Olá, era para o capítulo ter saído domingo, não rolou, mas cá estou, boa leitura!


Capítulo Doze

Meu Vizinho e o Noivado

Eu comia M&M's, os separando por cores, enquanto Edward sentava ao meu lado na cama e ligava o notebook em seu colo. Queria pegar meu celular e responder Demetri, mas tinha receio do insuportável do meu vizinho espiar a conversa, não queria o Masen sabendo a respeito do cara por quem eu era apaixonada, isso poderia tornar mais complicado tudo sobre o noivado falso.

— Acha mesmo que consegue convencer seus pais a colaborarem com a nossa mentira? — indagou preocupado.

Respirei fundo, encarei o anel por um longo tempo, pensando sobre meus pais. Talvez eles me forçassem a voltar para a terapia quando contasse o plano, mas bancar o Robin Hood com Edward era por uma boa causa, iríamos ajudar pessoas que se beneficiariam muito das doações e valia a pena arriscar minha cabeça perante Charlie e Aro por isso.

— Eles vão entender — murmurei, pegando meu celular para enviar o arquivo da farsa para Edward, aproveitando que o notebook dele tinha ligado por fim. — Qual seu e-mail? Meu Deus, como você é sem graça! — exclamei quando vi que seu protetor de tela no computador era apenas uma imagem preta sem nenhum desenho.

— Não enche o saco, Bella — falou e ditou seu e-mail para mim, rapidamente enviei o arquivo para ele e o Masen o abriu.

— Ok, meus pais vão saber que o noivado é uma mentira, que queremos o dinheiro do presente prometido por seu pai para as doações, mas eles não podem sonhar que a gente se pegou. — Aquilo complicaria meu lado, eles poderiam surtar e achar que eu estava apaixonada pelo Masen, quando com certeza não estava.

— Claro — Edward murmurou, editando o arquivo com aquela informação. — Como a gente vai explicar que do nada meu pai achou que estávamos noivos?

— Bom, eu acho que a única saída para isso também é a verdade e contar sobre o pedido que você faria para a Kate, então meu plano para manter a reserva no hotel.

— Não! — Edward implorou, olhando para mim. — Vão me achar um otário por ter cogitado pedir aquela garota em casamento.

— Edward…

— Sei lá, pensa em outra coisa.

— Não faço ideia, é um anel visivelmente caro e tudo mais… Hum — falei baixinho, pensando numa alternativa.

— Hum o que?

— Talvez a gente possa dizer que o anel era da sua mãe? — disse as palavras com extremo cuidado para não afetar Edward em nada com elas. — Aí você tinha ele no carro, teve o problema com a reserva do hotel e eu pensei em mentir que estávamos noivos.

Edward suspirou e negou com um aceno de cabeça.

— Não, prefiro contar que eu ia pedir a traidora da Kate em casamento. — Esfregou o rosto com uma mão e era bem fácil de entender como a traição mexia tanto com ele por conta do histórico envolvendo seus pais. Claro, ser traída por Mike também mexeu comigo e me despertou traumas antigos, então Edward e eu éramos bem parecidos nesse aspecto. — Pra quem mais você vai contar a verdade? Presumo que a gente não vai conseguir esconder isso do Emmett e da Rosalie.

— Sim, com certeza não vamos e eu não quero mentir para Jazz e Alice, também são meus amigos.

— Você não pode sair contando a verdade pra todo mundo, ou ela pode se espalhar e chegar aos ouvidos do meu pai.

— Não vou espalhar pra todo mundo, deixa de ser chato, só para meus pais, meus amigos mais próximos e provavelmente Renée vai ter que ficar sabendo também, Aro e Charlie vão querer manter ela informada da farsa. Lembra dela? Do meu aniversário?

— Lembro. E seu irmão?

— Nem pensar, ele é só uma criança e falaria merda na primeira oportunidade, pra Jacob vamos ter que mentir mesmo.

— E você quer… Contar pra sua mãe?

— Não! — respondi rapidamente. — Não quero que ela saiba de absolutamente nada, pra Renata não estou noiva, esse assunto não deve chegar aos ouvidos dela. E também não quero contar para meus avós?

— Pais do…

— Do Charlie, os de Aro já faleceram. Depois coloco no arquivo sobre meus avós, mas quero deixar eles de fora disso, acho que rola, mal falo com eles mesmo.

— Aparentemente os detesta.

— São idiotas como o seu pai, ricos também.

— Okay, nada de avós na jogada.

— Precisamos contar sobre isso para o pessoal da faculdade? — questionei, sentindo minha espinha gelar, parecia que deixar o pessoal da universidade saber tornaria aquela mentira muito difícil de administrar.

— Não, nem fodendo. Nem pensa em sair por aí com esse anel no dedo, por favor. — Na hora tirei o anel para não corrermos riscos de alguém indesejado me flagrar com ele. — Meus tios e meus primos não podem saber que é um noivado de mentira também.

— Ok, vou precisar saber mais deles depois, para bancar a noiva apaixonada que já ama a família do meu futuro maridinho — debochei, ele resmungou, digitando informações no notebook.

— Foco, quem saberá do plano: Emmett, Rosalie, Jasper, Alice, seus pais e Renée. Para quem iremos mentir: Seu irmão, meu pai, meus tios, meus primos, Victoria a noiva do James, o primo mais velho… Merda!

— O que foi?

— Leah, a Tanya vai acabar contando para a namorada que estamos noivos. Mas a gente pode confiar nela para não espalhar a fofoca por Berkeley? Você a conhece mais, o que acha?

— Não conheço Leah o suficiente para saber se ela iria ou não contar por toda a universidade — declarei.

Edward bufou, encarando a tela do seu notebook e batucando os dedos próximo ao mouse enquanto pensava, até que xingou e falou por fim:

— Vamos contar a verdade pra Tanya.

— Vamos? — indaguei descrente.

