Oi, pessoas. Espero que curtam esse primeiro capítulo, boa leitura!
Capítulo Um
Meu Vizinho Emo
Eu mataria aquele filho da puta. Não estava nem aí se isso me levaria diretamente para a cadeia, pouco me importava. Só queria Edward Masen morto e teria essa glória na minha vida.
Deixei minha cama e vesti um short jeans, já que estava apenas usando uma camiseta grande do meu namorado e calcinha para dormir. Segui para fora do quarto, vendo Alice toda descabelada saindo do dela, mas não parei para falar com ninguém, indo para o corredor do prédio.
No apartamento ao lado do meu estava tocando Know Your Enemy do Green Day, como se estivéssemos em 2009, não em 2022. Eu bati na porta e toquei a campainha do 505, não tinha duvida nenhuma de que era dali que vinha a música.
A porta se abriu, revelando a figura descamisada do jogador da California Golden Bears, o time de futebol americano da Universidade da Califórnia em Berkeley. Edward estava vestido apenas em um short de academia e tinha um grande copo de água em mão.
— Credo, uma bruxa! — ele exclamou, me lançando um sorrisinho de lado. — Brigou com sua escova, Volturi?
— Eu vou matar você! — gritei contra a música alta que tinha me acordado cedo naquela manhã de julho.
Tinha que olhar bem para cima para falar com ele, já que o maldito era bem mais alto do que eu, provavelmente vinte centímetros a mais. O jogador também era dono de cabelos acobreados que deveriam estar mais bagunçados do que os meus, olhos verdes irritantes e a pele branca indicando que tinha pego algum Sol sem protetor solar, já que estava meio vermelho no rosto, peito e braços. E claro, ele era todo definido, ser um dos jogadores mais importantes do time e futuro quarterback lhe exigia isso.
— Tem gente querendo dormir e você colocando essa porra de música pra tocar a essa hora, seu cretino.
— São oito da manhã. — Deu de ombros. — Posso escutar o que quiser dentro do meu apartamento, na altura que quero, ninguém tem culpa se você quer dormir até tarde em plena quinta-feira.
— Eu trabalhei até três da manhã — falei entre dentes.
— Continua não sendo problema meu.
Estava prestes a voar no pescoço daquele ruivo de merda quando escutamos a voz de Alice.
— Hum, Edward? — Nós olhamos para ela, vendo minha tímida amiga parada na porta do apartamento que dividíamos.
Alice era uma coisinha minúscula, mal tinha um metro e meio de altura. Estudante de matemática, 20 anos, minha amiga desde que começamos a universidade e passamos a dividir o dormitório.
— Oi, Alice. Bom dia — Edward falou com ela educadamente.
Claro, o problema dele era comigo.
— Você poderia só abaixar um pouco seu som? Nem precisa desligar, apenas diminuir o volume, fiquei até tarde estudando e estou morrendo de dor de cabeça — ela pediu.
— Ok, vou diminuir — ele concordou e quis ainda mais mata-lo.
Dito isso, o anticristo fechou a porta do seu apartamento. Eu voltei para o meu, batendo o pé no chão, Alice soltou uma lição de moral não solicitada, bem no momento que deixamos de escutar a música.
— Ele abaixaria sem eu precisar intervir se você fosse mais simpática, Bella.
— Já cansei de tentar ser simpática com aquele babaca! — exclamei. — E ele também não é nada simpático comigo.
— Que seja. — Ela suspirou e passou a mão por seus longos cabelos escuros. — Vou voltar para cama e dormir mais um pouco antes de precisarmos ir viajar.
Minha amiga seguiu para seu quarto, eu fui para a cozinha beber uma água, estava lá fazendo isso quando Emmett McCarty apareceu. Ele era namorado de Rosalie, a outra amiga com quem dividia o apartamento, também era outro jogador do time de futebol americano e melhor amigo do Masen.
— Oi, Bella! — exclamou animado e pegou uma maçã da fruteira. — Animada para a viagem?
Em cinco dias seria aniversário de Rose e Jasper, irmão gêmeo dela, nós e outros amigos viajaríamos para a mansão que Emmett tinha em Malibu naquela quinta-feira e ficaríamos por lá até dia vinte e dois. Quem também iria era o insuportável Edward, uma pena, isso estragaria meu verão.
— Não, porque você e Rose convidaram o Edward — resmunguei.
Emmett gargalhou, o que eu poderia jurar que balançou a estrutura do apartamento, ele era alto pra caralho, quase dois metros de altura. E tão forte que todos apostavam que ele se injetava algo, mas o garoto sempre jurou de pé junto que não usava nada ilícito para aumentar seus músculos. Os cabelos pretos dele estavam até grandes, já que normalmente os mantinha bem curtos. Olhos azuis, que sempre tinham um brilho bem-humorado e o namorado da minha melhor amiga ainda contava com covinhas no rosto, algo que Rose dizia ter sido a primeira coisa que notou nele.
— Vocês nunca vão parar de brigar? — Emmett perguntou.
— Não — respondi de prontidão.
Edward Masen e eu nos conhecemos em setembro de 2019, quando ambos ingressamos na Universidade, um dia fui falar com meu pai e Charlie estava conversando com o novo jogador de seu time. Fomos apresentados e tivemos uma conversa tranquila e rápida.
