Olá!

Gatilhos para abandono parental, luto e traição nesse capítulo.


Capítulo Onze

Meu Vizinho Rico

Edward estava meio verde, o que era de se esperar, já que aparentemente o pai dele tinha ressuscitado e estava ressurgindo bem ali na sua frente. Uma onda de raiva tomou conta de mim, sabendo que não tinha ressurreição porra nenhuma e que o Masen tinha mentido e quem mentia sobre o próprio pai estar morto?

— Vão dizer alguma coisa? — o tal Eleazar questionou, forçando uma risada, mas seu olhar era fatal. Os homens com ele pareciam entediados, enquanto o garçom muito curioso com o que estava rolando e esse era um problema. Como eu diria para o Masen pai que não era noiva do filho dele sem o garçom fazer fofoca pelo hotel? No momento que a gerência descobrisse sobre nossa mentira teríamos de pagar a diferença pela cabana.

Bom, talvez Eleazar pagasse pela mentirinha do filho e minha, parecia um homem com grana suficiente para isso. Estar morto deveria valer uma nota.

— Hum, essa é Bella, minha… Noiva — Edward falou e arregalei meus olhos, ele estava mesmo confirmando aquela história de noivado para o pai?

Mas, eu entendi, no momento que Edward me olhou, saquei tudo. Ou quase tudo. Bom, o que importa é que seu olhar de súplica foi o suficiente para perceber que precisava continuar mentindo com ele.

— Oi, senhor Masen! — cumprimentei Eleazar, que continuava com seu olhar fatal direcionado entre Edward e eu. — Olá, tudo bem? — Acenei para os homens com ele.

Edward rapidamente ficou de pé e deu a gorjeta para o garçom, que se afastou a contra gosto. Meu vizinho esticou uma mão para mim e segurei nela, também ficando de pé, contornando a mesa e parando ao seu lado.

A mão dele estava suada e trêmula, eu a apertei e com o polegar a afaguei um pouco, querendo que ele se sentisse melhor de alguma forma.

Eleazar nos apresentou os homens com ele, mas não me importei em gravar o nome de ninguém. Depois pediu licença aos homens e indicou que Edward e eu o seguissemos para fora do restaurante.

E assim fizemos, a mão do Masen ainda estava suando e tremendo.

— Pode explicar como assim você está noivo? E como eu não soube disso antes? — o pai dele questionou quando estávamos bem longe dos outros, sua voz era carregada de raiva.

— É recente — Edward explicou, em um tom de voz baixo.

— Como é seu nome mesmo, garota? — Eleazar me questionou, e bati o martelo naquele instante, eu já detestava aquele homem com voz autoritária e expressão grosseira.

— Isabella Volturi — respondi, erguendo a cabeça para encarar o homem. A única semelhança entre ele e o filho era a altura, tirando isso eram bem diferentes, ao menos fisicamente.

— Escuta, tenho que voltar para o almoço, mas quero conversar com você melhor hoje e entender essa história maluca de noivado — falou para o filho, Edward tentou soltar minha mão, porém não deixei, observando como a fala do pai estava lhe deixando ainda mais nervoso. — Vou te mandar o nome de um restaurante fora do hotel, me encontre lá às oito. Leve ela! — Apontou para mim como se eu fosse um saco de batatas e se afastou da gente sem dizer mais nada.

Edward podia ser chato, mas o pai dele era mil vezes pior.

— Desculpa, Bella.

— Vamos pro quarto.

X

Eu estava sentada no balanço da varanda, Edward sentado numa cadeira voltado para mim, mas com cotovelos apoiados nos joelhos e rosto encarando o chão. Respirei fundo e perguntei:

— Por que você mentiu e falou que seu pai estava morto?

— Porque ele é uma das piores pessoas que já pisou na Terra, seria mais fácil se estivesse mesmo morto — contou e cada palavra proferida era carregada de profunda dor. — Eu posso te pedir uma última coisa? Vai naquele jantar comigo, continua fingindo que é minha noiva, amanhã quando estivermos em Berkeley e longe dele eu desminto tudo, tá? Só não consigo fazer isso pessoalmente, nem agora por mensagem com ele tão perto. — Apertou suas mãos e suspirou alto. — Por favor, Bella. Sei que ele foi grosseiro com você e mal tinham se conhecido, provavelmente será muito pior no jantar, mas preciso da sua ajuda.

— A gente não pode ficar mentindo pro seu pai, uma coisa é mentir para os funcionários do hotel, gente que não conhecemos, outra é mentir para ele — murmurei.

— Eu posso ir ao jantar sem você e sustentar a mentira sozinho? Digo que você ficou meio mal com algo que comeu e que não conseguiu ir, mas confirmo o noivado e amanhã eu mando mensagem pra ele contando a verdade.

Voltei meu olhar para as árvores cercando a cabana, pensando no que Eleazar Masen deveria ter feito para o filho o odiar tanto.