— É, vamos. — Ele bufou de novo. — Ela também não suporta meu pai, vai entender nosso plano e assim vemos a melhor forma de impedir que Leah espalhe o assunto por aí, já que teremos Tanya nos apoiando. — Edward pegou a embalagem de M&M's de mim para comer alguns azuis. — Podemos almoçar amanhã com ela para conversarmos sobre? — Me devolveu o doce e pegou seu celular no bolso da calça e digitou algo no aparelho.

— Podemos sim, pode ser na lanchonete que eu trabalho.

— Beleza. — Digitou mais um pouco e percebi que estava falando com a prima. — Já falei pra ela me encontrar lá amanhã, mas não disse do que se trata ainda, ou que você estará presente.

— Não vamos contar nada para Benjamin e Peter? — citei seus colegas de apartamento.

— Sem necessidade.

— Não corremos o risco do seu pai vir te visitar… — Edward me calou com uma risada alta.

— Meu pai não vem me visitar, pode ficar despreocupada quanto a isso.

— E seus tios? Ou os irmãos da Tanya?

— Eles não virão, relaxa. Mas teremos que ir até eles algumas vezes para evitar visitas, algum problema quanto a isso?

— Não, de boa, eu estou 100% dentro do plano — garanti.

— Quando vamos contar para seus pais? — Fiz uma careta ao escutar aquela pergunta, ainda sem ter ideia de como contar para eles sobre aquilo.

— Vou pensar.

— Não podemos demorar muito — insistiu.

— Eu sei, vamos contar em breve, só preciso me preparar para isso. Você precisa confirmar com seu pai nossa presença na festa de domingo.

— Sim, vou fazer isso. — Fechou seu notebook e me encarou. — Provavelmente teremos que passar a noite em São Francisco, tudo bem por você se dividirmos um quarto? — Seus olhos me analisaram atentamente e não precisava ser um gênio para saber sobre o que ele estava se referindo com aquele papo.

— Tudo bem — concordei e acabei me aproximando mais dele, as coisas foram meio rápidas em seguida, o notebook dele, nossos celulares, minha mala, o anel de noivado e o pacote com o restinho de M&M's foram parar no chão e eu no colo do quarterback.

Nós estavamos nos beijando, com as mãos dele agarrando minha bunda, quando alguém bateu na porta do quarto.

— Ei, vocês querem ir dar uma volta com a gente? Pensamos em jantar fora, Jazz e Emm estão vindo nos buscar — Era Rosalie, minha melhor amiga que eu mataria por me atrapalhar.

Porém, antes que eu pudesse responder, Edward fez isso por mim.

— Não, vão embora!

Eu ri um pouquinho, mas perdi a risada quando ele nos girou na cama e ficou sobre mim, uma mão indo para o meio das minhas pernas e sua boca para meu pescoço.

X

Edward e eu estávamos comendo pizza e assistindo Modern Family na TV da sala quando meus amigos e Emmett voltaram para meu apartamento, os quatro nos lançaram olhares suspeitos e Rose foi logo questionando:

— Como foi a viagem, casal?

— Não somos um casal — respondi prontamente.

— Bella e eu precisamos conversar com vocês — Edward falou, pausando o episódio, Emmett riu.

— Olha só, o casal tem algo para nos contar.

— O que aconteceu? — Alice perguntou preocupada, sentando perto de mim, Jasper sentou no braço do sofá próximo dela e indagou:

— Quebraram a cama do hotel de tanto…

— Calado! — gritei o interrompendo.

— Vamos, falem de uma vez! — Rosalie exigiu, ela e Emmett ficaram de pé, as expressões nos rostos deles era de pura curiosidade.

— Você explica. — Joguei a bomba pra Edward, que olhou para mim com indignação, mas começou a contar sobre o que estava acontecendo.

— Eu ia pedir Kate em casamento durante a viagem para Palo Alto — ele disse, desviando o olhar para o chão, mas eu vi Emmett arregalar seus olhos, Rosalie abrir a boca, Jasper conter uma risada e Alice lançar um olhar de pena para o Masen. — Mas, vocês sabem da traição… Enfim, levei a Bella pro hotel comigo, só que pegamos um engarrafamento infernal e quase perdemos a reserva, eis que a Volturi decidiu dizer para a recepcionista que estávamos noivos e assim garantir nossa reserva e não perdermos a viagem.

— Puta que pariu! — Emmett exclamou em choque.

— Espera, espera, espera — Rosalie pediu. — Vocês ficaram o final de semana no hotel fingindo estarem noivos?

— Foi — confirmamos. — E aí alguém que não deveria saber sobre isso escutou sobre o noivado de mentira — murmurei.

— O meu pai — Edward completou, o que fez Emmett gritar de novo.

— Seu pai tava hospedado no mesmo hotel?!

— Não, mas ele foi almoçar lá e deu merda, achou que Bella e eu estávamos mesmo noivos. Bom, acabou que ele nos ofereceu um presente de casamento irrecusável, 10 milhões de dolares.

A sala caiu em um silêncio profundo, até Jasper questionar:

— Espera aí, seu pai tem grana ao ponto de querer 10 milhões de dólares como um presente de casamento?

— Não vem ao caso — Edward resmungou.

— O que importa é que o pai do Edward vai dar o dinheiro em junho do ano que vem, então vamos manter a farsa do noivado até lá, pegar a grana e doar tudo para projetos sociais, depois…

Todos começaram a falar juntos, Alice estava sendo contra nosso plano, Rosalie afirmando que queria nos ver como um casal, mas não no meio de uma farsa daquelas. Jasper pedindo um milhão do presente, Emmett dizendo que aquilo era loucura e que não acabaria nada bem.

— Já nos decidimos, vamos continuar com a farsa — Edward declarou e ficou de pé, calando todo mundo. — Só estamos pedindo que vocês cooperem.

Rosalie abriu a boca pra falar algo, mas Edward listou quem poderia ou não saber do nosso plano, depois disso deu boa noite e foi embora, sem muitas despedidas, com Emmett o seguindo.

