EPISÓDIO 20

Ela acordou assustada, erguendo-se de uma vez.

A primeira constatação é que estava atrasada. A segunda, ato contínuo, era que a bebê não a despertara e seu coração gelou.

Procurou o pequenino embrulho ao seu lado, aliviada ao ver o movimento da barriguinha. O rostinho sereno

"Nunca mais julgarei mães de primeira viagem." Fez uma careta enquanto levantava e lavava o rosto. "Até parece que não sei nada de crianças!" Olhou-se no espelho, penteando os cabelos que agora voltaram ao tamanho que ela queria – na linha do queixo - e tentando melhorar a aparência das olheiras. Vestiu sua saia xadrez de vermelho com preto e a camisa bege de botão, apressada.

Olhou em volta, colocando o cesto sobre a cama e, constatando que a bebê continuava dormindo, saiu sem ruído. Viu a movimentação no quarto do outro lado do corredor. Eles haviam guardado os futons e terminavam de se vestir.

- Assim mesmo. – Shunrei observava o filho colocar a camisa dentro da calça e arrumar o cinto. Sorriu para a pontinha da língua de fora ajudando na concentração. – Nenhum problema durante a noite? – ela se agachou para arrumar a gravata do uniforme e aproveitou para dar-lhe um beijo na bochecha.

- Eu já sou um rapaz, mamãe! – Ryuho ruborizou, colocando a mochila nas costas.

Ela se levantou, inspecionando os outros três garotinhos.

- A gente ficou de vigia e nada aconteceu, tia Shunrei. – Haruto informou. Ryuho precisara usar o oxigênio no final da tarde. O cilindro, guardado por meses, ficara ao lado do futon dele à noite.

- Obrigada, meninos. Vocês estão me ajudando muito. Continuo contando com todos. – ela piscou para os quatro, que confirmaram com veemência. - Souma, não se esqueça de pentear os cabelos, hein? – o menino ficou escarlate, voltando para o banheiro que dividiam com Ryuho. - Vamos tomar o café, senão vocês chegarão atrasados. – deixou-os descer na frente, os movimentos ainda um tanto lentos. Colocou a bebê no cesto com cuidado, segurando no corrimão até alcançar a sala onde Selinsa comandava a refeição.

- Eu fico aqui com essa florzinha linda. – ela sentou-se ao lado do cesto. – Pode comer. – os olhos da garota apontaram a grande tigela com caldo de frango com arroz e folhas escuras e Shunrei agradeceu com um meneio. – Coloquei todas as sementes que encontrei: quinoa, linhaça, chia e gergelim.

- Deixamos tudo arrumado, tia Shunrei. – Souma falou com a boca cheia de arroz com peixe. – Quando voltarmos da escola, colocamos no carro.

- Ótimo! – Shunrei respondeu, sentindo desde a noite anterior a ansiedade dos pequenos aumentar. – Mas eu acho melhor passar na escola. Se puderem descer as malas, vão ajudar ainda mais. – os quatro assentiram.

- A sra. Esmeralda mandou mais fotos? – Éden olhou para o celular sobre a mesa. Shunrei viu que sim.

Esmeralda os acompanhava como correspondente esportiva, atuando também como assessora familiar. Fotos de todos em frente ao ônibus decorado com o símbolo do Santuário em meio ao Universo; de dentro do ônibus, com alguns conversando e outros acenando e dois pequenos vídeos mostrando as ruas de Osaka e depois a estrada. Os meninos olhavam e riam, extasiados por antecipação.

- Meu pai disse que na nossa aldeia estão todos acompanhando pela TV. – Haruto comentou, animado. – Igual a gente. – as crianças assistiam as lutas condensadas ao final da tarde no Santuário. Com a ausência de vários professores, as turmas foram unidas temporariamente e uma parte do horário era para assistir ao campeonato com os instrutores substitutos.

Os gatinhos de Ryuho, Éden e Souma corriam animados pela sala. Shunrei decidira alojá-los na lavanderia. Algumas vezes os encontrava dormindo em cima de Mei, o que rendera as fotos mais compartilhadas da rede de comunicações do Santuário.

Quando os jovens saíram, Shunrei arrumou a cozinha e depois recostou-se no sofá. Aprendera a aproveitar qualquer momento para simplesmente fechar os olhos e respirar fundo, tentando compensar as noites mal dormidas.

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A semana correra em relativa tranquilidade. Era a última etapa antes de Tóquio.

Shiryu conseguira um rendimento alto em todas as suas lutas. Sua pontuação fora das melhores e estava em sexto no ranking geral da sua categoria.

A sede dessa semana era a cidade de Osaka, por isso não puderam voltar para casa como em etapas anteriores. Quando as sedes eram distantes umas das outras, eles iam direto, sem escala em Kamakura. Ele sabia das diversas sedes e que posteriormente haveria viagens para o exterior e estava tudo certo e planejado... Até o advento da bebê.

- Saída em 20 minutos. – Camus passou na mesa, sinalizando com as mãos. Eles assentiram. Ele e Aldebaran, eliminados na etapa anterior, os acompanhavam na equipe de apoio. O que significou um aumento exponencial nos treinos.

- Ainda não terminei de arrumar a mala. – Seiya comentou, aumentando a velocidade dos hashi.

O restaurante do hotel estava vazio àquela hora da manhã, exceto pelas cinco mesas da equipe tomando café, bocejando pelas poucas horas de sono. E teriam pouco descanso, já que as disputas em Tóquio começariam em três dias.

"Preciso chegar em casa e conversar com o Mestre." Shiryu sentia o coração dividido. Quando Shunrei e ele retornaram para Kamakura, ele quis continuar no time que competiria este ano, mas não pensara direito. "Não é justo."

- Conseguiram ler as notícias ontem? – Hyoga voltou do buffet com salada de frutas e ovos mexidos. – As Amazonas venceram todas as lutas ontem também. – o rendimento do Cavaleiro de Cisne esteve bem próximo ao de Seiya e Ikki em termos de pontuação, embora ele tivesse perdido uma das lutas.

- Até agora, tudo correndo bem. Ainda não tivemos notícias dos Dourados. – eles balançaram a cabeça. Shiryu assoprava o chá para finalizar seu café da manhã. - Será que vamos parar para almoçar?

- Provavelmente, sim. – Ikki respondeu, segurando a tigela com iogurte, castanhas e nozes. – Sei como você está se sentindo, Lagartixa. Nem vou falar que não adianta querer chegar antes do tempo. – um leve sorriso passou no rosto do Cavaleiro de Fênix, que tivera uma apresentação impecável durante essa rodada.

Shiryu ergueu as sobrancelhas, observando a movimentação das outras mesas, tentando não pegar o celular a cada minuto para olhar as fotos. Régulus e Yato, entusiasmados com seus resultados, ouviam conselhos de Aldebaran, Algol e Mysti, que atuaram na equipe de apoio este ano e chegaram há dois dias para rodiziar com Teneo e Kiki.

