Oi, gente. O capítulo tava ficando bem grande, sendo assim decidi dividir, a segunda parte deve vir em breve. Boa leitura!


Capítulo Dez (parte I)

Meu Vizinho e o Hotel

Fiz o que uma pessoa sensata faria: me afastei de Edward. Caminhei até minha moto e o ignorei, porque nem com tudo pago iria para um hotel com ele.

— Bella. — Ele, obviamente, me seguiu. — Espera, vamos conversar melhor — pediu, enquanto eu arrumava tudo na minha moto para deixar o estacionamento. — Esquece o que falei, tenho uma ideia melhor.

E sim, eu era sensata, mas acabei olhando para o rosto dele para escutar seu novo plano.

— Leva a Rosalie, ou Alice, com você para o hotel, um presente meu, vai e se diverte com alguma das suas amigas. Só não quero ir sozinho, nem quero cancelar a reserva e deixar essa grana toda perdida num limbo.

— E você prefere me dar um presente? A gente se odeia! — O lembrei daquele pequeno fato entre nós dois. Okay, no geral nos odiávamos, não teve muito ódio quando estávamos transando, talvez só um pouco de vingança da parte dele, mas da minha era puro tesão.

— Seria uma forma de me desculpar por aquele beijo — murmurou e eu gargalhei, de raiva.

— Muito legal da sua parte, beija garotas por um plano estúpido e depois paga hotéis para elas. Você tem muita grana sobrando, né? Deveria pegar esse dinheiro todo e se mudar, estaria me fazendo um favor. — Enfiei o capacete na cabeça.

— Isabella…

— Tchau, Masen!

X

Jasper foi o primeiro a reagir quando, naquela noite, contei sobre a proposta de Edward para ele, Alice e Rosalie.

— Eu vou com ele!

— Jasper — a irmã dele disse rindo.

— É sério, um final de semana em um hotel com tudo pago? Tô dentro! — meu amigo frisou, pegando mais um sanduíche que Alice entregou para ele, estávamos todos na pequena cozinha do apartamento que eu dividia com as garotas.

Eu tinha acabado de voltar do trabalho e levei comida da lanchonete para todos, Jasper estava lá desde cedo porque Alice estava o ajudando com um trabalho da faculdade. Rosalie tinha voltado de um grupo de estudos minutos antes de eu chegar, então todos estavam bem cansados, famintos, mas interessados na história do hotel que contei.

— Quais os planos de vocês para o feriado? — perguntei, mudando levemente o assunto.

— Emm e eu decidimos hoje que vamos visitar a mãe dele em Los Angeles — Rosalie contou.

— Vou com vocês, irmã — Jasper avisou.

— Não te convidamos, Jazz. — Ela deu uma batidinha no ombro dele.

— Mas você vai me levar, porque me ama. — Beijou a bochecha dela. — E sabe que amo Los Angeles.

— Meus pais mandaram mensagem agora a pouco, eles vão conseguir vir me ver — Alice contou animada. Os pais dela moravam em uma pequena cidade na Carolina do Norte, então não era tão simples para os dois conseguirem visitar a filha frequentemente, ainda mais porque os Brandon estavam longe de nadarem em dinheiro, a mãe de Alice trabalhava meio período como secretária em uma clínica odontológica e no resto do tempo cuidava dos filhos mais novos, e o pai da minha amiga era mecânico, porém não tinha sua própria oficina. — Minha tia vai cuidar dos meus irmãos. Rosalie, eles iriam ficar em uma pousadinha por aqui, mas já que você vai estar fora com o Emmett será que eles podem ficar no seu quarto? Assim eles economizam o dinheiro de hospedagem. Prometo que não vão mexer em nada e vou limpar tudo antes de você voltar.

— Claro que podem — Rosalie respondeu de boca cheia. — Minha cama não é lá muito confortável, mas se sustenta Emm e eu dá conta dos seus pais, acho que eles não tem muitas posições diferentes no sexo, né?

— Você é nojenta! — Jasper e eu exclamamos juntos para ela, enquanto Alice resmungava.