— Você vai voltar pra terapia! — Rosalie apontou um dedo para mim, revirei meus olhos para ela e fiquei calada. — Claramente vocês dois se gostam, mas fingir um noivado? Não, isso é maluquice e o Emm tá certo, não vai acabar bem.

— Não gosto do Edward, só transo com ele ocasionalmente, ponto. Vocês três sabem muito bem por quem sou perdidamente apaixonada. Aliás, não deixem Edward saber sobre Demetri.

— Sua vida vai ser uma teia de mentiras agora? — Jasper perguntou descrente. — E como o cara mente pro próprio pai assim? Edward meio que vai dar um golpe no pai dele, isso é bem escroto da parte dele.

— O pai dele é um idiota, acreditem em mim. E são 10 milhões — frisei o valor. — Essa grana vai ajudar muita gente, pessoas como você, Rose e eu, estou pensando só nisso, em ajudar os outros.

— Acho que você deveria ser um pouco egoísta e pensar em si mesma nesse momento. — Rosalie bufou e cruzou os braços na frente do corpo.

— Amiga, isso não vai mesmo acabar bem — Alice murmurou.

— Claro que vai, em alguns meses teremos o dinheiro, faremos as doações e anunciamos para a família dele que o noivado acabou. Fim de história e vou estar totalmente livre para Demetri.

X

Tanya tinha um sorriso tão grande no rosto quanto o do Gato de Cheshire de Alice no País das Maravilhas, a prima de Edward foi a pessoa que reagiu melhor ao descobrir nosso plano. Já que, segundo ela:

— O tio Eleazar é um babaca escroto que merece levar esse golpe!

— Fala baixo — Edward pediu, fazendo uma careta ao olhar para os lados, mas ninguém na lanchonete parecia estar dando importância para a gente.

— Tô falando baixo, só quero deixar claro como seu pai é podre, um preconceituoso do caralho — Tanya esbravejou e eu sabia que ela estava mais do que certa, o pai do Edward não era nada legal.

— Então, promete nos ajudar nessa? O que inclui não deixar a verdade chegar aos ouvidos dos seus pais — ele disse, Tanya concordou com um aceno de cabeça enquanto cortava em mil pedacinhos a salada em seu prato.

— Podem ficar tranquilos, passei dezessete anos mentindo para meus pais sobre minha sexualidade, se tem uma coisa que sei fazer é esconder a verdade deles. — Piscou para a gente e comeu um pouco da sua salada.

— Precisamos falar sobre a Leah — Edward falou, mal tinha tocado em seu hambúrguer, mas eu roubei algumas das suas batatas fritas. — Não queremos que esse assunto se espalhe pela universidade, então, talvez, você possa não contar que estamos noivos para sua namorada?

— Sem chances — Tanya negou rapidamente. — Eu vou contar que vocês estão noivos e que é um noivado de mentira, mas fiquem tranquilos que Leah não irá comentar nada com ninguém, garanto.

— Tem certeza? — perguntei preocupada.

— Tenho sim — garantiu. — E quando você vai contar para seus pais, Bella?

— Ai, não sei ainda — murmurei.

— Você precisa contar — Edward disse com insistência.

— Eu vou, prometo, no momento certo.

X

A campainha tocou no exato instante que terminei de me arrumar, era sábado e dia de jogo. Rosalie estava se arrumando também e iríamos com Jasper, então deveria ser ele na porta, chegando antes do combinado para nos levar, já que ainda era cedo.

— Eu atendo! — gritei saindo do meu quarto, Rose estava no dela escutando música e Alice tinha ido estudar na casa de uma colega de turma.

Abri a porta e não foi Jasper quem vi, sim Edward.

— Ei, o que foi? — Nós tínhamos nos encontrado na noite anterior, para combinar tudo sobre a ida para São Francisco no domingo.

Iríamos depois do almoço e dormiriamos no hotel onde o evento aconteceria, o pai dele tinha nos reservado uma suíte. Segundo Edward, Eleazar continuava excessivamente animado sobre nosso noivado e louco para nos reencontrar. Voltaríamos para Berkeley de manhã cedo na segunda, há tempo das minhas aulas e do estágio dele.

— Você precisa falar logo com seus pais, Bella, tô falando sério — disse baixinho, mexendo sem parar nas alças da sua mochila que abraçavam seu corpo, ele estava de camiseta e moletom do time, pronto para ir para a concentração do jogo. — Minha tia acabou de ligar, meu pai já contou pra ela sobre o noivado e os convidou para a festa amanhã.

— Eles vão? — O pai de Edward tinha insistido para levarmos minha família, mas dissemos que eles teriam um compromisso inadiável e não poderiam ir, mas que assim que fosse possível apresentaríamos todos.

— Não sei, só sei que a minha tia está muito empolgada com o noivado e louca pra conhecer você e seus pais. Então, a gente precisa ficar esperto, ou tudo isso pode se tornar uma confusão em um piscar de olhos.

— Eu conto pra eles na segunda, prometo. — Meu estômago se revirou com aquela promessa, mas sabia que precisava fazer isso e mesmo não sendo religiosa comecei a rezar para todos os deuses, implorando que meus pais fossem compreensíveis e entendessem que meu plano era por um bem maior.

— Certo. — Edward respirou fundo e um pouco mais calmo perguntou — Você vai assistir ao jogo?

— Claro.

— Quer uma carona?

— Ainda tá cedo, e Jasper vem buscar Rose e eu.

— Beleza, então eu já vou. — Apontou em direção às escadas.

— Certo.

— Certo. — Fiz menção de fechar a porta, mas ele a segurou e entrou no apartamento e fechou a porta atrás de si. — Só um segundo.

— Ué, o que foi agora? — perguntei confusa.

Edward segurou meu pescoço entre suas mãos grandes, para logo depois unir seus lábios aos meus. O beijo foi afoito, comigo desejando muito levar o quarterback para minha cama, mas sabendo que ele precisava ir se preparar pro seu jogo.