- Estou achando o máximo nós juntos novamente. – Seiya limpou a boca e terminou de tomar o suco. – De ônibus por todo o Japão, como nos velhos tempos. – ele terminara a etapa em vantagem de pontuação, ajudando a manter a Zodiac Team no topo do ranking pela quinta semana consecutiva.

- Shura e Massimo perderam ontem. – Mu informou. Era o único Dourado que lutava na categoria deles, até 35 anos. Shiryu ainda se espantava de que ele fosse, na verdade, o mais novo do grupo. Ainda mais após assistir suas lutas. O indiano não tinha experiência em torneios como esse e estava empatado com Seiya em primeiro lugar. – Então, são quatro Dourados fora. – ele tomava seu chá de hortelã para ajudar a digestão. – Em Tóquio, com certeza teremos que lutar entre nós. – os outros assentiram. Havia a disputa por equipes, somando todos os pontos dos componentes, e a disputa individual. Eles se prepararam para isso também.

- Já teve notícias de casa, Shiryu? – Esmeralda perguntou da mesa ao lado. Ele negou.

- Devem estar acordando agora. – o Cavaleiro de Dragão terminou de comer, checando novamente o celular. – Logo as fotos devem chegar.

- Vamos tirar algumas antes do embarque e enviar para eles. – ela se espreguiçou. - Shunrei disse que os meninos ficam fascinados.

- Logo, logo estaremos em casa. – Shun comentou, juntando as bandejas para facilitar a limpeza da mesa. Como médico-chefe, ele rodava entre as equipes de apoio. Essa semana, com o encontro entre os jovens profissionais e os estreantes, havia muita gente. – Ficar longe muito tempo dá uma ansiedade, não é? – Shiryu confirmou, sorrindo. O fisioterapeuta e os dois enfermeiros que os acompanhavam pareciam animados. Era a primeira vez que viajavam em um campeonato esportivo e não queriam perder nenhum instante.

- Essa semana em Osaka valeu a pena. – Orfeu afirmou, contente pelo seu resultado. Esse ano era sua estreia nos jovens profissionais e ele estava em 8º lugar, o que o surpreendeu positivamente.

- Malas. Check out. Ônibus. – Camus enumerou da entrada do refeitório. – Agora.

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- Estou louca para ver vocês! – a voz de Saori estava empolgada. A Mansão estava em polvorosa com a hospedagem de todo o Santuário para a etapa de Tóquio. – Você quer alguma coisa em especial? Pode dizer que eu providencio!

- Umas cem horas de sono reparador. – Shunrei brincou, guardando na mala as roupinhas que acabara de passar enquanto falava com a amiga pelo celular. – Eiri decidiu ir comigo, então Yuna, Kouga e Arya vão conosco. Quando estivermos saindo, aviso para você pedir alguém para nos buscar.

- Pelo previsto, os lutadores devem chegar até às 2 da manhã, então coloquei você no último quarto do corredor, em frente ao meu. – a chinesa agradeceu imensamente e sua expressão demonstrou o alívio, fazendo Saori rir. – Tudo pela minha afilhadinha linda! Venha com cuidado, Shu.

Com as quatro equipes convergindo naquele dia para Tóquio, os familiares decidiram fazer uma surpresa. Iriam todos se encontrar na Mansão Kido. Seriam três dias intensos. Shunrei esperava as aulas terminarem para pegarem o trem para Tóquio. As bagagens estavam prontas. Ela e Eiri levariam Ryuho, Yuna, Kouga, Selinsa, Arya, Éden, Souma e Haruto.

- E você, meu amorzinho. – ela sorriu para a filha, que a observava atentamente com os mesmos olhos do pai. – Aliás, está na hora de mamar.

Mei-huan nascera prematura, pequenininha como o irmão. Desde o primeiro dia, seus olhos verdes se abriram no rostinho magro e moreno, conquistando a todos. Agora, depois de dois meses, seus cabelinhos pretos já aceitavam enfeites e fotos dela nas mais variadas poses e looks enchiam os celulares dos pais, tios e tias. Ela só chorava se estivesse com fome. Passava horas brincando sozinha no cesto, acompanhando a mãe pela casa. Era a primeira vez que as duas sairiam desde o parto.

- Pronto, filha. – Shunrei tirou a roupinha e abriu sua camisa e o sutiã. Tentava amamentá-la assim sempre que podia, pele-com-pele. Colocou a barriguinha encostada na sua, a cabecinha na curva do seu braço. Guiou a boquinha já aberta para o mamilo. – Nós já aprendemos, meu amor.

Continuava sendo o seu momento favorito. As duas se conectavam profundamente. Shunrei ouvia os sons da sucção e da respiração cadenciadas, sentindo o calor e as batidas do coraçãozinho, as mãozinhas minúsculas tocando suavemente, como asas de borboleta, seus seios ou apertando a ponta de seu dedo. Os pezinhos que cabiam em sua mão fechada e as perninhas perfeitas. Shunrei se lembrava de ter contado os dedinhos assim que ela nascera. Se emocionava com os intensos olhinhos, no início escuros e agora do mesmo tom de verde do pai. Acariciava os cabelinhos pretos, querendo que ela soubesse a todo o instante o quanto era amada.

Ter a filha nos braços era seu pequeno milagre.

Quando a pequena adormeceu, saciada, levou o cesto para o escritório e ligou o computador para ver seus e-mails. Desde a partida do marido, há 10 dias, era a primeira vez que entrava ali. Fora difícil montar uma rotina em que ela dispusesse de tempo para qualquer outro assunto que não a filhinha e os meninos.

Em meio às propagandas e spam, ela viu dois e-mails que chamaram sua atenção.

"Senhora Nishi Suiyama,

Informamos que o seu pedido para cooperação entre a Unidade de Especial de Pesquisa a Traumas Neurológicos Infanto-Juvenis de Gangseo-gu e a Associação Internacional de Neurologia foi aprovado. Por favor, nos envie os documentos abaixo para elaboração do acordo.

Atenciosamente,

Diretoria de Assuntos Estratégicos

AIN"

Ela sorriu de contentamento, encaminhando o e-mail para o dr. Lee Kang e os colegas da Unidade.

- Voem alto! – desejou, arquivando a mensagem na pasta só da UEPTN.

Ela se comprometera a continuar como membro da equipe, mas a realidade é que seus interesses mudaram.

- Tenho que pensar se realmente quero continuar ocupando o espaço de outra pessoa... Difícil desapegar de algo que foi meu sonho por tantos anos.

Aos poucos, ela retomara ao menos a rotina de acompanhar o ambulatório do Santuário. Logo que retornara de Rozan, se empenhara em ajudar Shun o máximo possível e planejara até acompanhar as equipes pelo campeonato, mas o nascimento de Mei no final do sexto mês de gestação alterara os planos de todo mundo. E fora um momento complicado porque Shiryu, Dohko e Shaina estavam competindo. Quem a levou para o hospital foi Eiri.

- A vida sempre se impõe. – Mayura dissera ao visitá-las no hospital. Pela primeira vez, vira um sorriso largo nos lábios da indiana ao pegar a bebê no colo. – Ela é muito pequena e frágil.

- Mas logo será forte e estará correndo pelo Santuário. – Shunrei respondera com simplicidade, aumentando o sorriso da mulher.