— Obrigada, Rose. Mas não precisava falar dos meus pais transando.

— Ao seu dispor, amiga. — Rose piscou para ela e focou em mim em seguida. — E aí? Vou levar o Jasper já que aparentemente estou presa com ele pelo resto da vida, Alice vai estar com os pais dela e quais serão seus planos? Presumindo que não vai mesmo aceitar o convite do Edward.

— Acho que vou pra casa dos meus pais. — Dei de ombros.

— Viu, Alice? O quarto da Bella vai estar vago também, mais um lugar para seus pais transarem! — Rosalie gritou.

X

Tinha acabado de entrar no meu quarto, depois de um banho maravilhoso, quando papai Charlie me ligou. Peguei o celular e coloquei no viva voz, enquanto secava um pouco os cabelos com a toalha antes de pegar o secador.

— Oi, pai!

— Oi, filha. Como você está?

— Estou bem? E por aí?

— Tenho notícias péssimas! — ele exclamou e eu gelei, mas escutei ao fundo papai Aro gritar:

— Charlie, não assusta a menina!

— O que está acontecendo?

— Seus avós nos convidaram para passar o final de semana com eles, na vinícola, seu pai traidor e seu irmão facilmente influenciado disseram que querem ir — Charlie contou, nada contente.

— Que fique claro que é um final de semana numa vinícola, obviamente eu não iria dispensar uma oportunidade dessas — papai Aro falou, sua voz soando mais perto. — Bella, você vem com a gente.

— Não, não vou! — Eu preferia ficar encarando as paredes do meu quarto durante todo final de semana a ir passar aqueles dias com meus avós insuportáveis.

— Olha, sei bem que eles são… Complicados, mas os dois tem tentado ficar mais próximos.

— Eles nem conseguem se referir a você como meu marido, Aro — Charlie esbravejou. — Te apresentam como meu amigo.

— Eu sei, querido, como sei, mas são seus pais e avós das crianças, podemos passar um final de semana com eles — Aro falou para Charlie e senti que não deveria estar no meio daquela discussão dos dois, mas não seria a primeira vez de uma conversa mais acalorada de ambos sobre aquele tópico. Papai Aro, apesar de todo preconceito dos meus avós, ainda tentava nos manter como uma grande família, uma forma de nos fazer aproveitar o tempo com os Swan, sabia bem que por conta dele ter perdido seus pais cedo. — Bella, por favor, vem com a gente — pediu carinhosamente para mim.

Só que não, eu não toparia isso.

— Não posso, pai, já combinei algo para o feriado — respondi, agradecendo por ser uma ligação por voz e não por vídeo, ou iriam ver a mentira estampada em meu rosto.

— O quê? — os dois me questionaram.

— Eu conto melhor amanhã, tá? — falei, sem ter ideia de qual seria meu novo plano para o feriado. — Preciso mesmo secar meus cabelos agora e dormir, foi um dia muito cheio. Amo vocês!

— Também te amo, garota — papai Charlie disse.

— Vê se amanhã explica mesmo esses seus planos para o final de semana, viu? — papai Aro disse extremamente desconfiado. — E eu te amo, sonha com a Gaga.

Sorri, demos tchau e a ligação foi encerrada.

Sentei na cama e cogitei minhas opções:

1. Me enfiar na viagem de Rose e Emmett, ser mais uma não convidada como Jasper. Talvez o casal até ficasse chateado com minha intromissão.

2. Ficar no apartamento com Alice e os pais dela. Os Brandon, que eram legais, mas não o suficiente para me manterem entretida por um final de semana.

E a terceira opção…

— Não acredito que estou mesmo cogitando isso — sussurrei para mim mesma e ainda com o celular em mãos enviei uma mensagem.

Bella: Você tá no seu apartamento? Vem aqui em casa, precisamos conversar!

Segundos depois ele respondeu, parecia estar com o celular grudado em si.

Emo: Indo!