Nos encontramos outras vezes pelo campus, não éramos amigos ou qualquer coisa assim, mas sempre nos cumprimentávamos e naquela época ele era bem gentil comigo. Porém, passou a me odiar em novembro daquele ano, quando sem querer o atropelei enquanto aprendia a andar de skate com Jasper.
Edward acabou caindo e machucando a mão, nada grave, mas no dia seguinte teria um jogo e seria o primeiro que Edward iria participar ativamente, não ficar no banco. Com o micro acidente ele estava proibido de jogar naquela sexta-feira, meu pai também não ficou muito contente com minha imprudência que mudou os seus planos para o time.
Após isso, Edward se pudesse não olhava mais na minha cara, mas no mesmo dia do lance do skate, Emmett que estava com o amigo conheceu Rosalie que estava comigo. E logo os dois estavam namorando, então, o namoro dos nossos melhores amigos acabou fazendo com que o Masen e eu tivéssemos uma convivência forçada. Uma convivência que Edward detestava e me irritava, já que o cara não aceitava minhas desculpas de forma alguma.
A convivência também nos levou para uma festa com Rose, Emmett e outros estudantes da universidade em maio de 2020. E nessa festa, na casa dos McCarty em São Francisco, durante um joguinho estúpido de verdade ou desafio, Edward acabou me desafiando a nadar pelada na piscina da casa vizinha, que sabíamos estar vazia.
Rose conseguiu aliviar meu lado, convencendo Edward a diminuir o desafio para eu nadar em roupas íntimas. Ele topou, eu não dei para trás e invadi a casa dos vizinhos de Emmett, tinha acabado de pular na água quando fui pega de surpresa por um casal de idosos aparecendo e ameaçando chamar a polícia.
O pai de Emmett foi chamado pelo seu filho para me tirar daquela encrenca, graças a Phil McCarty os vizinhos não prestaram queixa e eu não acabei com uma ficha criminal. Porém, aquele dia foi quando passei a odiar Edward, poderia ter sido presa e seria culpa dele.
E em 2021, Alice e eu decidimos não morar mais no dormitório da universidade, assim como Rosalie não queria mais dividir apartamento com o irmão dela e os amigos dele, acabamos encontrando o apartamento 503 de um prédio de 5 andares. Um apartamento que não era o dos melhores, mas que nós três conseguiríamos pagar, só que o pior defeito disso era ter Edward no apartamento ao lado.
As duas insistiram muito para me fazer topar, eu só aceitei quando consegui o quarto maior, que não era lá tão grande assim. Desde então, eu me tornei vizinha do insuportável Edward Masen.
— Talvez eu o mate em Malibu — disse para Emmett.
O garoto riu mais e deu uma mordida na maçã.
— Se você limpar depois, tudo bem — falou de boca cheia. — Agora preciso ir, tenho que terminar de arrumar minhas malas. Tchau, Bella! — exclamou e seguiu até a porta de saída do apartamento, que conseguíamos ver dali da pequena cozinha.
O McCarty era rico, filho de uma roteirista importante em Los Angeles e um influente advogado. Phil McCarty e a mãe de Emmett não eram mais casados, mas sem escândalos os rodando, ao menos até onde sabia. O namorado da minha melhor amiga morava sozinho em um apartamento gigantesco ali em Berkeley, vivia chamando Rose para morar com ele, mas ela negava toda vez, apesar de sempre chamar o namorado de Sugar Daddy.
— Bom dia! — Rosalie entrou na cozinha pouco depois de Emmett deixar o apartamento, eles tinham dormido juntos ali na última noite, ainda estavam acordados quando voltei do meu trabalho de babá. Na sala, fumando maconha e jogando Uno sozinhos, com Rose usando uma camiseta do avesso, o que me fez suspeitar de que estavam quase transando quando me ouviram chegar.
— Oi — resmunguei, ela riu e começou a preparar café.
— Acordou com a música do Edward? — questionou.
Claro, ela também tinha escutado e sabia bem que o melhor amigo do seu namorado era um grande fã de Green Day.
— Sei que você e o Emmett provavelmente pensam em Edward como padrinho do futuro casamento de vocês, mas eu vou matar o Masen antes disso, tá bom?
— Uma pena. — Rose fingiu estar triste. — Vocês seriam lindos padrinhos juntos.
— Vá se foder, Rose — ordenei.
Minha amiga, e o namorado dela também, ficavam sempre fantasiando como Edward e eu deveríamos virar namorados. Uma completa loucura e eles nem usavam tanta maconha assim para isso estar afetando seus cérebros.
Ela terminou de mexer na cafeteira e andou até a geladeira onde eu estava recostada, trocamos um rápido abraço e Rose me afastou do eletrodoméstico para pegar água para si também.
— Te amo, mesmo que você se torne uma assassina — ela falou para mim, isso me fez rir.
— Obrigada, Rosalie — agradeci. — É sempre muito bom poder contar com você, amiga.
Nós duas nos conhecíamos desde que tínhamos seis anos de idade, quando fui abandonada por meus pais biológicos e passei a viver em um lar adotivo. Rose e Jasper, que eram órfãos, já viviam na casa dos Carter, foi lá que nos conhecemos e vivemos juntos até completarmos dez anos, quando Linda Carter ficou doente e precisou deixar o programa Foster Care¹ que participava para abrigar crianças sem pais, ou familiares próximos que podiam ficar responsáveis por elas.