O segundo e-mail a surpreendeu. Era de semanas atrás.

"Como não vi antes?"

"Shunrei,

Se você estiver lendo isso, significa que deu tudo certo. Há tanta coisa entre nós que jamais será concluída, mas resolvi deixá-las de lado para que tenhamos, os dois, uma nova oportunidade de viver. Mesmo nunca mais voltando a vê-la, me basta saber que, onde você estiver, se lembrará dos anos que passamos juntos e, quem sabe, valorizará tudo que vivemos.

Espero que um dia você possa me perdoar.

Sempre seu,

Julian"

Os olhos dela se encheram de água, a garganta ardendo.

- Foi uma longa jornada, Julian. – ela falou, guardando a mensagem numa das pastas particulares. – Que você possa ser feliz como puder. – ele enfim se casara com a jovem coreana. Marin lhe contara que o casamento foi notícia até na Grécia e que depois disso eles sumiram da sessão de fofocas dos jornais.

Ela o veria novamente, não havia dúvidas nisso. Saori a avisara que ele e Sorento estariam presentes na final do campeonato, como todos os patrocinadores. Teria a chance de agradecer pessoalmente aos dois. Sem os Solo as coisas teriam sido bem mais complicadas.

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- Como está? – Seiya se sentou ao seu lado após dormir por alguns minutos. – Sentindo muita falta? – Shiryu assentiu, suspirando.

- A minha maior preocupação é não estar lá para dividir as tarefas. – bocejou, esticando os braços para despertar o corpo. A última luta do dia anterior fora dele e ele quase perdeu, indo buscar o resultado quando parecia impossível, levando a platéia à loucura. Foi destaque nos jornais da noite. – Estou pensando em pedir dispensa das lutas restantes. – falou, suspirando e franzindo os lábios.

- É um momento de escolhas. – o amigo concordou. – Ela tem reclamado? – Shiryu balançou a cabeça.

– Não, nenhuma vez. – havia um 'mas' implícito naquele tom de voz. – É muito difícil cuidar de um bebê sozinha. E ainda tem os meninos mais velhos. Eu vejo as olheiras cada dia mais fundas. – Seiya franziu os lábios.

- Mas falta tão pouco para acabar. – tentou argumentar que em cinco dias o campeonato estaria encerrado.

- A minha cabeça não está focada, Seiya! Será que é tão difícil entender? – Shiryu retrucou, irritado. Fez um gesto com a mão. – Me desculpe. Você está certo, claro.

- Quando Mei nasceu, Saori estava em Kamakura. – o amigo prosseguiu como se nada o tivesse interrompido. – A gente tinha terminado a lua-de-mel relâmpago e ela ficou alguns dias a mais com Kouga. – Shiryu confirmou que lembrava. – Ela chegou ao hospital assim que Shunrei falou com você por vídeo. Saori me contou que ela chorava muito, se sentindo culpada por te preocupar. – Seiya ergueu a mão quando ele abriu a boca para interrompê-lo. – Segundo a Saori, ela dizia que faria de tudo para você ganhar essa competição. Sabia o quanto é importante para você. – Shiryu engoliu em seco várias vezes.

- Mas ela estava sorrindo quando falou comigo. Quem chorou fui eu. – Seiya ergueu as sobrancelhas para ele.

- Se você desistir, como acha que ela vai entender? Você mesmo disse, meu caro, ela não reclamou nenhuma vez. - Shiryu abriu e fechou a boca algumas vezes. – Depois você pode ajustar seus planos para competições futuras, ficar só aqui mesmo, ou no máximo nos países próximos, não sei. Quando a Saori engravidar, eu vou pegar licença, já avisei Marin e o Grande Mestre. Mas, agora, Shiryu, não desista. Vocês passaram por tanta coisa para esse campeonato acontecer!

De repente, da poltrona da frente, o polegar de Hyoga apareceu em cima do encosto da cadeira.

- Eu quase destruí meu casamento por causa desse campeonato. É questão de honra ir até o fim! – Seiya apontou para o polegar. – Foram semanas de conversa para Eiri me perdoar por usar a família dela, por mais que tenha sido um acordo vantajoso. As mulheres são um mistério, mas em alguns momentos é fácil prever a reação delas.

- Se eu sou a Shunrei, te expulso de casa, Lagartixa. – Ikki comentou com os olhos fechados na poltrona ao lado. - Agora que já tiramos essa ideia esdrúxula da sua cabeça oca, vamos ao que interessa: tem fotos novas?

Um Shiryu incrédulo confirmou, abrindo a galeria para mostrar as últimas que recebera.

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- Estão todos aqui? – Eiri perguntou, parada no meio do corredor do trem. – Selinsa e Arya, Éden e Souma, Haruto e Kouga, Yuna – apertou a mãozinha na sua. – Shunrei, Ryuho e Mei. – ela falava e as duplas levantavam as mãos. – Muito bem. Não se esqueçam: não se afastem do grupo e nem soltem a mão da sua dupla quando estivermos andando, ok? Chegando à estação, um motorista da Saori estará lá para nos buscar. Todos estão com o endereço e o telefone de contato? – todos responderam sim. – Qualquer coisa, falem comigo ou com Shunrei.

- Ainda bem que embarcamos na estação inicial e pudemos nos sentar. – Shunrei comentou quando o vagão começou a encher. – Você é ótima com grupos grandes!

- Tenho muitos primos. – Eiri respondeu, piscando para a amiga. – A gente costumava ir à praia em Santorini. Um tio ameaçava nos trancar no porão se alguma coisa acontecesse. – o humor dela estava um tanto peculiar, mesmo após seis meses da viagem a Atenas. As crianças a olhavam curiosas e espantadas. – Não seria nada bom ficar trancada no escuro e frio daquele lugar empoeirado, por isso eu aprendi a organizar rapidinho. – as cabecinhas concordaram efusivamente.

- Ainda bem que não tem porão na sua casa, Yuna. – Souma falou em voz alta, soprando o clima tenso para longe.

As crianças começaram a conversar entre si. Arya logo dormiu no colo de Selinsa.

Elas colocaram as malas embaixo dos bancos, para não atrapalhar os outros passageiros. Shunrei passou um braço protetoramente sobre o corpinho de Mei, presa firme ao seu corpo pelo sling. A bebê estivera atenta aos menores barulhos e agora acompanhava a conversa entre Ryuho e Yuna. O irmão mais velho segurava a mãozinha dela e Yuna chamava sua atenção com os laços de suas tranças.

As crianças estavam animadas com a perspectiva de verem os lutadores depois de quase duas semanas. Além disso, acompanhariam as disputas no estádio, o que as deixou em polvorosa.

- Se quiser, pode cochilar, Shunrei. Elas são comportadas. – a grega a ajudara muito desde o parto. Cuidara de Ryuho enquanto mãe e filha permaneceram hospitalizadas e ia com frequência visitá-la. – É bom aproveitar qualquer ocasião.

- Quando estivermos próximas, me acorda, tudo bem? – Eiri assentiu.

Nem bem encostara a cabeça, adormeceu.

