Capitulo: 1
Jasper.
2022
Paris – França.
A garoa que caia na cidade era bem-vinda, enquanto muitos corriam com seus chapéus ou a procura de alguma proteção nas marquises, eu seguia pela calçada em meu passo longo e apressado, tendo uma facilidade maior de me locomover por não está preocupado em me molhar. Até porque um sobretudo úmido não me incomodava em nada. A tarde paraisense já se despedia e logo as noites estariam movimentadas naquele lado da cidade, com os bares e restaurantes que estava se preparando para receber turistas e até mesmo grupos de amigos que se encontrariam depois de mais um dia de expediente.
O bar que entrei já estava começando a encher, como eu previa, mas isso não me dificultou em encontrá-lo em uma mesa no canto, com dois copos do que seria uma cerveja que ninguém beberia. Garrett estava bem apresentável para o meu espanto, o nômade amigo de Carlisle e um velho conhecido meu estava vestido socialmente, uma imagem um tanto diferente do que eu tinha dele de uma época selvagem.
- Garrett. - O cumprimentei me sentando.
- Major… desculpe. Jasper. - ele mudou quando fiz uma cara não muito feliz para o seu comprimento.
- Vou ser sincero, fiquei surpreso pelo seu contato repentino. - me apressei a falar enquanto tirava o sobretudo ainda sentado.
- Imagino, acabei de desembarcar na verdade, e como não vou ficar muito tempo…
- Entendo, bem, não sei para onde você vai, mas Carlisle está em Londres com Esme e Edward, mas se eu puder ajudar em algo.
Garrett sempre manteve contato com os Cullen, com Carlisle para ser mais exato, foi muita coincidência quando nos encontramos logo depois que me juntei a família. Eu o conheci quando nos esbarramos em um dos territórios recém-conquistado depois que eu me transformei, não conversamos muito naquela época, mas depois eu contou que ele estava pelos arredores de Houston enquanto eu ainda batalhava pelo exército confederado, mas ele logo se distanciou da cidade quando ficou sabendo das guerras que os vampiros estavam travando em busca de território, ele era um curioso, mas sem interesse nenhum de se envolver com isso. Claro que nos encontramos depois que eu me juntei a Peter e Charlotte, mas surpresa mesmo era saber que ele conhecia e mantinha contato com Carlisle.
- Eu sei disso, Ma… Jasper. Na verdade foi ele que me informou aonde eu poderia encontrá-lo já que o que eu tenho para falar com você eu teria que ser pessoalmente.
Sua postura não era de alguém descontraído que apenas queria bater papo com um amigo e relembrar os velhos tempos. Seus olhos estavam negros o suficiente para circular entre os humanos sem precisar de lentes e nem mesmo um óculos escuro. Meu celular começou a tocar, Pelo toque eu sabia que era Alice, que provavelmente não estava muito feliz quando a deixei sozinha em mais um de seus intermináveis passeios de compras só naquela semana.
- Desculpe. - pegando o celular, desliguei a chamada e mandei uma mensagem pedindo para ele se adiantar que a encontraria no hotel.
- Claro. Sem problemas. - ele se ajeitou mexendo no copo, para disfarçar, enquanto jogava um pouco no vaso de planta que tinha atrás, rápido o suficiente para que ninguém visse o movimento.
- Então do que você precisa, para se dar ao trabalho de vir me encontrar em Paris. Essa não parece ser uma cidade a qual você passaria algum tempo.
- E não é mesmo. Bem, Peter Whitlock, não parecia está muito feliz com você na última vez que o encontrei.
- Peter vive em um poço sem fundo de mau humor, só Charlotte para aturá-lo.
- Então, temos um problema Major. Peter precisa da sua ajuda e acredite quando eu digo que ele não vai se dar ao trabalho de pedir.
- O que?
Isso foi o suficiente para me despertar. Eu sabia que nosso encontro não tinha sido dos melhores na ultima vez que nos vimos. Eu tinha ido me despedir quando os Cullens decidiram passar um tempo na Europa, mesmo depois de 3 anos, a família ainda sofria com tudo o que aconteceu no passado, eu ainda sentia a culpa, a dor. Eu tinha pensado diversas vezes em me afastar e Alice sempre dizia que essa não era a solução, que isso iria quebrar ainda mais a família. Então quando ela e Edward surgiram com a ideia, mesmo eu achando idiota, e aguentando o mau humor de Edward para o meu lado, eu aceitei em vir junto.