— Edward, eu vou com você, mas preciso saber de tudo. — Olhei de novo para Edward, que daquela vez tinha os olhos sobre mim. — Aquele documento no PowerPoint precisa de mais respostas agora.

— Só precisa saber que ele foi um escroto com a minha mãe e comigo.

— Edward, preciso de mais informações. E nem é por curiosidade, porém vou passar um jantar mentindo pro seu pai, mereço saber o que tá rolando.

Ele engoliu em seco, entretanto concordou com um aceno de cabeça.

— Só não conta nada disso que vou falar pra mais ninguém, tá?

— Eu não vou, prometo.

— Certo, Eleazar é filho mais velho de um antigo figurão do direito na costa oeste, mas queria ser jogador e não advogado como o pai, acabou que entrou para Stanford, mas foi expulso da universidade depois de agredir o técnico do time, porque o cara o colocou no banco depois de ser desrespeitoso com outro jogador. Enfim, meu avô mandou ele pra Boston University, usando bastante grana pra conseguir que o filho entrasse no time de lá, mas mesmo com dinheiro Eleazar tava queimado e ninguém o contratou para jogar depois da faculdade. Acabou que ele tinha se formado em jornalismo e seguiu por esse caminho, voltou pra Califórnia e começou a trabalhar aqui em jornais na área de esporte.

Edward parecia profundamente envergonhado, mas seguiu me olhando nos olhos para contar tudo.

— Anos depois ele conheceu minha mãe, ela era catorze anos mais nova e estudava na UCLA de Los Angeles. Eles casaram logo depois dela se formar, se mudaram para São Francisco porque ele tinha conseguido um trabalho em uma emissora da cidade e me tiveram. Ele nunca foi o pai mais presente, mas até meus sete anos eu o idolatrava, o achava o máximo por conhecer tanta gente importante e queria ser jogador para ele ter orgulho de mim. Até que no verão daquele ano, semanas após meu aniversário, eu vi ele… — Edward engoliu em seco. — Minha mãe estava trabalhando, eu tava em casa com a babá e aí meu pai chegou e me mandou ficar na sala assistindo TV, que precisava conversar com a babá no escritório dele. — Sabia como aquilo ia acabar, no entanto, fiquei tão horrorizada que não tive forças para dizer que Edward podia parar de contar. — O desenho que eu assistia acabou e fui atrás da babá, queria ir para a piscina. Não pensei em bater na porta do escritório, só fui entrando e aí vi meu pai transando com a babá em cima da mesa dele.

— Edward, sinto muito.

— Não me olha com pena — implorou. — Odeio isso.

— Foi mal — sussurrei, Edward seguiu contando.

— Ele deixou a babá lá, me tirou do escritório e disse que se eu contasse algo para minha mãe iria me bater, e que ela ficaria triste e com raiva de mim, que iria abandonar nós dois e desaparecer no mundo. Nunca apanhei dele, muito menos da minha mãe, mas ele era grosseiro desde sempre, e eu nunca fazia nenhuma merda por medo dele ficar ainda mais puto. Era um herói para minha versão de 7 anos, mas no final das contas eu tinha mesmo era pavor dele. Prometi que não contaria nada, caralho, mal entendia o que tinha rolado naquele escritório, sabe? — A voz dele vacilou, mas não chorou. — Não sabia sobre sexo, entendi só os beijos. No final da ameaça, velada de conversa, ele me deu uma nota de cem dólares. Disse que era meu pagamento para ficar quieto. — Forçou uma risada e por fim desviou o olhar, suas mãos bagunçaram os cabelos ruivos.

— Quando sua mãe, você sabe, ainda estava casada com ele? — perguntei baixinho, Edward negou com um aceno de cabeça.

— Meu pai fez minha mãe demitir a babá, com certeza querendo a mulher longe pra ela não abrir a boca também. Três anos depois, quando eu já tinha 10, no feriado de Ação de Graças, eu flagrei ele novamente com outra mulher, minha mãe tava organizando uma festa em casa para amigos deles. Eu tava no meu quarto dormindo, porque tinha comido mais cedo, mas acordei com um barulho de risadas no corredor. Saí da cama, abri um pouco a porta do meu quarto e vi Eleazar e a esposa de um amigo dele entrando no quarto que ele dividia com minha mãe, a mão da mulher dentro da calça dele e ele falando um monte de putaria pra ela. Na mesma hora fechei a porta, com medo dele me ver daquela vez também. Passei a noite acordado, no meio da madrugada quando minha mãe foi ver como eu estava, fingi dormi, mas queria mesmo gritar para ela sobre o que tinha visto. Eu já era mais velho, sabia sobre sexo, e tinha certeza de que era isso que meu pai tinha feito com a babá e a esposa do amigo.