Nem me dei ao trabalho de trocar meu roupão, apenas o apertei mais ao meu redor e saí do quarto para abrir a porta. Jasper já tinha ido embora, mas Alice e Rosalie estavam na sala assistindo TV e mexendo nos seus celulares.

A campainha tocou e elas olharam para mim confusas. Xinguei baixinho, mas não expliquei, abri a porta e indiquei que Edward entrasse, para ele falei:

— Vai pro meu quarto.

E para as meninas disse:

— Não é o que vocês estão pensando.

— Ah, é sim! — Rosalie sorriu, revirei os olhos e segui atrás de Edward, que obviamente já estava indo até meu quarto, em total silêncio.

Ele usava uma calça de moletom preta e uma camiseta branca básica. Os cabelos estavam uma bagunça total, nada nos pés e o celular em sua mão direita era segurado com firmeza.

Entramos no meu quarto e tranquei a porta.

— Você cancelou a reserva?

— Não.

— E arranjou alguém pra levar? — Cruzei os braços na frente do corpo.

— Não. Ia oferecer amanhã, por metade do preço, para Peter levar a namorada, mas não cheguei a falar nada com eles. Você quer levar alguma das meninas? Minha proposta ainda está de pé e não vou te cobrar nada.

— Elas tem planos para o final de semana.

— Claro.

— Mas, talvez, eu vá com você. — Os olhos dele arregalaram um pocuo.

— Tá falando sério? — Sentou no cantinho da minha cama, o celular apertado entre ambas as mãos naquele instante.

— É realmente um bom hotel e vou poder fugir de você lá? — Edward riu um pouco com minha pergunta, mexeu em seu celular e depois me entregou ele, peguei hesitante e vi que tinha colocado nas fotos do hotel em Palo Alto.

O lugar era mesmo lindo, várias piscinas, SPA, salão de jogos, três restaurantes e o quarto parecia incrível.

— Você dorme no sofá! — declarei.

— Claro que sim — ele concordou e pegou o celular de volta. — Você vem mesmo?

— Sim, mas eu quem vou escolher as músicas de ida e volta no carro — avisei, Edward revirou os olhos, mas assentiu. — E lá vamos passar o máximo de tempo possível afastados, com certeza nada de sexo. — Ele fez uma careta, porém novamente concordou com um aceno de cabeça. — Sem postagens sobre nas redes sociais, as únicas pessoas sabendo serão nossos amigos e meus pais.

— Opa, calma aí! — Voltou a ficar de pé. — Precisamos mesmo contar para seus pais que você estará comigo?

— Sim, não quero mentir para eles. Vai que você me mata e a última coisa que falei para os dois foi uma mentira completa.

— Não vou te matar, Isabella.

— Vai saber. — Cruzei os braços na frente do corpo. — Vou falar que ficaremos em quartos separados, no entanto, eles não precisam saber esse detalhe da verdade e direi que tô pagando uma parte, porque os dois vão chutar sua bunda se eu falar que estou indo com tudo pago porque está se sentindo culpado pela história da vingança.

— Bella, eu…

— Temos um acordo? — O calei e estiquei uma mão.

Edward bufou, mas apertou minha mão.

— Temos um acordo.

X

Encontrei meus pais na quarta-feira, antes de ir para o trabalho, no escritório de papai Aro, precisava falar sobre a viagem até Palo Alto com Edward. Minha desculpa perfeita para fugir da viagem em família com os Swan.

Papai Charlie já estava lá quando entrei na sala, os dois bebiam café e comiam biscoitos. Fui logo pegando um, tinha sido um dia intenso de aulas e nem tive tempo de parar para almoçar.

— Você não almoçou, né? — papai Aro perguntou ao perceber meu relapso com minha alimentação por mal falar com eles e estar logo enchendo a boca com biscoitos.

— Não — respondi depois de engolir. — Mas vou comer algo mais substancial quando chegar no trabalho, prometo.

— Acho bom — falou. — Então, qual sua desculpa mirabolante para não ir viajar conosco?

— E como posso participar dela para também não precisar ir até essa vinícola? — papai Charlie questionou e sorriu para mim.