Tudo bem que tinha se passado 14 anos. Tínhamos passado por várias cidades diferentes e vivido várias vidas diferentes ao longo desse período, mas nem isso foi capaz de apagar velhas lembranças, pelo menos não comigo.
Eu sabia que as coisas no mundo tinha mudado muito ao longo desse tempo, celulares, internet, redes sócias, um mundo completamente novo surgiu aos nossos olhos, mas o "nosso" mundo também estava diferente, não fazia nem 3 anos que Carlisle nos ligou dizendo que os Denali's entraram em contato dizendo o que vinha acontecendo no continente. Antes disso, com noticias sobre atentado e guerras entre Cartes mexicanos correram pela mídia Europeia. O que me deixou com duvida sobre o que estava acontecendo. Foi quando fiz a minha primeira tentativa de contato com Peter e Charlotte. Eu e Peter acabamos brigando de novo, e desde então, eu apenas tinha noticias atrás de Char… o que não era sempre.
- O que você está me contado é … preocupante. Carlisle sabe?
- Se ele sabe, não é por mim. Como disse, eu vim direto te ver, eu sei o que você e Peter são um para o outro, assim como eu sei que aquele idiota é teimoso de mais e não vai te ligar. Mas acredite quando eu digo que aquilo está uma bagunça, Jasper.
- Porque ele não sai de lá?
- Olha só cara, eu já corro o risco de ter minha bunda chutada por está aqui te falando isso. Então vou preservar minha cabeça e não vou contar mais nada. Sei lá, liga, insiste, já uma pausa nas férias e levanta a porra da bunda e vai lá. Ele é o seu irmão.
É claro que eu iria atrás daquele idiota. O meu suspiro e xingamento deixou bem claro isso.
Mas ele ainda não tinha acabado com as notícias.
- O Sul caiu.
- Mas o Sul, não tinha...
- Cara, você está por fora mesmo…
Tinha sido uma madrugada longe aquela, a qual eu tive uma conversa bem esclarecedora com Garrett que tinha acabo de voltar dos Estados Unidos, aonde ele tinha passado os últimos 6 meses e tinha visto coisas, que nem mesmo eu sonhava que vinha acontecendo. Eu precisava de resposta. Eu precisava saber o que estava acontecendo, eu precisava parar de brincar e voltar para casa. E foi quando eu tomei essa decisão que as ligações de Alice começaram e não terminaram mais.
Londres – Inglaterra
Eu tinha sido um filho obediente, eu obedecia meus pais, o que me levou a ser um soldado obediente, sempre seguindo as ordens dos meus comandantes.
Eu também era o filho mais velho, então eu tinha responsabilidades.
Eu tinha sido um soldado, corajoso, eficiente, me destacando entre os meus companheiros de batalhas, então eu me tornado Major, sendo responsável por centenas de homens, que acreditavam em mim e obedeciam ao meu comando.
Então eu tinha me tornado um vampiro, soldado, recém-nascido nesse mundo, novamente entendendo o valor da obediência, eu era feroz, eficiente, representando e fazendo jus a medalha de major que eu carregava no peito quando despertei. Até que senti o poder, senti um controle sobre meus sentimento e de quem estava a minha volta, eu também controlei numerosos vampiros recém-nascido, com base na força, rosnados e imposição, quando nem mesmo conseguia entender o que sentiam, mas eu comandava, liderava, tomava decisão e me fazia ser entendido. Sendo que mesmo assim eu ainda obedecia a ela.
E sentado aqui na mesa retangular na nova casa dos Cullen, enquanto discutiam se era uma boa ideia a família voltar para o que estava parecendo ser um grande campo minado eu em sentia ridículo.
Ridículo sim, porque eu não me importava com a decisão deles, eu iria. Não estava pedindo companhia e muito menos autorização, estava apenas sendo cordial em avisar, levando em consideração os anos que vivemos juntos.
- Você poderia ter um pouco mais de respeito. Todos concordamos que seria bom para a família, sairmos e recomeçar em um novo lugar. - Edward me atacou, fazendo todos ficarem surpresos e quietos da discussão que já se prolongava por muitos minutos.
- Eu respeito essa família, Edward. Mas você está errado em duas coisas. Eu não concordei com nada e sim fui convidado, e eu nunca escolhi sair, em nenhuma das situações. - era um calo ainda dolorido esse que ele carregava e eu acreditava que carregaria ano a pós ano, porque era uma decisão que quanto mais tempo passasse, não tinha como se voltar a atrás. Não foi a toa que ele rosnou para mim e impedido por Carlisle de fazer qualquer outro movimento. Garoto idiota.