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- Ela é tão fofinha. – Camus aumentava a foto para ver a bebê com uma faixa amarela na cabecinha, mordendo a mãozinha com os olhinhos quase fechados pelo sorriso para a câmera. – Dohko manda um monte dessas todos os dias. Ele está completamente babão.

- Quem não está é só quem ainda não a viu. – Esmeralda comentou como se fosse absurdo alguém não se encantar pela pequenina. – Os meninos não cansam de contar cada movimento dela. E olha que eles têm os gatos para se ocupar.

Eles pararam para almoçar num complexo de conveniência, na metade do caminho entre Osaka e Kamakura.

- Saori foi visitá-las na semana passada e voltou querendo fazer três iguais. – Seiya disse, fazendo-os rir. – Acho que vou ter que desentocar o meu diploma de publicitário para dar conta.

- Camus, o motorista disse que recebeu ordens de ir para Tóquio. – Aldebaran anunciou, se aproximando da árvore onde eles se estiravam após o almoço. Todos se colocaram imediatamente em alerta. – Pediu para embarcarmos ou só chegaremos à noite.

- Se preparem para partir. – o sotaque francês ficou pronunciado, sinal de que ele estava contrariado.

- O que será que aconteceu? – Orfeu perguntou para Hyoga, que balançou a cabeça em negativa.

Todos pegaram os celulares e começaram a perguntar aos contatos.

- Yuzuriha disse que as amazonas souberam há poucos minutos também. – Yato disse, trocando mensagens com a namorada. – Elas vieram na frente dos Dourados. No caso delas, já passariam em Tóquio de qualquer forma, não é?

- Pelo que entendi, acharam melhor fazermos a concentração em Tóquio para não haver dispersão. – Shun lia no celular. – June diz que elas também estão indo para lá. Estão próximas a Utsunomiya. – mostrou para Shiryu a localização compartilhada. – Devem chegar antes da gente.

- Os Dourados saíram de Sendai só agora. O ônibus teve um problema. – Aldebaran informou. – Di Medici me confirmou.

- Isso dá umas seis horas de viagem. – Ikki franziu a testa. – Que loucura. Vão chegar de madrugada.

- Saori me confirmou que vamos para a Mansão e depois para o hotel da concentração. – Seiya se afastara para falar com a esposa. – Ela pediu para não nos preocuparmos. – completou ao ver as caras de aborrecimento.

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Como sempre, as acomodações estavam impecáveis. Dessa vez, Shunrei não ficaria em seu antigo quarto. Saori reservara um dos mais silenciosos e com janelas extras por ser no canto da ala sul.

- Consegue desfazer a sua mala, filho? – Ryuho se esforçara para puxar as duas malas menores pelo corredor, enquanto a mãe levava as duas maiores, de Mei. "Viajar com bebês não é fácil." – Vou ver como estão Éden, Souma e Haruto, ok?

- Não precisa, mamãe. Eu vou lá. – ele se apressou e passou na sua frente. – Pode ficar aqui com a Mei.

"Levando a sério a promessa de cuidar de nós." Ela sorriu, enfim tirando a filha do sling. Ela estava agoniada, com a fralda suja. Sacudia os bracinhos e perninhas com impaciência, mas sem chorar.

- Tudo bem, tudo bem... Vamos tomar um banho gostoso? – Shunrei conversava devagar, enchendo a banheirinha com água morna enquanto a limpava com lenços úmidos.

- Shunrei? – Saori apareceu na porta do banheiro. – Encontrou tudo que precisa? Ah, vai dar banho nela? – se aproximou com interesse. Shunrei pediu para ela fazer silêncio. Enquanto limpava, fazia massagem na bebê, relaxando os músculos tensos da viagem.

- Pode colocar a banheirinha em cima da pia? Isso, ela gosta da água nessa temperatura. – mergulhou o corpinho apoiado no seu antebraço.

- Ela é muito boazinha. – Saori olhava a expressão de alegria da bebê ensaboada.

- Pode estender a toalha sobre a cama, por favor? Te ensino a secá-la. – Shunrei enrolou a bebê num cueiro fino e depois na toalha, deixando a amiga enxugá-la. – Com cuidado para não torcer os braços. Seque entre os dedinhos. Desse jeito.

- Quem te ensinou essas coisas? – Saori a viu preparar o berço colocando travesseiros e cobertores, deixando apenas um pequeno espaço no meio, como um ninho.

- As enfermeiras do Hospital Graad e a antiga patroa de Shiryu, a sra. Seon-In. – Shunrei vestiu Mei com uma túnica simples por cima da fralda e a embrulhou em um cueiro mais grosso antes de colocá-la para mamar. – Ela me envia vários vídeos e dicas desde que voltei de Rozan. E, claro, as Huang. Satsuki já tem três filhos... Você estava com fome, minha florzinha?! – a bebê sugava com vontade, fazendo sons rápidos que provocaram risadas nas duas. A boca de Saori estava meio aberta, observando sem piscar.

- Não dói? – balançou a cabeça, como se despertasse ao ouvir a própria voz. – Parece que ela está puxando com força.

- No início, doía bastante. Quando ela mamava e um pouco antes, quando os meus peitos estavam cheios. Era como... Como... – procurava uma comparação. – Era como ter muita vontade de fazer xixi e não conseguir. E quando ela sugava, parecia que meus mamilos estavam em carne viva. – Saori fez uma careta. – Mei demorou para mamar em mim porque ela era muito pequena, então eu usava uma bomba. Me sentia uma vaca leiteira. – Shunrei riu, beijando a mãozinha. – A gente tem que se adaptar. Agora a minha produção de leite se ajustou aos horários dela. Continuo com a sensação de esvaziamento e alívio. Começou a ficar bom há umas duas semanas.

- Mal posso esperar! – Saori declarou, animada. – E você, já se recuperou? – Shunrei confirmou.

- O corpo ainda está voltando ao normal, mas o que me incomoda é o cansaço. Você sabe que eu gosto de dormir.

- Todos que chegaram já estão instalados. Se quiser, peço para Tatsumi trazer um lanche para você aqui e pode dormir até Shiryu chegar. Eles ainda devem demorar umas três horas. – a amiga abriu as malas e começou a organizar no armário. – Shion permitiu que eles ficassem aqui por dois dias antes de voltarem para a concentração, então vamos aproveitar. As Amazonas vão chegar daqui a pouco. Logo depois, os outros de Kamakura. Então, Seiya, Shiryu e os mais novos. Os Dourados vão chegar de madrugada. Alguns vão ficar na casa de hospedes. Aquela que o vovô usava para os convidados de outros países, lembra? – pela alta velocidade da fala, Shunrei percebeu que ela estava ansiosa. – Como os quartos são maiores, coloquei os rapazes solteiros lá. Não é muito longe e tem uma saída independente, então se eles quiserem sair não haverá problemas.