Não aguentei, saí do balanço e sentei na outra cadeira, ficando perto de Edward. Afaguei suas costas, que estavam muito tensas, ele respirou fundo algumas vezes e continuou segurando firme o choro.

— Dessa vez você contou pra sua mãe?

— Contei. No dia seguinte, durante o café da manhã, ele estava abraçando minha mãe, beijando, fazendo planos com ela e eu fiquei tão enojado, Bella. Quando ele saiu pro trabalho, comecei a chorar e contei quase tudo pra ela, nunca contei sobre a ameaça de agressão. Minha mãe não derramou uma lágrima, ela parecia em choque, mas em poucas horas organizou as coisas dela e as minhas, e fomos pra um hotel na cidade. Ela disse que ficaria tudo bem, que ele continuaria sendo meu pai, mas algumas coisas mudariam. Passei outra noite acordado naquele hotel, fingindo dormir, achando que Eleazar iria aparecer pra levar a gente pra casa. Ele não apareceu e minha mãe também não dormiu, ficou lá desenhando e chorando por fim. E aí conheci o pai do Emmett no restaurante do hotel na manhã de sábado, ele foi o advogado da minha mãe no processo de divórcio e guarda. Ele já tava separado da mãe do Emm, se dividindo entre São Francisco e Los Angeles, pois já tinha os dois escritórios. Minha mãe reforçou que mesmo com o divórcio, meu pai continuaria sendo meu pai, contou que Phil tinha um filho e mesmo separado sempre via a criança. Mas o meu pai nunca foi como o pai do Emm. Eu mal o vi desde que saímos de casa, ele tinha que ficar comigo final de semana sim, final de semana não, só que sempre arranjava desculpas. E várias vezes ouvi minha mãe brigando com ele por telefone, dizendo que ele precisava dar um tempo com as mulheres para ver o filho. Algumas das vezes que ele me pegava em casa, um novo apartamento que a mamãe alugou pra gente, ficava comigo só até me levar para a casa dos meus tios. Caralho, era uma merda, não sei se você sabe, mas a Tanya tem dois irmãos, junto dos meus tios, parecem uma família cuspida de um comercial de margarina. Eu me sentia um intruso ali, meu pai ia embora e me deixava lá, era a sexta peça que não encaixava no quebra-cabeça dos Cullen, mas nunca contei para minha mãe que não me sentia confortável com eles, não queria que ela se preocupasse mais.

— Era sua tia irmã do seu pai?

— Isso, ela é advogada, assumiu o escritório da família e sempre foi ótima em defender o irmão mais velho. — Fez uma careta. — A mãe deles morreu logo depois do parto dela, então minha tia sempre foi muito apegada ao pai e ao irmão. Quando minha mãe saiu de casa e pediu o divórcio, tia Esme tentou convencer ela a perdoar Eleazar, disse que tinha sido um erro, mas que os dois poderiam consertar isso juntos. Eu gosto deles, tá? Meus tios e meus primos, mas isso da minha tia sempre querer limpar a barra do irmão e eles serem tão perfeitos quando minha família tava em ruínas sempre acabou comigo, você entende? — Seus olhos focaram nos meus e caralho, como eu entendia.

Também tinha crescido vendo famílias perfeitas, ou que aparentavam ser, dos meus colegas de escola. E invejava aquelas crianças, que não tinham sido abandonadas, que não moravam na casa de estranhos.

— Sim, eu entendo. — Meus olhos estavam cheios de lágrimas ao ouvir o relato dele, mas segurei o choro também.

— Minha mãe acabou arranjando um novo trabalho em Jacksonville, no começo ela não queria ir porque eu ficaria mais afastado do meu pai, mas praticamente implorei pra gente ir e foram os melhores anos da minha vida. — O lábio inferior dele tremeu. — Só eu e minha mãe, uma cidade nova, novos amigos, o mais distante possível do meu pai. Eu falava com ele por ligação, recebi algumas visitas e no Natal era obrigado a ir para São Francisco, claro que ficava na casa dos meus tios e ele passava lá quando queria, mas no geral eu tinha o ano inteiro com minha mãe na Flórida e isso valia qualquer coisa. Até que em 2016, nas férias de inverno, eu bati o pé, não queria passar o Natal na Califórnia, minha mãe cedeu e não me obrigou a ir. Fomos para a França, ficamos num hotel para esquiar e no primeiro dia ela sofreu um acidente, perdeu o controle e… — Ele não completou e não precisava, Elizabeth tinha falecido por conta daquele acidente, obviamente.

Edward se levantou, fazendo com que minha mão deixasse suas costas. Caminhou pela varanda, mãos novamente nos cabelos, os puxando para todos os lados.

— A minha guarda deveria ir pro meu pai, era o parente mais próximo, mas claro que ele alegou estar muito ocupado com o trabalho e acabei tendo que ir morar com meus tios.

