Oiii, pessoinhas. Capítulo presente de Natal para vocês, espero que todo mundo esteja tendo um dia maravilhoso.

ATENÇÃO: Futebol americano é um esporte muito complicado, sendo assim não esperem detalhes sobre por aqui.

Capítulo Oito

Meu Vizinho e o Jogo

Afastei Edward na hora, chocada e brava.

— Você tá louco? — gritei.

— Bella… — murmurou, olhos verdes arregalados para mim.

— Vocês estão juntos? — Mike indagou, olhei para ele e vi raiva em sua expressão, com desdém respondi:

— Não que seja da sua conta, mas não estamos. Adeus! — exclamei, não só para meu ex, como para o maldito Emo e os nossos amigos.

Rosalie tentou conversar comigo, só que não dei atenção para ela também. Deixei aquele estacionamento rapidamente em minha moto, agradecendo que aparentemente ninguém tinha visto o beijo além de Mike, minha amiga e Emmett, só que aquilo já era uma grande merda, meu ex poderia contar para outras pessoas e meu combinado com Edward era manter tudo em segredo.

Não sabia o que tinha se passado na cabeça do jogador, mas suspeitava, com certeza estava querendo se vingar de Mike me beijando na frente dele. Enquanto ia de volta para o campus, prometi a mim mesma que nunca mais iria para a cama com o Masen, ele era um cretino e eu não iria me submeter a isso.

— Você é melhor do que isso — sussurrei para mim mesma quando parei em um sinal vermelho. — Não vai transar mais com um cara que tá te usando para vingança.

X

Edward estava lotando minhas mensagens, eu deveria bloqueá-lo de uma vez, mas estava enrolando só para ver todas suas desculpas, não que fosse de fato o desculpar por qualquer coisa, não iria. As desculpas começaram pouquíssimo tempo depois de eu deixar a lanchonete e se estenderam pelo resto do dia.

Emo: Bella, me desculpa.

Emo: Podemos conversar melhor? Em qual prédio você tá?

Emo: Bella!?

Emo: Ei!

Emo: Ei!

Emo: Ei!

Emo: Bella?

Emo: Me desculpa.

Emo: Vamos conversar pessoalmente para eu me desculpar melhor?

Emo: Sei que você tá lendo as mensagens.

Emo: Bella, eu não deveria ter feito aquilo, foi mal.

Emo: Sei onde você mora, uma hora você vai ter que falar comigo.

Emo: Isso pegou mal, não sou um perseguidor, me desculpa por essa merda também.

Emo: Bella?

Emo: Bella!

Emo: Sério, desculpa.

Emo: Mike não vai falar disso para ninguém, fica tranquila.

Emo: Te encontro na hora marcada como combinamos ontem?

Emo: Ei…

Emo: Já está no seu apartamento? Acabei de entrar no prédio, posso passar aí?

Aquela mensagem chegou quando eu estava no meu quarto, pouco mais de nove da noite, comendo um sanduíche e lendo textos para um trabalho da universidade. Revirei meus olhos e desliguei meu celular, com certeza não queria Edward na minha casa.

Dei minha última mordida no sanduíche quando alguém bateu na porta do meu quarto.

— Entra! — falei de boca cheia, olhei em direção à porta e vi Alice surgir ali, mas atrás dela estava o maldito do meu vizinho. — Não! — gritei, ainda com o sanduíche na boca, mastiguei rapidamente e engoli. — Eu não quero falar com você, Masen.

— O que rolou? — Alice perguntou confusa, olhando dele para mim. A cara de Edward era a de alguém que estava se sentindo culpado, mas não acreditaria nele e em nenhuma das suas desculpas de merda, não depois de ter sido usada.

— Bella… — ele começou, mas não lhe deixei completar.

— Dê o fora!

— Alguém pode dizer o que está acontecendo? — minha amiga questionou ainda mais confusa. Não tinha contado nada para ela ainda, estava esperando que chegasse para lhe atualizar do caos da minha vida.

— Edward estava fodendo comigo para se vingar de Mike — falei em alto e bom som.

— Caralho, Bella, não foi nada disso! — ele exclamou revoltado. — Não transei com você por vingança.

— Aham, claro que não — debochei, levantando da minha cama onde estava sentada fazendo minhas leituras. — Pode ir pro seu apartamento, garoto.

— Bella, só deixei ele entrar porque achei que estivesse tudo bem entre vocês — Alice se explicou.

— Relaxa — falei para ela. — Não é sua culpa se o Edward é um babaca.

— Isabella — o vizinho cretino disse meu nome como se eu estivesse errada em algo.

— Edward, se você não for embora irei chamar a polícia — ameacei. Não teria coragem de chamar, só que queria meter medo nele, o que não pareceu adiantar muito, já que continuou parado lá atrás da minha amiga.

— Melhor você ir, Edward — ela falou, o Masen suspirou e foi embora, batendo os pés como uma criança birrenta. — Você precisa me explicar tudo isso melhor, Bella — Alice exigiu, entrou no quarto e fechou a porta.

Sentamos na minha cama e contei tudo.