- Vai dar tudo certo, Saori. – Shunrei trocou a bebê de peito. – Você sempre hospeda com muita competência. A propriedade é grande. Só espero que eles se comportem. Peça ao Grande Mestre para falar com eles. – ela estava segurando o riso porque a filha estava quase dormindo. Imaginava um bando de adolescentes com as chaves de casa e ninguém para vigiá-los. – Quanto aos outros, não terão do que reclamar. Aposto que estarão felizes demais com a surpresa. – disse a última frase num sussurro. – Diga para Ryuho que ele pode entrar quando quiser. Ele ainda tem receio de incomodar quando estou deitada durante o dia.

Mei dormia tranquilamente. Saori se despediu, dizendo que trariam um lanche e uma jarra grande de água.

Banho tomado, Shunrei comeu e bebeu muito. Um buraco se abria dentro dela cada vez que amamentava. E sentia sede o tempo todo. Não queria dormir muito, por isso deitou sobre o edredom. Puxou o berço para perto da cama e fechou os olhos.

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A pequena recepção na porta da Mansão os fez disputar a saída do ônibus. As crianças correram primeiro, abraçando as pernas e subindo as escadas atrás dos pais.

- Eu vi você na TV, papai! – Ryuho pulou no colo dele, abraçando seu pescoço com força. – Sabia que você não perderia! Falei para o Kouga e o Haruto!

- Você viu quando o papai quase saiu do tatami e acabou jogando o adversário por cima da cabeça? – "Como eu senti falta desse abraço!" Ryuho assentiu, orgulhoso.

- Igual a gente treinou. – o sorriso do pai aumentou.

- Shiryu, o ônibus vai estacionar. – Camus o chamou.

- Nós chegamos há uma hora. – ouviu June dizer a um Shun sobrecarregado com Yuki e Yorie nos braços e Yuuto puxando sua camisa. – O jantar vai ser servido logo.

- Será interessante todos juntos no mesmo teto. – Selinsa ajudava Orfeu com as malas do ônibus. Eurídice, Teneo e Kiki as levavam para dentro, deixando-as no patamar de cima para os donos levarem aos quartos. As dos rapazes que iriam para a casa de hóspedes ficavam na porta do jardim.

- Você quase nos mata de raiva, sabia? – Seiya contava para Saori. Kouga pulava feliz em seu colo. – Alguns ali quase explodiram as veias da cabeça. – apontou para Shiryu, que riu, envergonhado.

- Se eu contasse, estragaria a surpresa, não é mesmo? – ela o cumprimentou com uma leve reverência.

- Papai, a mamãe e a Mei estão lá no quarto ainda. – Ryuho informou, pedindo para ser colocado no chão. – A mamãe está dormindo. É em outro quarto. Vem, eu te levo.

Shiryu cumprimentou todos rapidamente.

A única iluminação era a que vinha das janelas com as cortinas abertas. Ryuho o levou até o berço onde Mei estava acordada, brincando com a coberta. Shiryu tinha a sensação de que seu coração batia em todos os cantos do corpo. Foi ao banheiro lavar os braços e as mãos, passando lenços umedecidos no pescoço e tirando a camisa. Ouviu o gritinho de contentamento da bebê ao ver o irmão.

- Cuidado para não acordar a mamãe. – ele disse num sussurro, voltando para o quarto. Mei gritou novamente ao vê-lo. Pegou-a nos braços, como vinha sonhando há 10 dias. Ela era pequena e leve como Ryuho quando nasceu. Sentia o corpo inteiro relaxar, a tensão dos músculos sumir e a ansiedade evaporar do coração e diafragma.

– Imouto? – Ryuho murmurou. O pai se ajoelhou para que ele a visse.

- Você cuidou direitinho da sua irmãzinha. – os olhinhos azuis brilharam e o garotinho assentiu.

- Ela não ficou dodói e só chorou duas vezes. – mostrou os dedos levantados. Se aproximou mais, segurando a mãozinha morena. Shiryu encostou na lateral da cama. – Eu ajudo a mamãe enquanto ela faz a comida e toma banho. E mostrei você na TV para a Mèmei. Ela assistiu todas as lutas. – Ryuho se sentou no colo do pai, acariciando a cabecinha da bebê, que tentava acompanhar os sons das vozes murmuradas. - O Haruto, o Éden e o Souma também estão lá em casa e a gente limpa o nosso quarto e a sala.

"Como eu precisava disso!" Shiryu assentia, incentivando o relatório, fazendo perguntas ocasionais ou respondendo rapidamente. O seu paraíso estava bem ali. "Eles crescem rápido. Não quero perder mais nada." Há 10 dias, Mei não conseguia virar o pescoço com agilidade e nem segurar com tanta força como fazia agora com seu indicador.

Uma pressão macia no alto da sua cabeça e som de beijo.

- Que bom que chegou. – um arrepio se espalhou desde seus ouvidos e ele se virou a tempo de ver o rosto dela se afastando. – Já comeu? – ele negou, beijando o dorso da mão em seu ombro. – Vocês dois podem tomar banho e nos duas vamos nos arrumar para descer.

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- Yuki, onde você pegou esse tempurá? – Yuna sentara-se entre Yuki e Ryuho.

- Você quer um, Yuna? – Yorie, com a boquinha cheia de arroz, ofereceu do outro lado da mesa. Yuna estendeu o prato.

- A comida da casa da sua mãe é uma delícia. – Yuuto comentou, mastigando uma grande porção de legumes cozidos.

- Depois você tem que provar isso daqui. – Kouga espetou um pedaço de frango empanado da travessa no meio da mesa.

- Vocês viram o tamanho do jardim? – Yuki comentou, montando com cuidado um bocado com arroz, fatia de carne bovina e uma fatia de pepino e levantando-o com os hashi. – A mamãe disse que manhã a gente pode brincar lá.

- Podemos ver os cavalos. – Kouga sugeriu, animado com a perspectiva de mostrar toda a Mansão para os amigos. – Tem um bosque nos fundos, depois da casa de hóspedes.

- Temos dois dias. – Souma ergueu os dedos lambuzados de molho. – Vamos aproveitar antes de voltar para a escola!

- O melhor jeito é levantarmos cedo. – Éden repetiu o que eles vinham discutido no trem.

Apenas Kouga, Ryuho e Yuna estiveram ali antes e os demais mal continham a ansiedade para conhecer a famosa Mansão Kido. Yuki, Yuuto e Yorie vieram com o ônibus que trouxera o pessoal do Santuário, chegando um pouco depois de Éden, Souma e os demais. Assim que desceram do veículo, foram explorar as cercanias, descobrindo o pátio da fonte e o extenso gramado.

- Como é o quarto de vocês? – Arya perguntou com sua vozinha suave.

- É bem grande. Estou junto com Kiki e Teneo e dois dos enfermeiros que ainda vão chegar. – Haruto respondeu, escolhendo uma grande fatia de carne com tomate. Ele apontou os dois, que se alojaram no sofá e seguravam os pratos nas mãos. – Lá na casa de hóspedes são quatro quartos. Querem ir lá conhecer? A maioria dos Dourados vai ficar lá. Eles só vão chegar bem mais tarde, mas os nomes deles estão nas portas dos quartos.

- Eu quero ver os cavalinhos! – Yorie afirmou alto. Desde que soubera da existência deles informava seu desejo a quem encontrasse pela frente.