— Sua mãe não tinha parentes mais próximos?

— Ela era filha única, o pai faleceu quando ela tinha acabado de entrar na faculdade e minha avó morreu pouco depois de eu nascer. Tinha primos, e tios, mas ninguém muito próximo pra ficar comigo. Ele pagou e ainda paga tudo pra mim, tá? Meu pai, e sei que parece coisa de menino mimado dizer isso, mas não queria o dinheiro dele. Ele é um merda, Bella. Hoje comanda um programa de TV em São Francisco, sabe aquele apresentado pelo Grande Marcus?

— Tá brincando?

— Não tô. Meu pai é editor chefe e produtor do programa. Quando se preoucupa comigo é apenas para me cobrar bons resultados no futebol, mesmo que nunca tenha ido assistir nenhum jogo meu. A vida dele gira em torno desse programa e de mulheres, só faz pagar minha mensalidade na universidade que a bolsa não cobre e depositar todo mês grana para minhas outras despesas. Que merda, ele que tá pagando por isso. — Gesticulou ao redor. — É tão idiota da minha parte ficar resmungando só por ele não ser presente.

— Tá doido? Claro que não. Ele é praticamente só um banco pra você, não seu pai de verdade. — Ok, ao menos financeiramente Eleazar estava fazendo mais por Edward do que Caius tinha feito por mim, mas ainda era um babaca do caralho. — Eu vou pro jantar com você, a gente vai manter a farsa do noivado e amanhã você desmente, pronto.

— Tem certeza?

— Absoluta, mas se ele for um estúpido de novo, vou meter a mão na cara dele.

Para minha surpresa, Edward riu.

X

Para o jantar, repeti a roupa que usei para ir até o hotel, era a mais arrumadinha para ir encontrar Eleazar no restaurante que ele tinha escolhido. Edward não pareceu se importar muito, vestindo camiseta, calça jeans, jaqueta e tênis.

— Mais alguma coisa que eu precise saber sobre seu pai? — perguntei enquanto Edward dirigia até o restaurante.

— Não — respondeu, focado na direção.

— Beleza.

— Quer dizer, tem sim.

— O quê?

— Não sei se já ficou claro que ele é péssimo…

— Ficou, pode apostar que sim.

— É, mas é ainda pior, ele provavelmente vai fazer algum comentário classicista, racista, ou homofóbico durante o jantar.

— Ah não — resmunguei.

— Sinto muito, quer voltar? Te deixo no hotel.

— Não, já falei que vou com você. Pode seguir. Agora me conta, ele é pró Trump também, né?

— Óbvio. — Fez uma careta.

— Eca, mas vou aguentar. E fazer ele pagar um monte de bebidas pra mim, assim fico bêbada e desmaio, olha que plano ótimo. — Edward sorriu um pouquinho.

— Obrigado por fazer isso, Bella.

— Você fica me devendo.

— O que você quiser, juro. Acho que infartaria se tivesse de contar a verdade cara a cara, ele desperta o pior em mim, amanhã sem falta vou desmentir por mensagem, prometo, depois de estar trancando no meu apartamento.

— Me tira uma dúvida.

— Pode falar.

— Por que você mora naquele prédio? É seu pai que paga as suas contas, não tá morando num apartamento melhor por qual motivo?

— Por que você mora lá? Seus pais poderiam te colocar num lugar melhor, não? — perguntou de volta.

— Porque queria ser um pouco independente que fosse — respondi. — Eles ainda pagam um monte de coisa para mim, mas eu não queria esbanjar num lugar mais caro, fora que é o que Alice e Rosalie conseguem pagar comigo.

— Pois é, eu não trabalho, fora o estágio. Minha mãe tinha pais com certa grana também, não muito como meus avós paternos, mas algo e deixou dinheiro pra mim, mas metade do dinheiro eu só vou poder acessar quando fizer 25 anos. Enfim, por meu pai, que só entende de sentimentos se eles envolverem dinheiro, e a grana que ele deposita, eu poderia estar num apartamento melhor, mas prefiro ficar no nosso prédio e parte desse valor faço doações. Também foi com doações que gastei a outra parte do dinheiro que minha mãe me deixou.

Não esperava por aquela resposta.

— Sério?

— É, uma pequena forma de tornar o dinheiro dele mais útil, não preciso morar num lugar luxuoso. E minha mãe apoiaria as doações que fiz com a grana dela. — Ele parou o carro e vi que já estávamos na frente do restaurante. — Vamos.

— Vai ficar tudo bem, tá? — me vi falando, mesmo que não pudesse ter certeza daquela minha afirmação.

— Amém! — respondeu em tom de ironia. — Precisa que eu abra sua porta?

— Não — respondi já abrindo.

Um dos manobristas do restaurante nos cumprimentou e Edward passou a chave para ele, junto de uma bela gorjeta. Seguimos para o interior do restaurante e fui pega de surpresa quando o Masen uniu seu mindinho ao meu.