Eu tinha Rose e Jasper como meus irmãos, mesmo depois que acabamos separados quando deixamos a casa dos Carter isso não mudou. Mesmo que São Francisco, de onde éramos naturais, fosse uma cidade grande continuamos frequentando a mesma escola e mantendo contato.
Eles viveram em mais três casas de Foster Care até completarem 18 anos e ingressarem em Berkeley. Eu vivi, após a casa dos Carter, com a família Wilson e depois com os Johnson, até que aos quinze anos, fui adotada por Aro e Charlie Volturi.
— Quando precisar, Bella. — Beliscou minha bochecha.
E eu sabia que aquilo era uma verdade, nós duas também éramos muito amigas de Alice, mas o laço que Rose e eu construímos ao nos conhecermos aos seis anos era outro. Uma órfã e uma garota abandonada, nós nos apoiamos para aguentar a vida nada fácil que tínhamos com tão pouca idade.
X
Minha mala e mochila estavam prontas, faltava apenas conferir se eu não tinha me esquecido de algo, sendo assim, aproveitei que meu sono tinha sido interrompido para terminar de aprontar tudo. E foi mexendo em meu armário que acabei deixando a arrumação de lado para ficar olhando algumas fotos que guardava em uma caixinha de recordações.
Eu amava revelar fotos, também amava o Instagram, amava fotografia no geral e já tinha até feito cursos extracurriculares sobre. Talvez, se eu não amasse tanto ser uma estudante de Inglês e quisesse muito trabalhar como professora, acabaria virando uma fotógrafa.
Uma das fotos ali era com Demetri Ducan, que também era abrigado pelos Johnson. Ele era um ano mais velho, e logo nos aproximamos, uma amizade quase tão forte quanto a que eu tinha com Jazz e Rose. Quando fui adotada, continuei sendo amiga dele, inclusive foi com Demetri que perdi a virgindade, em meu aniversário de dezessete anos.
Porém, dias depois ele se mudou para a Inglaterra com um amigo e nós acabamos perdendo o contato. Tinha anos que eu não sabia nada de Demetri, e durante todo aquele tempo fantasiei como teria sido se ele nunca tivesse se mudado.
— De novo pensando no Demetri? — Ergui meu olhar, vendo que Rose tinha entrado em meu quarto.
Ela parou na minha frente, me olhando de cima, com as mãos em sua cintura. Parecia muito amedrontadora dali de onde eu estava, sentada no chão junto ao armário. Além do mais, minha amiga era bem mais alta.
— Sei lá, não sei se um dia vou deixar de pensar nele — sussurrei minha confissão.
Comecei a guardar as fotos na caixa, Rose se abaixou e sentou ao meu lado, pegando a foto com Demetri. Ele e eu estávamos na frente da casa dos meus pais, no dia do aniversário que transei pela primeira vez.
— Vocês não tinham química! — minha amiga declarou.
— Você não pode opinar, diz que tenho química com o Masen — resmunguei, tirando a foto da mão dela e guardando novamente na caixa.
— Não posso fazer nada se vocês dois exalam tensão sexual. — Rose deu de ombros, eu fiz uma careta.
— Acho que você está é doente, Rosalie! — Me levantei e guardei a caixa no alto do armário, depois voltei para continuar a conferir minha mala que estava aberta sobre a cama.
— Ok, esquecendo o Edward — Rosalie disse ao se levantar também. — Por que você ainda pensa no Demetri se tem um namorado, senhorita Volturi?
— Sinto falta do Demetri, éramos amigos e no fundinho tenho uma paixão adolescente boba por ele, apenas isso. Eu amo o Mike, tá bom? — indaguei e fechei minha mala. — Amo pra caramba.
— Tá bom. — Rose assentiu e sorriu para mim, um sorrisinho travesso e que chegava aos seus olhos azuis escuros. — E entre Mike e Demetri, acho que você tem mais química com o Newton.
Eu sorri e proclamei:
— Bom, Mike transa melhor.
— Mike tem vinte e um, o pobre do Demetri tinha dezoito, é uma comparação meio injusta. Mas acho que Mike deve transar melhor porque ele é bom com as mãos. — Isso me fez rir alto e corar, meu namorado, além de ser estudante de história também era guitarrista em uma banda, então era mesmo bom com suas mãos.
— Tá, chega desse papo — exigi. — Não quero você pensando nas mãos do meu namorado.
— Oh, lindinha. — Rose deu dois tapinhas de leve no topo da minha cabeça. — O meu namorado tem as mãos mais maravilhosas da Costa Oeste, pode apostar que não estou por aí pensando nas mãos do Newton.
— Americano?
— Aquele cara nova iorquino do primeiro mês da faculdade era muito bom com as dele.
— Ele tinha mãos bonitas — concordei e tirei minha mala de cima da cama.
— Bonitas e bem eficientes — Rose afirmou.
— Do que estão falando? — Alice apareceu no meu quarto, ainda com cara de sono. Nossa amiga aproveitou minha cama livre para se deitar ali, eu sentei ao lado dela, enquanto Rosalie seguia em pé.
— Do Jeff — a loira respondeu ao se referir ao cara de New York. — Lembra dele?
Alice soltou um resmungo.