- É verdade que só os aprendizes poderão ficar para ver as lutas? – Yuna perguntou, tomando um gole de chá. – Eu queria ver o papai.

- Pelo que a mamãe explicou, com certeza poderemos ver o primeiro dia. – Ryuho ofereceu mais chá para ela. – Talvez possamos ficar, dependendo de quem ganhar.

- Mamãe, a gente vai ao estádio? – Yuuto aproveitou que June passava ali perto. Ela se virou para a turminha comendo ao redor da uma das mesas de centro e ergueu o polegar, piscando um olho.

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- Vai ser difícil fazê-los dormir hoje. – June seguiu até a poltrona de onde podia ver as cabecinhas confabulando. – E eu estou quebrada. Só quero uma cama macia. – escolhera poucas porções do buffet.

- Como está o arranhão no braço? – Marin fizera o curativo do leve ferimento. June respondeu com o polegar levantado, mostrando a gaze no braço direito.

- Vocês estão confortáveis? – Saori se sentava entre Pavlin e Serenity. As quatro confirmaram.

- Apesar de eu achar que Shaina preferiria ficar num quarto com Dohko. – Serenity comentou, fazendo Shaina emitir um som debochado, balançando a cabeça com descrença. Saori abriu a boca de espanto.

- Desculpe, Shaina. No final, não tínhamos tantos quartos e precisei definir uma regra para a divisão. – Saori ainda não se sentia completamente à vontade diante do olhar intenso da Amazona de Serpentário.

- Não se preocupe, sra. Ogawara. – Saori decidira continuar usando o sobrenome Kido profissionalmente, embora gostasse que no Santuário ela estivesse sendo chamada pelo sobrenome de Seiya. - Depois das lutas dessa semana, a única coisa que quero é dormir. – os cabelos verde-claro se moveram quando ela se curvou para colocar o prato vazio em cima da estante, esticando os braços e pernas.

- Esse ano, você vai participar dos torneios regionais, Shoko? – Pavlin escolhera ficar ao lado da garota, sentada próxima à Marin. Elas adotaram o hábito de mimar a namorada de Régulus, cada uma a seu modo.

- Espero que sim! – afirmou com determinação. – Quero muito escolher a minha constelação!

- A cerimônia é realmente impressionante. – as duas presenciaram a última sagração, quando Saga e Kanon foram reconectados como Cavaleiros de Gêmeos e Régulus ganhou seu quimono laranja com a constelação de Leão Menor traçada em preto. – É bom se esforçar.

- Logo após o campeonato, começaremos o treinamento. – Marin informou. Ficara contente por Shoko tê-la procurado, pedindo para recebê-la como aprendiz.

- Vou deixar vocês. – Pavlin se despediu porque vira a animação na porta do escritório, onde outro grupo se alojara para comer. As outras riram ao ver o que a interessara tanto.

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- Ela é tão boazinha! – Yuzuriha exclamou, vendo o olhar interessado da bebê. – Mesmo com tanta gente, ela fica quietinha.

- Está cada dia mais esperta. – Yato, ao lado da namorada, observava os movimentos da pequenina. – Logo estará andando.

- É incrível ela ter aceitado vir comigo. – Mu quase não respirava, segurando-a como se fosse uma flor muito frágil. Tinha brincado com Mei e ela estendera os bracinhos para ele. Shiryu sorrira, sugerindo que ele passeasse com ela um pouco.

- Isso é parte de algum treinamento específico? – Pavlin chegou, os olhos verde-oliva brilhando de diversão ao ver o corpo do namorado todo tenso. – Você fica bem com um bebê no colo. – Mu ficou completamente vermelho.

- Que tal se amanhã formos a Harajuku? – Teneo aproveitou a chegada da Amazona de Pavão para continuar o assunto de agora a pouco. – Algol e Misty querem ir também.

- A Mestra Shaina disse que podemos sair. – Selinsa confirmou, vendo Mei virar a cabeça ao ouvir sua voz. Acariciou a cabecinha cheia de cabelinhos finos e macios. – Podemos chamar Orfeu e Eurídice também. – buscou os dois e os viu dentro do escritório.

- Pronto. Obrigado por cuidar dela, Mu. – Shiryu retornou do andar de cima, recebendo a filhinha e voltando para o sofá ao lado de Eiri. Os jovens se despediram de Mei, ignorando completamente o Cavaleiro de Dragão.

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- Nada que não tivéssemos previsto. – Camus afirmou, tomando um grande gole de chá. – Não há motivos para preocupação. Mais de 70% dos nossos lutadores continuam na competição.

- E temos chances reais de levar alguns dos prêmios. – Orfeu comentou, pegando o prato da namorada e juntando-o à pilha sobre a mesa que separava os dois sofás. Eurídice sorriu ao ver Mei e seu pai de volta.

- Ainda não me conformo de ter perdido aquela luta. – Aldebaran ocupava a poltrona oposta à porta. – O ataque do Garuda não é brincadeira.

- É inevitável lutarmos entre nós a partir de agora. – a voz de Hyoga soou calma ao constatar. Ele também sorriu para a bebê.

- Pelo menos não terão que viajar mais. – Eiri comentou. Ela tivera que lidar com as ausências prolongadas do marido, o que tornou a crise entre eles mais complicada. Foi necessária muita conversa entre si e com os amigos, além da viagem de Saori à Grécia, para acabar com as rusgas. – Da próxima vez, vou com vocês, como a Esmeralda. – Hyoga apertou seus dedos com gentileza. – Olá, Mei linda.

- Mais cinco dias e terminaremos. – Shun disse, pousando a caneca de chá vazia na mesa. Obrigado por cuidar das crianças, Eiri. Ficamos bem mais tranquilos com elas na casa de vocês. Você e Shunrei são nossas heroínas. – Shiryu acenou com a cabeça, corroborando as palavras do médico-chefe.

- Não quero atrapalhar, mas passa das 21 horas. – Eurídice apontou o relógio na estante. Ela estava caindo de sono. A última luta do dia anterior fora sua e passar longas horas no ônibus esgotou suas energias.

- Papai, está na hora da imouto dormir. – como se estivessem em sincronia, Ryuho entrou apressado, parando em frente a Shiryu. Os adultos se levantaram, começando um movimento que levou todos para seus quartos.

- Sabe onde está a mamãe? – Shiryu não a viu na sala de visitas. Ryuho o puxou pela mão para a porta entreaberta da sala de jantar.

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- Régulus, quer ir também? – Seiya perguntou animado. O garoto corou. – Prometi às duas que levaria Kouga lá amanhã. Seika me ligou depois da luta com Ippókampos, preocupada.

- Deixe o Gatinho em paz, Pangaré. – Ikki espreguiçou-se na cadeira. Eles foram os únicos que permaneceram na grande mesa de jantar. – Não vê que ele quer curtir com a namorada? – Régulus ficou mais vermelho.

- Vou perguntar a Shoko. – disse em voz baixa, não querendo contrariar o primeiro colocado no campeonato.