X

Eu tinha Shallow tocando no volume máximo em meus fones de ouvido quando Rosalie surgiu no meu quarto, mais tarde naquela noite, ignorei a loira fingindo que não estava a vendo. Ela também tinha me mandado várias mensagens durante o dia, pedindo que desse uma chance de Edward se explicar, então estava muito chateada por minha melhor amiga estar do lado inimigo daquele conflito.

A garota parou perto da minha cama e ficou falando sem parar, mas por conta da música não conseguia escutar uma palavra do que ela dizia e estava mesmo evitando olhá-la para ficar salvando fotos no Pinterest. Eu montava uma pasta nova com imagens da Lady Gaga quando senti Rosalie tirar um dos lados do fone de mim, fui logo reclamando.

— Para com isso, saí daqui!

— Não até você me escutar.

— Você não é mais minha melhor amiga, ficou ao lado do Emo maldito, agora Alice assumiu seu lugar, ela concorda comigo.

Rosalie revirou seus olhos azuis e sentou perto de mim na cama.

— Quem te ensinou a usar um absorvente mesmo? Alice ou eu, sua ingrata?

— Você, mas isso está no passado assim como nossa amizade — dramatizei, ela deu uma risadinha e me vi rindo também. Não teria como Rosalie deixar de ser minha melhor amiga, talvez só se ela conhecesse a Lady Gaga e não fizesse um vídeo da mulher falando meu nome, aí sim eu ficaria revoltada com a estudante de engenharia, sem chances de reconciliação.

— Edward não estava transando com você para se vingar do Mike, Bella — falou, eu bufei e sentei, larguei o celular e tirei o outro lado do fone de ouvido.

— Ele é um idiota e você também por estar do lado dele e não do meu, sua melhor amiga. Quem foi que te ajudou quando a camisinha ficou presa em você depois da sua primeira vez? Edward ou eu? — Rosalie ficou roxa de vergonha ao ser lembrada daquele momento caótico da sua vida.

— Foi você, se tivesse sido ele teria sido muito mais vergonhoso.

— Pois é, nem aquele seu namorado idiota da época te ajudou, eu ajudei e aí está você apoiando o cara que tava me usando para um plano de vingança. — Cruzei os braços na frente do corpo, revoltada demais com Edward, nunca iria o desculpar por aquilo.

— Você está criando uma fanfic na sua cabeça, nem deixou o cara se explicar.

— Ele me beijou na frente do Mike na primeira oportunidade que teve… Aliás, essa história já deve ter se espalhado pela universidade, né? Com certeza meu ex filho da puta contou para todos que eu estou, estava, me pegando com o Masen. Ótimo dia, primeiro aquela Jessica expôs meu chifre, agora vão ficar sabendo que dei pro Edward e era tudo vingancinha dele. Vou excluir todas minhas redes sociais, ou melhor, vou pedir transferência para outra universidade, me mudarei para a costa leste, está decidido.

— Ok, o beijo foi escroto, mas a parte do sexo não foi um plano. E Mike não contou para ninguém, nem vai contar, pode ter certeza disso. As únicas outras pessoas que viram aquele beijo foram Emm e eu, sendo assim pode ficar tranquila que ninguém vai saber que você e Edward estão se pegando.

— Estávamos, não vai mais acontecer — a corrigi. — E como tem tanta certeza de que Mike não vai contar para Deus e o mundo, ein?

— Porque Edward e Emmett foram bem persuasivos o mandando ficar calado. — Piscou para mim.

— Eles bateram no Mike? — questionei com temor.

— Não, claro que não. — Rosalie riu um pouco. — Mas acho que ficou nas entrelinhas de que Emmett faria isso se o Mike abrisse a boca dele, você sabe, o pai advogado no meu namorado é muito bom e tiraria ele da cadeia em um estalar de dedos se o filho fosse preso por acabar com a cara do seu ex.

— Como deve ser bom ter um pai advogado e milionário para cobrir suas merdas, olha só Emmett pode até sair por aí ameaçando agredir pessoas.

— É, ele ameaçou, mas acho que Mike acabou ficando com mais medo do Edward mesmo, afinal nosso vizinho literalmente já quebrou a cara dele. — Não consegui conter um sorrisinho ao me lembrar do nariz quebrado de Mike, ainda estava puta com Edward por me usar, mas ele ter socado o músico tinha sido algo positivo. — Então, tá mais calma pra conversar com o Masen? Ele tá lá na sala te…

— Ele o que? — gritei, sem acreditar que o jogador tinha voltado para minha casa.

— Eu cheguei e ele veio falar comigo, aí vim falar com você para que fale com ele. Vai lá escutar o cara, Bella.

Deixei meu quarto furiosa, cheguei à sala e vi Edward sentado no sofá, braços apoiados em suas coxas e encarava o chão. Quando me notou ali, arrumou sua postura, os lábios estavam apertados e os olhos cautelosos.

— Só tenho três coisas para te falar, Edward. Você transar comigo só para se vingar do Mike significa que é tão escroto quanto ele. A outra coisa, eu deveria ter passado com o skate por cima de você um milhão de vezes! — declarei com toda minha raiva, mas o maldito ficou sentado no meu sofá em silêncio, me olhando atentamente. — Não irá dizer nada?