— Lembro, você mostrou fotos do pau dele pra Bella e eu, sem nem pedirmos por isso.
— Ai meu Deus! — gritei ao me lembrar daquilo. — Ela mostrou mesmo.
— Ué, queria a opinião de vocês sobre ele — Rose se defendeu.
Nós continuamos conversando, mas o papo migrou para o quarto de Rosalie que precisava terminar de arrumar sua mala. Eu amava aquelas duas, então estava um pouco menos raivosa por ter sido acordada cedo pelo idiota do apartamento ao lado, mas só um pouco.
X
Segundo o Google Maps a viagem de Berkeley para Malibu demoraria cerca de seis horas, então enchi minha bolsa com pacotes de M&M's para aguentar o tempo na estrada, principalmente porque ainda não tinha tomado café da manhã, muito menos almoçado. Eu iria viajar de carro com Mike, meu namorado assumiria o volante, ele não curtiu minha ideia de despachar as malas no Jeep de Emmett e irmos em minha moto.
Rosalie e Alice saíram do apartamento primeiro, com Emmett as levando. Fiquei esperando Mike, ansiosa para chegarmos logo em Malibu, já estávamos de férias da universidade desde o começo do mês, mas eu estava trabalhando de babá como uma louca nos últimos dias para conseguir mais grana.
Não que eu precisasse trabalhar tanto, meus pais tinham grana suficiente sendo um treinador e um professor de história na universidade, mas gostava de ter meu dinheiro e pagar o máximo das minhas contas por conta própria. Eu também guardava uma parte do dinheiro que tinha para o futuro, querendo ter algo reservado para quando me formasse.
Claro que meu passado com meus genitores também influenciava o fato de dinheiro ser um tópico sensível para mim, tinha passado dificuldades por conta de grana. Tanta dificuldade que isso foi um dos motivos que fui entregue à adoção.
Pensar naquilo fez um nó se formar em minha garganta, sendo assim procurei mudar o foco dos meus pensamentos. Desbloqueei meu celular e vi que meu irmão tinha me enviado uma mensagem, Aro e Charlie, depois de mim, adotaram Jacob. Na época o pirralho tinha cinco anos de idade, no começo foi estranho para mim ter um irmão, no termo legal da coisa toda, mas acabei amando o garoto, ainda que aos nove anos ele me enchesse a paciência.
Ainda mais depois que ele insistiu que já era crescido suficiente para ter um celular, meus pais deram o aparelho e Jacob vivia me mandando mensagens.
Mané: Bella
Eu bufei e respondi a mensagem de Jacob, sabendo que ele iria acabar pedindo alguma coisa.
Bells: O que é?
Mané: Me leva para Malibu?
Eu tive que rir, como se fosse levar meu irmão mais novo para uma viagem com meus amigos e meu namorado. Nem fodendo, queria me divertir, não ficar de babá.
Bells: Tá doido.
Bells: Tô de férias de você.
Mané: Você é muito chata.
Bells: Pena!
Não me senti cruel, depois que voltasse de Malibu nós viajaríamos com nossos pais para passar o resto das férias no Havaí. Até lá o garoto teria que esperar, já que Aro estava dando um curso de verão na universidade e Charlie estava trabalhando em um acampamento de futebol americano para adolescentes.
Jacob não mandou mais mensagens, mas Mike enviou uma por volta de onze e meia.
Amorzinho: Tô chegando.
Rapidamente respondi.
Gatinha: Tá bom!
Também acrescentei emojis de olhos com coração no final da mensagem. Guardei o celular na bolsa e chequei se estava tudo ali, empurrei minha mala até o corredor e tranquei a porta do apartamento.
Logo Mike apareceu, ele era um pouquinho mais alto do que eu, cabelos loiros claros e arrepiados, olhos azuis e um sorriso doce em seus lábios. Se aproximou de mim e me beijou, suas mãos segurando minha cintura.
— Já estava morrendo de saudades suas, Gatinha — falou.
— Eu também! — exclamei e o beijei um pouco mais.
Mike tinha passado os últimos dias com o pessoal da sua banda em São Francisco gravando um EP, ele estava animado que alguém importante iria escutar e lhe dar atenção. Eu estava torcendo muito por isso, era uma banda de rock, e apesar de estar longe de ser meu gênero musical favorito, queria que eles fizessem sucesso.
Depois do beijo, ele pegou minha mala e descemos os intermináveis lances de escada do prédio. Era uma bosta viver em um lugar sem elevador, mas Rose, Alice e eu não éramos ricas para podermos bancar um lugar melhor.
Eu tinha acabado de colocar o cinto de segurança do carro e pegar meu celular, quando recebi mensagem de um dos meus pais.
Papai Aro: Bom dia, filha.
Papai Aro: Já está na estrada?
Filha: Oi, paaaai.
Filha: Acabei de entrar no carro.
Filha: Aviso quando estiver lá.
Papai Aro: Tá bom, querida.
Papai Aro: Manda o Mike ter cuidado na estrada.
Filha: Pode deixar.
— Papai disse para você ter cuidado na estrada — falei para Mike, que começava a dirigir.
— Eu sempre tenho cuidado quando estou dirigindo com minha gostosa ao meu lado — falou e segurou minha coxa com uma mão.