- Eu não estou sendo desrespeitoso, longe disso. Eu só acho que essa discussão ridícula é desnecessária porque eu vou voltar. Não tenho problema nenhum em dizer isso em voz alta. - olhei bem firme para aquele moleque. - E prefiro fazer isso sozinho.
- Não. - Alice gritou ao meu lado, - Eu não concordo com isso, eu já disse que não vejo nada sobre você desde que tomou essa decisão. Isso é uma péssima ideia. Eleazar avisou anos atrás, agora Garrett, estamos longe, não tem porque nos envolvermos.
Eu virei na minha cadeira olhando a mulher que a 70 anos abriu meus olhos, para um estilo de vida a qual eu poderia seguir, sem dor, sem culpa. Sem vergonha… ela tinha uma promessa que me enchia de esperança, uma realidade alternativa, então eu me prendi a ela. Ao seu sorriso jovem e brilhante, e a aqueles olhos num tom mostarda. Um sinal bem claro de que sim, havia uma luz no fim do túnel.
- Peter e Charlotte voltaram por mim Alice e eles não me deviam nada. Eu vou voltar por eles.
Ela sabia que não tinha como vencer nessa discussão, que não adiantava gritar, fazer birras ou dramas.
- Nós entendemos filho, mas eu não acho uma boa ideia você voltar sozinho. - Carlisle tentava argumentar, o jeito que ele se ajeitava e pelas coisas que eu conseguia captar vindo dele, mesmo tentando se controlar, mostrava o quanto essa situação era desconfortavel.
- Nós vamos com ele. - Rose se prontificou segurando a mão de Emmett que concordava com ela.
- Então eu vou junto… - Carlisle se prontificou, o que iniciou uma nova discussão, Esme não queria ficar se ele fosse, mas eu concordava com ele que não era seguro. - Entenda querida, é preciso, a tempos não temos notícias de Eleazar e as meninas, eu aproveito e dou uma passada por lá, se for tão ruim assim a situação eu o convido a todos para se juntar a nós aqui.
Tinha sido uma longa noite aguentando as reclamações daqueles que ficariam, mas eu me mantive focado em tentar localizar Peter ou seu último paradeiro, não demorei em conseguir as passagens para o mais breve possível.
Eu estava no meu quarto arrumando um bolsa com algumas coisa básicas, que eu fosse precisar. Eu não tinha planos de quantos dias iria ficar, mesmo com a conversa de Garrett eu nem sabia o que encontraria quando chegasse lá. Quando Alice entrou no quarto, ela soltou tudo o que sentia me dando uma porrada bem forte com seus sentimentos, medo, raiva, tristeza, magoa, amor e mais medo. E ressentimento por minha escolha de ir. Esse era o maior, mas ela precisava entender. Eu a amava e era grato por tudo que ela me deu, toda essa vida e oportunidade, é claro que eu nunca tinha ligado para o luxo, eu não precisava disso, mas eu fui a escola, mais vezes que o necessário, algo que eu nem mesmo tinha experimentado quando era humano, viagens, passeios e muitas outras coisas que vivemos fingindo ser aquilo que não eramos. Eu a amava, porque ela foi a primeira que me amou, mesmo quando me conheceu ainda como aquele monstro que assustava quem passava pelo seu caminho.
- Eu não gosto da ideia de você ir. - ela se sentou do lado da minha bolsa. - Se eu, pelo menos, pudesse saber o que nos espera no futuro.
- Muitas pessoas vivem assim, All. E adivinha! Elas conseguem enfrentar o que as encontra no caminho, mesmo sendo pegos de surpresa. Eu sei que isso é assustador. Mas eu sei me cuidar e prometo cuidar dos outros também.
- Eu vou te perder.
- Ei não diga isso.
- Não preciso ver o futuro para saber disso, Você não está sendo o mesmo desde quando isso tudo aconteceu, eu tento sabe, mostrar para você que as coisas podem voltar a ser o que era como antes.
Eu suspirei sabendo que é isso o que a família vem tentado fazer nos últimos anos. Voltar a algo que já passou, isso nunca daria certo…
- Muita coisa mudou Al, podemos manter a aparência pela eternidade, mas, ainda assim, sofremos mudanças eu sei que eu mudei nesses últimos anos, arrisco a dizer que mudei mais nessa última década, do que nos últimos 50 anos. Mas isso não quer dizer que você vai me perder. Olha, eu to indo… mas eu vou voltar, vamos conversar e vai ficar tudo bem.
- Você promete, Jas.
- Claro que sim.
