ou duas perguntas de algum repórter e a buscava com o olhar. Ouviu citarem seu nome e se lembrou dos tapetes que percorrera com Julian.

Shiryu ficava estranhamente calmo durante essas exposições à mídia e aos fãs e notou que sua noiva também. Via-a conversando com os assessores da Fundação ou com algum atleta enquanto ele ia até as grades de contenção falar com os fãs. Tomava o cuidado de não se afastar muito e sempre voltar para caminhar com ela. Passava a mão por sua cintura e o sorriso dela era tão amoroso que ele não podia deixar de fitá-la demoradamente. À medida que avançavam, algumas perguntas passaram a incluir o nome dela e ele sentia um orgulho imenso ao referi-la como sua noiva.

- Até poucos meses, ela tinha um relacionamento com um dos herdeiros da Solo Corporation, não é? – uma repórter perguntou e ele fingiu não ouvir. – A Solo é uma das patrocinadoras da Federação no próximo ano.

- A Fundação Graad é uma excelente patrocinadora. Nós vamos honrar nosso compromisso com as artes marciais e os fãs. Obrigado. – ele recitou a resposta-padrão a ser usada em situações difíceis e se afastou.

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- Como eu nunca tinha reparado que o mundo das artes marciais é tão diversificado e ostentador?! – Eiri comentou ao conseguir chegar perto das duas amigas.

O tapete estava movimentado, com dezenas de atletas, convidados, empresários e assessores transitando. Os grupos andavam mais ou menos juntos. Homens com trajes completamente pretos, com alguns detalhes roxos e mulheres com vestidos brilhantes de cortes extravagantes e jóias com pedras preciosas ou quantidades de ouro que elas nunca tinham visto. Outros se destacavam pela leveza e colorido dos trajes, com smokings com lenços laranjas ou dourados e vestidos puxados para os tons de rosa, com muitos acessórios com elementos marítimos. E um terceiro grupo que Shunrei tinha certeza serem de algum lugar do norte da Europa, tanto pelas feições e pelo sotaque bastante carregado quanto pelos símbolos que exibiam nas lapelas.

- São runas. – Eiri informou, sinalizando o lugar onde o homem de cabelos verde-claros espetados para cima exibia a runa de prata envelhecida sobre o smoking completamente branco. - Lembro daquele lutador nas eliminatórias de Moscou. Ele quase venceu Hyoga. – no mesmo instante, buscou o marido, vendo-o com Shun conversando com algumas fãs, autografando camisetas e tirando fotos. – O nome é Bado Alcor.

- Ali não é aquele herdeiro alemão que tem fábricas de automóveis e indústria pesada de transformação de metais? – Shunrei apontou para o jovem alto com longos cabelos loiros, acompanhado por uma mulher em um decotado vestido preto. – Fui a alguns eventos com Julian onde ele estava. Sua irmã mais velha sempre vai com ele.

- Se ela é a mais velha, por que não é a herdeira? – Esmeralda franziu a testa, observando como o casal de irmãos era cercado por muitos seguranças. Shunrei deu de ombros. – E essa história de indústria pesada é um eufemismo para bélica, não é? – o riso abafado sacudiu os ombros da chinesa.

- Foi assim que Julian os apresentou, embora eu duvide que eles me reconheçam hoje. – ela estava enganada, como o cumprimento rápido dos dois ao passarem por elas demonstrou. – Eles vão ser fotografados no painel do centro. Saori e Seiya estão lá esperando.

O jovem loiro sinalizou para os homens que os seguiam parassem para falar com os representantes da Fundação e de outras patrocinadoras no painel central, que tinha fotos de vários dos atletas que elas viram passar em momentos impactantes. Shunrei vira Seiya, Hyoga, Shaina e Aiolia. Ao passar pelo painel, veria Shiryu, Marin, June e Milo em poses fortes.

- Os eventos estão crescendo ano a ano. - Hyoga viera levar Eiri mais adiante. – Parece que o engajamento da Fundação Graad funcionou como um chamariz. Alguns desses lutadores nem participavam mais dos campeonatos e agora estão de volta. Sinal de que há muito dinheiro envolvido. – os dois tentaram passar pelo painel central sem serem parados e falharam miseravelmente. Saori fazia questão de apresentar todos os seus cavaleiros.

- Se eu pudesse, deixaria apenas os rapazes irem até lá. – Shaina aproximou-se de Shunrei e Esmeralda, paradas do lado oposto às grades de proteção. – Por que não podemos simplesmente entrar? Isso é uma perda de tempo.

- Vi vários fãs seus, Shaina. – Shunrei piscou para a amazona, que revirou os olhos. As duas se aproximaram nas últimas semanas, depois que ela começara a dormir no sobrado verde. – Você, Seiya, Hyoga e June são os mais requisitados pelos fãs. – Esmeralda riu também e Shaina se permitiu um meio sorriso.

- Eu nunca participei de algo assim. – a loira informou. - É assustador e divertido ao mesmo tempo. Como uma montanha-russa. – os grandes olhos verdes vendo a multidão aumentar pouco a pouco. Ela aproveitava para fotografar com o celular, pegando declarações exclusivas com os lutadores que Ikki e Shun lhe apresentavam. Seria ótimo começar a publicar em veículos especializados em esportes também. – Shunrei já é veterana, não é? – a morena franziu os lábios e confirmou.

- Meu ex-namorado precisava comparecer a muitos eventos parecidos. – ela mal fechara a boca e a abriu de espanto ao ver quem assomava alegremente no tapete, acenando e cumprimentando. Sentiu o sangue parar de circular por seu corpo.

Julian caminhava com naturalidade e elegância, os fartos cabelos azuis brilhando. Trazia ao lado uma bela jovem coreana. Não viu Shunrei até estar quase em cima dela. Suas pupilas dilataram e ele empertigou-se ainda mais, fingindo não a conhecer.

- Shu, aquele era...? – Esmeralda arregalou os olhos para a confirmação da amiga. Shaina foi posar em um dos painéis, sem se importar com a mini-comoção das duas.

Logo surgiram Sorento e a esposa, que Shunrei conhecera e de quem não lembrava o nome, perturbada pela visão dos irmãos Solo. Ao contrário do caçula, Sorento fez um gesto de reconhecimento para ela antes de seguir adiante.

