Isabella

A manhã tinha chegado junto com os primeiros pingos de chuvas batendo em minha janela. O cheiro de terra molhada logo chegou até mim, enquanto eu ainda estava deitada na cama escondida embaixo da coberta como se eu fosse uma sombra daquela Bella adolescente idiota. Algo bem estúpido da minha parte e isso me enfurecia.

A chuva tinha intensificado ainda mais o seu cheiro que de alguma forma mesmo com toda brecha fechada ainda se esgueirava para dentro do meu quarto como se quisesse se empenhar em tudo, me tirando o juízo durante toda a noite, ele tinha ficado lá fora depois de tudo, eu sabia disso e ele sabia que eu sabia.

Assim como ele sabia que eu sabia, o que estava passando em sua mente. E porra eu estava pouco me fodendo para isso. Ele tinha que saber isso também.

Isso era complicado demais para mim, e absurdo. E uma puta de uma sacanagem também. Toda aquela lambança em 2005 não tinha sido o suficiente? Minha vida não era uma peça dramática… Eu me recusava a interpretar um segundo ato, na mão deles…

Em algum momento a chuva começou a cair ainda mais forte, o que me irritou ainda mais, porque de uma certa forma eu ainda o sentia lá fora, o que me tirava toda a concentração e conforto que o som da chuva trazia e o fato de eu está no que mais parecia um ninho quente e acolhedor, nada disso parecia certo. Um movimento em meu quarto me fez colocar a cabeça para fora da coberta e encontrei Char se aproximando com uma caneca.

- Quando você vai parar com isso? - resmunguei mal-humorada.

- Nunca, doçura. - ela se virou para sair, mas parou quando eu a chamei.

- Faça-o sair. Por favor.

Ela não insistiu em se aproximar e nem em questionar meus motivos, respeitando o meu tempo. Em um tempo diferente eu estaria tão longe daqui, que assim como ela queria saber o porque de eu está me segurando próximo de todos, eu também queria saber o porque estava sendo tão difícil para mim apenas me soltar. Voltar para Forks depois de ter saído sozinha de Portland, tinha sido rápido demais, mas eu não poderia fazer nada quando estava sendo insuportável ficar longe.

A caneca de sangue ao meu lado estranhamente embrulhou meu estomago.

Eu era um pacote completo de uma criatura estranha até mesmo no mundo sobrenatural. O banho que eu tinha tomado não tinha me livrado totalmente das sensações e cheiros que eu ainda conseguia sentir impregnados em mim, ou não passada de uma forma bem distorcida de minha mente brincando com meus sentimentos, já que eu estava me empenhando tanto em me livrar dos pensamentos assustadores que Jasper me causava… nada mais juntos do que minhas últimas aventuras não se encarregar de nublar tudo, aguçando meus sentidos e trazendo sensações que não existiam.

Tinha sido dúzias de homens escrupulosos, eu me banhei em seus sangues, vampiros mercenários e depois mais sangue… vergonhosamente me chafurdei tentando instigar meus instintos mais primitivos, o mesmo que eu sentia quando eu precisei matar aqueles quatro vampiros que ameaçavam incendiar a cabana com Alice e Jasper dentro, eu não tinha me importado em perder um braço e uma perna, eu só me importava em fazer todos eles em pedaços.

Eu estava furiosa com a ideia de vê-lo ferido. Eu não estava preparada para sentir aquele medo, porque era isso que eu estava sentindo, tudo o que eu mais queria era empurrá-lo para longe de toda essa bagunça. E novamente eu estava furiosa com ele sempre vindo atrás de mim… depois de tudo, depois do que eu me tornei, algo do que ele mesmo fugiu por não querer fazer parte, depois de aprender a não precisar de ninguém. Era como se ele estivesse virando minha sombra, porque quando ele não estava me rondando estando sempre a minha volta, era em minha mente que ele me assombrava.

Estranhamente não era a sua presença que me sufocava, mais sim a falta dela. E foi justamente por isso que eu me vi correndo para Forks mais cedo do que o costume.

Eu simplesmente não conseguia parar de pensar em Jasper. E isso era irritante, porque tinha me bagunçado, mexido com meus instintos e impulsos.