Isso me fez sorrir, aproveitei para tirar uma foto daquele gesto. Enviei a imagem para Mike e uma mensagem que ele poderia ler depois.
Gatinha: Nós dois.
Claro que também acrescentei um emoji de corações, eu era viciada em emojis. Como também era viciada no Twitter, esse foi o próximo passo, abri minha conta e fiquei lá lendo sobre Lady Gaga, livros que eu gostava e fofocas de famosos em geral.
Porém, minha paz foi atrapalhada por uma mensagem da minha avó Helen. Ela era mãe de Charlie, ao lado do marido era dona de uma rede de shoppings, também eram preconceituosos pra caramba.
Nunca aceitaram para valer o fato de seu único filho ser gay, passaram anos sem falar com ele. A tentativa de aproximação veio justamente quando fui adotada. Papai Aro, que tinha perdido os pais aos vinte anos, insistia que papai Charlie tentasse fazer as pazes com seus pais, mesmo que Geoffrey e Helen Swan fossem pessoas muito difíceis de se lidar.
Nós não éramos lá muito próximos dos meus avós, mas a família inteira estava tentando ser educada. E meus avós sempre insistiam em passar muito tempo com Jacob e eu, mas meu irmão os aturava melhor.
Helen: Olá, Isabella.
Helen: Podemos conversar?
Aquilo não parecia boa coisa, a última vez que ela me mandou uma mensagem como aquela foi para me convidar para um chá da tarde insuportável com suas outras amigas milionárias. É, eu não era rica, mas tecnicamente era uma das herdeiras do casal Swan e meus avós viviam insistindo que eu largasse meu sonho de ser professora para me tornar a próxima administradora da empresa deles. Os dois também não gostavam do fato de meu pai não ter seguido eles nos negócios, sim ter investido na sua carreira de treinador.
Isabella: Oi...
Isabella: Pode falar.
Helen: Vou lhe ligar.
— Nem pensar — resmunguei, Mike me olhou curioso, mas não disse nada.
Eu odiava ligações e ainda mais uma com minha avó.
Isabella: Tô na estrada, sinal tá ruim pra ligação.
Helen: Ok. Para onde você está indo?
Isabella: Malibu.
Helen: Queria lhe convidar para uma festa que irá acontecer depois de amanhã no clube, quando você volta?
Isabella: Só no dia 22.
Helen: Uma pena.
— Uma pena só pra você, pra mim é uma glória — murmurei, mandando uma mensagem de despedida, dizendo que o sinal estava ficando ainda pior.
— O que tá rolando? — Mike perguntou e expliquei tudo para ele. — Gatinha, se minha avó fosse rica como a sua eu iria amar ela muito — ele falou rindo depois que contei. — Também não iria morar naquele prédio horrível que você e as meninas vivem.
Não respondi isso, o prédio poderia ser mesmo ruim, mas nosso apartamento era bom na maior parte do tempo. Além do mais, era um teto sobre minha cabeça, um que eu sabia que não seria expulsa a qualquer momento.
E isso era importante para mim, depois de ter sido despejada de vários apartamentos com minha mãe. Mike tinha uma vida confortável desde sempre, ele não entendia como era ter sido uma criança com medo de não ter onde morar, ou do que comer. Depois uma criança vivendo na casa de estranhos, sem ter laços reais com aquelas pessoas.
Eu não queria os milhões da família Swan, não sonhava em ser rica aquele ponto. Minha vida tinha se tornado confortável e segura depois de ter sido adotada, amava meus pais e meu irmão, com eles finalmente tinha tido um lar e uma família completa. O apartamento 503 também não era o melhor do mundo, sabia dos problemas dele muito bem, mas eu também me sentia em casa lá com minhas amigas, mais do que me sentia quando morava com minha mãe.
X
Catorze pessoas, contando com Mike e eu, estavam na casa do McCarty em Malibu. O dono da casa, Rose, Alice, Jasper, o insuportável Edward e Kate que era a namorada dele. Também estavam lá Benjamin, que também morava no apartamento 505 do prédio e jogava no time de futebol. Brady outro amigo de Emmett e jogador do time, Lauren e Samantha duas amigas de Rosalie e dois amigos de Jasper, Victor e Kevin.
— Qual quarto Mike e eu ficaremos? — perguntei para Emmett, meu namorado e eu acabamos sendo os últimos a chegar, já que Mike insistiu por uma parada para almoçar.
— Lá fora na praia — Edward falou do outro lado da sala, onde a maioria do pessoal estava.
— Edward, não fala assim! — Kate chamou a atenção dele.
Ela era uma garota bacana, uma pena que estava namorando aquele babaca. Até onde eu sabia eles estavam juntos desde o final de 2020, Kate era um ano mais nova do que o Masen e também se formaria em arquitetura como ele.
— Desculpa o Edward ser um idiota — ela falou para Mik e eu, fazendo seu namorado revirar os olhos. Meu namorado nem se abalou, já entendia muito bem que o jogador e eu éramos inimigos mortais.
— Venham, vou mostrar o quarto de vocês! — Emmett chamou nos guiando para o segundo andar de três da casa.
Já tinha ido lá antes, era uma casa com sete quartos, os casais ficariam juntos e os solteiros se separariam por duplinhas. Alice iria dividir quarto com Samantha, por exemplo.