- Vamos? – Shiryu tocou seu cotovelo. – Quer entrar logo? Já paramos demais. – Shunrei assentiu, passando o braço pelo dele. – Ikki está vindo, Esmeralda. – sinalizou para o amigo, que vinha de algum ponto à frente. – Eu os vi de longe. – ele murmurou, respirando aliviado por Saori não os parar. Ao passar pelo grupo de executivos, ouviram-na cumprimentar os Solo. Shunrei não disse nada, lembrando que poderiam ter seus lábios lidos. Empinou a coluna e o acompanhou para o hall.

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Havia muita gente ali dentro, falando e circulando de um stand para o outro. A Federal reservara o grande espaço central, onde instalara painéis com fotos de campeonatos, troféus e medalhas, além de atendimento para venda de ingressos e informações sobre os próximos eventos. As patrocinadoras se posicionaram ao redor e o céu era o limite para a imaginação delas.

A Fundação escolhera o lugar diametralmente oposto à porta de entrada, o círculo dourado com bordas vermelhas e kanjis em preto, símbolo do Santuário, flutuando bem acima e ao lado do emblema Graad, convidando os visitantes a decifrá-lo.

- Hoje é a estreia do espaço. – Shion explicara mais cedo na mansão. – Nos próximos dias, acontecerão atividades para chamar a atenção do público.

Naquela noite, o público eram os convidados especiais das corporações, seus acionistas e familiares e amigos. Por alto, umas 1.300 pessoas. Os garçons passavam constantemente com bebidas e finger foods (5). Assim que chegaram ao stand da Fundação, Shiryu foi requisitado a conversar com os visitantes. Shunrei gostava de vê-lo interagir com as pessoas, sorrindo e movendo-se com gestos suaves, respondendo em voz baixa. Via as mulheres particularmente interessadas nos longos cabelos pretos, aproveitando para tirar fotos segurando-lhe o braço ou passando a mão pela cintura.

- Eles ficam sexy envergonhados, não é? – Marin veio se sentar com ela no pequeno sofá no canto do stand. – Aiolia, apesar de leonino, nunca se habitou com essa exposição. – ela ofereceu uma taça com uma bebida azul levemente alcoólica. O grego falava agora com um casal de mais idade e duas moças que tiravam várias selfies. As bochechas dele estavam escarlates.

- Eles parecem muito à vontade. – a chinesa declarou com simplicidade. – Aliás, vocês todos. Não sei se conseguiria agir naturalmente. Gosto mais de ficar nos bastidores.

- Fazemos isso há tanto tempo que já virou rotina. Não nessa escala, claro. Geralmente, a gente ficaria ali no meio. – a japonesa apontou para os stands dos patrocinadores menores, eclipsados pela opulência das três gigantes internacionais. – É nossa primeira prova de publicidade para a Fundação. Shiryu comentou que vamos participar de algumas campanhas de empresas Graad? – Shunrei confirmou, tomando mais um gole da bebida doce e olhando os outros stand.

A Solo Corporation, com seu símbolo de uma ânfora antiga, representando seu passado remoto e sua vocação mercante, montara o seu luxuoso stand na metade do caminho para a porta de saída. Os estofados eram de couro e a decoração era inteira baseada na ilha de Santorini. Havia até um aquário com peixes marinhos.

- Atlantis Team. – Shunrei leu, observando melhor que a ânfora estava rodeada de corais e linhas que denotavam água. Muita gente estava ao redor dos atletas populares. – Equipe Atlântida, boa escolha de nome.

Julian e Sorento conversavam com alguns senhores que Marin identificou como executivos da Federação Internacional de Artes Marciais.

O stand da Fundação Graad também estava bastante requisitado. Muita gente fotografando a decoração que evocava o céu noturno e as constelações. Réplicas de estátuas dos jardins do Santuário, de Buda e Deuses de várias mitologias, traziam o elemento espiritual e as fotos dos lutadores mais famosos atraiam as pessoas para conhecê-los pessoalmente.

- Demorou para ficar pronto, mas gostei do resultado. – Saori sentou-se ao lado das duas, aproveitando o vestido longo para tirar a sandália de salto muito alto. – Traz uma imponência, não é? – as duas assentiram efusivamente.

Os olhos violeta brilhavam de contentamento. Era a primeira grande empreitada dela fora dos limites do que seu avô estabelecera.

- Como foram as entrevistas? – Marin perguntou. – Vi vários repórteres querendo saber do seu noivado. – Saori bebeu um gole generoso da bebida doce e alcoólica antes de responder.

- Ninguém parecia interessado em saber os campeonatos que Seiya ganhou e sim quando será o casamento. – ela o buscou pelo stand, encontrando-o sendo fotografado com Orfeu e Camus perto da estátua de Buda. – Mas nos saímos bem. E vocês?

- Muitos autógrafos. – a ruiva comentou, rindo. – Hoje assinei um decalque para tatuagem embaixo do desenho de uma águia. As meninas vão gostar. E Régulus, se ele estiver investido no próximo ano.

- Acho que a questão é "quando" e não "se". – Shunrei piscou para a amiga. – Saori, você conhece os donos da Northern Lights Enterprises? – a chinesa via novamente o lutador de smoking branco se destacando na multidão.

- As irmãs Polaris. – Saori apontou para duas jovens no meio do espaço da Federação. – Hilda é a de cabelos cinzentos longos e Freiya é a de cabelos cacheados loiros. São suecas. – elas pareciam se divertir com alguma história contada por um dos três rapazes que as escoltavam. – Já as encontrei em alguns eventos na Europa. Fiquei surpresa em vê-las aqui porque não estavam previstas até hoje. Deve ser um acordo de última hora. – Shunrei duvidava, pois o stand deles, apesar de menor que os outros, era igualmente caprichado. Decorado com cores claras, as poltronas de espaldar alto cobertas por peles de lobos e ursos e as paredes com hologramas da aurora boreal movendo-se placidamente, destacava-se entre os demais pela limpeza visual.