Isso me fez rir, talvez ele fosse mesmo adorar viajar com Edward.

— Vou para Palo Alto.

— Com quem? — questionaram juntos. — Não me diz que é com Mike! — Charlie exigiu.

— Não, óbvio que não.

— Alguma das meninas? — Aro indagou.

— Não, na verdade é com o Edward. — Papai Aro ficou em choque, Charlie riu alto e exclamou:

— Finalmente vocês viraram amigos!

— Não viramos amigos — murmurei. — Só concordamos em algo, mais ou menos… Enfim, ele viu uma promoção nesse hotel legal em Palo Alto, acabou comentando comigo e gostei da ideia de ir passar o final de semana lá. Fizemos as reservas dos quartos juntos e vamos dividir a gasolina até lá, só isso. — Na noite anterior, antes dele sair do meu apartamento, tínhamos combinado direitinho todo aquele papo para ele saber o que eu iria falar caso meu pai o interrogasse.

— E vai viajar justamente com o garoto que vive em pé de guerra com você? — Aro indagou ainda chocado. — Por que não com seus amigos?

— Todos tem planos. É só uma divisão de custos com o Masen, tá? Ele vai ficar no quarto dele, eu no meu e só vamos estar no mesmo carro, basicamente. Quero aproveitar o final de semana para descansar à beira da piscina com um bom livro, sozinha, apenas isso. — Dei meu melhor sorriso para os dois, mas também me sentia mal pelas inverdades no meu discurso, só que não poderia falar a verdade completa.

— Você deveria ir conosco para a vinícola — Aro insistiu.

— Não, vá e fuja dessa tortura que será os dias na vinícola! — Charlie apontou para a porta, segurei uma risada.

— Charlie! — Aro fez cara feia para ele.

— São meus pais, posso falar mal daqueles dois o quanto quiser. — Charlie pegou um biscoito e piscou para o marido. — Vá para Palo Alto e divirta-se muito com o Edward, Bella.

— Vou me divertir sozinha, aquele lá é insuportável.

X

Sem treinos, aulas, trabalhos e estágios para o resto do dia, Edward e eu conseguimos marcar de sair de Berkeley às quatro da tarde. Estava no meu quarto, terminando de arrumar minha mala, quando Rosalie apareceu com uma caixinha de camisinhas em mãos e colocou perto de mim.

— Presente meu para você.

Resmunguei, peguei a caixa e tentei lhe devolver, mas a loira colocou os braços atrás do corpo.

— Bella, leva.

— Não vou transar com o Edward.

— Okay, pode até não transar com o Masen, mas pode conhecer outro cara e querer foder com ele, vai que o dito cujo não tem camisinha. Vai ficar passando vontade? Ou sair pra comprar no meio do momento? Transar sem? É sempre bom estar prevenida, nós duas fomos filhas de gestações não planejadas, sabemos como todo cuidado é pouco. E ainda tem as doenças!

Suspirei alto e olhei para a caixa, com medo de levar e cair na tentação de transar com Edward. Mas, minha amiga estava certa, eu precisava me prevenir.

Coloquei a caixa na mala e vi Rosalie sorrir de orelha a orelha.

— Use todas com o Edward — provocou.

— Odeio você! — exclamei.

— Odeia nada. E sabe que qualquer coisa é só gritar, tá? Vou estar em Los Angeles, mas se preciso volto correndo por você. — Sorri em agradecimento, sabia que era mesmo capaz dela largar tudo lá se eu chamasse por sua ajuda.

— Que horas saí o voo de vocês mesmo? — Obviamente Emmett tinha comprado passagens de avião para si, sua namorada e seu cunhado, então não precisariam ficar todas aquelas horas presos em um carro até Los Angeles.

Agradeci que o caminho entre Berkeley e Palo Alto era bem curto, assim eu não precisaria passar muito tempo num carro com o meu maldito vizinho.

— Às oito — ela respondeu. — Mais tarde Jasper vem pra cá e Emmett nos busca aqui para irmos até o aeroporto. Ei, não leva esse pijama feio! — Apontou para o pijama comprido e com estampas de flores grandes que eu colocava na mala.