— Tô esperando você falar a terceira coisa — sussurrou.

Merda! Sim, eu tinha dito que só iria falar três coisas para ele. Mas a verdade é que não tinha uma terceira… Opa!

— Vou falar com linguagem corporal — alertei, ergui minha mão direita e mostrei o dedo do meio para ele e para minha surpresa Edward Masen sorriu, um sorriso que fez até seus olhos brilharem.

Não consegui evitar o pensamento de como ele ficava bonito sorrindo e como queria subir nele e beijá-lo, não era o momento disso. Nunca mais seria, eu não iria mais transar com aquele cara.

— Posso falar agora? — Parou de sorrir segundos depois, ficando bem sério.

— Não, pode ir embora — ordenei, mas ele continuou sentado no sofá olhando para mim.

— Bella, ok, eu te beijei na frente do Mike hoje para me vingar dele e isso foi errado pra caralho — admitiu. — Não deveria ter feito isso, me desculpa por ter sido um escroto hoje à tarde. Mas não transei com você, em nenhuma das vezes, para atingir ele, precisa acreditar em mim.

— Não acredito, você me usou, ele me traiu, são dois cretinos. — Andei até a porta do apartamento e abri. — Agora me deixa em paz. — Apontei para fora, ele me olhou por um longo tempo, antes de se levantar e sair, bati a porta e tranquei, voltei para meu quarto e Rosalie ainda estava lá. — Seu melhor amigo já foi embora, vai lá consolar ele — provoquei.

— Vou te deixar dormir — falou sem prolongar o assunto, deixando meu quarto.

Peguei meu celular, os fones e voltei a escutar Shallow, tentando abafar meus pensamentos.

X

Eu aceitava trabalhos de babá sempre que possível para ter mais dinheiro, porém aceitei ficar de babá naquela sexta-feira principalmente para tentar distrair minha cabeça do caos que ela estava desde que Edward me beijou na frente de Mike no dia anterior. Durante as horas que fiquei no campus da universidade achei que qualquer pessoa olhando para mim soubesse sobre o plano de Masen, mas segundo uma intensa investigação nas redes sociais, ninguém sabia disso e o único assunto me ligando ao nome de Edward era a traição que sofremos dos nossos exs.

Bom, também vi fofocarem sobre o tweet que fiz pela conta dele me parabenizando em meu aniversário e a foto que postei na pizzaria, com ele presente, mas estavam nos ligando como amigos. Isso era bom, ninguém estava achando que estávamos nos pegando.

Também cheguei à conclusão que as pessoas daquela universidade deveriam ir estudar mais e não ficar fofocando.

— Becca! — Zoe apareceu na cozinha, ela era a garotinha do casal de gêmeos que eu estava cuidando, o irmão dela se chamava Joe e os dois tinham 7 anos.

— É Bella! — Joe corrigiu sua irmã, ele estava ali na cozinha comigo enquanto fazíamos pipoca para assistirmos Encanto.

— Não, é Becca — Zoe teimou, eu segurei uma risada, eles dois eram muito fofos mesmo errando meu apelido. Era a minha primeira vez cuidando deles e já estava os adorando, os pais deles tinham me contratado com indicação da mãe de uma colega de escola das crianças. — Eu tô certa, não tô? — Zoe perguntou olhando para mim, ela era um pouco mais alta do que seu irmão, cabelos castanhos lisos e olhos azuis, os dois eram bem parecidos, mas os cabelos de Joe eram cacheados.

Eles me lembravam Rose e Jazz, a energia de gêmeos estava lá. A união e as briguinhas, eu amava.

— É Bella, querida — respondi gentilmente.

— Mentira!? — Zoe ficou indignada. — Acho Becca mais legal. — Eu gargalhei. — Ué, não entendi.

— Só achei engraçada sua reação, também acho Becca um apelido legal, mas adoro meu apelido.

— E qual seu nome? — Joe perguntou tomando um pouco do leite que tinha lhe dado minutos antes.

— Isabella.

— Mamãe escolheu Zoe e Joe porque combinam — Joe contou.

— Okaaaaaay — Zoe disse. — Bella, você pode me dar um pouco de sorvete?

— Os pais de vocês liberaram pipoca de guloseima, mas nada além disso.

— Poxa, Bella — a garotinha choramingou. — Tive um dia difícil.

Contive um sorriso para o jeitinho todo pra frente dela e indaguei:

— O que aconteceu no seu dia? — O microondas apitou e com cuidado tirei o saco de pipoca de lá.

— Sujei minha roupa com suco de uva.

— E depois sujou a minha! — Joe acusou.

— Você riu de mim. — Zoe deu de ombros.

— Sinto muito pelo que aconteceu, Zoe, entretanto não posso te dar sorvete, preciso seguir as ordens dos pais de vocês.

— Mas eles não são seus pais.

— Só que sou funcionária deles, querida. — Com mais cuidado ainda abri o saco de pipoca e despejei o conteúdo no balde para levar até à sala. — E como funcionária tenho regras a cumprir, está bem?

— Tá bom — Zoe cedeu. — Mas vou comer um montão de pipoca.