- Aiolia e Hyoga tiveram contato com os lutadores delas em Moscou. – Marin disse, apontando o loiro de cabelos curtos e olhos verdes e o ruivo de fartos cabelos repicados e olhos amarelos. – É a primeira vez que participarão de competições mundiais de forma estruturada.

- Srta. Kido, sra. Kodama Sollis. – um dos assessores de imprensa as chamou.

Shunrei se levantou, planejando encontrar Eiri e Esmeralda. Tinha dado talvez seis passos quando ouviu seu nome às suas costas.

- Dra. Nishi, não esperava encontrá-la num evento como este. – a voz era sensual como sua emitente.

- Como vai, srta. Heinstein? – os longos cabelos pretos da jovem brilhavam, destacando a pele muito branca e o colar com diamantes e opalas. Estendeu a mão para cumprimentá-la e viu, como já esperava, a pulseira de serpente prateada que se enroscava em todo o antebraço da alemã, a cabeça descansando no dedo médio da mão direita. – Estou acompanhando meu noivo.

- Julian está por aqui? – ela se virou, procurando. Estava acompanhada por dois homens muito bonitos cujas expressões quase a fizeram recuar de temor. Um tinha longos cabelos brancos e olhos cinzentos que fizeram Shunrei pensar em arrogância. O outro tinha traços orientais, os cabelos escuros e rebeldes, na altura dos ombros, e os olhos azuis tão escuros quanto um céu tempestuoso que a analisaram de cima a baixo.

- Está atrasada com as notícias, Pandora. – Shunrei sorriu, como se lhe contasse um segredo, duvidando que ela ainda não vira o stand da Solo Corporation. – Meu noivo é Shiryu Suiyama. – apontou o homem conversando com dois senhores e um menino que devia ter a idade de Ryuho.

A empresária ergueu as sobrancelhas, mas nada disse. Ao olhar novamente para os acompanhantes da alemã, Shunrei viu, ao lado do oriental, a advogada de Taeko. Piscou para a mulher, que a encarava sem nenhum sinal de a ter reconhecido.

- Minos Griffon. – Dohko apareceu ao seu lado, acenando com a cabeça para o de olhos cinzentos. – Aiacos Garuda. – Shunrei viu os olhos escuros estreitarem por um segundo. – Há quanto tempo. – havia um tom de desagrado na voz do Mestre. – Não sabia que vocês estavam no Subway Army.

- Nos reencontramos, meu caro Dohko. – Minos tinha um forte sotaque dos países escandinavos e sua voz era debochada. – Espero que não apenas aqui.

- Você vai voltar ao tatami, Jiang? – o uso do seu sobrenome por Aiacos o surpreendeu, mas só Shunrei percebeu. – Será divertido enfrentá-lo novamente.

- Estamos todos voltando. – Dohko fez um pequeno gesto com a mão, englobando todo o ambiente. – Estava com saudades.

- Interessante Saori Kido ter investido em artes marciais. – o sorriso de Pandora era malicioso. – Estava curiosa para saber o que aconteceu. – os olhos dela brilharam na direção onde Saori e Seiya conversavam animados com alguns membros da Federação. - Agora tudo faz sentido.

- Srta. Pandora. – um homem alto e loiro, com olhos amarelos frios e um forte sotaque britânico, falou. – O sr. Alone está vindo. Ele requisita a sua presença.

Shunrei viu o jovem herdeiro alemão se aproximar de Saori. Logo atrás dele vinha outro homem muito sério, os cabelos azuis rebeldes contrastando com o terno perfeitamente cortado. Esse homem se postava protetor às costas do irmão de Pandora.

- Depois conversaremos mais, dra. Nishi. – a morena rodou nos calcanhares, fazendo o vestido com babados brancos nas bordas rodopiar pelo ar.

- Algo me dizia que esse ano seria o mais perigoso. – o Mestre comentou assim que eles se distanciaram. – Presumo que você a conheça por intermédio de Julian Solo. – ela confirmou, ainda processando o que acabara de acontecer.

- Conheci a mulher de cabelos violeta antes. – Dohko franziu a testa. – Ela está trabalhando como advogada de Taeko Sato. – o vinco na testa do Mestre ficou mais profundo.

- Ela é esposa de Garuda. Conheço-a há muitos anos, mas nunca soube que ela fosse advogada. – ele comentou, pensativo. – Então Taeko continua sendo usada por eles... Primeiro Julian Solo e agora Pandora Heinstein. – Shunrei notou um toque de preocupação que não estava ali antes. – O jogo é mais intrincado do que estávamos esperando. – murmurou como se falasse consigo mesmo.

- O senhor pensa que eles podem estar juntos? – o coração de Shunrei disparou.

- Não juntos pra valer, mas alguma espécie de colabora... – ele parou, os olhos castanhos arregalados para ela. – Você me chamou de senhor! – exclamou e Shunrei percebeu que ele falara demais. – Você sabe que está proibida de fazer isso! – ela entendeu o recado e não insistiu. – Vamos lidar com muitos deles nos próximos meses. Precisamos estar atentos e fortes. – uma sobrancelha de Dohko se ergueu ao ver o sorriso malicioso.

- Nunca imaginei que me sentiria num filme de tensão e mistério andando com atletas de artes marciais.

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Shiryu lutava com a vontade de se esconder até que essa etapa acabasse.

Ele gostava de interagir com os fãs de esportes, mas as horas e horas em pé, sem pausa nas conversas, deixaram sua mente cansada. Muitos colegas vieram cumprimentá-lo, felizes por vê-lo de volta às competições. Antigos rivais vinham conferir se os rumores eram verdadeiros. Membros mais antigos da Federação contavam-lhe histórias pitorescas dos bastidores dos campeonatos que ele ganhara, fazendo-o rir. Quando, enfim, Ikki reapareceu no stand e as atenções foram direcionadas ao outro campeão que retornava ao tatami, Shiryu se afastou para os fundos, bebendo dois grandes copos da bebida doce e dois de água.

Procurou Shunrei e não a viu.

- A minha garganta está queimando. – Shun sentou-se na poltrona à sua frente com uma garrafinha de água. – Você acredita que a junta médica da Federação quer inspecionar o nosso ambulatório? Isso nunca foi necessário.