— Não é feio.

— É muito feio.

— Deixa de ser chata.

— Parece pijama de vó, Bella!

Nós duas gritamos por Alice, nossa amiga apareceu ali para desempatar nosso dilema.

— Eu acho um pijama lindo.

— Viu, Rose?

— Vocês duas tem um péssimo gosto — minha amiga declarou. — Fora que ele não é nada funcional para o sexo, precisa tirar essas calças compridas pra…

— Não, não, não — a interrompi. — Já falei que não vou transar nessa viagem.

— Não vai mesmo? — Alice perguntou baixinho.

— Eu não vou! — Fechei minha mala. — Estou indo para ficar nas piscinas, curtir o SPA e dormir numa cama king size, apenas isso.

— Aham, claro — Rosalie debochou.

— Demetri sabe que você tá indo viajar com outro cara? — Alice perguntou sentando na minha cama, os pais dela chegariam na manhã seguinte, então depois que Rosalie e eu saíssemos ela teria o apartamento só para si e poderia ficar na paz que tanto amava.

— Não — neguei. — Só falei que vou viajar e que talvez não consiga responder ele com frequência. — Demetri já tinha voltado para a cidade com internet ruim, então não tínhamos mais nos falado por chamada de vídeo, mas trocavamos mensagens todos dias, mesmo que nossos horários não batessem e demorassemos para responder um ao outro. — Mal vejo a hora dele vir para cá.

— Sim, estamos vendo, está tão ansiosa por isso que vai viajar com o cara que estava transando até dias atrás — Rosalie comentou e eu mostrei o dedo do meio para ela. Além do mais, não precisava contar sobre a viagem inocente para Demetri, tecnicamente ele e eu ainda não estávamos namorando. — Dormindo com ele no mesmo quarto, o vendo passar de um lado para o outro apenas de cueca, apenas isso.

Edward e eu não tínhamos contado para nossos amigos sobre o pedido de casamento que ele faria para Kate naquela viagem, se ainda estivessem juntos. Apenas falamos que o Masen tinha aquele quarto reservado há algum tempo e que propôs que eu fosse junto, uma forma de compensação pelo que nossos exs tinham feito meses atrás. Mas, frisamos que não iríamos dormir na mesma cama, não que devêssemos satisfação para qualquer um.

— Espero que vocês duas tenham um excelente final de semana — falei, preferindo ignorar as provocações de Rosalie.

Vinte minutos depois Edward tocou a campainha do meu apartamento, estava usando calça jeans, tênis, uma camiseta do Blink-182 e o boné do time de futebol americano. Como de costume, ele também estava sério, e foi logo questionando.

— Não podemos mexer no acordo quanto a escutar Lady Gaga?

— Não, já está acordado! — Ajeitei meu próprio boné do time na cabeça. No entanto, eu aproveitei que o clima estava ótimo e coloquei um vestido branco, que ia até a altura dos meus joelhos, com mangas e rodado, nos pés saltos altos, para que chegasse ao hotel bem vestida, lá tiraria o boné que deixava o visual muito despojado. — E você também vai descer com minhas coisas, isso está estabelecido no acordo. — Apontei para minha mala e mochila que já tinha deixado ali perto da entrada.

Edward resmungou, mas tirou minhas coisas do apartamento, ele só estava levando uma mala de mão.

— Ei, cuida bem da minha amiga! — Rosalie exclamou da sala.

— Não prometo nada — Edward respondeu ainda irritado.

Me despedi das meninas e desci com ele, que ficou reclamando do peso enquanto descia com minhas coisas e sua mala pequena. No estacionamento, dei tchau para minha moto e entrei no carro do Masen quando ele guardou tudo.

Antes de qualquer outra coisa, coloquei Lady Gaga para tocar no som do carro.

— Queria que um raio me atingisse. — Edward reclamou olhando para o céu, completamente limpo. — Aparentemente não sou sortudo assim.

— Deixa de reclamar, estamos escutando a melhor cantora do mundo. Você deveria ser grato por viver na mesma época do que Lady Gaga, Masen.