— Eu vou comer mais! — Joe teimou e eles ficaram discutindo até conseguir os convencer a parar para irmos assistir ao filme.

No final das contas eu acabei comendo mais pipoca do que os dois, que ficaram cheios rapidamente. Quando o filme acabou eles choramingaram e imploraram por mais um, no entanto estava na hora de dormir e os levei para o quarto grande que compartilhavam no segundo andar da casa.

Fiz as crianças escovarem os dentes, insisti para que fizessem xixi e depois lhes coloquei em pijamas quentinhos. O quarto era decorado no tema do Homem-Aranha, aparentemente os dois eram obcecados pelo super herói, uma das poucas coisas que concordavam.

Coloquei cada um em sua respectiva cama e me sentei entre elas no chão, apenas com um abajur ligado e em meu colo um quadrinho do herói que pediram para que eu lesse. Estava na segunda página quando Zoe me interrompeu e perguntou:

— Bella, você sabia que a minha tia Ellen tem uma namorada e não um namorado?

Minha mente se agitou, era um assunto delicado e eu não queria criar conflitos com os novos chefes. Eu já tinha trabalhado com muita gente preconceituosa e sempre que possível evitava voltar a trabalhar, mas nem sempre conseguia, o dinheiro deles era necessário em muitos momentos.

Meus pais sempre foram muito pacíficos com gente preconceituosa, evitando conflitos, mas me ensinaram a sempre estudar sobre minorias para que não acabasse como aquele povo de mente pequena. E nunca tive uma discussão sobre temas delicados com chefe algum, quando eram muito filhos da puta eu pedia demissão e saia da vida daquelas pessoas, mas tinha longas conversas sobre na faculdade, internet e talvez já tivesse batido boca com uma mulher no shopping quando ela riu de papai Aro comprando vestidos.

— Tem? — perguntei baixinho, ainda sem saber como tratar o assunto com Zoe e Joe, não sabia como eram os pais deles sobre o tema em questão.

— É a tia Rita — Joe contou, ele falou empolgado, então fiquei mais aliviada, aparentemente estava tudo em ordem sobre o tema naquela família.

— Elas vieram aqui no final de semana. — Zoe sentou na cama. — Ganhamos brinquedos, você quer ver, Bella?

— É hora de dormir, Zoe, volte a deitar por favor. — Ela resmungou, deitou, mas continuou falando.

— Você tem namorada também, Bella? A tia Ellen conheceu a tia Rita na faculdade, você também tá na faculdade, né?

— Estou sim, mas não tenho uma namorada.

— E um namorado? — Joe perguntou, ele estava mais sonolento do que sua irmã.

— Também não — sussurrei, pensei em Demetri, mas tecnicamente não tínhamos nada oficial ainda e ele não me respondia há alguns dias, aquilo tudo de distância era mesmo uma merda.

— Não se preocupa, alguém vai te namorar, Bella — Zoe falou e aquilo me fez rir. — Gostei de você — completou.

— Também gostei muito de vocês, crianças.

— Quer ser nossa babá pra sempre?

— Vai me querer de babá mesmo quando for adolescente?

— Vou, se você me der um pouquinho de sorvete agora, pode ser? — Fez sinal de positivo com a mão virada pra mim.

— Lamento, Zoe, mas não.

— Resposta errada! — Seu polegar foi para baixo, me dando uma negativa.

Bom, eu ri mais. Zoe era geniosa e Joe um fofo. Sonhei com o dia que teria filhos também, e implorei ao universo para o pai ser Demetri.

X

No último sábado de setembro aconteceu o primeiro jogo do California Golden Bears, em casa contra um time do Arizona. E estávamos sendo massacrados, nosso time estava jogando como se estivessem na escolinha e não na faculdade, meu pai iria fazer terror psicológico com eles no vestiário depois e torcia para isso, assim não perderíamos na próxima partida.

— Sabe, acabei de me dar conta de algo — Rosalie, que estava ao meu lado esquerdo, cochichou em meu ouvido. — O número da camisa do Edward é 13, justamente o dia do seu aniversário, isso só pode ser um sinal do destino sobre vocês dois.

— Nossa, cala a boca! — gritei com ela, minha amiga se afastou rindo. Ela gostava de futebol americano, mas aparentemente não tanto quanto eu que estava sofrendo pela derrota do nosso time.

— O que foi? — Jacob que estava ao meu lado direito perguntou.

— Nada — respondi e cruzei os braços na frente do corpo, julgando cada jogador de Berkeley naquele campo. Péssimos, terríveis, iríamos perder a temporada se eles não acordassem pra vida.

— Charlie vai me fazer ficar acordado a madrugada inteira ouvindo ele se lamentar sobre esse jogo — papai Aro que estava do outro lado de Jacob disse cabisbaixo.

— Nem me fala — Rosalie se inclinou para falar com meu pai. — Emmett não vai calar a boca, acho que vou fingir um desmaio.

— Cerveja! — Jasper reapareceu, trazendo em suas mãos três copos de cerveja, um para mim, outro para Rose e o dele. Meu pai não estava bebendo, já que tinha Jacob para ficar de olho e ainda iria dirigir.