- Parece que as competições serão dentro e fora do tatami. – Shiryu ainda percorria os grupos à procura da noiva. – É só ver o tamanho do investimento das empresas apenas nesse evento. A Fundação Graad atraiu olhares novos sobre nós.

- É exatamente isso. – Camus desabotoou o terno e sentou-se ao lado deles. – As engrenagens estão girando rápido desde que a Fundação anunciou seu patrocínio. Foi bom termos vindo todos hoje. Já recebi muitos pedidos de entrevistas para seleção de integrantes e até outras propostas de investimento. – ele deu uma risada irônica abafada. Tinha a incrível habilidade de manter o rosto neutro e ainda assim transmitir as emoções que queria. – Mais duas horas e poderemos ir. – cruzou as pernas, retirando o celular do bolso para responder às notificações.

- Shiryu. – Shun apontou com o queixo para algo atrás dele. Ao se virar, viu Julian Solo se aproximar do grupo onde Saori, Shion, Seiya, Hyoga e membros do Subway Army trocavam amenidades com os nórdicos da Northern Lights.

O grego era ladeado por um homem de cabelos lilases e olhos cor-de-rosa penetrantes que Shiryu julgou ser o irmão mais velho, Sorento. Com eles vinham uma mulher loira de traços ocidentais e dois homens: um de pele morena e longos cabelos brancos em estilo moicano e um de cabelos verdes que fez seus queixos caírem.

- Isaac Kraken. – os dois disseram juntos, observando atentamente a reação de Hyoga. Ao ouvir o nome, Camus ergueu os olhos da telinha. Seus olhos lilases abriram por um instante. Balançou os cabelos azul-turquesa e seguiu Dohko para lá.

Shiryu procurou novamente Shunrei e enfim a viu conversando com Eurídice, Shaina e Eiri. Suspirou aliviado.

- Parece aqueles encontros de gangue no porto, lembra? – Shun comentou, levantando-se para se juntar à Zodiac Team. – Quando medíamos o tamanho da encrenca.

Integrantes das quatro equipes chegavam para fazer volume na encruzilhada em que se transformara o espaço entre o stand da Federação e o da Fundação. Enquanto seus líderes e patrocinadores pareciam conversar tranquilamente, suas hostes aumentavam atrás de si, medindo-se e reconhecendo-se.

Shiryu e Shun procuraram ficar o mais perto possível de Hyoga e Seiya. Shiryu viu Ikki encarando quase sem piscar o homem atrás de Alone Heinstein. Orfeu mantinha um diálogo com um dos lutadores que enfrentara em sua última competição. Ele estava todo vestido de preto, como o restante de sua atual equipe, e Shiryu sabia que ele era egípcio. Aiolia, Mu, Milo e Shaka estavam do outro lado de Shion, perto da equipe dos Solo, igualmente fingindo estar ali por acaso.

- Ora, ora, mas o que temos aqui? – Shiryu reconheceu a voz, mas demorou a localizar seu dono no meio do mar negro. – Há quantos anos, Dragão!

Aquele era o homem que fora vice-campeão nos anos em que ele se sagrara bi-campeão mundial. Tinha os mesmos cabelos magenta repicados e os olhos cinzentos debochados e impiedosos.

- Queen Alraune. – Shiryu acenou seco um cumprimento, sem desviar o olhar que pretendia ser neutro. Viu que ele estava acompanhado por outros dois antigos desafetos, Sylphid Basilisco e Gordon Minotauro.

Os atletas nórdicos cercaram as irmãs Polaris e os lutadores das outras equipes tomavam distância do homem mais alto do evento, instalado logo atrás da srta. Hilda. Apenas Seiya não se moveu quando o grupo se aproximou mais de Saori.

A situação parecia se deteriorar irremediavelmente, com a tensão entre as equipes chegando a um ponto irreversível quando uma movimentação atrás de si tirou sua concentração.

Como se não notassem o que acontecia, Shunrei e Marin caminharam no meio deles, trazendo três diretores da Federação com o pretexto de falarem sobre a agenda dos dias seguintes com os patrocinadores.

- Como eu estava dizendo, é improvável que tenhamos problemas, senhores, mas é melhor confirmar com a srta. Kido e com o sr. Shion Mukherjee. – Shunrei comentou, guiando-os para perto dos citados. - A sra. Kodama Sollis é a mãe delas, mas as duas estão em regime de treinamento agora. – ela sinalizou para Marin continuar a conversa e acabou chamando Aiolia para opinar também.

- Ora, ora, que interessante. – Shiryu ouviu a voz de Violete e a viu observando a chinesa. – Então é para isso que ela serve?

Ele não conseguiu decifrar a fala de Behemoth, com o movimento provocado pela repentina aparição. A entrada delas pareceu tirar todos do transe de competição e rivalidade. Em poucos minutos, a aglomeração se dispersava sem maiores consequências.

- Onde vocês estavam com a cabeça? – June ralhava com o marido em voz baixa.

- Ainda bem que não houve confusão. – Esmeralda sacudia a cabeça, parecendo desapontada.

- Nós tínhamos que nos defender. – argumentou Ikki, que se afastara, mas não deixara de vigiar os outros times até que estivessem de volta aos seus stands. – Foi bom termos nos apresentado. Eles viram o tamanho da nossa força. – a esposa suspirou, segurando seu braço.

Não havia muito tempo para conversas entre eles. Mais e mais pessoas chegavam, requerendo a atenção dos atletas. Em algum momento, Shiryu perdeu Shunrei de vista novamente. Demorou para conseguir perguntar por ela, mas ninguém a via há vários minutos.

- Ela disse que iria tomar um pouco de ar fresco. – Mu indicou uma das portas laterais. – Tome, leve para ela. – entregou uma taça de refresco verde. – Muito corajosa, a srta. Nishi.

Só quando o ar frio tocou seu rosto ele percebeu como lá dentro estava abafado. Respirou fundo, deixando o ar tranquilizar sua mente ainda funcionando em alta velocidade. Localizou-a à esquerda da porta, um pouco à frente. Seu semblante parecia sereno admirando a noite com o vestido azul escuro com grandes flores brancas e vermelhas estampadas e os brincos de diamantes alugados por Saori. Quando chegava até ela, uma pessoa veio de outra porta.