— Acho que posso me atrasar, vamos lá pro seu quarto — ele disse, seus polegares em minha garganta afagando a pele sensível me deixava maluca, porém eu precisava ser a responsável naquele momento.

— Você precisa ir.

— Não… — Suspirou, voltando a me beijar, mas nos afastei.

— Sério, vai pra concentração do seu jogo e ganha! — ordenei, passando a mão por meus cabelos.

— Vai ser um incentivo melhor se você me der algo pra eu ir mais animado pro campo — provocou, me puxando para si pelo cós da minha calça jeans, eu ri e voltei a nos afastar.

— Se você ganhar pode passar a noite aqui.

— Só se eu ganhar?

— Exatamente. — Pisquei pra ele. — Leve isso como uma motivação pra vencer, porque se perder, não vamos transar.

— Vocês tão se comendo numa área comum do apartamento? — Rosalie surgiu ali, nos fazendo olhar para ela, eu bufei e Edward ficou vermelho.

— Rosalie, ninguém te chamou aqui — afirmei, fazendo minha amiga rir alto.

— Eu já tô indo. — Edward abriu a porta. — Até mais tarde, Bella.

— Tchau, ganhe o jogo!

— E aí vocês irão transar — Rosalie cantarolou.

Fechei a porta antes que outra pessoa além de Edward escutasse minha amiga irritante.

— Ansiosa pro jogo hoje, amiga? — ela perguntou com um sorriso diabólico no rosto.

— Não — menti, porque estava sim muito ansiosa e doida pra Edward ganhar, já que assim eu também iria vencer muito.

X

Eu estava tão feliz, todos estavam. Nosso time vencia e isso gerava a mesma energia por todos no estádio que torciam para o California Golden Bears, eu tinha até pena dos torcedores dos adversários, porque com certeza iriam para casa aquela noite após uma derrota.

— Seu homem tá com tudo hoje, boa motivação você deu pra ele — Rosalie cochichou para mim, eu a ignorei, mas sim, Edward estava com tudo, só que não era meu homem.

— A festa vai ser onde depois daqui? — Jasper do meu outro lado perguntou, nós três costumávamos assistir aos jogos no estádio de Berkeley com papai Aro e Jake, mas naquele dia meu irmão estava numa festa do pijama e nosso pai num congresso em São Francisco.

— Na cama da Bella — Rosalie respondeu e lhe dei uma cotovelada, porém, antes que pudesse chamar a atenção dela, vi outra figura loira surgir no meu campo de visão.

Tanya Cullen, nervosa, bochechas vermelhas e olhos meio arregalados, lábios apertados. E atrás dela uma mulher também alta, de cabelos castanhos claros — com a raiz preta —, e olhos focados em mim. Com as duas, um homem loiro, que usava óculos e se encolheu quando um cara gritou perto do ouvido dele. O homem e a mulher pareciam ser bem mais velhos, com certeza não eram estudantes de Berkeley e foi apenas quando chegaram mais perto de mim na arquibancada que notei as semelhanças entre eles e a prima de Edward.

— Isabella! — Tanya gritou meu nome, forçando um sorriso, ao parar do lado de Rosalie, com o homem e a mulher também parando perto da gente.

— O-Oi — gaguejei, aquela altura sabendo bem que os dois eram os pais dela, logo os tios de Edward, isso significava que eles tinham sim ido fazer uma visita.

— Olha só quem está aqui, meus pais! — Tanya continuou gritando e apontou para os pais dela.

— É tão bom finalmente te conhecer, querida — a tia de Edward, Esme, falou, tirando a filha e Rose de seu caminho para me abraçar, eu sequer consegui devolver o gesto, nervosa demais para isso. — Tínhamos que vir te conhecer, fiquei tão feliz com a notícia do noivado. — Ela me soltou e não parava de sorrir, um sorriso que refletia em seus olhos cor de mel. — Carlisle, fale com a Bella! — ordenou ao homem. — Posso te chamar, de Bella, não é? Quando falei com Edward mais cedo ele falou que você preferia Bella a Isabella.

— Uhum, claro — murmurei, ainda tentando organizar meus pensamentos para passar pelo furacão que foi ser pega de surpresa por aquelas pessoas, fora isso ainda estava com medo de alguém próximo prestar atenção na conversa e ficar sabendo sobre o noivado, por sorte o jogo estava pegando fogo e era o foco de todos ao nosso redor.

— Olá, Bella. — Carlisle, o tio médico de Edward, me cumprimentou. Eu sabia que ele era um cardiologista, então se caísse dura pelo nervoso teria alguém ali para me acudir.

— Oi — sussurrei e provavelmente nem fui ouvida naquele tom de voz.

— Vamos jantar depois do jogo — Esme falou, ainda muito feliz. — Estou louca para conhecer seus pais, Eleazar me contou que um deles é o treinador do Edward.

Eu sorri, foi a única coisa que consegui fazer, enquanto desejava que um raio me atingisse. Não estava mesmo nos meus planos conhecer a família de Edward sem ele presente, muito menos ter eles ali tão perto do meu pai, querendo jantar com ele, sendo que Charlie não fazia ideia do noivado falso ainda.

Jasper e Rosalie me ajudaram um pouco, se apresentando para Carlisle e Esme enquanto eu continuava muda e em estado de surto interno. Também puxaram papo sobre o jogo e foi no meio disso que o intervalo foi anunciado, e assim tive o primeiro pensamento coerente desde que eles surgiram na minha frente.

Eu correria até meu pai e contaria tudo do noivado durante o intervalo, dessa forma, quando o jogo acabasse ele não seria pego de surpresa pela minha mentira. Ou talvez Charlie me matasse e ninguém nunca fosse assistir ao final daquela partida, já que estariam lidando com um assassinato no campus.

— Eu preciso, hum… — comecei a falar e todos olharam para mim. — Ir ao banheiro.