- Acho que será um bom passeio para os meninos. – Esmeralda ficou admirada em como aceitou fácil o convite de Seiya para visitarem o orfanato. Ela evitara por muito tempo impor sua presença à Seika, mas decidiu que era hora de mudar o relacionamento das duas. Afinal, considerava Éden como seu filho também. – Depois de amanhã ficamos aqui na mansão.

- Pelo que ouvi quando fui conversar com elas, as crianças estão planejando explorar o terreno amanhã. – Shunrei informou. – Terão que negociar com elas.

- O que a senhora fará? – Jabu perguntou a Mayura, sentada à sua frente. Ela falara bastante durante a refeição, satisfeita por todas as Amazonas terem chegado até a arena final, mesmo após os desvios nos treinamentos para abafar as ameaças do Subway Army.

- Ainda não sei. Há anos não vou ao Filhos das Estrelas, seria bom visitar. – ela saudou os três que entraram. – Temos uma ligação especial com aquele lugar. – sorriu levemente para Seiya e Jabu, sentados um ao lado do outro.

- Eles estão aqui, Nii-chan. – Souma olhou para dentro e voltou o rosto, chamando o irmão. – Todo mundo já subiu. – informou para as pessoas na mesa.

- Está tarde. – Shiryu completou, se aproximando da esposa. Ela assentiu, seguindo-os para fora.

O último a se despedir foi Seiya. Os quartos deles eram próximos.

- Os Dourados chegarão de madrugada. – ele confirmou, abrindo a porta com cuidado. As vozes de Kouga e Saori soaram abafadas. – Amanhã nos vemos. Boa noite.

Ryuho quase dormiu sobre o lençol. Shunrei precisou insistir para ele trocar de roupa. Shiryu a esperou deitar ao lado do berço com sua camisola de flanela.

- Quero que me chame se eu não acordar com o choro dela. – ela confirmou, se aninhando no peito dele. – Pode usar medidas extremas. – a resposta foi um ressonar.

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No dia seguinte, ao invés de irem para o orfanato, Saori os surpreendeu novamente, montando uma grande estrutura nos jardins da Mansão com brinquedos infláveis e cuidadores extras. Assim, puderam trazer as crianças, Seika e Miho. Havia mesas e cadeiras, comidas e bebidas em buffets estrategicamente posicionados. Cada um estava livre para passar o dia como quisesse.

A própria Saori levou as crianças até as estrebarias, onde Kouga mostrou sua desenvoltura na montaria, acompanhando a mãe numa cavalgada até o bosque.

A maioria dos jovens decidiu passear em Harajuku, retornando no meio da tarde cheios de sacolas e histórias.

Esmeralda e Ikki, Shun e June e Hyoga e Eiri aproveitaram para brincar com os filhos junto com as crianças do orfanato. Houve partidas de futebol feminino e masculino. June, Seiya e Ikki foram os artilheiros, Shun e Hyoga zagueiros e Eiri ficou no gol. Esmeralda atuou como juíza.

Os Dourados dormiram até tarde na casa de hóspedes, preferindo descansar ou apenas caminhar pela propriedade. Os cômodos do andar de baixo tinham portas que se abriam para os jardins, de modo que havia muitos lugares para se sentar e relaxar, conversar, ler ou cochilar. A partir do momento em que Mei desceu com os pais e Dohko a viu, só a devolvia para a mãe quando ela estava com fome. Fez todos olharem para a neta, inchado de orgulho.

Shunrei e Shiryu, Jabu e Miho, Aiolia e Marin, Camus e Milo e Shion e Mayura conversavam animadamente com Seika e seu marido, que finalmente aceitou conhecê-los. Na verdade, descobriram que ele era um famoso mangaká e, ao contrário da crença de que ele era antissocial, o homem apenas trabalhava demais. Naquele dia, como para provar que ele estava longe de ser rabugento, levara três amigos.

- Sr. Masami, como são mesmo os nomes de seus amigos? – Camus perguntou.

- Essa é Shiori, essa é Chimaki e esse é Megumo. – ele apontou cada um, que os cumprimentava ao serem nomeados. Formavam um grupo bastante interessante. Jabu parecia ter ganhado um presente de Natal antecipado.

- Eles são todos mangakás renomados. As histórias são ótimas. – ele não cansava de elogiá-los. – Agora estou tentando convencê-los a ir a Kamakura. Posso montar um evento na livraria.

Só quando os ônibus com as crianças retornaram para o Filhos das Estrelas, com o sol se pondo, é que a reunião começou a acalmar. As famílias começavam a se juntar, filhos procuravam os pais para se aconchegar, os casais ficavam mais próximos, os amigos riam juntos, as conversas permaneciam leves.

Seriam dias memoráveis em Tóquio.

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DUAS SEMANAS DEPOIS

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Shiryu subia a colina apressado. O dia estava frio e nublado, por isso ele parou na metade do caminho para fechar a jaqueta de couro. Havia pouco movimento na rua, as pessoas aproveitando o conforto e o calor de suas casas.

"O que não fazemos por amor?" Ele suspirou, acomodando as alças das sacolas em suas mãos novamente.

Descera até a loja perto da escola e encontrara um conhecido com uma longa história de desilusão amorosa. A conversa começou, como todas nas últimas semanas, com os resultados do campeonato. Ele ainda ficava tímido ao ser saldado pelo terceiro lugar, embora aparentemente tenha rendido bons ganhos nas casas de apostas. Quando ele conseguiu se despedir, pegou as compras e correu para casa.

"Como o tempo virou desse jeito?" Para comemorar o final dos compromissos oficiais, eles haviam programado um dia ao ar livre, cuidando do jardim e fazendo a gangorra que Ryuho pedira. "Mudança de planos e adaptação de cardápio."

As árvores da cerca-viva alta sacolejaram com o vento. Desde o portão, ele ouvia as vozes animadas. Entrou bem rápido, evitando que o frio aproveitasse a abertura da porta.

- Estou de volta. – anunciou, tirando as botas.

- Bem-vindo! – a voz aguda do filho respondeu. Ele apareceu na porta da cozinha carregando uma travessa com o que parecia ser a salada. – O papai voltou. – avisou ao chegar na sala.

- Até que não demorou muito. – o tom irônico de Shaina ficara pior desde que ela ganhara o primeiro lugar na sua categoria feminina. – Teve que esperar fazerem as tortas?

- Finalmente chegou! – a cabeça de Dohko surgiu debaixo da mesa. – Venha me ajudar aqui. - Quando ele saiu, seu Mestre tentava descobrir uma forma de ligar a churrasqueira no meio da mesa e ao mesmo tempo transformar a estrutura alta em um kotatsu.

- Não é mais fácil colocar a churrasqueira no kotatsu de verdade? – Shaina repetiu, ajudando Ryuho a colocar a travessa junto com as outras.

- Conseguiu encontrar tudo? – Shunrei o observava da janela entre sala e cozinha. Piscou para ele.

- O cheiro está convidativo. – Shiryu aspirou as travessas aguardando serem postas na mesa. Havia arroz, vegetais cozidos no vapor, um caldo espesso de peixe e uma assadeira com a carne temperada esperando a churrasqueira começar a funcionar. Entregou as sacolas, engatinhando para baixo da mesa.