- Finalmente a encontrei. – ela se virou para Julian Solo. Shiryu, sem saber porquê agia assim, escondeu-se atrás de uma pilastra.

- Você deveria estar aqui? – a voz dela soava um pouco temerosa. Shiryu aguçou os ouvidos.

- Eu não viria, mas quando soube que você estaria, não resisti. – Julian continuou. - Você foi perspicaz. Sorento tem razão, você é inteligente demais para o seu próprio bem. – o coração de Shiryu batia tão forte que ele duvidava que eles não estivessem escutando.

- A sua noiva é muito bonita. – Shunrei comentou. – Você deve estar muito feliz.

- Ela estudou em colégios internos a vida toda. Conhece pouco do mundo. É herdeira de um grupo dono de ferrovias e estradas. – o pouco entusiasmo de Julian apenas aumentava a desconfiança de Shiryu e mesmo assim ele não conseguia se mexer.

- Você poderá lhe mostrar o seu mundo, então. É o que sempre quis, não é?

- Como você está? – o tom de Julian mudou, subitamente preocupado e carinhoso, e Shiryu o imaginou se aproximando mais dela. Seus dedos fecharam em punhos. – O seu cabelo cresceu bastante.

- Eu estarei em segurança se algum dos seus homens nos vir juntos? – Shiryu franziu a testa com essa pergunta. Espiou e viu os dois muito próximos. Sua respiração parou. Shunrei cruzara os braços em frente ao corpo e encarava o homem mais alto com uma expressão preocupada. Julian hesitou um pouco antes de falar.

- Estou impressionado com a Fundação Graad. – Julian deu um passo para trás. – Desde quando você sabe? – ela engoliu em seco. – Soube que você estava grávida. – o tom carinhoso voltou e Shiryu rilhou os dentes.

- Obrigada. – Shunrei disse baixinho. Shiryu voltou a se esconder, esforçando-se para entender. – Imagino o quanto você se empenhou para me deixar em segurança. – Julian riu, amargo.

- Não gosto que me neguem o que é meu, mas gosto menos ainda dos métodos dele. – o grego afirmou. – Fui vê-la no hospital... Aquele seu... Ele me atrasou... Eu fui vê-la em Gangseo-gu, no hospital... Você estava dormindo e aquele... – Julian respirou fundo várias vezes. – Ele nem percebeu a minha entrada, o imprestável... Só de imaginar você na cama com aquele sujeito...

- Não imagine, então. – Shunrei respondeu e Shiryu sentiu o sangue ferver. – É difícil para você pensar que o está beneficiando? Por isso montou essa equipe? Contratou lutadores para bater nele? – nova risada do grego.

Shiryu fechou os olhos, pensando como faria para tirá-la dali sem causar um escândalo.

- Sorento articulou tudo e eu aproveitei a oportunidade. – a voz dele pareceu maliciosa. – Não sei se vou me contentar em apenas observar de longe.

- Julian, não brinque com coisa séria. – a voz dela tremeu e Shiryu desencostou da pilastra. No momento em que se virou para ir até eles, uma terceira pessoa surgiu.

- Sr. Julian, a srta. Go Si-Min pediu para alertá-lo do horário. – um homem de curtos cabelos rosa-chiclete informou.

- Shunrei. – Shiryu viu o espanto no rosto que se virou para ele. – Vamos entrar. – sem pensar, ele se postou entre os dois. – Já estamos nos preparando para ir embora. – custou-lhe cada fibra de autocontrole não socar a cara de divertimento de Julian Solo.

- Excelente noite! – o grego exclamou. – Muito bom encontrar velhos conhecidos. Srta. Nishi, não adianta insistir, eu já lhe informei. Você está um pouco 'gasta' demais para mim. – disse isso com seus olhos percorrendo o corpo dela com desprezo ostensivo.

- Não se aproxime dela! – Shiryu deu um passo em direção ao sorriso largo de Julian. O recém-chegado barrou rápido o seu avanço.

- Scylla, deixe-o. – os olhos de Julian brilhavam perigosamente. – Vou dar a vocês algo para debaterem... Foi ela quem veio até mim, 'Suiyama'. – pronunciou o sobrenome com nojo. – Ela me chamou, com certeza arrependida da bobagem que fez. Só que eu não preciso mais dela, se é que você me entende. – piscou para Shiryu, que sentiu as faces queimarem de raiva. Shunrei segurou seu braço.

- Vamos embora, por favor. – ela pediu com a voz baixa. – Os outros devem estar preocupados conosco... Tarde demais...

- Então é aqui que você está, irmão. – a voz grave de Sorento ecoou atrás deles. – Sua noiva me pediu para encontrá-lo... E vejo que ela estava certa. – completou ao ver Shunrei meio oculta. – Srta. Nishi, sempre um prazer revê-la. – Shiryu sentiu os dedos dela apertarem seu braço com força.

- Sr. Sorento, uma feliz coincidência. – ela se moveu para que ele a visse melhor.

- Se a senhorita prefere acreditar nisso... – Shiryu não gostou da nota de desaprovação no fundo dos olhos cor-de-rosa. – Imagino que esteja recuperada, se está comparecendo a eventos desse porte.

- Sim, obrigada por se preocupar com a minha saúde. – ela fez uma leve reverência, a mão gelada cravada na carne do noivo. Sorento suspirou, lançando um olhar amplo para o grupo. Cumprimentou Shiryu com um aceno, reconhecendo sua presença pela primeira vez.

- Julian, se me faz o favor. – a voz mais grave e dura fez o irmão e Scylla passarem pela porta, de volta ao grande show de abertura das competições esportivas e pessoais.

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Shunrei ouvia o som do chuveiro, tentando controlar seus pensamentos enquanto limpava a maquiagem diante do espelho. A noite terminava de um jeito que ela jamais esperara. Seus olhos azuis a repreendiam pela ingenuidade de acreditar que a estratégia de ocultar informações não traria maiores consequências.

- Já terminei. – foram as primeiras palavras que Shiryu lhe dirigiu desde o encontro com os Solo. Saiu do banheiro com a tolha amarrada na cintura, procurando na mala a camiseta e os shorts velhos que gostava para dormir. Não olhou para ela. Shunrei sinalizou que ouvira, sentindo incômodo por estar no mesmo ambiente que ele. Sua garganta doía.