— Estou doida pra dar um mergulho — disse para Mike quando Emmett saiu do quarto para que a gente pudesse se acomodar.
— Sabe o que eu mais quero? — Ele se aproximou por trás e me abraçou, beijando meu pescoço. — Tirar toda essa sua roupa e te jogar nessa cama.
A praia poderia esperar, com toda certeza. Me soltei dele e avisei:
— Vou trancar a porta.
X
Aquela viagem tinha um grande propósito além de comemorar o aniversário de Jasper e Rosalie, iríamos beber pra caramba e curtir que éramos jovens. Sendo assim, logo na primeira noite, todo mundo estava com um copo de bebida na mão, Emmett e Brady faziam churrasco e música alta tocava nos embalando.
Eu estava sentada no colo de Mike, em um dos sofás da sala, o beijando como se minha vida dependesse disso. Quando o beijo se encerrou, afaguei o rosto dele e sorri para meu namorado. Pensei como a gente ainda seria muito feliz, ele um músico realizado, eu uma professora como sempre quis. O casamento de quintal na casa dos meus pais que teríamos, dois ou três filhos. A vida com Mike só ficaria melhor.
— Eu te amo, sabia? — ele perguntou, me fazendo sorrir mais.
Estávamos namorando a mais de nove meses, não era a primeira vez que ele falava que me amava, mas sempre era algo que me fazia sorrir daquele jeito. Eu o amava tanto, muito mesmo.
— Eu te amo mais — respondi e beijei seus lábios rapidamente. — Vou pegar mais cerveja pra gente, amorzinho. — Peguei o copo da mão dele e me levantei, indo até a cozinha onde estava o barril que Emmett tinha comprado.
Edward estava lá, comendo um pacote de Doritos e mexendo em seu celular. Eu tinha visto Kate na sala dançando com Samantha e Rosalie, provavelmente o Masen estava ali sozinho por ser um chato e ninguém mais querer falar com ele.
— Credo, tô sentindo a energia dessa cozinha tão pesada! — provoquei. — Acho que algum emo chato passou por aqui.
— Morra, Volturi — falou de boca cheia, eu ignorei, enchendo os copos.
— Talvez Emmett devesse contratar um padre para benzer esse lugar.
— Ou um exterminador para se livrar de você, Ratinha — ele disse, isso me fez encará-lo, Edward sorriu e continuou. — Algum problema, Isabella?
— Eu já mandei você parar de me chamar desse jeito — disse entre dentes.
— Chamo como quiser. — Deu de ombros e encheu ainda mais a boca de Doritos.
Desde que ele tinha me ajudado com o lance do rato em meu apartamento, em janeiro daquele ano, o Masen sempre me chamava daquele maldito jeito sempre que podia.
— Você é um escroto do caralho — declarei e bebi um pouco da minha cerveja.
— Olha quem fala, a garota que me atropelou e ainda roubou minhas roupas.
Eu corei ao escutar aquilo, no dia do caos envolvendo o rato, não aguentei ficar naquela toalha toda molhada esperando meu pai, sendo assim obriguei Edward a me emprestar roupas suas. Acabei vestindo uma camiseta dele e um short, que tive de prender bem para caber em mim, mas acabei nunca devolvendo aquelas roupas. O short eu doei para uma instituição de caridade, mas a camiseta, eu meio que tinha gostado muito e ficado para mim. Era tão confortável para dormir e tinha uma estampa engraçada do M&M's vermelho como um jogador de futebol americano. Uma camiseta tão legal quanto aquela não merecia ser de Edward, sim minha, então eu meio que roubei mesmo.
— Devolvi suas roupas sim, você que não se lembra, não tenho culpa se sua memória... — Fui interrompida pelo celular dele tocando alto em alguma musiquinha emo que Edward gostava.
Ele me ignorou e atendeu.
— Fala, Charlie!
Eu sabia que era meu pai, Emmett e Edward eram os garotos de ouro do seu time, ele sempre estava em contato com os dois indicando jogos antigos para que os dois assistissem, ou para perguntarem como estavam.
— Ela tá sim, vou passar — Edward falou depois de um breve papo com meu pai, afastou o celular de sua orelha e falou para mim. — É seu pai, ele diz que você não atende as ligações dele, Volturi. Infelizmente vou ter que te emprestar meu celular. — Fez cara feia e me estendeu o aparelho.
Fiz cara feia também, deixei os copos sobre o balcão, andei até ele e peguei o celular.
— Oi, papai! — Eu tinha avisado ele e papai Aro quando cheguei a Malibu, então não deveria ser nada grave, mas Charlie era o mais protetor dos meus pais, sempre na minha cola e de Jacob.
— Bells, por que você não atende seu celular? — perguntou preocupado.
— Desculpa, ele está carregando no quarto. Tudo bem por aí no acampamento?
— Sim, tudo ótimo. Está tudo bem aí em Malibu? Aquele garoto dirigiu direito?
— Tudo ótimo por aqui também, pai. Quer dizer, tirando a presença do Edward.
O Masen resmungou e meu pai também.
— Edward é um bom garoto, Isabella.
— Até parece. Preciso ir agora, pai. Amanhã a gente se fala, tá? Eu prometo.
— Okay, se comporte, faça boas escolhas.
— Sempre. Tchauzinho.
— Até mais, filha.
Eu finalizei a chamada e devolvi o celular para Edward.
