Notas da autora
De repente, no horizonte...
A princesa fica...
Yo!
Eu posto imagem em todos os capítulos.
Infelizmente, não são todos os sites que permitem postagem de imagens.
Tenham uma boa leitura.
Capítulo 2 - Encontro
Uma jovem com vestido mais simples se aproxima e fala após se curvar:
- Princesa, tome cuidado, por favor. Não fique perto da beirada.
- Eu sei. Eu só quero ver o oceano – a jovem se vira para a serva pessoal e pergunta – É verdade que há jiaorens nessa região?
Quando a serva ia responder, o capitão se aproxima dela com um olhar gentil em seu semblante envelhecido e responde enquanto sorria:
- Sim. Mas, raramente avistamos um. Os tritões são raríssimos. É mais fácil avistar uma sereia do que um tritão. Eu dificilmente acho que a senhorita irá ver um.
- Eu vi algumas ilustrações. Eles parecem lindos.
- Sim, princesa. É falado que os jiaoren são a alma do mar condensada. Apesar disso, não deixam de serem demônios e muitas pessoas falam que eles são os demônios mais poderosos do mundo subaquático. No oceano, o poder deles é ampliado. Não existe demônio mais poderoso do que eles. Ademais, podem assumir uma forma animal. Portanto, quando avistamos algum animal no oceano pode ser um deles em sua forma verdadeira.
- Verdade? – Ela exibe olhos brilhantes.
Essa jovem tinha cabelos escuros e olhos da mesma cor, além de não ter mais do que dezessete anos.
- Claro! Mas é como eu disse. Raramente verá um. Eu mesmo nunca vi um deles mesmo navegando por décadas neste vasto oceano. Mas, eles podem ter aparecido em suas formas verdadeiras. O mais certo seria falar que não os avistei em sua forma hibrida, meio humano e meio peixe.
A jovem suspira tristemente e a cabeça desce em seus braços flexionados na borda da parede do barco enquanto que os seus olhos esperançosos não deixam de olhar o oceano um minuto sequer.
Mais tarde, o capitão observa o céu e exibe um semblante preocupado porque era visível o fato de que uma tormenta ameaçadora se aproximava no horizonte, embora o homem pudesse sentir que era uma tempestade estranha. Era como se os seus instintos de marinheiro de várias décadas, o alertassem para a estranheza daquele evento.
Claro, todos sabiam que o tempo podia mudar drasticamente no oceano. Mas, aquele em específico, por algum motivo que não conseguia discernir, lhe dava a impressão de não ser causado de forma natural. Era uma sensação desconcertante que não lhe abandonou um instante sequer.
Então, ele passa a brandir ordens de forma autoritária após as duas servas arrastarem a jovem princesa para a cabine.
O céu ficava cada vez mais ameaçador, com nuvens densas e escuras se formando enquanto relâmpagos rasgavam o céu ao mesmo tempo em que o mar se agitava em uma fúria imensa, sacudindo-os de um lado pelo outro, com todos lutando para se manterem firmes no convés que se agitava de um lado para o outro ao sabor das ondas violentas, sendo evidente nos semblantes dos marinheiros o medo, assim como no rosto do capitão.
Porém, ao contrário dos seus subordinados, ele controlava o seu temor porque precisava ser firme para com os seus homens e dar o exemplo, ainda mais ao ver o mais puro medo nos olhos deles enquanto se lastimava pela situação deles e das suas passageiras.
Afinal, mesmo com tantos anos de experiência, não pôde impedir de navegar durante uma tormenta e embora soubesse que no alto mar, o tempo podia virar drasticamente e sem qualquer aviso, ele ainda achava tudo aquilo estranho porque não parecia uma tempestade normal.
O que o capitão não sabia é que havia se aproximado inadvertidamente da ilha escondida que os jiaoren protegiam e como medida de segurança, uma tormenta incontrolável sempre surgia para matar todos. Era um método cruel, mas igualmente necessário para manter o mundo a salvo.
Longe dali, apesar da batalha acirrada do capitão e seus subordinados, a embarcação se quebra em várias partes ao mesmo tempo em que a cabine onde estava a princesa e as suas servas se enche rapidamente de água, fazendo-a lutar para conseguir algum oxigênio através de uma fresta entre o teto e a água que ocupava a cabine.
Após conseguir algumas golfadas de ar depois de ter prendido a respiração, ela olha para os lados e fica chocada ao ver que as suas servas morreram afogadas em decorrência de algum ferimento porque havia como alcançar uma brecha que havia surgido do lado delas e que permitia entrar oxigênio, fazendo com que ela acreditasse que ficaram muito feridas e consequentemente, incapazes de manter a cabeça fora da água.
De fato, havia sangue na água que saía dos corpos dela, mas, como a água era turva, a princesa não conseguia enxergar que ferimentos elas sofreram.