Alice não tinha ido ao jogo, estava ocupada com um grupo de estudos. Provavelmente se divertindo mais estudando do que a gente naquele jogo.

Minutos depois, quando aquele suplício acabou, vi a fúria no rosto de Edward quando ele tirou seu capacete ao caminhar em direção à saída do campo. Ele, eu precisava admitir, tinha sido o melhorzinho no jogo daquela noite.

— Quer vir para casa com a gente? — meu pai perguntou para mim, as pessoas já deixavam as arquibancadas, reclamando pela derrota.

— Vamos para uma festa. — Apontei para Jasper e Rosalie, se na sexta tinha distraído minha cabeça sendo babá, no sábado iria fazer isso em uma fraternidade do campus.

— Pode deixar que ela vai ser bem cuidada, tio Aro — Rosalie prometeu. — Pelo Jasper, porque eu vou dar trabalho. — Meu pai não aguentou e riu da minha melhor amiga.

— Posso ir junto? — Jacob questionou esperançoso.

— Vai sonhando, mané! — Dei um tapinha na aba do boné dele.

— Isabella! — papai chamou minha atenção.

— Brincadeira, te amo. — Me abaixei e beijei a bochecha de Jacob. — Mas é uma festa pra gente grande.

— Vê se não bebe muito — papai pediu. — E vocês dois também tenham juízo — acrescentou para meus amigos.

— Pode deixar — nós três respondemos em coro.

Nos despedimos dele e de Jake, acabamos com as cervejas que Jasper tinha comprado e seguimos nosso caminho. Fomos andando do estádio para a fraternidade, com outras pessoas seguido para lá.

Mesmo com o time perdendo a festa estava de pé, um oferecimento de Garrett McNamara o líder da fraternidade e capitão da equipe de natação da universidade. Ao chegarmos lá o local já estava cheio, hip hop tocando nas caixas de som, gente se pegando e bebendo.

— Valeu — agradeci quando Jasper me mimou com mais cerveja, mas daquela vez de graça do balde ofertado pelo pessoal da fraternidade.

Mexi meu boné, colocando a aba para trás. Eu usava uma camiseta com o nome do time e calça jeans, nos pés tênis e na cabeça o boné que ganhei de papai Charlie antes do jogo, o de Jacob era também um presente do nosso pai.

— Então, o Masen está mesmo fora de jogo? — meu amigo perguntou no tom de voz mais baixo que conseguiu em meio a tanto barulho.

— Que saco, você e sua irmã não me deixam em paz. — Rosalie tinha parado para conversar com outras amigas na entrada da casa da fraternidade.

— Sou seu melhor amigo, preciso saber. — Ele apertou minha bochecha e afastei sua mão com um tapa. — Ei, sem agressão!

— Sim, tá? Eu não vou mais transar com ele, não quando o maldito estava querendo me comer como vingança — resmunguei e bebi um longo gole da minha cerveja.

— E o Demetri, já mandou mais mensagens?

— Nada — resmunguei mais. — Talvez meu destino seja morrer solteira, serei a tia encalhada da família.. — Dei de ombros. — Ouuuuu — estiquei a palavra.

— Ou? — Jasper arqueou uma sobrancelha.

— E se a gente fizer um pacto que iremos nos casar aos 30 caso não tenhamos ninguém até lá? — Jasper riu, jogando a cabeça pra trás e tudo, quis bater nele, mas talvez fosse ser meu futuro marido, era melhor eu pegar leve. — Tô falando sério, a gente nem precisa transar, só ter o status de casados.

— Casamento dos sonhos — ironizou. — Espera, você está apaixonada por mim e essa foi a forma que encontrou de tocar no assunto? — debochou, porque obviamente sabia que não sentia aquele tipo de coisa por ele.

— Jasper, quero casar e ter filhos, crianças fofas e engraçadinhas como os gêmeos que cuidei ontem. — Fiz um bico. — Mas esse ano minha vida tá um caos entre Mike e Demetri, vamos casar e adotar gêmeos, por favor?

— Você precisa é de comida pra lidar com essa cerveja toda — falou e me levou para comer Doritos na cozinha da fraternidade.

X

Eu estava com Jasper e Angela, mais alguns amigos do meu amigo na sala da fraternidade quando a comoção começou. O time de futebol americano estava chegando para a festa, Emmett entrou primeiro na casa e Rosalie que estava conversando com os meninos da fraternidade correu até ele e lhe deu um beijo como se os dois estivessem sem se ver há cinco anos.

Aos poucos os outros jogadores do time foram aparecendo e mesmo que tivessem perdido todos ali estavam comemorando a aparição deles, como se fossem estrelas do cinema cruzando o red carpet do Oscar. E eu estava chateada pela derrota, mas teria aplaudido também, só que me controlei para não dar moral ao último cara do time que surgiu.

Edward Masen, com a cara de poucos amigos dele. Já fora do seu uniforme, estava usando tênis da Nike, calça jeans preta, camiseta preta sem estampa e uma jaqueta de couro da mesma cor, parecia estar indo para um velório, mas tinha na cabeça um boné idêntico ao meu.