— Agora terei que jogar ele no vaso sanitário. — Pegou o aparelho fazendo cara feia.
— Adeus, Masen! — exclamei, indo pegar os copos para voltar até Mike.
— Eu ainda quero minhas roupas de volta, Volturi.
Ele não as teria, principalmente a camiseta.
X
No dia dezenove, o dia do aniversário dos gêmeos, eu estava sentada na praia ouvindo Mike tocar seu violão. Logo uma equipe apareceria para arrumar tudo, Emmett tinha feito questão de contratar gente especializada para organizar e servir na festa, querendo o melhor para sua namorada e o cunhado.
O resto do pessoal também estava na praia, Jasper jogava vôlei na areia com Brady, Victor e Edward. Rosalie e Emmett estavam tentando surfar com Benjamin e Kevin.
Kate e Samantha estavam tirando fotos uma da outra, pelo tempo que estavam nessa atividade já deveriam ter fotos suficiente para alimentar o Instagram por cinco anos. Alice estava deitada com a cabeça em minha coxa, lendo um livro e Lauren estava nadando e se mantendo afastada do pessoal surfando.
— Vai, Brady! — comemorei quando ele marcou um ponto em cima de Jasper e Edward que estavam na mesma dupla.
Na hora Jasper olhou para mim, indignado e questionando:
— Pensei que você fosse minha amiga, o que aconteceu? — Ele e Rosalie eram bem parecidos, altos, mesmos olhos azuis e cabelos loiros bem claros, além de bonitos pra caramba. As garotas eram doidas por Jasper, mas mesmo reconhecendo a beleza dele, eu não o enxergava dessa forma.
— Você está jogando com esse aí! — Apontei para Edward, Alice segurou uma risadinha em meu colo. — Aposto que Brady e Victor irão vencer.
Jasper resmungou e voltou a jogar, eu peguei meu celular e abri o Instagram, assistindo alguns stories e depois curtindo fotos no feed da rede social. A primeira foi de Kate, eu definitivamente não seguia o namorado dela em nenhuma rede social, mas seguia ali a líder de torcida.
A foto dela, escondendo parte do rosto com o chapéu que usava tinha a legenda:
"Um dia maravilhoso!"
Rosalie também já tinha postado uma foto aquele dia, no carro com Emmett, pela roupa que ela usava reconheci ser no dia que viajamos para Malibu. A foto provavelmente tinha sido feita por Alice.
"Meu sugar daddy."
Tive de rir para a legenda, era sempre muito engraçado quando Rose chamava o namorado daquele jeito. Jasper, o outro aniversariante do dia, também tinha postado uma foto, debruçado no deck de frente para o mar, um sorrisão no rosto e uma legenda de comemoração.
"Feliz 21!"
Eu também tinha postado uma foto, mais cedo, aproveitando uma que tirei com Mike na água no dia anterior. Estávamos abraçados no mar e eu escrevi:
"Com meu amorzinho mnewton."
Éramos muito bonitos juntos, mas por um minuto minha mente viajou até a foto no closet do meu apartamento, aquela que eu estava com Demetri. E se fosse Demetri o amor da minha vida? Amava Mike, amava mesmo, mas não tinha um dia que não acabava lembrando de Demetri Ducan.
Engoli em seco, perdida em pensamentos, que foram interrompidos pelo grito de Edward:
— Viu só, Volturi? Nós ganhamos!
Olhei para ele e o vi todo feliz por ter levado a partida, infantilmente respondi dando a língua para meu vizinho emo.
X
Rosalie expulsou Emmett do quarto que eles estavam dividindo, e transformou o lugar no quartel general para que todas as garotas se arrumassem ali para a festa. Seis meninas juntas poderia ser um grande caos, mas também era algo divertido.
Alice estava fazendo minha maquiagem, enquanto Kate fazia a de Rosalie. Mas a namorada do Masen toda hora parava para responder mensagens em seu celular.
— Edward tá te mandando putaria? — Rosalie questionou quando vimos Kate corar ao ler uma das mensagens, com a pergunta ela ficou ainda mais vermelha e rapidamente bloqueou a tela do seu celular.
— Não, não — murmurou, voltando ao delineado do olho esquerdo de Rosalie. — Tava falando com uma amiga, nada demais. — Ela me lançou um olhar rápido, eu sorri para ela em retribuição, odiava Edward, mas não tinha nada contra a namorada dele.
— Até parece — Rosalie disse rindo. — Essa sua cara envolve putaria, aposto que o Masen tava falando algo sujo pra você.
Kate apenas sorriu envergonhada e Alice mudou de assunto, querendo saber o que estávamos achando da minha maquiagem. Não demorou muito para ela acabar de me maquiar, vesti minha roupa e assim estava pronta.
Olhei meu reflexo no grande espelho do closet, eu usava um look todo branco, calça de linho, a parte de cima de um biquíni e uma camisa também de linho, que estava aberta, que peguei emprestada do meu pai para compor o visual quando pensei no que vestir semanas antes. Eu tinha uma rasteirinha para calçar, mas preferia ficar descalça. Meus cabelos estavam soltos, eram naturalmente ondulados então valorizei isso, deixando as ondas cor de mogno emoldurarem meu rosto, com a maquiagem muito bem feita de Alice que destacava meus olhos também castanhos.