— Sim, grande benção essa — debochou e começou a dirigir depois de colocar o celular, já com o mapa aberto, no suporte do carro. — Coloca o cinto, não quero que morra, só o que me faltava era ser preso por sua culpa.

X

Em dias normais o caminho de carro entre Berkeley e Palo Alto, outra cidade californiana mesmo, durava cerca de uma hora. No entanto, com pessoas indo de um lado para o outro, querendo aproveitar o feriado prolongado que o Dia de Colombo na segunda-feira permitiria, pegamos trânsito e ficaríamos mais de uma hora naquele carro.

— Já estamos a quarenta minutos escutando Lady Gaga, muda — Edward implorou.

— Não — neguei, enquanto lia um romance cheio de putaria no meu Kindle. O silêncio até ali só tinha sido quebrado por todas as vezes que Edward abria a boca para reclamar das músicas tocando, ou do trânsito caótico.

— O que você tá lendo? Dicas de como torturar seu vizinho?

— Não é da sua conta — respondi sem desviar os olhos do Kindle, mas choraminguei quando vi a bateria acabando.

Rapidamente fechei a capa do Kindle, tirei meu cinto e comecei a vasculhar na minha mochila no banco de trás, procurando pelo carregador.

— O que foi agora, Volturi?

— Preciso do carregador do meu Kindle, mas não tô achando.

— Senta e coloca o cinto, não quero levar multa.

— Estamos parados. — Continuei procurando.

— Bella, senta e coloca o cinto, é sério!

— Ai que merda! — reclamei e voltei a sentar, colocando o cinto. — Acho que o carregador tá na mala lá atrás. E o único livro físico que trouxe também. Vou ter que ler no celular. — Peguei meu celular e claro que ele também estava quase sem bateria. — Ótimo, tudo meu está descarregado.

— Isso quer dizer que irá ficar sem bateria no seu celular e Lady Gaga vai calar a boca? — Edward sorriu pela primeira vez naquele dia.

— Não, vou colocar a playlist pelo seu celular!

— Nem pensar, você não vai bagunçar o algoritmo do meu Spotify.

— Cadê seu carregador então? — Porque claramente o carregador do meu celular também estava no porta malas.

Ele resmungou e olhou para trás.

— Acho que tá na minha mala também.

— Será que não tá aqui? — questionei e fui abrindo o porta luvas, paralisando um pouco quando vi uma caixinha de jóias, mais especificamente de um anel. — Ah — murmurei, Edward resmungou mais e fechou o porta malas.

Ficamos em silêncio, parcial já que Lady Gaga ainda cantava, por uns minutos, até eu perguntar:

— É o anel que você ia usar para pedir a Kate em casamento?

— Não é da sua conta.

— Estúpido!

— Eu? Você me deu a mesma resposta ainda a pouco.

— É o anel? — insisti.

— É, Bella!

— Por que você não devolveu?

— Ia me sentir um otário fazendo isso. — Apertou o volante com força ao responder, seus olhos fixos no carro da frente. — Comprei no dia do meu aniversário, um mês depois ela me traiu. Só de pensar em voltar na loja e devolver, ver a expressão de pena na cara das pessoas. — Engoliu em seco. — Não preciso disso, a pena dos outros. Ai coitadinho do Edward, foi abandonado — disse a última parte afinando a voz para parecer outra pessoa falando e fechou os olhos com força por alguns segundos.

— Eu entendo o sentimento muito bem — murmurei, pensando no quanto já tinha sido abandonada naquela vida. — Mas vai ficar por aí andando com um anel no carro? Ou vai esperar até encontrar a mulher certa e usar o mesmo anel para pedir ela em casamento?

Edward riu, mas não era uma risada bem humorada, dava para sentir a tristeza emanando.

— Não vou me apaixonar mais, muito menos casar, só quero focar na minha carreira agora.

— O futebol americano — completei, ele ficou em silêncio e apenas tirou seu boné.