Saí do quarto e desci a escada precisando encontrar qualquer tipo de distração urgentemente que me impedisse de sair e eu mesmo chutar sua bunda para bem longe de mim. Não me importando em ainda está de pijama aquela hora da amanhã, eu abri a primeira porta sem me importar em bater, é claro que ele também estaria na cama, Petter parecia um bebê depressivo quando chovia, e acho que essa casa tinha tantas lembranças para mim, quanto para ele. Isso também pode ter sido um dos motivos em que ele dizia decretar dia de folga, quando a chuva estava irritantemente forte, que despertava lembranças infelizes para nós três.

Eu me joguei ao seu lado, roubando seu travesseiro sem mexer no de Charlotte que estava no seu lugar vazio, ele resmungou mais não me expulsou, eles nunca me expulsavam, não importasse como eu estivesse, eles entendiam.

Char não demorou a aparecer com a mesma caneca que eu tinha deixado para trás e intocada, eu rosnei puxando seu travesseiro para meu rosto, resmungando que ela tirasse isso do quarto que estava me dando dor de cabeça.

Não era drama e também não era mentira… Eu estava lutando fortemente ali.

- Alguém andou se aventurando pela periferia, alguns estavam batizados querida?

- Muitos deles estavam, na verdade. Eu acho que era algum ponto de distribuição, eu tropecei neles sem querer quando vinha para cá.

- Você conseguiu elevar o tempo desastrada a outro nivel, querida. Isabella Swan está de ressaca, baby. - ele gritou para Charlotte como se ela não pudesse nos ouvir.

- Foda-se Pete.

Nós dois ouvimos a porta da cozinha bater, e eu me vi fazendo uma careta contrariada para novamente o cheiro invadindo a casa… aquilo me seguia aonde quer que eu me enfiasse, Peter riu novamente de mim, porque ele sabia que eu estava fugindo, eu não estava escondendo isso de ninguém.

- Cuidando dos vira-latas na chuva, baby. - ele brincou quando Char voltou para o quarto, finalmente parando e deitando com a gente me deixando no meio dos dois.

- Foda-se, Petter. - resmunguei novamente.

- Esse era todo o meu plano para uma tarde como essa, querida. Mas minha cama foi invadida né.

Dessa vez eu realmente o chutei e tentei empurrá-lo da cama.

- Nojento. - reclamei com Charlotte rindo, e não desmentindo.

O que eu não dava a mínima. Eu não estava saindo.

Me aconcheguei entre os dois, as duas pessoas importante que eu tinha ganhado na vida, pessoas que não me deviam nada, mas que me acolheram como parte deles, se sacrificado por mim. Por mais que eu não tivesse sempre falando as palavras, eu os amava. De uma forma que nada ficaria entre nós. Petter e Charlotte me ensinaram o significado de família, algo que eu não tinha experimentado nem mesmo quando humana o que me fez ver o quanto eu tinha errado com Charlie, eu amava meu pai e meu pior erro, mais um deles, foi não deixá-lo ser o que ele sempre vinha se esforçando em seu o meu… o meu pai, eu pirei quando reconheci isso, quando vi que o tempo que eu tinha perdido e que naquela época eu achava que era tarde de mais. Petter esteve lá com suas palavras e Charlotte com seus abraços, que mesmo sendo dois corpos frios ainda assim aquecia, já que fazia uma década que eu não sabia o que era ser abraçada de uma forma tão… reconfortante.

Dessa vez não era diferente, eu tinha os braços de Charlotte, as piadas de Petter e os nossos risos para silenciar o mundo furioso dentro de mim. Minha mente ainda gritava em fúria por conta dos últimos ataques, as ameaças de fogo, as lutas contras as chamas. O banho de sangue que me enfiei, as brigas que eu comecei, minha fúria tinha saído, feito seu estrago e não tinha sido suficiente, porque de uma certa forma eu ainda sentia falta de algo.

De algo que eu não quer se quer pensar.


Os projetos de Damian tinham entregado naquela tarde, estavam espalhados pela minha cama, eu revisava enquanto esperava Petter retornar da rua, algo tinha acontecido na estrada e ele saiu emburrado indo ajudar Charlie com isso. A batida na porta que estava aberta tirou minha atenção do que eu estava lendo. Eu sabia que era Char, e eu entendi que sua batida era a forma que ela pedia permissão não apenas para entrar, mas para se aproximar de todas as formas possíveis.

- Ele já foi. - ela sussurrou.

- Eu sei. - resmunguei levando a mão até minha garganta aonde um nó tinha começado a se instalar, que ficava ainda mais pesado conforme a consciência ia ciando, mesmo comigo tentando empurrar todas aquelas sensações para longe de mim.