Nós nos olhamos por um segundo, antes de eu seguir para a cozinha com desculpa de ir atrás de um copo de água. Quando voltei para sala, indo atrás de Jasper e Angela, não vi minha amiga, nem os amigos de Jazz, ele estava em um novo grupinho, junto da sua irmã, o cunhado e o maldito Masen.

— Acho que seu pai só não matou a gente hoje porque lembrou que dá cadeia — Emmett foi logo falando quando parei entre ele e Jasper, ignorando olhar em direção a Edward, fingiria que o quarterback não existia, era assim que seria dali em diante.

— Você e o resto do seu time bem que mereciam — declarei, como se Emmett fosse o capitão e não o Masen.

— Volturi, será que podemos conversar lá fora? — Edward perguntou e dei tudo de mim para continuar o ignorando.

— Vou procurar a Angela, tchau Emm, Rose e Jazz — falei e me afastei indo atrás da minha amiga.

Uma hora depois Rosalie foi embora da festa com Emmett, iriam para o apartamento do McCarty, mas me ofereceram carona no Uber que o garoto pediu, eu recusei. A festa não estava lá essas maravilhas para mim, mas ainda estava cedo e não queria voltar para casa e ficar sozinha no apartamento numa noite de sábado.

Jasper estava de conversinha com uma garota que estudava administração com ele, então eu fiquei a maior parte do tempo com Angela, até um dos caras da fraternidade e ela subirem para o quarto dele. Acabei indo parar numa rodinha de conversa dos caras do time de futebol americano, Edward não estava ali e isso era ótimo, por mim ele podia se explodir.

— Ei. — Jasper apareceu e falou baixinho para mim. — A Fran e eu vamos pegar um quarto emprestado lá em cima, não vai embora sem mim, te deixo em casa depois.

— Beleza — concordei, deixando ele subir com a garota.

Voltei a prestar atenção na conversa dos meninos, um deles estava interessado em uma menina de Stanford e queria dicas de como conquistá-la.

— Qual dica você dá pro Tom conquistar ela, Bella? — Collin perguntou para mim.

Não era uma resposta fácil de se dar, eu não conhecia a garota, logo não sabia do que ela gostava ou não.

— Ai, acho que você pode perguntar do que ela gosta e lhe enviar algumas coisinhas assim, Tom — falei.

— O que um… — Collin começou a falar de novo, mas meu celular no bolso da calça vibrou e o peguei para ver o que era.

E quando vi um sorriso gigante tomou conta do meu rosto.

Demetri: Oi, foi mal o sumiço, a internet estava horrível por aqui. Mas hoje estou em um lugar com sinal melhor e pensei na gente se falar por vídeo. Tá podendo agora?

— Gente, foi mal, eu preciso ir agora — falei para os meninos, entreguei meu copo para Collin e saí apressadamente da casa indo para o jardim da frente, já respondendo Demetri.

Bella: Tô voltando para casa! Me dá alguns minutos? Pode ser?

Demetri: CLARO!

Demetri: Me avisa quando puder que eu faço a ligação.

Bella: PERFEITO.

Eu estava tão, tão feliz, mas tentei controlar a emoção para ser agil. Jasper estava transando e não iria o esperar acabar para ir embora, sendo assim comecei a tentar chamar um Uber, mas ninguém aceitava minha corrida.

Estava prestes a voltar para dentro da casa e perguntar se algum dos meninos do time estavam de carro — e sem beber — para me dar carona, quando o Emo apareceu e não tive tempo de desviar o olhar. Ele caminhou até mim, seus olhos verdes fixos nos meus.

— Podemos conversar agora, Bella? — questionou quando parou na minha frente.

— Não, eu tenho que ir para casa e fazer… Algo, mas não consigo um carro, então não vem me estressar mais. — Voltei a tentar que alguém aceitasse minha corrida, mas continuava sem nada.

— Te levo para casa — Edward falou, olhei para ele novamente e vi o Masen tirar suas chaves do bolso da jaqueta. — Não bebi nada, vamos?

— O que vai querer em troca?

— Só quero que me escute, eu não transei com você como um plano de vingança, tá bom? — Sua voz era baixa para que ninguém além de mim escutasse. — O beijo, como já falei, foi sim motivado por isso, e me desculpa, é que vi Mike lá e ou socava o nariz dele de novo, ou te beijava. E tomei a pior decisão, não que te beijar seja ruim — se corrigiu rapidamente. — Mas não te beijei com sua aprovação e sei que isso foi muito escroto.

Mordi o interior da minha bochecha, talvez ele estivesse mesmo sendo sincero, mas não queria mais transar com o Masen, não depois do beijo por vingança. De alguma forma, mesmo que não pelo sexo, ele tinha me usado para atingir outro homem.

— Não vamos voltar a… — sussurrei. — Você sabe, nós dois, nada disso. — Ele engoliu em seco, mas assentiu. — O que você fez foi mesmo muito escroto, então não quero voltar pra sua cama depois disso, mas posso te desculpar. Só que, seremos como antes do final de semana do meu aniversário.

— Dois vizinhos que se detestam?

— Exatamente — concordei. — Mas eu preciso mesmo daquela carona, pode ser?