O trânsito andou um pouco e Edward seguiu o fluxo. A música parou, meu celular tinha descarregado por fim, resmunguei e joguei o aparelho no porta copos entre os bancos.

Edward mexeu em seu celular e começou a tocar o que reconheci como My Chemical Romance, emo antigo, uma chatice.

— Não, a Gaga! — protestei.

— No meu Spotify? Nem se você me pagasse um boquete! — rebateu.

— Muito educado, um verdadeiro lorde!

Duas músicas depois, sugeri:

— Posso entrar na minha conta do Spotify pelo seu celular, que tal?

— Não.

Três músicas depois não aguentei, estava morrendo de curiosidade para ver o anel. Abri o porta luvas e peguei a caixinha.

— Bella, devolve.

— Só vou olhar rapidinho.

E espiei o anel, que pelo nome na caixa era de uma loja cara. Era de ouro branco, alguns cristais cobriam parte do aro e no centro um diamante pequeno, mas que com certeza deveria ter custado uma nota, era lindo.

— Talvez eu veja uma forma de vender, sei lá, a essa altura nem vão aceitar devolução na loja. Posso usar o dinheiro pra algo útil — Edward disse baixinho, olhei para ele, o trânsito tinha parado de novo e seus olhos estavam direcionados para a jóia em minhas mãos.

— É muito bonito. Como você iria fazer o pedido?

Ele respirou fundo e me olhou.

— Nada muito megalomaníaco. Iria acordar ela amanhã com o anel e fazer o pedido. Sem coisa escrita em prato, fogos de artifício ou flash mob.

— Acho meio estranho os pedidos de casamento em datas comemorativas — admiti.

— Por quê?

— Bom, porque pode dar errado. E aí aquela data de comemoração vai ficar marcada por algo que não deu certo.

Ele franziu o cenho.

— Não pensei nisso — confessou. — Felizmente Kate arruinou tudo antes, né? Que maravilha. Pode guardar o anel agora?

— Posso experimentar? — perguntei, sabendo que estava sendo muito cara de pau naquele momento.

— O quê? Não!

— Por favor, rapidinho! — Antes dele falar qualquer outra coisa coloquei o anel no meu dedo anelar da mão esquerda. Entrou fácil, Kate e eu aparentemente tínhamos o mesmo número.

Sorri de orelha a orelha, girando minha mão para analisar o anel melhor. E fantasiei sobre Demetri me dar um anel de noivado um dia, nem precisava ser tão caro quanto aquele, casaria com aquele homem até se os anéis fossem de papel, como diria Taylor Swift.

— Você quer o anel? Te vendo. — Edward propôs, eu ri e olhei para ele, vendo que meu vizinho estava sorrindo. — Aceito até pagamento parcelado.

— Não vai rolar. — Guardei o anel de volta na caixinha dele e depois ela no porta luvas. — Vende pro Emmett, é quem mais tem dinheiro pra comprar algo assim.

— Ou vendo pro Collin te pedir em casamento, um belo casal trumpistas — provocou e bati no braço dele, Edward gargalhou.

— Como você sabe dessa história?

— Emmett é rico e fofoqueiro, me falou porque o encontro não deu certo. Não estou surpreso de que Collin é pró Trump. — Fez uma careta. — Não que os políticos democratas sejam anjos, mas caralho, um republicano? Sem condições!

— Pois é, eu sei! — Tirei meu boné e penteei um pouco, com os dedos, meus cabelos. — Quase surtei quando ele começou a falar do Trump.

— É um babaca.

Ficamos falando mal de Collin por um bom tempo, até o trânsito lento nos cansar e acabarmos em silêncio, Edward apenas cantarolava um pouco junto às suas músicas de Emo. Eu tinha meu Kindle em mãos, triste pra caramba que a bateria tinha acabado bem no momento que o CEO gostosão e sua melhor amiga estavam começando a fingir que estavam noivos, tudo um plano para agradar os pais de ambos.

Já estávamos há quase duas horas no carro quando o celular de Edward tocou, pausando a música, ele xingou, mas atendeu no viva-voz.