Desesperada, a jovem consegue sair por outro buraco submerso ao dar vários chutes potentes para quebrar ainda mais a casca ao mesmo tempo em que utiliza em conjunto uma técnica oriunda do seu pulso oculto.
Porém, após consegui sair da cabine, ela acaba sendo dragada pelo mar tempestuoso e passa a lutar arduamente para ficar na superfície apesar das ondas furiosas afundarem ela todas as vezes enquanto que o barco já não existia mais com exceção de alguns fragmentos grandes que ainda flutuavam precariamente. Ela lutou arduamente para tentar alcançar algum desses pedaços, mas, não conseguiu ao mesmo tempo em que sentia que estava sendo acometida gradativamente por uma letargia em decorrência da água extremamente fria que entorpecia lentamente o seu corpo.
Próximo dali, Chang Yi observava o que acontecia ao navio porque ele estava voltando para se encontrar com o seu pai quando sentiu a ativação das defesas da ilha, fazendo com que buscasse a fonte e ao fazer isso, passou a observar a embarcação se partindo em pedaços em decorrência da forte proteção mágica em torno da ilha.
Então, o príncipe herdeiro das tribos do oceano avista uma jovem lutando desesperadamente contra o mar tempestuoso e quando ela afundou uma sexta vez, ficou fascinado com a aparência dela ao nadar para perto da humana.
Ele também havia observado que os humanos mortos eram marinheiros e que havia duas fêmeas humanas dentre eles, fazendo-o acreditar que a aproximação da ilha não foi intencional e sim, um infeliz acidente.
Afinal, tudo indicava para o fato de que não estavam navegando nas proximidades com segundas intenções.
Na visão do jovem tritão, parecia mais que eles estavam apenas passeando e acabaram por ativarem inadvertidamente as defesas da ilha.
Portanto, ao determinar que a jovem não tinha intenções maldosas junto da sua curiosidade em conversar com um humano apesar dos avisos constantes do seu genitor, ele decidiu salvá-la.
Na superfície do mar revolto, a princesa foi jogada novamente para as profundezas por uma onda imensa e dessa vez, estava cansada demais para continuar lutando enquanto que a dormência em seus membros se alastrava sistematicamente por causa do frio que entorpecia lentamente os seus sentidos junto dos seus pensamentos que estavam se tornando cada vez mais confusos e erráticos.
Então, antes que fechasse os olhos ao afundar pela última vez quando uma onda particularmente feroz a empurrou violentamente para o fundo, ela avista um homem de cabelos brancos e olhos azul-gelo que surgiu das profundezas ao mesmo tempo em que era visível a enorme e poderosa cauda branca azulada que também era belíssima e cujas barbatanas e ponta lembravam uma magnifica flor de lótus em camadas.
Dois braços musculosos a pegaram, para depois, sentir uma mão fria tocando o seu rosto enquanto a superfície da água enfurecida ficava cada vez mais distante conforme submergiam nas profundezas do oceano. A jovem também sentiu que o frio desapareceu como se fosse mágica.
Então, sem conseguir segurar mais o ar em seus pulmões, ela abre a boca e fica surpresa ao ver que podia respirar e falar mesmo estando nas profundezas onde as águas estavam tranquilas em contraste com a superfície.
Enquanto submergiam para se afastarem da superfície caótica do oceano, a princesa segurava firmemente os braços fortes que a abraçavam e que eram mais largos do que o seu pescoço enquanto era comprimida contra um tórax musculoso ao mesmo tempo em que a temperatura da pele do seu salvador era um pouco fria, para depois, sentir que foi sentada em algo e ao olhar para baixo, percebe que era um rochedo subaquático.
A jovem sabia que sobreviveu ao acidente de barco porque parte do teto no local onde ela se encontrava ficou danificado pelas ondas, garantindo assim uma fresta apesar dela estar presa, além de não ter sofrido nenhum ferimento que a impediu de lutar contra o afogamento.
Por algum motivo desconhecido, conforme ela submergia na água na cabine danificada, seu instinto de autopreservação entrou em ação e ela lutou para abrir um pouco mais o buraco e sair a tempo antes que o barco danificado emborcasse e afundasse na água enquanto ela lutava contra a superfície furiosa do oceano.
Então, tudo o que lhe ocorreu e a visão do corpo das suas servas que haviam boiado mortas ao seu lado cobra o seu preço por ela não estar sendo mais obrigada a lutar pela vida. A princesa cai em lágrimas enquanto chorava profundamente, com o seu corpo sendo sacudido pela dor e tristeza. Tudo o que ocorreu era um evento demasiadamente traumático.
De repente, uma melodia chega aos seus ouvidos, identificando-o como sendo uma canção distinta porque cada entonação parecia aplacar a sua tristeza e desolação. Era como se as palavras incompreensíveis tivessem um poder apaziguador, além de ser capaz de retirar a sua tristeza, fazendo a jovem sentir que a dor desaparecia gradativamente.