Edward sorriu por uns três segundos e indicou com a cabeça a direção que deveríamos seguir, o carro dele estava no final da rua e assim que ele abriu as portas entrei no banco do carona, ansiosa para falar com Demetri por vídeo.

Já no carro, com Edward dirigindo, mandei uma mensagem para Jasper avisando que estava voltando para o prédio de carona com o Masen para falar com Demetri. Meu amigo, ainda transando, não respondeu, mas sabia que ele precisaria de notícias minhas depois para não achar que eu tinha evaporado.

Também enviei uma mensagem para Demetri, muito animada para em breve vê-lo na tela do meu celular.

Bella: Logo logo estarei em casa, ansiosa para te ver.

Enchi o final da mensagem com emojis de corações vermelhos. Ansiei pela resposta, mas ela não chegou logo, talvez ele tivesse tão ansioso quanto eu, esperando meu aviso de que poderia ligar.

— Mike te procurou? — Edward perguntou fazendo com que olhasse para ele.

— Não e acho que não devemos ficar batendo papo, isso não era algo que fazíamos quando éramos só vizinhos que se detestavam.

— Claro, como você quiser — murmurou, segurando com mais força o volante.

O resto do caminho até o prédio foi feito em silêncio sepucral, quando paramos no estacionamento não me importei em ser educada e agradecer, apenas fui saindo do carro dele. Edward seguiu atrás de mim, mas não próximo o suficiente para que seu corpo grande estivesse perto demais do meu.

Era bom ele ficar afastado, ainda era um gostoso que transava bem, mas eu precisava me manter longe da sua cama.

Entrei no meu apartamento também sem dizer nada para o jogador, sentei no sofá e vi que Alice tinha mandado mensagem em nosso grupo avisando que ainda demoraria mais para voltar do grupo de estudos. Eu avisei ela e Rosalie que já estava em casa, porque iria falar com Demetri.

Bom, esse era o plano, mas não foi o que aconteceu.

Bella: Oiiii, já estou em casa!

Mais emojis de coração e nenhuma resposta. Por meia hora fiquei sentada no sofá encarando meu celular, uma hora depois estava quase começando a chorar por ter levado um bolo de Demetri.

— Minha vida é uma piada — falei em voz alta, para ninguém afinal ainda estava sozinha no apartamento.

Levantei do sofá e fui para o banheiro, entretanto assim que abri a porta a noite piorou. Uma barata voadora que estava perto do chuveirou voou até a pia, eu gritei, mas consegui fechar a porta rapidamente.

— Não, não, não! — choraminguei, tremendo dos pés a cabeça por conta do susto e me dando conta de que o inseticida estava lá no banheiro, dentro do armario debaixo da pia.

Eu não tinha coragem de abrir aquela porta e lutar contra a barata com um sapato em mãos, ela voava. Seria uma luta injusta, alguém com um poder e uma simples humana comum.

Alice ainda iria demorar e era tão medrosa sobre aquelas pragas quanto eu. E Rosalie, quem não tinha medo de baratas naquela casa, só estaria no apartamento no dia seguinte.

Precisava pedir ajuda e a única pessoa que poderia fazer isso por mim estava no apartamento ao lado. Me afastei do banheiro, peguei o celular no sofá e a chave na porta antes de sair, tremendo ficar presa para fora como já tinha acontecido numa das lembranças mais vergonhosas da minha vida.

Respirei fundo duas vezes e toquei na campainha do 505, rezando para que Edward não fosse o único lá. Talvez Peter estivesse em casa para me ajudar, ou Benjamin já tivesse voltado da festa.

— Peter, Benjamin, Peter, Benjamin, Peter… — fiquei repetindo enquanto tocava a campainha mais uma vez, então a porta foi aberta, por Edward.

O Masen usava apenas toalha ao redor do corpo, o rosto estava vermelho e preso em uma expressão furiosa, que relaxou um pouquinho ao perguntar:

— Oi, o que foi?

— Preciso da sua ajuda, é a última vez que peço algo pra você, depois podemos voltar à nossa inimizade.

— Que tipo de ajuda? — questionou e seus olhos pasearam por meu corpo, eu dei um beliscão no braço dele.

— Porra, Bella! — reclamou.

— Não tô falando de nada sexual, tem uma barata no banheiro do meu apartamento, vai lá matar.

— Caralho, esse prédio é um inferno. Espera, vou só vestir um short e vou revolver isso.

Ele seguiu para seu quarto, fiquei esperando junto à porta do seu apartamento. Quando Edward voltou, notei que ele tinha mesmo ido apenas vestir um short, estava usando um de treino folgado, mas que ainda assim marcava algo que uma cueca daria uma disfarçada.

— Você não tem cueca? — perguntei sem pensar muito, ele fechou sua porta e rebateu:

— Por que você está olhando?

— Só mata aquela praga no meu banheiro — implorei.

Concordou com um aceno de cabeça e estendeu a mão para pegar minha chave, entreguei e Edward entrou no apartamento sozinho, preferi ficar do lado de fora. Alguns minutos depois ele reapareceu, com um pacote de M&M's em mãos.