Seus olhos brilharam como se ela tivesse ganhado ciência de algo e eu não me esforcei em perguntar, eu tinha me tornado uma tola, que até mesmo isso eu tinha medo de saber.

- Ele estava apenas garantindo que Edward não voltasse a ser inconveniente, ainda mais que ele parecia muito irritado em ter que sair. Ele parecia bem chateado com a ideia de está te incomodando, sabe, impondo a sua presença.

Eu estava ouvindo cada palavra do que ela dizia e querendo me afundar ainda mais na cama, ele se preocupava, ele cuidava, ele era o mesmo cara se escondendo na sombra que vagava pela casa dos Cullens e como isso me enervava, naquela época e agora ainda mais. Esse comportamento não combina com ele, e qualquer um poderia ver isso.

A ideia de que ele passou o dia na chuva, apenas para garantir que seu irmão não me incomodasse me fazia querer chutar tanto sua bunda quanto a do idiota do Edward. Ele poderia ter certeza que seria o que aconteceria se o idiota voltasse a bater a minha porta para falar mais algumas de suas asneiras.

- Porque você não conversa com ele? - ela perguntou se aproximando e se sentando ao meu lado.

Porque eu sou uma idiota que não sabe o que dizer.

Não… porque eu sou uma idiota que não quer dar o braço a torcer. Ou talvez, porque eu esteja sendo possuída pelo antigo fantasma de Isabella Swan que um dia morou naquela casa, e que hoje quer se vingar de mim me tornando essa patética criatura dramática.

Na verdade, eu era que eu não sabia o que fazer com tudo isso o que eu estava sentindo, assim como eu também não sabia o que responder a Char, pelo simples fato de eu não conseguir entender o que estava acontecendo comigo.

- Você não precisa se assustar com o que está acontecendo "Bella", é natural. Tinha que acontecer.

Eu fiz uma careta para a forma como ela me chamou.

- Eu acho isso muito ridículo Charlotte, eu já passei por tudo isso antes e olha no que eu me tornei. Além disso é Jasper… isso é incoerente em tantas formas... Eles estavam fora todo esse tempo, e agora que estão de volta, isso tudo explode na minha cara? Isso não é justo.

- Você vai ser teimosa e negar isso? Você vai se negar isso?

Sim, era isso que eu queria fazer, mas…

- As pessoas costumam seguir caminhos que muitas vezes o tiram da direção que eles teriam que seguir, as vezes por falta de conhecimento e outras vezes por teimosia. - eu ignorei a sua alfinetada. - Mas o que elas esquecem e que o mundo da voltas, o caminho será mais longo, mas inevitavelmente ele te levará até ao seu destino. Isso não quer dizer que chegou ao final da linha, muitas das vezes é apenas o ponto de partida, para algo incrível.

Ao mesmo tempo que eu amava as palavras de Char, eu as odiava. Porque ela era uma das poucas pessoas que conseguia entrar em minha mente e fazer pensar, de uma forma sensata, muitas das vezes dando uma surra na minha incoerência, aonde eu enxergava apenas preto no branco.

- É o Jasper, Charlotte.

- Sim, é o Jasper, Bella. Eu sempre soube que o futuro tinha grandes coisas preparadas para ele, e olha que eu nem precisei de Petter e suas merdas para saber disso, mas quando ele decidiu fugir de nós anos atrás... eu senti que meu irmão estava apenas escolhendo seguir por esse caminho mais longo. E infelizmente eu não poderia fazer nada. Assim como eu não posso fazer nada agora, a não ser dizer, que estaremos aqui para você Bella.

Ouvir aquele nome ainda me arrepiava...

- E pare com isso, doçura, não é um nome que vai definir sua força, sua coragem e nem o seu caráter. Você é o que é, seu nome e suas lembranças não a defini, tudo que aconteceu serviu para mostrar a força que você tinha dentro de si e não sabia. Sinta orgulho disso, assim como eu tenho muito orgulho de você, do que você foi um dia, do que você é hoje, e do que você pode se tornar se apenas abrir seu coração. Nós te amos, seja você, Isabella ou Bella Swan, não importa. Você continuará sendo o nosso doce sonho realizado.