— Eleazar já pode tá aí dentro — falou e abriu a porta do restaurante para a gente entrar.

Falamos com a recepcionista, que nos informou que Eleazar Masen ainda não estava ali, mas nos guiou para a mesa reservada pelo homem. Lá me soltei de Edward e sentei no meu lugar, me odiando um pouco por estar novamente em um restaurante francês prestes a jantar com um eleitor do Trump.

— Não vou mentir sobre meus pais — comuniquei a Edward depois da recepcionista se afastar.

— Como?

— Não direi que sou filha de um casal heterossexual só pro seu pai não surtar, por mais que seja um noivado de mentira, não irei mentir sobre isso.

— Não tô te pedindo pra mentir sobre isso, pode falar o que quiser ou não da sua família. Mas é sério, já me desculpa por toda merda que ele for falar.

— Ok, sei que é ele falando, não você. O garçom tá vindo, vamos aloprar no vinho.

E pedimos mesmo uma garrafa de vinho, a mais cara do restaurante. Já estava na minha segunda taça quando Eleazar chegou e achei que estivesse alucinando por conta do álcool, afinal, o homem estava feliz.

Sério, radiante, parecia que ele tinha acabado de voltar de um show da Lady Gaga.

— Filho! — Ele apertou os ombros de Edward, que olhou para o pai como se o homem tivesse a pele verde e uma antena na cabeça. — Querida, como você está? — Eleazar se voltou para mim, pegando minha mão esquerda entre as suas e sorrindo ainda mais.

— Bem? — respondi, mas soou como uma pergunta, de tão confusa que estava pelo humor dele estar diferente.

Talvez ele tivesse cheirado algo antes de ir nos encontrar.

— Ótimo, ótimo! — Eleazar se sentou e apertou mais uma vez o ombro do filho, enquanto sorria para Edward como se ligasse para meu vizinho. — Você vai casar, meu garoto.

— Vou — Edward murmurou. — Tá tudo bem com você?

— Mais perfeito impossível, estou feliz por vocês dois. — Gesticulou para o vinho. — Esqueçam isso, vamos pedir champanhe e comemorar!

— Hum, eu tô dirigindo, e já bebi um pouco, pra mim deu — Edward falou e afastou sua taça de vinho.

— Eu aceito, Eleazar! — exclamei e o homem prontamente chamou o garçom, instantes depois eu estava bebendo champanhe com um eleitor do Trump que achava ser meu sogro.

— Agora, preciso saber melhor desse noivado — Eleazar pediu, mas ainda feliz com a vida.

Com certeza era cocaína.

— Ficamos noivos na sexta — contei, achando melhor ser a pessoa a explanar a mentira no lugar de Edward. — Não estamos namorando há muito tempo, mas somos almas gêmeas. — Pisquei para Edward, ele disfarçou uma careta bebendo um pouco de água.

— Já escolheram a data? — A atenção de Eleazar se voltou toda para o filho, Edward hesitou e mais uma vez intervi.

— Ainda não, estamos no último ano da universidade, né? Talvez a gente espere se formar para definir uma data e começar a planejar tudo.

— Quais seus planos profissionais para o futuro, querida? — Eleazar quis saber.

— Vou dar aulas, inglês, literatura. Já estou estagiando, é puxado, mas não tenho dúvidas de que quero seguir nessa área.

O sorriso de Eleazar morreu um pouco, mas ele assentiu e falou:

— O mundo precisa de professores, não? É uma linda profissão.

Edward bufou e olhamos para ele, que não parecia nada contente, porém não disse nada que contrariasse o pai. Porque sim, eu sabia que pessoas como Eleazar não achavam a profissão professor uma bela carreira a ser seguida.

O garçom apareceu e fizemos nossos pedidos de comida. Eu estava quase atacando o pãozinho sobre a mesa, quando Eleazar me perguntou sobre meus pais, só que daquela vez, Edward respondeu:

— Ela é filha do meu treinador, Charlie Volturi e de outro professor da universidade, Aro Volturi.

Minha espinha gelou, entretanto Eleazar sustentou o sorriso e bateu sua taça na minha.

— Feliz que você também veio de uma família que ama futebol americano, Isabella.

— É, pois é. Uma família que ama futebol americano e drag queens — provoquei e foi suficiente para ele fazer uma careta, mas como Edward tinha feito antes, disfarçou bebendo do seu champanhe.

Então, Eleazar começou a falar sobre sua vida. Disse que estava em Palo Alto, para ter reunião com um dos homens que vimos com ele na hora do almoço, algum ex nadador que o Masen queria contratar como repórter para o programa.

— Ele tá hospedado lá no Paradise, mas é uma péssima escolha, o hotel que estou é muito melhor. Você que escolheu aquele lugar? — questionou o filho, Edward se limitou a concordar com um breve aceno de cabeça. — Terrível, o que estou é melhor. Agora, sobre o programa, tenho tantos planos novos.