— Ela está morta e o corpo foi desovado — anunciou. — E peguei isso como pagamento de cima do seu balcão na cozinha.

— Quem te deu essa permissão? — reclamei.

— Você tem uma caixa lá, Bella — protestou.

— Minha caixa, não sua. — Comprei a bendita caixa porque minha menstruação estava chegando e sabia que iria precisar de chocolate para sobreviver.

— Como disse, é meu pagamento.

— Odeio você — resmunguei e entrei no meu apartamento, batendo a porta com força.

No instante seguinte eu estava chorando, frustrada pelo bolo de Demetri e pelos hormônios bagunçando meu corpo.

X

No domingo Jasper e Alice me arrastaram para almoçar fora, Rosalie ainda estava com Emmett, então os dois tentaram me animar um pouco depois de ter sido ignorada por Demetri.

— Vai ver a internet dele deu problema de novo, amiga — Alice disse, mas não parecia muito certa disso.

— Tanto faz — resmunguei. — O que vamos fazer no seu aniversário? — mudei de assunto, o aniversário de 21 anos dela rolaria na sexta-feira e até aquele momento não tínhamos decido o que fazer na data.

— Ai, eu só quero sair para jantar, nós três, Rosalie e o Emmett se ele puder ir.

— O próximo jogo é fora da cidade, então acho que o sugar daddy da minha irmã não estará lá para pagar a conta — Jasper brincou e eu dei um pequeno sorriso ao escutar aquilo.

— Algum restaurante em mente? — perguntei para Alice e ela começou a falar de um mexicano que parecia bom, estava lhe escutando quando vi a tela do meu celular acender, tinha recebido uma mensagem.

O peguei e meu coração disparou, era Demetri.

Demetri: Bella, por favor, me desculpa! A internet estava boa, mas acabou a luz na cidade que eu estava e foi um completo caos. Juro que não queria ter te deixado na mão.

Não respondi, muito chateada naquele momento para isso. Desliguei meu celular e me concentrei na conversa com meus amigos.

X

A quarta-feira estava sendo infernal para mim, começando porque minha menstruação resolveu descer justo aquele dia. Pulei a academia e fui direto para o estágio, eu trabalhava com o professor de literatura inglesa, numa escola de ensino médio, e o homem era chato pra caramba.

— Você precisa melhorar sua caligrafia, Isabella — disse quando uma das aulas acabou. — Mal dá para entender o que está escrito — Felix falou, ele era um homem de quarenta e poucos anos, com quase dois metros de altura, perto dele me sentia uma criança, ainda mais com ele criticando minha caligrafia.

— Desculpa — murmurei. — Vou tentar melhorar.

— Tentar? Você precisa melhorar! — declarou, mas uma vez soando como se fosse o dono do mundo.

Eu assenti, ele estava certo. Sabia que minha caligrafia era uma bosta, meu começo de vida escolar não tinha sido o melhor, o que implicava em não ter uma letra perfeita, então isso era realmente um problema que precisava corrigir logo.

— O que achou da minha explicação? — perguntei temerosa, a aula tinha sido sobre O Grande Gatsby e achei que tinha mandado bem, mas talvez não.

A única resposta de Felix foi dar de ombros e pedir:

— Pega um café para mim antes da próxima aula?

E eu fui, querendo que o estágio fosse o mais tranquilo possível e o professor não me achasse uma chata.

Depois do estágio tive de ir para a universidade ainda, e claro que uma professora resolveu piorar o dia com um teste surpresa. Demetri, que estava mandando mensagens desde domingo, querendo que eu voltasse a falar com ele, enviou mais algumas, só que segui ignorando, ainda sem saber o que fazer quanto ao bolo que tomei, por mais que ele tivesse a desculpa da falta de luz. Para finalizar aquela quarta-feira, eu estava na lanchonete quando Edward apareceu, sozinho e sentou ao balcão, perto de onde eu estava limpando.

— O que você vai querer pedir? — questionei, sem me importar em ser educada, afinal tinhamos voltado para o que éramos antes, inimigos.

— O número cinco, com uma Coca-Cola e batatas fritas — respondeu, mexendo no celular e parecendo irritado com algo. Ele usava um moletom do time, calça jeans e tênis, os cabelos ainda estavam molhados, deveria ter acabado de deixar o treino do dia.

— Tá. — Anotei o pedido dele e levei para a cozinha, depois voltei a limpar o balcão e ainda estava fazendo isso quando Collin surgiu, o garoto de 19 anos parecia estar ansioso com algo, mas se distraiu rapidamente quando viu o quarterback.

— Ei, cara! — Parou ao seu lado.

— Oi. — Edward guardou o celular no bolso rapidamente. — Veio falar comigo? — perguntou confuso.

— Na verdade vim falar com a Bella. — Escutei aquilo claramente de onde estava e fiquei preocupada, era algo com meu pai?

— Charlie está bem? — me aproximei dos dois, mas meus olhos estavam fixos em Collin.

— Sim, tá sim! — Collin confirmou. — É que… — Ele sorriu de orelha a orelha. — Vim perguntar se você aceita sair comigo qualquer dia desses, o que me diz?

Beijos!
Lola Royal.
25.12.22