A chuva tinha dado finalmente uma trégua quando o dia estava se despedindo. E isso era bom para mim já que estava de pé naquela escada há mais de 10 minutos. A casa estava cheia de vida, as luzes acesas, cortinas abertas, mas ninguém avista, mesmo estando todos lá, reunidos na sala, ciente da minha presença do lado de fora, apenas esperando qualquer movimento meu, já que era bem perceptível minha hesitação.

Bem, eu tinha vestido minha calça de menina grande naquela noite, depois da conversa com Charlotte. E foi só por isso que eu estava ali, então terminei de subir as escadas e bati à porta, eu tinha feito a escolha de não deixar o medo de dominar, então tinha que agir. Não consegui acertar nem o segundo toque na porta, quando ela abriu saindo do alcance da minha mão erguida.

Seu sorriso era a coisa mais linda nesse mundo, e não importasse o quando isso soasse brega agora. Mais sempre foi. E pensado aqui, eu sempre gostei de vê-lo sorrir, era algo raro o que o tornava tão especial quando acontecia. Então eu sempre gostava de me esgueirar para perto quando ele raramente aceitava jogar videogames com Emmett enquanto eu estava na casa para visitar a família.

Jasper não disse nenhuma palavra enquanto abria a porta me convidando a entrar e como eu esperava estavam todos na sala, a típica reunião de família, mesmo tendo consciência da presença de todos, no próximo cômodo, eu não deixei de reparar a forma como nossos corpos reagiram um ao outro. E eu não poderia me perder nisso, não agora.

Era como se eu tivesse entrado em um túnel do tempo bizarro, vendo todos ali ansiosos pela minha presença, mas dessa vez era um homem completamente diferente ao meu lado… um homem… eu me vi parando e me permitindo analisar Jasper por um instante.

Ele estava com roupas completamente diferente… uma blusa de gola em V e mangas compridas, sendo que hoje estava erguidas até o cotovelos deixando seus braços a mostra, assim como o seu pescoço e parte da sua clavícula, nada coberto, como ele costumava usar e se esconder. Elas estavam lá, a mostras para todos verem, as calças de alfaiaria tinha sido trocadas por jeans. E em seus pés tinham coturnos prestas.

Eu tinha meus olhos presos em seus braços, as linhas das cicatrizes sobressalentes em sua pele dura, se misturando uma a outra por conta do número grande que à delas em sua pele. Um retrato da violência em seu passado, algo que eu conhecia e que vivia… Seus braços eram grossos assim como suas mãos era grande e firmes, com veias saltadas mesmo depois da transformação, o que me fez lembrar de que época ele veio… eu estava divagando de novo… dessa vez parada no meio da sala e sem conseguir desviar os olhos dele.

Eu pisquei e automaticamente foquei na gola de sua blusa, era inevitável controlar meus olhos que estavam em buscar de qualquer pele sua a mostra. Então eu apenas me senti me movendo para mais perto, erguendo minha mão e com as pontas dos dedos afastando a sua gola mostrando o que a blusa escondia, três linhas finas que tinha em sua clavícula subindo para o ombro, não eram mordidas, eram garras.

O tremor foi perceptível por ele, que sorriu enquanto eu tentava segurar a insatisfação de vê-lo ferido. Eu soltei sua blusa dando um passo para trás, tentando me soltar daquela nuvem rubra que cismava tomar conta da minha mente, quando o instinto de proteção cisma em me tomar.

Esse não era o momento… eu precisava fazer o que era preciso… o que tinha me levado a vir até aqui…

- Maria sente muito não ter conseguido continuar com a reunião no último dia Carlisle. - virei as costas para Jasper tentando me focar em outra coisa. - Então estou aqui para esclarecer qualquer dúvida que você possa ter. Porque é visível que as mudanças são gritantes por aqui. - falei estendendo a pasta que eu montei para entregá-lo.

Não era apenas sobre o hospital, eram dados sobre tudo o que havíamos criado por aqui. A comunidade que vinhamos criando há 4 anos.

- Não vou mentir que estou curioso. Vocês estavam na delegacia.. No hospital, isso é tão… - ele resmungou enquanto foleava o arquivo, ele estava de pé, enfrente ao sofá aonde estava sentado anteriormente.

- Não é apenas a delegacia e o hospital, Carlisle… estamos na cidade, com as pessoas… você não precisa se preocupar, nós apenas estamos cuidado delas. Da nossa casa.

- Como isso aconteceu? - ele perguntou espantado.

- Isso aconteceu por que um ser ignorante achou que era esperta e inteligente suficiente em me atacar de diversas formas e em várias direções. Bem, eu mostrei a ela que precisaria de muito mais para me fazer cair.