E Eleazar falou sobre o programa por muito tempo, até voltar ao tópico casamento.

— Quando posso conhecer sua família? — Seus olhos me avaliaram. — Que tal no próximo domingo?

— Hum, não, eles…

— O que tem no próximo domingo? — Edward indagou o pai, me interrompendo.

— É aniversário do programa, terá uma grande festa em São Francisco, seria ótimo conhecer a família da Bella lá. Seus pais, e quem mais quiser levar, todo mundo, querida.

— Vamos ver se podemos ir — Edward falou e esticou uma mão sobre a mesa, unindo a minha, seu dedo girando o anel de noivado que eu usava.

— Filho, é sério, quero muito vocês lá comigo nesse dia tão importante. Podemos comemorar o programa e seu noivado com a garota que ama — Eleazar disse, mas Edward não pareceu acreditar muito nas palavras doces do pai. Por outro lado, eu fraquejei um pouco. Talvez o falso noivado tivesse mesmo mexido com Eleazar e o homem quisesse recuperar o tempo perdido com o filho.

Por um instante imaginei Caius tentando se reaproximar de mim, eu aceitaria ele de volta na minha vida?

— Ei, você tá bem? — Edward perguntou para mim e me dei conta de que estava apertando a mão dele com bastante força.

— Sim, tudo. — Engoli em seco, ele me olhou em dúvida, enquanto afagava minha mão com seu polegar como fiz com ele mais cedo aquele dia.

— Sei que ainda não escolheram uma data — Eleazar voltou a falar e nós olhamos para ele. — Mas já pensei em um presente de casamento para vocês.

Um pouco da cocaína dele?

— Dez milhões de dólares. — Como!? — Um dinheirinho para vocês comprarem sua primeira casa e já terem onde morarem quando casarem, o que me dizem? Bom, pensei em ser um presente duplo e liberar a grana no seu próximo aniversário, Edward. Pouco antes da formatura de vocês, que tal?

Aquele homem queria mesmo dar de presente de casamento dez milhões de dólares? Quem tinha aquele valor pra dar de presente? Qual era o salário dele? Puta que pariu, Edward era meu vizinho rico real, ele era um herdeiro, mais um pouco e acabaria descobrindo que os dois pertenciam a alguma realeza.

Então, como no outro jantar com um trumpista, eu surtei. Só que daquela vez não corri pro banheiro, virei para Edward, que parecia chocado como eu, e falei:

— Meu bem, acho que aquele sorvete que tomei mais cedo não caiu direito, estou com muita dor no estômago. Pode me levar pro hotel?

— Espera, você precisa de um médico, Bella? — Eleazar questionou preocupado.

— Não, só da cama do hotel e um remédio — garanti.

— Vou levar ela. Amanhã a gente conversa, pai — Edward falou com Eleazar, seco.

O Emo se levantou e me ajudou a ficar de pé, o que foi necessário. Eu tinha mesmo ficado tonta com aquela ideia de ter 10 milhões na conta.

— Ei, não se esqueçam do presente que vão ganhar. — Eleazar ergueu as mãos e balançou os dedos, sinalizando o valor.

Nos despedimos e minutos depois, no carro com Edward dirigindo, eu gritei:

— Ele é rico assim!?

— Ele é.

— Puta que pariu, que loucura. Você sabe de quanto é o salário dele?

— Bem alto, fora que ele tem investimentos e grana herdada dos pais dele. Essa quantia deve ser até pouca pra ele, eu acho, não sei enquanto está estimada a fortuna dele. — Edward suspirou. — Mas isso não é o mais estranho, ele estava esquisito desde o momento que chegou, não entendi como ficou feliz do nada com essa ideia do noivado. Talvez esteja morrendo e precise que eu doa um rim.

— Como alguém oferece 10 milhões de presente assim? — Continuei com aquela dúvida na cabeça, chocada como gente rica era maluca e fora da realidade social. — Caralho, esse valor ajudaria tanta gente que cresceu sem casa como eu. — Escondi meu rosto atrás das mãos. — É loucura pensar que tem gente por aí dando uma grana dessas, ou até mais, para os filhos porque eles vão casar, enquanto tem famílias em situação de rua, sem um teto sob a cabeça, muitas sendo separadas por isso. Cara, que merda, não é possível esse mundo precisa acabar. Eu nunca compraria uma casa por esse preço, pra que? Compraria algo ok, o resto do dinheiro mandaria pra doação. — Meus olhos se encheram de lágrimas, mansão nenhuma em meu nome apagaria o fato de crianças estarem por aí sendo despejadas de casa com seus pais. Poderia soar algo muito militante da minha parte, mas eu não sonhava com uma fortuna daquelas, ser tão rica e ver outros passando necessidade? Não mesmo, eu sabia como era estar lá do outro lado. — Algumas vezes me sinto até mal por ser fã de gente milionária, sabe? — continuei divagando e Edward continuou mudo. — Eles ajudam causas importantes, mas é tanto dinheiro acumulado na mão de poucos.