— Alô!

— Senhor, Masen. — Uma voz feminina soou pelo alto falante. — Sou Ashley, recepcionista do hotel Paradise Palo Alto, o senhor está uma hora atrasado para sua entrada, se chegar aqui em vinte minutos conseguimos lhe colocar no quarto, mas se passar disso infelizmente teremos que cancelar sua reserva.

Edward olhou indignado para o aparelho e eu me tremi toda de raiva, ainda tínhamos pelo menos mais uns trinta minutos até lá.

— Ashley, isso não é justo, é sexta-feira de um final de semana prolongado, tudo está caótico nas ruas — Edward falou, irritado, mas controlando seu tom de voz para não ser grosseiro. — Já paguei por tudo há meses, tentei cancelar outras vezes com reembolso, mas não consegui e agora você me diz que tenho só vinte minutos para chegar?

— Lamento, senhor, mas são as políticas de atraso e cancelamento do hotel, todas estavam presentes no contrato que assinou.

Eu estava puta, não era nada justo. Iríamos perder a reserva mesmo? Iríamos voltar para Berkeley? Encarar mais trânsito? Iria passar o final de semana entediada no meu apartamento com os pais de Alice? Ou sozinha na casa dos meus pais?

— Ashley, sou Isabella Volturi — comecei a falar, tentando resolver a situação e no instante que abri a boca pensei no plano perfeito, lembrando de algo que vi no site do hotel no dia anterior, antes de dormir, quando entrei nele para ficar babando em tudo que ofereciam.

"Faça seu casamento conosco!"

— Edward e eu acabamos de ficar noivos e estamos indo até aí para comemorar, vocês não podem cancelar nossa reserva! — Fingi estar profundamente triste, ousei olhar para o Masen e pelo seu olhar sabia que se ele não fosse acabar preso, teria me assassinado naquele instante. — E estávamos agora mesmo conversando sobre como o hotel parece excelente para realizarmos nosso casamento no ano que vem, não estrague nossos planos assim. — Continuei o drama, Edward fez um gesto de mão para eu parar.

— Ah, vocês estão noivos? — Sua voz soou culpada.

— Noivamos hoje de manhã! — exclamei e funguei, era uma péssima atriz, mas por ligação parecia mais fácil fingir.

E enredos com pessoas fingindo serem namoradas, noivas ou casadas, eram um dos meus preferidos. Já tinha consumido muito material daquele tipo, e sim a vida não era como a ficção, mas poderia ver até onde a ficção e realidade poderiam andar de mãos dadas.

— E estamos sonhando em ir para o hotel de vocês comemorar, sabe? — Edward não aguentou e bateu a testa no volante, eu me senti culpada pelo estado puto dele, mas estava tentando salvar o final de semana para ambos. — Seria tão especial, ainda mais com nosso plano de casar aí, sabe? Mas agora… Tudo está arruinado! — Funguei mais. — Vamos acabar tendo que dormir no carro, no dia mais especial das nossas vidas.

— Não, não — Ashley disse rapidamente. — Escutem, eu não consigo segurar a vaga do quarto de vocês por muito tempo, tem hóspedes de última hora querendo, mas consigo lhes transferir para outra suíte. Uma muito melhor, garanto.

Isso significava mais dinheiro, Edward olhou para mim, novamente fazendo gestos com a mão para eu encerrar aquilo.

— Não vamos pagar mais, Ashley, é tão injusto!

— Não, não, vocês não irão pagar mais. Eu irei conversar com nosso gerente, explicar a situação e lhes colocar na suíte pelo valor que já pagaram, certo? E me permitam marcar uma hora com a nossa organizadora de casamentos para amanhã, sem compromisso, o que me dizem?

— Perfeito, Ashley — topei na hora, contente que minha mentirinha tinha surtido um efeito tão bom quanto aquele.

— Maravilhoso, estamos esperando por vocês.

— Tchau, tchau. — Desliguei e no mesmo instante Edward gritou:

— Como eu acabei virando seu noivo!?


Beijos!

Lola Royal.

08.01.23