Demorou a sair do banho para o quarto com as luzes apagadas, o vulto dele deitado sob os lençóis. Não queria ficar perto, então saiu para o corredor iluminado apenas pela luz que vinha da enorme janela. Seus pés descalços sentiam a maciez do tapete no meio da passagem. A casa dormia sossegada após os dias intensos.

Desceu até a cozinha, calculando que um chá forte a ajudaria a dormir. Voltou à sala de entrada, sentando-se no sofá virado para a porta envidraçada de onde via a fonte e o jardim, focando sua atenção apenas no sabor e na temperatura do líquido. Precisava fazer alguma coisa. Nunca vira o olhar de decepção de Shiryu e aquilo a machucou mais do que se ele tivesse gritado.

- Depois de uma noite dessas, também acho difícil dormir. – a voz tranquila de Marin a puxou de volta para a realidade. – Vou pegar uma caneca também. - voltou com uma garrafa de saquê, servindo uma dose generosa para Shunrei. – A cabeça fica a mil e demora para desligar. Aiolia dormiu, mas eu não consigo, mesmo depois de... você sabe. – Shunrei corou de surpresa. Em geral, a ruiva era muito reservada. Depois se lembrou das taças de bebidas coloridas e do saquê. Gostava dessa Marin mais relaxada e aberta. – Foi um evento muito bom, a gente precisa comemorar o sucesso. – ofereceu a caneca para brindarem.

- Foi impressionante. – a morena concordou, tomando um grande gole para destravar a garganta. – Vieram pessoas do mundo todo.

- É um mercado que movimenta bilhões de dólares. – Marin informou, virando o corpo para olhá-la de frente. – Foi uma ótima ideia levarmos os representantes da Federação naquela hora, antes que não pudéssemos mais controlar o pessoal. – Shunrei sorriu. – Eu sei que não conseguiria segurar Aiolia nem qualquer dos rapazes.

- Eu jamais pensei em ver Aiolia com uma expressão tão brava. – a chinesa se virou no sofá, descansando a caneca entre as pernas cruzadas. – Até Hyoga e Camus, geralmente tão controlados.

- Foram muitos reencontros, nem sempre inofensivos. – os olhos castanho-avermelhados estavam grandes e tristes. - Aquele homem com a cicatriz no rosto atravessando o olho esquerdo foi colega de treinamento de Hyoga e discípulo de Camus. A relação entre eles não terminou bem. – Shunrei se lembrou de Eiri e Milo conversando longamente com os dois depois da dispersão da multidão.

- Para mim também houve incômodos. – Shunrei suspirou, pensando se queria dividir suas emoções com alguém naquele momento. – Julian e Sorento, os Solo, estavam lá e... e... Shiryu viu nós dois conversando sozinhos... Acho que ele não entendeu do que se tratava... Está magoado e bravo... Não sei o que fazer... Não consigo conversar com ele... – ela falou rápido, as frases soltas refletindo a confusão que sentia. Marin franziu a testa. – Julian disse coisas que não são verdade, para provocá-lo, mas não sei como explicar sem dizer a ele o que eu não quero dizer... Ah, eu não estou fazendo sentido, estou? – Marin estendeu a mão para tocar seu joelho. Foi como uma âncora para a mente dela não dispersar.

- Precisamos ter muito cuidado ao presumir o que os outros sentem. – a japonesa disse, a voz muito suave. - Sempre entendemos mal os outros. Não podemos dizer que sabemos como o outro se sente. É melhor perguntar e não presumir, entende? Se não tentarmos, não conseguiremos entender um ao outro. Me parece que vocês dois estão tentando adivinhar o que o outro está pensando e sentindo. Isso não é bom.

Shunrei respirou fundo. Agora que começara, via que precisava de apoio.

- Eu não sei exatamente o que ele ouviu da minha conversa com Julian Solo, mas não sabe o motivo das minhas palavras. – Marin ergueu uma sobrancelha. – Shiryu tentou me proteger, se colocando entre mim e eles, se expondo e ao Santuário.

- Acredito que ele esteja mais preocupado com as suas motivações do que com a integridade dele ou do Santuário. – Shunrei tomou outro gole e Marin acrescentou mais saquê. – Não que elas não sejam importantes, mas Shiryu é completamente passional com tudo que se refere a você.

- É justamente por saber que ele age assim que eu não quero que ele saiba... – Shunrei olhou para todos os lados, garantindo que estavam sozinhas. – Não quero que ele saiba que foi o pai de Julian quem encomendou o atentado contra mim. – Marin balançou a cabeça, informando que já sabia. – Marcamos nosso casamento para o aniversário do Mestre Dohko. Nossa vida está novamente nos eixos. Enquanto estamos em Kamakura, está tudo bem, mas saímos dali e a realidade se impõe. Vão começar a falar do nosso relacionamento, a comparar Shiryu e Julian para criar rivalidade entre as equipes e vender notícias, tudo bem, isso dá para aguentar e até rir, mas não uma agressão violenta daquele nível.

- Entendo você e entendo ele também. – Marin sorriu para ela. – Fui eu quem os viu quando vocês entraram, ele te arrastando pelo braço com os olhos em brasas verdes. Ele não está bravo por não confiar em você, é o contrário. Ele não sabe porquê você não confia nele. – Shunrei arregalou os olhos. – Se Shiryu duvidasse de você, ele demonstraria claramente. Ele não sabe disfarçar. Entretanto, agindo como você agiu, o fez duvidar dele mesmo, entende? – a chinesa negou, confusa. – Shiryu não é bobo nem infantil. Ele sabe que você não está pretendendo traí-lo ou algo do tipo, por isso, ele deduziu que você tem um bom motivo para falar com seu ex-namorado. E, ele se questionou, se é tão importante, por que você não dividiu com ele? Naquela cabeça cabeluda, significa que você não confia nele.

Os olhos de Shunrei desgrudaram dos de Marin, percorrendo as sombras e penumbras ao redor.

- Acha que eu devo contar a ele sobre o pai de Julian Solo? – ela murmurou.