Edward não disse nada, entretanto, ele tirou uma mão do volante e segurou minha coxa. Afastei as mãos do rosto, pude ver meu vizinho dirigindo concentrado, apertou de novo minha coxa e levei minha mão até cobrir a dele, vendo o anel em meu dedo brilhar.

X

Na manhã de segunda-feira eu estava na jacuzzi, não tinha dormido muito bem e a água quente estava me ajudando a relaxar um pouquinho. Depois que voltamos do restaurante, Edward se trancou no quarto dele e não conversamos mais até o café da manhã, com a conversa girando ao redor do próximo jogo dele e apenas isso.

Em momento algum o pai dele foi mencionado, ou o presente que Eleazar queria dar. Eu ainda não tinha engolido aquilo, era insano.

— Bella — Edward entrou na suíte e sentou perto da jacuzzi, uma mão passeando pela água. — Eu estava pensando sobre aquele papo de ontem de doações, já ajudo instituições, mas talvez você pudesse me indicar mais alguma? Algo mais focado em crianças que estão no sistema de adoção.

Ele não olhava para mim, seus olhos fixos na água.

— Você aprendeu isso com sua mãe, né? — questionei e o olhar dele se encontrou com o meu.

— O quê?

— A doar o dinheiro, porque claramente não foi com seu pai.

Ele suspirou.

— Foi, ela sempre fazia doações, mas era além disso. Uma amiga dela, arquiteta também, criou uma ONG, chamada Lares Pela América. A instituição procura ajudar pessoas no continente que não tem moradias decentes a conseguirem uma casa boa para viverem, os voluntários, com as doações, constroem as residências. Aprendi com a minha mãe que tínhamos dinheiro e o mínimo que poderíamos fazer era usar parte dele para ajudar quem precisava, foi dentro da ONG um dia que eu decidi cursar arquitetura. — Ele sorriu, ainda com a mão na água. — Eu continuei as doações em nome da minha mãe, como também sou voluntário na ONG. Por isso fui pro Brasil no verão, estava ajudando a construir casas lá, para famílias que ficaram desabrigadas depois de um deslizamento de terra.

— E eu achando que você tava indo afogar as mágoas depois da traição.

Edward riu.

— Não, o resto do pessoal tinha energia para sair depois do trabalho, eu só queria ficar no alojamento e dormir o máximo possível.

— Meus pais fazem doações em nome da nossa família para instituições que lidam com crianças e adolescentes no sistema adotivo — contei. — Vou pegar o nome com eles e passar pra você depois.

— Beleza, valeu.

— Edward, me deixa te perguntar algo — murmurei antes de ele resolver sair. — Você gastaria 10 milhões numa casa?

— Olha o prédio que a gente mora, Bella. Minha mãe deixou uma herança de 3 milhões, metade disso eu já doei e a outra vou doar no instante que tiver acesso, eu não usei essa grana pra comprar nada para mim, como não usaria 10 milhões pra comprar uma casa, especialmente com dinheiro vindo do meu pai.

— Espera, 3 milhões?

— Bella, acho que você já entendeu que nasci de gente com grana, minha mãe não no patamar que Eleazar, mas ainda com dinheiro, para de se surpreender — implorou.

— Certo.

— Vou te deixar terminar seu tempo na jacuzzi, lembra que a gente só tem até às 15 horas aqui no hotel.

X

No carro de Edward, enfrentando outro engarrafamento maluco, tocava Lady Gaga. Entretanto, minha atenção estava toda voltada para o Instagram da ONG Lares Pela América. O projeto parecia ótimo, ajudava tanta gente que precisava de uma moradia, eu faria uma doação assim que chegasse em casa.

— Seu pai falou alguma coisa com você desde ontem? — perguntei para Edward.

— Ele mandou mensagem, perguntou como você estava e reforçou o convite de irmos para a tal festa no domingo. Falou mais uma vez do dinheiro também.

Engoli em seco, 10 milhões. Aquele valor poderia ajudar tanta gente, se Eleazar Masen fosse uma boa pessoa ele pegaria a grana, daria pro filho — independente de Edward estar noivo ou não — e meu vizinho daria tudo.

Mas, não, ele queria dar o dinheiro como mimo pelo filho estar noivo.

— A gente devia continuar o noivado só pra receber essa grana e doar — brinquei, Edward riu e forcei um sorriso. Sim, eu estava brincando, mas tinha um fundinho de verdade na minha fala.