Sorri para meu reflexo, me sentindo muito gostosa e bonita. Durante boa parte da adolescência não me sentia bonita, muito menos legal, tirando Rosalie e Jasper não tinha outros amigos. Meu primeiro beijo foi graças a um joguinho de verdade ou desafio aos catorze e depois disso só fiquei com alguém quando transei com Demetri, então por muito tempo senti que as pessoas não gostavam tanto assim de mim. E minha cabeça achava que isso era por minha aparência nada fenomenal, ou por eu não ter muito o que oferecer além de conversar sobre livros, claro que também sempre tinha o fantasma do abandono parental me rondando. No entanto, eu trabalhei muito sobre isso na terapia e estava bem melhor.
— Tudo bem? — Alice apareceu no closet.
— Sim. — Sorri para minha amiga. — Tudo muito bem!
X
A festa estava linda, a decoração perfeita, a comida excelente e os drinks maravilhosos. Porém, para mim, ver Jasper e Rose tão felizes era o ponto alto, eu amava tanto aqueles dois, poder comemorar mais um aniversário deles era uma benção para mim.
— Eu amo vocês, sabem disso, não é? — perguntei para os dois, quando estávamos dançando na pista de dança montada na areia da praia.
— Também te amo! — Rosalie gritou contra a música e me abraçou, logo senti os braços de Jasper também nos envolvendo e ele beijando a minha cabeça e a da irmã.
— Você é a trigêmea, tá bom? — ele falou comigo quando o abraço acabou, segurando meu rosto. — A terceira mosqueteira.
Sorri e assenti, um pouco bêbada também deixei uma lágrima rolar por meu rosto. Ele me abraçou com força, depois me fez voltar a dançar a canção da Dua Lipa que tocava.
Duas músicas depois eu saí da pista de dança para comer algo, vendo Mike jogando cartas com Brady, Victor e Kate. O namorado dela estava num concurso de quem bebia mais com Emmett, Samantha e Benjamin.
Eu peguei uma mini pizza e segui até a mesa que Mike estava, o abraçando por trás e beijando seu pescoço.
— Amo você, Gatinha — disse para mim, guardando seu celular que estava sobre seu colo no bolso da calça.
— Vamos dançar? — praticamente implorei.
— Não posso deixar o jogo agora — negou.
Resmunguei, me afastando dele, indo arrastar Alice que conversava com Kevin e Lauren para a pista de dança.
— Você quer pegar o Kevin? — perguntei para minha amiga.
— O quê? Eu não — negou rapidamente.
— Poxa, uma pena, ele é bonito — declarei. — O Victor também tá solteiro, pega ele.
Alice riu e negou.
— Bella, não quero pegar ninguém.
Eu suspirei, Alice era muito tímida e focada nos estudos e trabalho. Entendia tudo isso, por bastante tempo fui a garota tímida, e também focava muito nos estudos e trabalhos, mas ainda tinha uma vida social e minha amiga passava a maior parte do seu tempo livre em casa.
— Alguma garota?
Ela revirou os olhos.
— Não sinto atração por garotas.
— Okay, okay, foi mal. Vamos só dançar.
E dançamos, bebemos mais e comemos pra caramba. Por volta de duas da manhã, eu sabia o horário porque abri o Instagram para enviar uma foto para Lauren, me joguei na primeira cadeira que vi para descansar. Infelizmente essa era ao lado de Edward, que estava bebendo uma cerveja e encarando o mar.
— Pensando no que, Masen? — indaguei.
— Em como você é chata.
— Você que é. Cadê sua namorada? Fugiu de você? — Eu não via mais ela na mesa jogando cartas com os outros, Mike ainda estava ali, tinha passado a maior parte da festa jogando ou mexendo no celular. Isso me irritava, mas não fiz confusão.
Edward bufou e me olhou.
— Não que seja da sua conta, mas ela estava com dor de cabeça e foi dormir.
— Claramente ela tá com dor de cabeça porque tem que te suportar.
O garoto não disse mais nada, se levantou e se afastou de mim. Eu o ignorei, voltando a mexer em meu celular. Ter o Edward longe era melhor, ele era tão insuportável, tinha passado a maior parte daqueles dias em Malibu me tirando do sério.
Longos minutos depois de ficar no Instagram assistindo a vários stories, olhei para onde Mike deveria estar, mas não o vi lá. Nem mais ninguém que jogava com ele antes, mas esse pessoal estava na pista de dança cantando e pulando ao som de uma canção dos anos 80.
Mandei mensagem para meu namorado, mas ele não respondeu. Liguei, mesmo odiando ligações, e ele não atendeu. Por fim, me levantei e fui atrás dele, deveria ter ido para dentro da casa, talvez já estivesse com sono.
E ele estava mesmo no interior da mansão à beira mar, mas não no quarto que dividíamos. Sim no quarto destinado a Edward e Kate, no final do corredor, e Mike estava ali com a líder de torcida chupando seu pau, a porta aberta para que qualquer um pudesse ver.
Inclusive eu, que flagrei meu namorado me traindo. Era uma grande noite.
¹Lar temporário para crianças e adolescentes que não estão sob os cuidados dos pais biológicos, não significa que os foster parents (os adultos responsáveis) estão adotando esses menores de idade.
Beijão!
Lola Royal.
27.07.22