- Não, pelo menos não agora, com os Solo tão perto dele. – Marin tomou o último gole da garrafa. – Mas você precisa mostrar que confia nele. – mordeu os lábios, decidindo se continuava a falar. – Sabe, Shunrei, um relacionamento nunca é uma emoção única e fechada. Casamento é um emaranhado de muitos amores, muitos corações. Porque nós somos muitos. Dentro de você há a Shunrei menina, a adolescente, a médica, a estudante, a amante, a mãe, a chinesa, a coreana, a japonesa. Há um pouco dos seus pais, do seu irmão, dos seus amigos, de todos os pequenos e grandes mestres que deixaram marcas indeléveis em você. Da mesma forma comigo, com Aiolia e com Shiryu também. Quando você percebe isso, vê que todos têm lindos corações, mesmo emaranhados e misturados. Não é fácil pegar o nosso emaranhado e misturar com outro. Tantos amores juntos às vezes nos deixam confusas e machucadas. Então, as pessoas precisam de coisas diferentes em cada situação. Compreender isso nos permite ver o outro com a mente mais aberta. É maravilhoso e assustador formar um casal, uma família. Você tem sido uma excelente tecelã desses amores. Ouça o que o coração de Shiryu está dizendo para o seu agora. Do que ele está precisando?

Shunrei abriu um sorriso radiante, as palavras de Marin calando fundo dentro dela. Abraçou forte a amiga, agradecendo muitas vezes.

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A mente de Shiryu não parava de reviver a conversa entre Shunrei e Julian, misturando com o encontro com Taeko, Behemoth, o acidente na Grécia e o que ocorrera em Jeju. Permanecia imóvel na cama. Ouvira os passos suaves de Shunrei se distanciando e seu peito começara a doer. Não entendia onde errara, o que não estava vendo. Seus olhos dançavam nas órbitas, escrutinando a penumbra e o pequeno movimento da cortina com a brisa entrando pela janela aberta.

Pensou se deveria ir atrás dela, mas decidiu que ela escolhera não ficar perto. Se arrependeu de ter perdido a cabeça e a arrastado daquela forma até o stand, motivado pela cólera por vê-la junto àquela família sem escrúpulos e pelo medo do que poderiam fazer. Se virou na cama, encarando o teto sem conseguir controlar as emoções borbulhando em seu sangue, seu corpo esperando sentir a resistência do corpo dela.

- Para onde ela foi? – os minutos se esticaram no que pareceu uma eternidade. Não queria adormecer sem conversar. Os cantos dos olhos começaram a arder na mesma intensidade que o peito.

- Boa noite, Marin. – o sussurro à porta fez um choque percorrer do topo da cabeça à ponta do dedão do pé. Virou o corpo de lado quando a maçaneta girou, acompanhando a entrada silenciosa da silhueta de Shunrei, depois os sons suaves de seus passos e o mais leve farfalhar do penhoar caindo ao lado da cama. O colchão quase não se abalou com o peso dela. Os olhos azuis refletiam a luz tênue da noite e ele assistiu as pupilas dilatarem para se acostumarem à escuridão. – Desculpe, não queria acordar você. – murmurou.

- Como você acha que eu conseguiria dormir? – conteve suas mãos, acostumadas a puxá-la para bem perto. – Nunca dormir de costas um para o outro, lembra? – Shunrei assentiu, recordando-se do acordo feito ao decidirem morar juntos, tantos meses atrás. – Quero que você me diga o que falta. – ela não respondeu de pronto.

- O que falta?

- O que falta para você confiar em mim. – ela fechou os olhos por um momento, seus dedos frios encostando no dorso da mão dele.

- Eu confio a minha vida a você e quero que você faça o mesmo comigo. – a ele pareceu que o semblante dela estava um pouco mais duro. – Uma vez, durante a faculdade, um amigo me disse que só sabemos se somos verdadeiramente fiéis quando nossa fidelidade é colocada à prova. O mesmo vale para a confiança. - a mão dela desistiu da sua, fechada em punho, e pousou em sua testa. – Sei que você confia em mim aqui. – os lábios estavam comprimidos e a mão viajou para o meio do seu peito. – Preciso que confie aqui também. Pode fazer isso? – mesmo compenetrada como estava, sua voz não perdera a doçura. Ela não estava magoada com ele. Pareceu adivinhar o que se passava em sua mente. – Não vou me descuidar, prometo. Nem de mim e nem de vocês.

- Quero que você me mostre isso. – ele afirmou, aspirando o perfume quando ela deslizou ao seu encontro. – Não com palavras e sim com ações. – um arrepio espalhou-se ao ouvi-la sussurrar em seu ouvido.

- Pode fazer o que quiser. – Shiryu engoliu em seco. A coxa dela esfregou nele, fazendo seu diafragma parar de funcionar. – Vou me esforçar para você nunca mais se decepcionar comigo.

A mão dele abriu para apertar um seio por cima da camisola fina, sentindo os dedos dela entrando no meio de seus cabelos.

- Tem certeza disso? – mordeu um pouco mais forte o mamilo que ficava rígido em sua boca. A resposta dela foi um gemido longo, empurrando o corpo contra o dele. – Quer negociar nesses termos? – uma mão dele entrou dentro da calcinha dela e a outra segurou-lhe os braços acima da cabeça.

- Eu sou tão forte quanto você. – a respiração dela ficou pesada em seu rosto. Os dedos dele sabiam quais pontos apertar. – Quero que seu coração confie em mim. – a voz dela tremeu e a expressão de determinação no rosto delicado o excitava cada vez mais. Intensificou as carícias e o corpo dela tentou dobrar, mas ele a impediu.

- Você está se deixando levar muito rápido. – segurava os pulsos dela com facilidade, seu joelho ajudando os dedos a provocá-la. – Ou é você quem está me seduzindo? – seu sangue fluía como um rio de lava em suas extremidades, respondendo aos gemidos dela. – Quero ver se você é tão forte. – os olhos azuis vidraram quando dois dedos entraram nela. Tentou beijá-lo, mas ele afastou o rosto.