Além disso, a voz era linda e ela se permitiu mergulhar nessa melodia.
Quando a canção cessa, a princesa estava calma e as suas lágrimas haviam secado.
Então, a nobre ergue a cabeça e observa pela primeira vez o seu salvador, percebendo que ele foi o responsável por ter cantado lindamente instantes antes.
O jiaoren tinha um rosto másculo e belo que era o mais lindo que já havia visto enquanto era refletida pelos olhos azuis gelo ao mesmo tempo em que avista os cabelos brancos que flutuavam levemente na água. O rosto era tão lindo que ela se esqueceu de respirar. Era uma beleza inalcançável como nos contos sobre aquela espécie.
Os seus olhos descem e observam o peitoral e o abdômen musculoso e definido, assim como os braços fortes e musculosos, com ela não conseguindo encontrar nenhuma imperfeição em sua musculatura, com exceção de uma pequena cicatriz na pele alva e que era visível apenas se ficasse bem próxima dele.
Ela estava tão fascinada pela perfeição dele, que leva gentilmente a mão delicada até a cicatriz e a circula levemente, ficando sem palavras com a maciez da pele que parecia ser de seda.
Porém, a princesa não percebeu a reação no rosto do jiaoren que expressava o seu desconforto enquanto alguns músculos se contraiam ao mesmo tempo em que os olhos azuis gelo haviam se tornado levemente mais escuros.
Inconsciente das reações que estava despertando no tritão, ela afasta a mão e observa fascinada a imponente e majestosa cauda que era simplesmente linda enquanto que não conseguia encontrar palavras que fizessem jus a beleza dela. As barbatanas na cauda e a ponta lembravam a flor de lótus em camadas. Era simplesmente magnífico e incomparável, além de demonstrar o mais puro poder porque era visível a musculatura, fazendo assim com que gerasse um contraste simplesmente maravilhoso. Era uma cauda grande, comprida e exuberante.
Ademais, as escamas sob o abdômen eram macias ao toque como se fossem sedas enquanto eram tão duras quanto uma armadura, além de parecerem brilhar sobre a pouca luz que adentrava no oceano, complementando a sua aparência exuberante e majestosa. Ela acreditava que pelo tamanho e aparente poder, conforme o que se lembra da leitura de alguns livros, o jiaoren a sua frente devia ser membro da família real do oceano.
Sem conseguir se conter, ela acaricia as escamas de parte da cauda, sentindo a suavidade inesperada porque elas também eram como seda assim como as escamas do abdômen. Esse fato a fascinou ainda mais se era possível.
O ato dela apenas intensificou o incomodo crescente do tritão cujos olhos haviam escurecido mais do que antes.
Decidindo cessar as explorações inconsequentes da jovem enquanto se recuperava da surpresa de sentir tais sensações por simples contatos enquanto assimilava o quanto os humanos eram facilmente fascinados e curiosos, algo que ele não esperava por ser a primeira vez que via um daquela raça, ele segura as mãos dela com firmeza, mas sem força, a afastando das carícias.
Ele nota a face surpresa dela que fica vermelha ao erguer timidamente os belos olhos castanhos, demonstrando vergonha e timidez, fazendo-o ficar curioso com essa reação ao considerar as atitudes dela até aquele instante.
De fato, a princesa estava com vergonha porque não havia percebido o quanto ela agiu de forma imprópria com o seu salvador.
Afinal, a jovem era ciente do fato de que não tinha o direito de tocá-lo daquela forma após a sua vida ter sido salva porque era um fato incontestável que ela teria morrido sobre as ondas furiosas se não fosse a intervenção inesperada de um tritão.
A sua única desculpa é que ela estava tão fascinada e igualmente hipnotizada pela beleza a sua frente, uma beleza que só leu em contos, que acabou se deixando levar por esses sentimentos e pelo fato de ter realizado o sonho de ver um jiaoren em pessoa, ainda mais um macho porque eles eram raríssimos.
Ademais, mesmo não vendo outros tritões, pela aparência que ele emanava, ela acreditava que era distinto dos outros e que devia ser um membro da família real porque era dito em alguns livros que havia uma família real de jiaorens que governada todo o oceano. Se ele não era um membro da realeza, devia ser bem próximo de um título real.
Os olhos de ambos se encontram e o tempo parece parar por algum tempo até que a jovem afasta primeiro o olhar ao se lembrar dos seus atos impróprios para com o seu salvador, fazendo com que fosse tomada por um sentimento de intensa vergonha e constrangimento.
Ela se curva e abaixa a cabeça, falando envergonhada enquanto gaguejava:
- Eu peço desculpa pelos meus atos. É a primeira vez que vejo um membro da sua espécie e acabei fascinada pela sua beleza. – Ela morde a língua ao ver o que falou no final e que foi desnecessário, fazendo o rubor voltar com força total em seu rosto.