— Vou com você, querida — Esme se prontificou na hora.

— É que, e-eu…

— Ela comeu algo suspeito e pouco antes de vocês chegarem estava falando que não caiu muito bem — Rosalie falou quando fiquei muda, agarrando minha mão. — Espera aqui, Esme. Levo ela no banheiro, melhor você não ficar perto, a coisa pode ser feia.

Talvez o assassinato fosse de Rosalie, faltava bem pouco para eu matá-la.

Antes que alguém pudesse falar qualquer outra coisa, Rosalie me puxou para a saída da arquibancada, falando que só estava me ajudando por me amar muito.

— Ainda não tô de boa com essa mentira.

— Por favor, não briga comigo agora, já tô muito nervosa — eu disse, descendo a arquibancada com ela na maior velocidade possível.

— O que você vai fazer para se livrar dessa confusão? Esme tá com cara de que vai conhecer seu pai nem que tenha que acampar e esperar por ele.

— Vou contar pra ele sobre o plano.

— Agora?

— Agora!

— Graças a Deus eu sou órfã, assim não corro o risco de ser morta pelo meu próprio pai como você será.

— Para com isso — choraminguei.

Chegamos ao final da arquibancada e eu já estava sem fôlego, mas continuamos correndo pelo estádio para chegar à entrada do vestiário. Enquanto isso, os líderes de torcida de Berkeley faziam sua apresentação ao som de alguma música da Taylor Swift.

— Opa, opa! — Fomos barradas por um segurança quando tentamos acessar o corredor que levava aos vestiários. — Não podem entrar aqui, vocês não tem permissão.

— Você sabe de quem ela é filha? — Rosalie questionou o homem enquanto gesticulava para mim.

— Rose!

— Ela é filha do treinador Volturi, e precisa falar com o pai dela, é urgente.

— Não posso deixar ninguém entrar sem autorização — o homem teimou e eu estava quase me jogando no chão e implorando de joelhos, mas aí vi o fisioterapeuta do time entrando e o chamei:

— Ei, Rowan!

— Oi, Bella. — Por sorte, fui reconhecida. — Tudo bem? O que foi?

— Eu preciso muito falar com meu pai, você pode chamar ele para mim?

— Bom, ele deve estar conversando com o time, mas vou falar que você está aqui procurando por ele.

— Diz que é urgente.

— Tá bom, vou lá falar com ele. — Rowan continuou seu caminho e Rose aproveitou para brigar de novo com o segurança.

— Viu? Eu disse que ela era conhecida, não acredito que você não nos deixou entrar. Pessoas saberão disso, cara.

— Rose, para. — Nos afastei do segurança e cerca de um minuto depois meu pai estava caminhando em minha direção, com preocupação estampada no seu rosto e me analisando atentamente conforme chegava mais perto.

— O que aconteceu, Isabella? Você se machucou?

— Não, estou bem, mas preciso te contar algo.

— O quê? — perguntou impaciente. — O jogo está favorável para nosso time, mas ainda preciso me reunir com o time e deixar tudo alinhado.

— Eu meio que fiz algo — murmurei.

— Fala logo, menina — ele ordenou, mas não consegui fazer as palavras saírem por minha boca. — Rosalie, o que ela fez? — perguntou para minha amiga.

— Ih, tio, me tira dessa, eu não estou apoiando sua filha nesse plano idiota dela e do Masen. — Rosalie se afastou da gente, indo para perto do segurança.

— Plano idiota com o Masen? — Meu pai arqueou uma sobrancelha e apoiou as mãos na cintura. — Me explica o que vocês aprontaram agora, Isabella.

Respirei fundo algumas vezes e desatei a falar:

— Eu fui com Edward para o hotel no feriado, lembra? Claro que lembra, enfim, ele tinha a reserva porque ia pedir a Kate, a namorada dele que pegou o Mike, em casamento lá. Bom, ele quis me levar porque fomos traídos pelos dois e isso era uma forma de compensação pelo que passamos? Mas estávamos indo apenas como conhecidos, juro, nada como um casal ou qualquer coisa assim, não dormimos na mesma cama. A questão é que pegamos engarrafamento e quase perdemos a reserva, mas aí eu tive a ideia de falar para a recepcionista que estávamos noivos, que não poderíamos ficar sem o quarto. Ela acreditou e nos colocou em um puta quarto, sério, parecia coisa de famoso, e cada um dormiu numa cama. Só que acabou que no meio do nosso tempo lá, comigo usando o anel de noivado que ele usaria para pedir Kate em casamento, o pai dele apareceu e nos ouviu falar sobre estar noivos para um garçom. Você precisa saber que o pai dele é um idiota, traiu a mãe do Edward, mal se importa com o filho, recusou até a guarda quando o Masen ficou orfão de mãe, sério, um idiota, papai. Aí o Edward ficou se cagando de medo de desmentir a história do noivado pessoalmente, ia fazer por mensagem quando voltássemos para cá, fomos jantar com o pai dele e o cara… Calma, já falei que o pai dele é editor chefe e produtor do programa do Grande Marcus? Porque ele é, é um cara bem rico. Então, ele disse que como presente de casamento para Edward e eu nos daria, em junho que é o mês de aniversário do Masen, a quantia de 10 milhões de dólares para comprarmos uma casa, juro, tudo isso por uma casa, coisa de doido. Bom, a questão é que Edward e eu pensamos e assim, o pai dele é um idiota rico que quer gastar toda essa grana assim como um presente, mas não gastaria em doações para causas importantes. Então, a gente manteve a mentira do noivado, vamos pegar a grana, doar tudo para quem precisa e depois falamos que o noivado acabou. E eu poderia mentir pra você e pro papai, mas não quero mentir sobre algo tão sério assim para vocês, fora que os dois sabem que detesto o Masen e nunca me relacionaria com ele. Ah, não vamos contar pela universidade, a ideia é o mínimo de pessoas necessárias saber a respeito disso. Pronto, esse é o plano.