- Isso, pregue com essas tachinhas. – Dohko instruiu, a boca cheia delas, sentado sob o tampo.

Shiryu aprendera a não contradizer seu Mestre, por mais maluca que a ideia fosse. O edredom cobriria as pernas e o aquecedor elétrico manteria tudo quentinho.

- Nós estamos com fome. – Shaina reclamou, batendo na mesa.

- Vou ligar a churrasqueira. – Shunrei informou e eles ouviram o peso do equipamento. Riram um para o outro.

"Não quero perder isso nunca!" Leram na expressão um do outro. Ouviram o chiado da carne na chapa quente e as bocas encheram d'água.

- E esses cabelos esquisitos? – Ryuho riu dos dois descabelados que emergiram após a grande missão de proteger a família do frio. Dohko bagunçou o cabelo dele também e os dois começaram a correr pelas salas e a escada junto com a gatinha Ma-chan.

Shiryu sentara-se perto do cesto de onde vinham as risadinhas que faziam seu coração expandir. Na última semana, ele mantivera a filha em seu campo de visão 24 horas por dia. Se a pele clara e os grandes olhos azuis faziam Ryuho ser identificado imediatamente como filho de Shunrei (o que Shiryu considerava algo sobrenatural e um pouco assustador), a pele morena e os olhinhos verdes de Mei não deixavam a menor dúvida. Ele se orgulhava de passear com ela pelo bairro e as pessoas o cumprimentarem pela beleza e comportamento da bebê.

- Obrigada por ter ido comprar a sobremesa. Coloquei as tortas no forno para manter aquecidas. – Shunrei falou quando ele se sentou do outro lado do cesto. As olheiras desapareceram porque ele assumira muitas das atividades da casa, deixando apenas as que somente a esposa poderia realizar. – O que foi? Tem alguma sujeira no meu rosto? – ele sacudiu a cabeça negando.

- Apenas pensando que não quero desperdiçar um minuto sequer com coisas que não são essenciais. – ele sorriu, pegando a filhinha no colo. – Agradecendo por Mei ser saudável, por Ryuho ser um excelente filho, pelo Mestre não querer mais sair em viagem pelo mundo e por Shaina estar conosco. E... – ele corou furiosamente, desviando o olhar para o rosto curioso da bebê. Engoliu em seco. – Agradecendo por você ter bebido tanto naquela noite. – isso a fez abrir um sorriso largo.

Shunrei passara as duas últimas semanas ouvindo as mais criativas declarações de amor, nos momentos mais inesperados. Ela sentia que Shiryu a olhava de um jeito diferente, como se estivesse sempre descobrindo novidades, percebendo novas sensações e emoções. Uma nova face de sua personalidade, mais emotiva e brega, emergia e era divertida e acolhedora.

Em resposta, ela se inclinou e encostou seus lábios nos dele, movendo-os como as asas de uma borboleta.

- Ei, vocês dois, já tem carne pronta! – Dohko os chamou. Shaina e Ryuho também os esperavam. – Viram como está quentinho?

Shaina serviu as porções de arroz e caldo. Mei foi acomodada com sling no peito do pai, com a cabecinha de fora, os olhos bem abertos para sua família. Dohko bateu palmas.

- Antes de nos esbaldarmos, quero dizer uma coisa. – todos uniram as mãos em oração. - Como se cada dia fosse o último e como se soubessem que nenhum instante volta, vivamos nossas vidas. Não desperdicemos nosso tempo com coisas que não têm importância, pois o dia que nós desperdiçamos hoje é o amanhã que alguém que morreu ontem tanto desejava.

Um momento de silêncio. Não esperavam aquela reflexão. Os olhos castanhos de Dohko brilharam ao ver que o efeito pretendido fora alcançado. Bateu palmas novamente e exclamou alto:

- Itadakimasu! – comeu a primeira fatia de carne assada com um grande bocado de arroz. – Umai! – outra exclamação que deixou Ryuho perplexo. – Se você não comer, vai ficar sem nada, moleque. – pegou um pedaço e colocou em cima da tigela de arroz do garoto. – Está delicioso, não é?

Ryuho se entusiasmou com a energia do homem e começou a comer. Então a conversa foi para as fofocas dos bastidores das lutas dos Dourados e como Shion estava com dificuldades em administrar a vaidade de cada um após o campeonato. Shunrei falou dos novos integrantes da equipe médica do Santuário. Com a quantidade de membros e participantes de campeonatos aumentando, precisaram contratar definitivamente as cinco pessoas que viajaram com eles, três fisioterapeutas e dois enfermeiros.

Os pés deles ficaram quentinhos e os corações repletos das memórias do que viveram e da imaginação do que viveriam a partir de agora.

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Imouto – do japonês: minha irmã mais nova. Acho fofas essas formas de tratamento entre familiares.

Nii-chan – forma carinhosa de falar irmão mais velho (Ani-san).

Harajuku – bairro de Tóquio conhecido pelas ruas de marcas de roupas famosas e o colorido dos cosplays, sendo chamado de bairro da moda urbana.

Kotatsu – aquele cobertor aquecido usado nas mesas baixas que vemos em animes e filmes. São usados no inverno para manter pernas e pés quentinhos.

Itadakimasu – obrigado pela comida!

Umai – delícia!

Sim, eu coloquei os mangakás do Multiverso de Saint Seiya no apagar das luzes! E quase morri de rir imaginando-os interagindo com seus personagens. O original, Masami Kurumada. A autora de The Lost Canvas, Shiori Teshirogi. A autora de Saintia Sho, Chimaki Kuori. O autor de Episódio G, Megumo Okada.

FIM

"Nossa história termina aqui, mas sabemos que esse não é o fim. Nós vamos nos perder de novo em algum momento e o desespero nos fará desmoronar no meio do percurso, mas enquanto tivermos esperança nada poderá nos derrubar. Vamos nos lembrar disso, custe o que custar."

Palavras finais do dorama Chocolate

Quando comecei a escrever Conexão Coréia, eu estava apaixonada por doramas e achei que Shiryu e Shunrei poderiam facilmente estrelar um. A história cresceu tanto, e tantos personagens queriam participar nem que fosse como figurantes, que houve momentos que pensei que ela viraria uma novela eterna... rsrs!

Depois de muitos percalços e mais de 800 páginas escritas, nos despedimos de você que acompanhou até aqui. Esse capítulo está sendo publicado no dia do aniversário da estreia dessa segunda parte, dois anos atrás. Um longo caminho que percorri junto com você que acompanhou, se divertiu, comentou, esperou. Agradeço de coração!

Tive muitos problemas de saúde relacionadas às mãos, o que me impediu de escrever no ritmo que eu gostaria e por isso peço desculpas. Foi uma aventura transportar tantos personagens de Saint Seiya para o nosso mundo, todos juntos e misturados.

Sempre que escrevo, os personagens ganham vida e personalidade na minha imaginação. Espero ter conseguido passar um pouco disso para a escrita.

Até a próxima história!

Jasmin Tuk