Eu ainda estava pensando nisso quando Edward parou o carro no estacionamento perto do prédio, minha cabeça fervilhava sem conseguir desviar do assunto 10 milhões. Seria tão útil, pra tanta gente, poderíamos doar metade para Lares Pela América e a outra destinariamos a ONG que lidava com os menores de idades no sistema de adoção.

— Bella? — Edward chamou, já desligando o som do carro e tirando seu celular do suporte, não precisando mais do mapa. Estávamos no nosso ponto de desembarque, o final de semana no hotel de luxo tinha acabado, assim como a farsa do noivado.

— E se a gente realmente fizesse isso? — O encarei, ele franziu o cenho.

— Fazer o que?

— Continuamos fingindo o noivado, pegamos a grana e doamos, depois disso falamos pro seu pai que acabamos o noivado.

— Você bebeu? — Ele tirou o cinto, sua expressão era de exaustão.

— Edward, muita gente pode ser ajudada com essa grana. Seríamos tipo Robin Hood, tirando dinheiro de rico para os pobres.

— E a gente fica quase um ano fingindo um relacionamento? Tá maluca. Já pensou que não seria só pro meu pai que teríamos de mentir? — Ele ficava cada vez mais irritado, mas insisti.

— Sim, sei que teríamos de fingir pra mais gente, mas isso no final das contas não valeria a pena? Ou, talvez a gente pudesse contar a verdade para certas pessoas, tipo meus pais. — Edward gargalhou e largou seu celular sobre o painel do carro. — Tô falando sério, com jeitinho convenço meus pais a não arrancarem minha cabeça por estar fingindo um noivado, eles vão surtar no começo, mas vão entender que é por uma boa causa.

— Bella, para com isso. Não vamos continuar fingindo um noivado, vou subir, tomar um banho e mandar mensagem pro meu pai desmentindo tudo. — Ele segurou minha mão e tirou dela o anel de noivado, foi estranho, já estava acostumada com ele e a joia foi parar no bolso do Masen.

— Edward…

— Não, vamos sair logo daqui!

Resmunguei, mas saí do carro com ele. Tiramos nossas coisas e o Masen ao menos carregou tudo meu sem eu precisar pedir, deixou na porta do 503, desejou um boa noite e entrou no seu apartamento sem mais delongas.

— Oi, amiga! — Rose gritou quando me viu, ela estava mexendo na sua própria mala na sala de estar, com Alice ao seu lado.

— Como foi a viagem, Bella? — Alice perguntou.

— Tudo bem, mas preciso deitar e dormir um pouco.

— Ainda tá cedo — Rosalie resmungou e estava mesmo, era por volta das cinco da tarde.

— Mais tarde a gente pede algo pra comer e conversa, tá? — prometi, sabendo que ela deveria estar louca pra saber mais sobre Edward e eu transando.

Alice ainda não sabia, então eu contaria para ela. Só não sabia de algo, ele e eu continuaríamos nos vendo dessa forma?

As meninas concordaram com minha proposta de jantar, fui para meu quarto e comecei a desfazer minha mala antes de ir tomar banho para dormir. Eu estava terminando de tirar tudo quando uma batida soou na minha porta, murmurei para a pessoa entrar e me surpreendi quando vi Edward.

— Ei, esqueci algo no seu carro? — perguntei confusa, ele trancou a porta atrás de si e sentou na cama, minha mala vazia nos separando. Edward meteu a mão no bolso e tirou de lá o anel de noivado, o colocando dentro da mala.

— Aceita ser minha noiva de mentira para dar um golpe no meu pai, Ratinha?

Eu nem reclamei sobre o apelido, peguei o anel e o coloquei em meu dedo.

— Aceito.

— Isso é loucura, Bella, você sabe.

— É, eu sei, mas no final disso teremos 10 milhões para ajudar pessoas que precisam. Então, estou disposta a arriscar.

— Acho que precisamos mexer naquele seu arquivo do PowerPoint agora, se a mentira irá escalonar tanto. Vou pegar meu notebook e a gente senta pra ver o que faremos de nossas vidas, ok?

— Beleza. — Estendi a mão e ele entendeu, apertando a minha de volta. — Vamos ser Robin Hood, Emo.

— Ou vamos acabar numa encrenca fodida, veremos. — Soltou minha mão e saiu falando que voltava já com o notebook.

Naquele meio tempo, recebi uma mensagem de Demetri.

Demetri: Oi, você ja está em casa?

Meu estômago se apertou, eu acabaria com o noivado falso antes de Demetri chegar. Ainda assim, parecia errado fingir estar noiva de um enquanto estava apaixonada por outro.

— Toma! — Edward reapareceu no meu quarto, com o notebook numa mão e M&M's na outra.

Peguei o doce e abri a embalagem, precisava mesmo daquilo.

— Tudo bem? Você já quer desistir, Bella?

— Não, eu quero continuar, Edward.


Beijos!

Lola Royal.

17.01.23