Quando acabei de falar estava novamente sem fôlego, cansada demais para dizer qualquer outra coisa, mas papai estava lá todo calado, apenas me julgando pelo olhar e eu precisava ajudar meu lado mais um pouco.

— Pai, é sério, 10 milhões para a caridade. Vamos dividir entre a ONG que vocês doam para quem está no sistema adotivo, e uma ONG que o Edward conhece que ajuda a construir casas. É uma mentira? Sim, mas por boas causas, vocês me criaram assim.

— Isabella, não se faz caridade com o dinheiro dos outros — disse entredentes.

— Pai, você lembra do Robin Hood?

Ele estava vermelho aquela altura, esfregou o rosto com as mãos e balançou a cabeça em negação.

— É sério, pai, essa grana pode ajudar muitas crianças sem casas e família por aí — sussurrei, cutucando o braço dele, ele abaixou as mãos e voltou a me olhar. — Crianças como eu fui, como o Jake foi.

— Se bobear isso pode dar até cadeia, Bella — falou, mas estava um pouquinho menos bravo.

— Bom, ele vai nos dar a grana como presente de casamento, mas não pode nos obrigar a casar. Doamos e rompemos tudo, não é golpe.

— Isabella…

— Papai, eu sei que parece loucura e que estou pedindo para você e papai Aro mentirem e que me ensinaram a não mentir, mas vocês também me ensinaram a ajudar o próximo.

— Não assim e nem cita Robin Hood de novo.

— Pai, por favor.

— Eu não posso compactuar com algo assim, Bella. E Aro também não, imagina se descobrem sobre isso na universidade.

— Só quero ajudar as pessoas — falei e no mesmo instante comecei a chorar, não foi um choro planejado, estava realmente emotiva com tudo aquilo.

— Não, filha, não chora — ele pediu e afagou meus braços. — Principalmente aqui, tem gente olhando. Eu admiro que você e Edward estejam querendo ajudar outras pessoas, mas a forma que decidiram fazer isso não é bacana.

— Os tios dele estão aqui, eles já sabem do noivado, como vou desmentir isso?

— Você precisa, não sou pai de uma mentirosa.

— Papai…

— Vou voltar para o time agora, você e Edward falam com os tios dele depois do jogo. — Beijou minha testa e me deixou ali, com um peso de cem toneladas nos ombros.

— Ele não vai ajudar? — Rose voltou para perto de mim.

— Não.

— Pelo menos ele não te matou, pensa pelo lado positivo.

X

O California Golden Bears venceu, mas eu só estava perdendo. Meu estômago e meu coração se apertaram em desespero quando Edward tirou seu capacete ao final do jogo, ele estava feliz, um sorriso imenso no rosto, mas logo aquela felicidade toda dele acabaria.

— Ainda está se sentindo mal, querida? — Esme perguntou para mim, eu tinha assistido o resto do jogo ao lado dela, forçando sorrisos e respostas, ainda fingindo ser noiva do sobrinho dela, mas aquilo acabaria quando encontrassemos Edward, porque sem o apoio dos meus pais não teria como prosseguir a mentira.

— Um pouquinho — respondi.

— Tudo bem se você não puder ir jantar, mas quero muito conhecer seu pai ainda essa noite, ok? É uma pena que Aro não esteja aqui também, queria logo conhecer os dois de uma vez, é bom que as famílias se conheçam o quanto antes, já que em breve seremos uma só.

— Claro. — Mais um sorriso forçado.

O time deixou o campo para ir ao vestiário, as pessoas foram deixando a arquibancada e mandei uma mensagem para Edward.

Bella: Seus tios estão aqui…

Ele não me respondeu, provavelmente demoraria mais um pouco até pegar seu celular. Meus amigos, Tanya e os pais dela deixamos a arquibancada, fomos esperar por Edward no estacionamento, perto do carro dos Cullen.

Esme falava sobre os lugares que deveríamos considerar para o casamento quando recebi uma mensagem de Charlie.

Papai Charlie: Você já contou algo para os tios dele?

Filha: Ainda não, vou esperar Edward pra contar.

Papai Charlie: Não conta nada, vou ajudar vocês. Onde estão? Vou levar Edward.

Ele ia nos ajudar? Ia mesmo apoiar o plano Robin Hood? Com as mãos trêmulas digitei a resposta, dando as coordenadas para que nos encontrassem e em menos de dez minutos meu pai e Edward chegaram ali.

Papai estava sério e o Masen nervoso.

— Edward! — Esme gritou e abraçou o quarterback.

— Oi, não esperava vocês por aqui — ele disse ao abraçá-la, mas seus olhos estavam fixos em mim.

— Não aguentei, precisava vir conhecer a Bella logo. — Esme o soltou e sorriu para mim.

— Eles me pegaram de surpresa também — Tanya disse sorrindo, mas estava claramente limpando sua barra com o primo.

Edward assentiu e cumprimentou o tio, depois apresentou meu pai para os dois.

— Bom, esse é o treinador Charlie Volturi, pai da Bella. Esses são meus tios, Esme e Carlisle Cullen.

— Olá, bom conhecer vocês. — Papai apertou a mão deles, ainda estava sério, mas sua voz soou educada e não irritadiça.

— Charlie, você e seu marido precisam ir jantar conosco em São Francisco em breve — Esme falou e segurou minha mão entre as suas. — Meu irmão nos convidou para uma festa do programa dele, amanhã, mas Carlisle e eu teremos um evento da igreja. Porém quero muito comemorar apropriadamente o noivado dos meninos o quanto antes.

— Vamos marcar — papai disse, ainda se mantendo educado. — Terei que conversar com meu marido sobre uma data e combinamos tudo.

— Uma pena que Bella esteja doente hoje, ou poderíamos ir comer algo juntos — a mulher disse.

— O que você tá sentindo? — Edward se aproximou de mim, seus olhos verdes novamente se fixando em meu rosto.