- Se continuar fazendo isso, eu vou gritar. – ela falou, entredentes, as bochechas vermelhas e a respiração entrecortada. – Eu sei me cuidar e sei cuidar de você. – afirmou, seu corpo se contorcendo sob o corpo de Shiryu. – Não duvide de mim! – a última palavra foi um grito ofegante porque ele acelerou os movimentos da mão, levando-a ao limite da razão.

Sem soltar os pulsos, ele afastou a calcinha e a penetrou de uma vez. Sua mente inundada de sons úmidos e quentes.

- Assustei você? – ele mal conseguiu pronunciar a pergunta, tentando ser irônico com a respiração rasa e rápida. - Me apertou tão forte. – eles não deixavam de se encarar. O rosto dela estava suado, com uma expressão selvagem de determinação e prazer que fez o quadril dele se mover com força. – Sei que você é mais forte do que eu. – o quadril dela respondeu, os dois pressionando um ao outro num ritmo intenso. – Nunca mais vou duvidar.

Finalmente soltou os braços de Shunrei, puxando-a para sentar em seu colo. Sentia seu cabelo empapado de suor grudado nas costas.

- Você confia em mim? – ela perguntou, os lábios roçando sua orelha. – Confia que eu consigo lidar com meus adversários? – as palavras saíam aos solavancos, com o calor dele fluindo para seu corpo. Ela trançou as pernas em volta dele, sem parar de se mover. Abraçou seu pescoço e Shiryu aproveitou para enfiar o nariz na nuca dela, lambendo toda a pele que conseguia alcançar. - Eu não consigo mais me segurar. – a voz dela soou aguda.

- Confio em você com a minha vida. – ele declarou, as mãos apertando as coxas e quadris dela.

As mãos fortes a puxavam e imprensavam contra ele, aumentando o ritmo e a força. Beijou os lábios trêmulos, as línguas e os gemidos misturados, até que todos os músculos dela se contraíram contra ele e ele sentiu seu gozo preenchê-la a cada espasmo dos orgasmos deles. Envolveu-a com os braços, apoiando-se e a apoiando, os seios dela roçando seu peito com as respirações descompassadas. Os dedos de Shunrei acariciavam sua nuca, os lábios quentes e inchados entreabertos beijando seu ombro.

- Vou bancar a donzela em apuros mais vezes. – ela murmurou, fazendo-o rir. – Não posso explicar tudo agora, mas não precisa se preocupar com Julian ou com o irmão dele. – as mãos dele pousaram em suas coxas.

- Espero que você esteja certa. – Shunrei saiu de cima dele e os dois se ajeitaram entre os lençóis, ainda ofegantes. - Apesar de eu ter gostado muito da nossa conversa. – ela escondeu o rosto no ombro dele. – Era questão de tempo até vocês se encontrarem, mas tive medo mesmo assim.

- Se aquela é a sua expressão de medo, não sei como seus oponentes não saem correndo do tatami. – ele sentia seus membros pesarem e o sono dominar seus sentidos e sorriu fracamente. - Você parecia um dragão enfurecido, isso sim. Por isso, Sorento os tirou dali rápido. – ela bocejou, a voz ficando lenta e pastosa.

- Tome cuidado, por favor. – Shiryu usou seu tom mais grave. – Não quero invadir os seus assuntos, mas sei que eles são pessoas obstinadas e acostumadas a ter seus desejos atendidos. Você é muito importante para mim, Shu. – engoliu em seco, conseguindo expressar o real motivo pelo comportamento tempestuoso. – Não vou permitir que façam mal a você novamente. – ela o abraçou forte.

- Você não vai me perder, Shi. - o coração dele pulava um compasso sempre que a ouvia chamá-lo assim. – Vamos ficar velhinhos juntos... O interesse dos Solo por mim está passando. Logo não serei nem uma vírgula na história deles, mas espero escrever vários volumes junto com você. – ele riu da brincadeira, apreciando o calor morno que vinha dela.

- Com certeza, serão os best-sellers da família Nishi Suiyama.

A madrugada os encontrou serenos, os corações limpos e em paz.

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(1) Sherwani - casaco comprido, chegando à altura do joelho, com colarinho indiano (estilo Nehru) usado em ocasiões formais. Feitos em tecido grosso com vários bordados, desenhos e brocados. Usado com calça.

(2) Chunni - o tecido comprido que se leva sobre o ombro, tipo uma echarpe maior e mais grossa.

(3) Terno mandarim - terno com corte tradicional chinês, junto no corpo e gola estilo Mao.

(4) Mercado Monastiraki - Localizado no centro do que foi a Atenas antiga. Lojas de antiguidades, comidas típicas, "souvenirs", artesanatos em couro, joias e outros artigos. Apareceu na primeira temporada. ;-)

(5) Finger foods - são todos os pratos servidos em porções individuais e que podem ser consumidos em uma ou duas mordidas.

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Oiê!

E então, como foi o evento de abertura da temporada de tumultos e confusões? Conseguiram identificar todo mundo das equipes? Fiquei em dúvida se nomeava todos ou deixava para vocês adivinharem e acabei optando por deixar com vocês a bola. Escrevam nas reviews os que sabem quem é e, se tiverem dúvidas, perguntem que a gente responde. :-)

Bem, episódio em Tóquio, a mansão Kido ficou movimentada. Convido vocês a imaginarem como foi para cada um esse dia memorável. Imaginei um grande evento mesmo, parecido com os de lançamento de filmes e premiações, então deixem a imaginação voar.

Sobre a interação entre Shunrei e Shiryu, me baseei no casal que considero mais romântico dos red carpets – Benedict Cumberbatch e Sophie Hunter. Inclusive, as atitudes do Shiryu são todas do Benny desde o início do namoro com a Sophie, as trocas de olhares, o cuidado com ela, enfim.

Agora que chegou um monte de gente, para onde vai essa história? Alguma aposta? Comentem aí!

Beijos e até mais!

Jasmin Tuk

No próximo episódio:

"Recepções de casamentos japoneses em geral são tranquilas, com atividades para todos fazerem por duas ou três horas, alguns discursos dos amigos e músicas serenas. Não era bem essa a proposta dessa recepção. Uma pista de dança foi montada em um dos cantos do gramado. As mesas estavam animadas com as músicas e as bebidas de várias regiões do mundo e a conversa corria solta."