- Se os Volturis descobrirem, você estão mortos. - Rosalie não escondeu seu medo, e sua preocupação. O que eu tinha certeza que não era sobre nós, mas sim em ter suas famílias se envolvendo com isso, e eu não a julgava por pensar na segurança deles.

- Eu vim porque temos que conversar. Eu não pensei que chegaríamos tão longe… particularmente eu nunca contei com a hipóteses de vocês voltarem, mas vocês estão aqui e eu não posso ignorar isso. - pelo canto do olho eu vi Edward querer se aproximar, provavelmente entendendo minhas palavras de forma errada, então eu ergui minha mão o impedindo. - Eu preciso que vocês saibam que assim como as coisas, eu também mudei… mas antes de tudo… Nós podemos conversar?

Me virei na direção de seu corpo minúsculo sentado sozinho na poltrona ao lado do sofá, seus olhos surpresos para mim não escondiam o espanto, já que assim como os outros ela não esperava por isso, ela não tinha "visto" isso vindo. Alice tinha sido minha melhor amiga, por cerca de um ano, e ela também tinha me abandonado, mas, mesmo assim, isso não me tirava da minha mente que precisávamos conversar, mesmo que cada ossos em meu corpo gritasse que eu não devia nada a ela.


Seu corpo minúsculo seguiu caminhando na frente indo em passos lentos, era tão estranho a sensação que me tomou naquele momento em que eu a segui pela escada. Eu sempre me sentia como uma criança sempre quando ela me abraçava, não era só a questão de sua força, em seus olhos tinha o brilho de uma pessoa que tinha visto muito desse mundo, e Alice conseguia levar isso ao estremo, já que ela tinha o dom de ver além… além do passado ela ai podia vislumbrar o futuro, bastava você decidir algo.

Aos olhos daquela Bella Swan, ter como Alice Cullen sua melhor amiga era surpreende, ela, que antes de vir para Forks, nunca tinha conhecido o significado da amizade de fato. Todos os Cullen tinham confiado a ela seu segredo, Alice contava sobre a visão dela correndo junto com eles, alimentando ainda mais seus sonhos. Não era a casa grande, os carros rápidos e muito menos as roupas lindas que ela queria sempre presenteá-la… Bella só queria fazer parte daquilo… estar perto de sua melhor amiga, com o rapaz que fazia seu coração engasgar, com pessoas que a aceitavam do jeito que ela era, quando não passava de uma humana frágil e sem graça.

Mas ela também teve que ir embora. Ela não tinha visto isso acontecendo também? Ou aquela era a parte que seria verdade… onde ficava claro que ela também não se importava?

Edward esteve em minha janela, dizendo que tinha feito isso por amor, por minha segurança. E eu poderia ver toda a família aceitando suas palavras e fazendo o mesmo, mas e ela? Minha melhor amiga que confiava cegamente em suas visões. Não tinha visto as consequências da escolha de Edward em partir?

Meus ombros tencionaram quando eu reconheci para onde ela estava nos levando. E por um curto momento eu me neguei a entrar naquele quarto. Um tapa na cara teria me desnorteado menos do que ideia de entrar no quarto em que ela dividia com Jasper.

Aquilo era algum tipo de vingança. Porque eu não era mais tão ingênua assim para acreditar que ela não fazia ideia do que estava acontecendo. Jasper não vinha sendo tão discreto assim.

- Eu sempre soube que ser tornar como nós faria maravilhas em você, Bella. - ela foi direto para a cama e se sentou, enquanto eu analisava suas palavras.

"Se tornar como nós" e não "Se tornar uma de nós."

Ela sabia.

- E mesmo assim você foi embora.

Não foi uma cobrança, porque por mais que ela fosse minha amiga, ela não me devia nada. Hoje eu enxergava isso, mas aquela Bella não entendia, ela sofreu pelo abandono, porque ela tinha acreditado em todas promessas, então sim ela tinha que sofrer para aprender a ser forte, hoje eu sabia e entendia isso.

Seu suspiro, me deixou preparada para ouvir.

- Eu não posso te pedir desculpa, porque eu não posso prometer que faria diferente. Há 17 anos alguém iria embora e alguém ficaria sozinho. Eu só cuidei para que não fosse ele.

- Edward?