— Estou mal do estômago — murmurei.

— É melhor você levá-la para casa, Edward — meu pai proclamou.

— Melhoras, em breve nos veremos novamente. — Esme soltou minha mão e naquele momento percebeu a ausência do anel de noivado. — Cadê seu anel, Bella?

— Ele ficou um pouco folgado, mandamos apertar — Edward mentiu rapidamente. — Vou levar Bella para casa, falo com vocês outro dia, tá? Obrigado por virem.

— Foi um excelente jogo, eu acho, não entendo muito de futebol americano — Carlisle falou confuso, ganhando um olhar não muito contente do meu pai, que obviamente era apaixonado pelo esporte.

— Ah, o jogo foi ótimo, muitas surpresas e uma vitória para ser comemorada de diversas formas — Rosalie disse provocando. — Jazz e eu vamos atrás do Emmett. Espero que você melhore logo, amiga. Estarei rezando pelo seu estômago.

Eu com certeza a mataria, estava decidido.

— Tchau, gente. — Me despedi e comecei a andar em uma direção aleatória, já que não sabia onde Edward tinha estacionado.

Até ele me alcançar, segurar meus ombros e me girar na direção certa.

— Seu pai falou que vai encontrar a gente no seu apartamento.

— Eu acho que ele vai matar a gente, no intervalo quando falei com ele disse que não iria nos apoiar e aí mudou de ideia.

— Vamos ver o que ele tem pra falar. — Edward suspirou. — Mas fiquei pra vomitar quando ele disse que já sabia de tudo. Você tá mesmo doente? Quer que eu pare numa farmácia? Ou te leve ao médico?

— Eu tô bem, foi só uma desculpa.

— Minha tia foi muito chata?

— Bom, eu não ouvi muito, tô tão nervosa. Mas ela parece legal, de forma geral.

— Foi mal, eles não deveriam ter vindo.

— Tá tudo bem, o nosso maior problema agora é lidar com Charlie.

X

Primeiro Charlie nos chamou de irresponsáveis:

— Mentir sobre esse assunto é ridículo, ainda me comprometeram, parecem dois adolescentes sem responsabilidade criando problemas por aí.

Depois, ele parou de andar pela a sala e ficou diante Edward e eu. Nós dois estávamos sentados no sofá e o Masen realmente parecia que vomitaria a qualquer momento.

— Dito isso, mesmo achando isso uma encrenca das grandes, só decidi ajudar vocês porque durante o resto do jogo pensei em como realmente esse dinheiro pode ajudar muitas pessoas por aí e… Merda, sei como é ter pais com grana que só olham para o próprio umbigo, então sim, talvez isso seja algum tipo de reparação histórica.

Eu sorri, ele tinha entendido tudo.

— Não sorria, garota! — Apontou um dedo para mim, imediatamente parei de sorrir. — Eu topei isso, mas não posso afirmar de que seu pai vai topar participar desse teatrinho e caso ele não tope, vocês dois irão dizer para a família de Edward que não estão mais noivos e esquecer essa história, entendido?

— Sim, senhor — Edward e eu respondemos juntos.

— Agora, antes que eu me arrependa, falem mais o que já planejaram — exigiu e falamos tudo.

Sobre quem saberia ou não, sobre a festa no dia seguinte e como o plano seria não marcar data nenhuma para o casamento.

— Obrigado por ajudar a gente, treinador — Edward agradeceu depois que colocamos tudo na mesa.

— Que seja, ainda não está tudo certo, Aro será bem mais difícil de dobrar do que eu. Agora preciso ir, mas me escutem bem, acho bom cada dólar que Eleazar der para vocês ir realmente para doações, se um centavo for desviado para o benefício próprio dos dois, irei comer os fígados de ambos num sanduíche.

— Será tudo para doação — garanti.

— Cada dólar, prometo — Edward se apressou em falar também.

— Vou embora agora, quero estar em casa quando Aro chegar, irei contar tudo para ele e deixá-lo decidir o que quer fazer. — Papai se inclinou e beijou minha cabeça. — Se cuida, filha, amo você.

— Te amo, papai.

— E Edward. — Ele se voltou para meu vizinho. — Confio em você, garoto, então se cuida também e não faça bobagens.

Edward concordou com um aceno de cabeça, ainda nervoso, meu pai se foi e eu expirei alto, me jogando no sofá de forma que a cabeça repousasse no encosto do mesmo. Ficamos em silêncio por um longo tempo, até Edward falar:

— E aí, eu ganhei.

— Você ganhou.

— E vamos comemorar? — Colocou uma mão na minha coxa.

— Não. — Afastei a mão dele, depois de todo aquele estresse, a última coisa que eu queria era transar. — Vou pedir algo pra comer e assistir Robin Hood.

— E eu? — Suspirou.

— Você pode pagar a comida e assistir ao filme comigo. — Dei de ombros, ele riu, mas pegou o celular de seu bolso.

— Pizza?

X

Acordei na manhã seguinte com uma mensagem de papai.

Papai Aro: Almoço amanhã, você, o Masen, Charlie e eu.

Mandei um milhão de mensagens para ele, sobre o noivado, o almoço, Jake, Charlie, mas papai não me respondeu nada. Papai Charlie, depois de eu implorar uma resposta dele, apenas disse.

Papai Charlie: Ele está pensando.

Meu estômago estava de fato doendo quando entrei no carro de Edward naquela tarde.

— Sem Lady Gaga — anunciou e foi logo colocando música para tocar por seu celular.

— Você é insuportável.

— Olha quem fala. Não esqueceu nada?

— Não, vamos logo. — Abri um pacote de M&M's para comer, esperando que isso curasse a dor no meu estômago, que era puro nervosismo.

Edward ficou quieto todo o caminho até o hotel em São Francisco, eu fiquei lendo um livro em meu Kindle e comendo, me recusando a dividir o doce com meu vizinho emo.