- Não. - ela sorriu, achando graça em algo. - Jasper. Ele tinha decidido sair, se afastar da família, para que você ficasse segura conosco, eu não suportaria vê-lo sozinho, ele não me aceitaria junto a ele.

E naquele momento eu poderia me ver escolhendo a mesma coisa… que fossem com ele e não o deixasse sozinho, eu a entendia, porque eu também escolheria ele…

Eu nunca culpei Jasper por aquele ataque, em todo o momento que Edward se manteve estérico por eu ter sido atacada, Carlisle preocupado em costurar meu braço e parar o sangramento eu apenas conseguia me manter preocupada em tranquilizar Jasper, fazê-lo entender que eu estava bem, segura e que nada tinha sido culpa dele, mesmo com ele longe de uma certa forma eu podia senti-lo em agonia. Mais ele tinha sumido, e meu único medo era que ele estava fora e sozinho. Suas palavras conseguiram trazer medos daquela noite que eu não me recordava, em momento nenhum eu tive medo da morte ou medo por mim…

- Então, Edward veio com a ideia de partir, Jasper achou aquilo um absurdo e nenhum pouco justo com você, mas com Roseli e Edward argumentando contra ele… bem, ele não teve muito o que dizer quando eu disse que nos vi indo. E tudo ficando bem, porque estávamos juntos.

- E você realmente viu tudo ficando bem?

Seus olhos brilharam com a minha pergunta, ela se levantou parando na minha frente. Um pouco mais baixa do que eu, o que antes ainda me fazia me sentir um pouco inferior. Hoje eu a encarava sem desviar meus olhos, sem sentir medos, deixando claro a minha força, eu tinha vivido situações fora de sua realidade, eu era tão forte quanto ela, me sentia tão grande quanto ela.

- Eu fiz o que eu precisava fazer… você não entende, eu não podia…

- Não, por favor. Pare. - levantei minha mão para a explosão de suas palavras. - Você me entendeu errado, não estou aqui para buscar explicação Alice. Ela não me importam mais. O que aconteceu em todos esses anos, aconteceu porque tinha que acontecer… esse foi o meu caminho difícil.

- O que…

- Eu só queria conversar com você porque em algum momento no passado fizemos partes da vida uma da outra. E isso significou algo em algum momento e isso também se perdeu em algum momento lá trás. Eu sou uma pessoa completamente diferente. E assim como eu disse para o Edward eu só queria que você soubesse que aquela Bella não existe mais.

- O que você está tentando me dizer, Bella.

- Que eu sou isso aqui. Eu mato, eu me alimento de sangue, eu luto por vida, por alimento, por terras. Eu sou tudo o que ele deixou para trás, eu sou tudo o que você o ajudou a deixar para trás.

- Você não pode fazer isso…

- Eu faço muitas coisas que eu não deveria, Alice. E eu não vou mentir e dizer que não é nada, que eu não sinto, porque eu sinto… passei o dia inteiro lutando contra isso, para sentir apenas mais raiva e fúria, querendo descontar no mundo uma culpa que era apenas minha. Eu to aqui na sua frente conversando com você porque eu não me vejo saindo, e muito menos agindo como essa família agiu, quando saiu sem ao menos falar comigo.

- Jasper é um homem perfeitamente capaz de entender essa situação, eu não vou impor minhas vontades e não vou manipulá-lo. Se ele quiser ir, eu deixarei. Se ele quiser ficar eu… o aceitarei. Eu estou cansada de lutar contra algo que está acabando com as minhas forças… eu estou cansada de perder… e eu não vou perdê-lo, se ele me quiser.

- Eu o amo. Bella.

- E eu me sinto capaz de fazer tudo por ele Alice… inclusive sair do caminho se a decisão dele for ficar com você…

Ela caiu sem forças na cama. Eu sabia que não devia explicação nenhuma a ela. Essa era um tipo de situação que eu nunca me imaginei me encontrar, mais o dia de merda que eu passei tentando ignorar todo o conjunto de sentimentos que ser a companheira de Jasper trazia me fez ficar em agonia de imaginar meus próximos anos tendo que lidar com isso.

Nós dois já tínhamos seguidos caminhos difíceis de mais… em alguns casos até mesmos dolorosos. E eu estava escolhendo não fazer mais isso.

N.A: Olha só quem apareceu por aqui...

Mais um capitulo para vocês, dessa vez o mais rápido possível, por vocês serem tão Maravilhosos... obrigada por toda atenção, minhas doçuras^^