Como eu já esperava o hotel era puro luxo, me senti até constrangida por entrar lá usando calça jeans e uma camiseta com o brasão da universidade, estava muito simples para aquele lugar. Temi também que não desse conta de me maquiar sozinha, fazer meu cabelo e que o vestido que escolhi fosse sem graça.

— Uau! — exclamei quando entramos no quarto reservado por Eleazar para nós.

— Felizmente eu só tenho que dirigir amanhã, vou encher a cara — Edward comemorou ao avistar um balde com champanhe em uma das mesinhas do quarto e andou até lá, abrindo rapidamente e servindo uma taça para si.

Fui até lá também e peguei em mãos o buquê de rosas vermelhas ao lado do champanhe e li o cartão que o acompanhava.

"Isabella e Edward, estou muito feliz que iremos comemorar juntos hoje. As flores são para você, minha querida futura nora. O champanhe para brindarem ao noivado. Vejo vocês na festa!"

— É muito estranho como do nada ele ficou feliz com esse noivado — Edward comentou lendo o cartão também.

— E se ele mudou? — perguntei preocupada de estarmos cometendo um erro com aquela mentira. — Ficou sabendo do noivado, parou pra pensar e percebeu que perdeu muito tempo com você, agora que está noivo não quer perder mais nada e aproveitar momentos importantes da sua vida?

Edward gargalhou, antes de virar o resto do champanhe em sua taça na boca.

— Acredita, meu pai não mudou porra nenhuma. A cama é sua. — Apontou em direção a porta que deveria levar ao espaço reservado do quarto. — Mas se você quiser ir matar o tempo antes da festa…

— O quê? Não. Eu vou começar a me arrumar. — Larguei o buquê e fui pegar minha mala perto da porta de entrada. — Tenho que ficar decente para essa festa infernal cheia de gente rica.

X

Eleazar estava triunfante na festa, nos recepcionou com abraços, sorrisos e taças de champanhe. Também fez questão de nos apresentar para dezenas de pessoas, como imaginei, um monte de gente rica metida.

— Como você está? Melhorou do que sentiu em Palo Alto? — ele me perguntou quando ficamos apenas nós três.

— Estou ótima. — Forcei um sorriso. — Parabéns pelo aniversário do programa, aliás.

— Muito obrigado, logo o Marcus chega e apresento vocês. — Eleazar deu uma batidinha no ombro de Edward. — Fiquei sabendo que venceram o jogo ontem.

— Edward foi incrível! — exclamei antes que o quarterback falasse algo, com todo o nervosismo por conta da aparição dos tios dele e meus pais descobrindo não tive tempo de comemorar devidamente nossa vitória. — Ele dominou o jogo.

— Não a perca — Eleazar disse para o filho apontando para mim. — É bonita e entende sobre futebol, uma pedra preciosa no meio das feias que entendem, já que as lindas em sua maioria são tão burras — falou e apenas ele riu da piada escrota que fez, Edward abriu a boca, provavelmente para rebater, mas um cara chamou por Eleazar e ele pediu licença logo se afastando.

— Desculpa, ele é um idiota — Edward resmungou.

— É, sei disso, por isso vamos tirar 10 milhões de dólares dele e doar. Foco nisso, não podemos brigar com esse idiota do caralho. Pega uma cerveja pra mim? — Entreguei a taça de champanhe para ele.

— Beleza, me espera aqui.

— Não, vou fugir, claro que vou esperar — resmunguei, Edward revirou os olhos e se afastou até o bar.

Eu fiquei ali, sozinha esperando por ele, achando que estava mesmo muito feia no meio de tanta gente bem arrumada. Tinha alisado meus cabelos com chapinha, mas eles não ficaram bem lisos como eu queria. E minha maquiagem foi uma terceira tentativa após uma vídeo chamada com Alice. O vestido era tão apático, preto e longo, com uma fenda na lateral esquerda, decote quadrado e alças largas, com ele eu parecia ter seios minúsculos, não tinha sido uma boa escolha.

— Olá, Isabella.

Meu sangue gelou ao escutar aquela voz, me virei para trás e a vi. Helen Swan, minha avó, uma senhora de 80 anos, mas que parecia ter uns dez a menos graças à pele bem cuidada que mantinha proveniente do melhor tratamento estético que o dinheiro poderia oferecer. Os cabelos, eu sabia ser uma peruca, mas eram da mais alta qualidade também, ondulados e castanhos escuros, cortados na altura dos ombros. Os olhos dela eram escuros e pareciam letais, era baixinha, mas usava saltos altos e um vestido branco, com joias douradas.

Ao lado dela, seu marido, meu avô. Geoffrey Swan, cinco anos mais velho que a esposa, bons centímetros mais alto. Meu pai era muito parecido com ele fisicamente, mas os cabelos do senhor estavam totalmente grisalhos. No entanto, a personalidade era bem diferente do seu único filho.

— Quando iria nos contar que está noiva? — o homem questionou e eu gelei ainda mais, eles tinham visto o anel em meu dedo? Que merda! E o que estavam fazendo naquela festa?

— Vo-Vocês…

— Vocês chegaram! — Eleazar exclamou para meus avós, voltando para perto de mim, vi Edward retornando também. — É sempre um prazer lhe encontrar, Helen. — Pegou a mão da minha avó e deu um beijo, ela riu suavemente.

— Não seja bobo, Eleazar.

— Não flerte com minha mulher, Masen — meu avô ordenou e cumprimentou o pai de Edward com um aperto de mão.

— Esse é seu filho? — Helen perguntou quando Edward por fim nos alcançou e parou ao meu lado.

— Sim, o noivo. — Eleazar sorriu ainda mais. — Quem diria? Nossas crianças estão ligadas e em breve estaremos ligados por conta dos negócios também, é uma grande felicidade dupla. — Ali minha ficha começou a cair. — Isabella, a rede de shoppings dos seus avós em breve será a nova patrocinadora do programa, isso não é fantástico?


Beijos!

Lola Royal.

25.02.23